Hoje é celebrado santo Agostinho, doutor da Igreja

A Igreja celebra hoje (28) santo Agostinho, doutor da Igreja e “padroeiro dos que procuram Deus”, o qual em suas “Confissões” disse a Deus sua famosa frase: “Tarde te amei, ó Beleza sempre antiga, sempre nova. Tarde te amei”.

Santo Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354, em Tagaste, ao norte da África. Foi filho de Patrício e Santa Mônica, que ofereceu orações pela conversão de seu marido e de seu filho.

Em sua juventude, entregou-se a uma vida dissoluta. Conviveu com uma mulher por aproximadamente 14 anos e tiveram um filho chamado Adeodato, que morreu ainda jovem.

Agostinho pertenceu à seita do maniqueísmo até que conheceu santo Ambrósio, por quem ficou impactado e começou a ler a Bíblia.

No ano 387, foi batizado junto com seu filho. Sua mãe faleceu naquele mesmo ano. Mais tarde, em Hipona, foi ordenado sacerdote e em seguida bispo, ficando a cargo dessa diocese por 34 anos. Combateu as heresias de seu tempo e escreveu muitos livros, sendo o mais famoso sua autobiografia intitulada “Confissões”.

Em 28 de agosto de 430, adoeceu e faleceu. Seu corpo foi enterrado em Hipona, mas logo foi transladado a Pavia, Itália. É um dos 33 Doutores da Igreja, recordado como o Doctor Gratiae (doutor da Graça).

Para o papa emérito Bento XVI, santo Agostinho foi um “bom companheiro de viagem” em sua vida e ministério. Em janeiro de 2008, referiu-se a ele como “homem de paixão e de fé, de alta inteligência e de incansável solicitude pastoral… deixou um rastro profundo na vida cultural do Ocidente e de todo o mundo”.

Em agosto de 2013, o papa Francisco, durante a missa de abertura do capítulo geral da Ordem de Santo Agostinho, referiu-se ao santo como um homem que “comete erros, toma também caminhos equivocados, é um pecador; mas não perde a inquietação da busca espiritual. E deste modo descobre que Deus lhe esperava; mais ainda, que jamais tinha deixado de lhe buscar primeiro”.

Quem também fez grande difusão da vida e obra deste doutor da Igreja foi são João Paulo II, que redigiu a carta apostólica “Augustinum Hipponensem”, em 1986, por ocasião do XVI centenário da conversão de santo Agostinho.

Fonte: ACI Digital

Façamos opção pelo Senhor Jesus!

A liturgia do 21.º Domingo do Tempo Comum fala-nos de opções. Lembra-nos que podemos gastar a vida a perseguir valores estéreis ou, em contrapartida, a apostar em valores eternos, capazes de dar pleno sentido à nossa existência. Deus aponta-nos o caminho; mas a decisão final é sempre nossa. 

Na primeira leitura – Js 24,1-2a.15-17.18b –, Josué convida as tribos de Israel reunidas em Siquém a escolherem entre “servir o Senhor” e servir outros deuses. A decisão não é difícil: o Povo viu como Deus agiu, ao longo da história, e está convicto de que só Javé lhe pode proporcionar a vida, a liberdade, o bem-estar e a paz. Diante dos grandes feitos de Deus, o povo responde que não pretende abandoná-lo. Assim renova a aliança com o Senhor, comprometendo-se a viver os mandamentos. Somos sempre interrogados sobre a quem queremos servir: ao projeto de Jesus ou ao “projeto diabólico” que escraviza e oprime? 

O Evangelho – Jo 6,60-69 – encerra o discurso do Pão da Vida, apresenta-nos dois grupos de discípulos com atitudes diversas diante da proposta de Jesus. A quem nós devemos ir? Um deles, ainda prisioneiro da lógica do mundo, está apenas preocupado com a satisfação das suas necessidades materiais e com a concretização dos seus projetos de poder, de ambição e de glória; por isso, recusa a proposta de Jesus. O outro (os Doze), aberto à ação de Deus e do Espírito, está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Este último grupo aponta o caminho aos verdadeiros discípulos de Jesus. Somente com os olhos da fé conseguiremos aderir à proposta de vida do Senhor; caso contrário, também murmuraremos. O texto termina belamente com uma profissão de fé do Apóstolo Pedro. As palavras de Jesus ajudam o grupo dos Doze a aceitar seu mistério e manifestar sua fé. Manifestemos nossa confiança e nossa total entrega à Pessoa de Jesus, repetindo as palavras de Simão Pedro: “A quem iremos, Senhor: Tu tens palavras de vida eterna!”. 

Na segunda leitura – Ef 5,21-32 –, Paulo lembra aos cristãos de Éfeso que a opção por Cristo tem consequências também ao nível da relação familiar. Para o seguidor de Jesus, o espaço da relação familiar tem de ser o lugar onde se manifestam os valores do Reino. Com a sua partilha de amor, com a sua união, com a sua comunhão de vida, o casal cristão é chamado a ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja. O amor mútuo entre o marido e a mulher, a exemplo de Cristo, que amou intensamente a comunidade. Quando há verdadeiro amor entre as pessoas, desaparecem servidões e agressões. Assim como Cristo ama sua Igreja, o marido tem um compromisso de amor com a esposa; é convidado a amá-la como parte de si mesmo, e assim os dois serão “uma só carne”. O amor autêntico é a base da união matrimonial. Sem ele não há o sacramento do matrimônio. 

Neste quarto e último domingo do mês de agosto, recordamo-nos da vocação leiga: homens e mulheres que contribuem diretamente na vida de nossas comunidades eclesiais de fé. Ganham destaque aqueles que exercem o ministério de catequista, acompanhando, anunciando e testemunhando para as nossas crianças, jovens, adultos e famílias a Boa-Nova da salvação. 

Ainda hoje a pergunta ressoa em nossos corações: A quem iremos? Com Pedro reconheçamos que o fundamental da pregação de Jesus encontra-se na vida sem fim e no seguimento com fé para que o Espírito Santo continue a gerar vida no mundo e para o mundo. Num mundo faminto de pão e carente de vida plena, queremos professar que ninguém, além do nosso Mestre Jesus, pode saciar nossa fome mais profunda. As palavras de Jesus jamais poderão ser adocicadas. A Palavra de Salvação é como espada cortante, afiada, que exige de nós um “sim” fundamental de vida, e não um “talvez” ou “quem sabe” de uma religião de comodismo.  Quem não quer ter compromisso com Jesus acaba seguindo outro caminho. Só Jesus tem palavras de vida eterna! 

Fonte: CNBB

A contumélia na perspectiva de Santo Tomás de Aquino

A contumélia refere-se a uma ofensa verbal ou injúria proferida contra alguém visando atingir sua honra e reputação. Expressa-se, principalmente, por meio de palavras com a intenção de humilhar, desacreditar ou insultar o outro, podendo também incluir gestos ou ações que tenham a mesma força expressiva. Na teologia moral, a contumélia é considerada uma violação da caridade e da justiça, pois atinge a dignidade da pessoa ofendida. 

Santo Tomás de Aquino trata a contumélia, na Suma Teológica, no Tratado sobre a Justiça, na Questão 72. Em quatro artigos, ele analisa a natureza, a gravidade e as implicações morais desse comportamento, oferecendo uma reflexão que continua atual. 

No primeiro artigo, Santo Tomás entende que a contumélia consiste principalmente em palavras, pois estas são os meios mais eficazes de expressar pensamentos e intenções. Embora ações possam também desonrar, é por meio das palavras que a contumélia se manifesta mais claramente, pois elas trazem ao conhecimento de outros aquilo que desonra uma pessoa. Ele destaca que a contumélia é uma forma de injustiça, pois ao tornar público um defeito ou falha, seja verdadeira ou falsa, prejudica-se a honra e a dignidade do próximo. 

No segundo artigo, ele explora a gravidade da contumélia, considerando-a um pecado mortal quando há intenção deliberada de difamar alguém. Nesse caso, ela se torna semelhante ao furto e à rapina por violar a justiça e a caridade. No entanto, como a gravidade do pecado pode variar conforme a intenção e as circunstâncias, se a ofensa for proferida com a intenção de corrigir, a contumélia pode ser considerada um pecado venial. 

No terceiro artigo, Santo Tomás trata da paciência e da resistência às ofensas verbais. Ele sugere que, embora a paciência seja uma virtude, não é sempre necessário suportar a contumélia passivamente. Em certos casos, é legítimo e necessário repelir a ofensa, especialmente para corrigir o ofensor ou proteger a comunidade de influências negativas. No entanto, isso deve ser feito com moderação e por motivos corretos, e não por vaidade ou desejo de vingança. 

No quarto artigo, Santo Tomás identifica a ira como a origem mais comum da contumélia, visto que ela frequentemente surge como uma resposta impulsiva à provocação, uma forma imediata de vingança verbal. Ele também reconhece que a soberba e a estultícia podem predispor alguém a cometer contumélias, pois esses vícios enfraquecem a razão e aumentam a tendência de desonrar o próximo. 

A análise de Santo Tomás sobre a contumélia permanece atual, especialmente diante da proliferação de ofensas e discursos de ódio nas mídias sociais e nos ambientes digitais. O princípio de que a contumélia fere a dignidade humana e viola a justiça continua válido, independentemente do meio pelo qual a ofensa é proferida. Em um mundo onde a comunicação é instantânea e global, as palavras têm um poder ainda maior de causar danos, tornando a reflexão de Santo Tomás relevante e essencial para as questões éticas e morais contemporâneas. 

Eticamente, a contumélia desafia o princípio da dignidade humana e o dever de respeito mútuo, sendo condenada pela teologia moral como um pecado contra a caridade, pois envenena as relações humanas e contraria o mandamento do amor. Religiosamente, é vista como uma afronta ao desígnio divino de convivência harmoniosa. Juridicamente, pode ser considerada difamação ou injúria, sujeita a sanções civis ou penais, refletindo o reconhecimento social de que a honra e a reputação são bens jurídicos protegidos. A análise de Santo Tomás nos convida a refletir sobre a responsabilidade que temos ao usar as palavras e o impacto que elas podem ter na vida do outro, bem como nos aponta o dever de cultivar a caridade, a paciência e a moderação nas relações humanas e sociais. 

Fonte: CNBB

Hoje a Igreja celebra a festa de Nossa Senhora Rainha

“Maria é a rainha do Céu e da terra, por graça, como Cristo é Rei por natureza e por conquista”. Assim afirma são Luís Maria Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção, número 38.

Hoje (22), a Igreja celebra a festa desse Reinado de Maria, a semelhança e em perfeita coincidência com o reino de Jesus Cristo, que não é temporal nem terreno, mas eterno e universal.

Esta festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha foi instituída pelo papa Pio XII em 1954, ao coroar a Virgem na basílica de Santa Maria Maior, Roma (Itália), no dia 11 de outubro, quando o papa também promulgou o documento principal do Magistério da Igreja que fala sobre a dignidade e realeza de Maria, a Encíclica Ad Caeli Reginam.

Inicialmente, a celebração se estabeleceu em 31 de maio, mês de Maria. Agora, celebra-se na oitava da Assunção, para manifestar a conexão entre a realeza de Maria e a sua assunção aos céus.

Na Encíclica Ad Caeli Reginam, lê-se que “os Teólogos da Igreja, extraindo sua doutrina” ao consultar as reflexões de vários santos e testemunhos da antiga tradição, “chamaram à Santíssima Mãe Virgem Rainha de todas as coisas criadas, Rainha do mundo, Senhora do universo”.

O papa emérito Bento XVI, na celebração desta festa em 2012, disse que esta realeza da Mãe de Deus se faz concreta no amor e no serviço a seus filhos, em seu constante velar pelas pessoas e suas necessidades.

Ao referir-se à Virgem como Rainha do Universo, são João Paulo II ressaltou: “É uma Rainha que dá tudo o que possui compartilhando, sobretudo, a vida e o amor de Cristo”.

São Paulo VI, na exortação apostólica Marialis Cultusescreveu que na Virgem Maria tudo é referido a Cristo e tudo depende Dele: “Em vistas a Ele, Deus Pai a escolheu desde toda a eternidade como Mãe toda Santa e a adornou com dons do Espírito Santo que não foram concedidos a nenhum outro”.

O número 59 da Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium, diz que “a Virgem Imaculada (…) foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte”.

Em Apocalipse, 12, 1, lê-se: “Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas”.

Oração a Nossa Senhora Rainha

Deus todo-poderoso, que nos deste como Mãe e como Rainha a Mãe do seu Unigênito, nos conceda que, protegidos pela sua intercessão, alcancemos a glória de seus filhos no reino dos céus. Rainha digníssima do mundo, Maria Virgem perpétua, interceda por nossa paz e saúde, vós que gerastes Cristo Senhor, Salvador de todos. Por nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Fonte: ACI Digital

A amabilidade, a polidez, e a nobreza de alma, virtudes políticas para a amizade social

Ao iniciar-se o período de Campanha para as eleições municipais em todo o Brasil, gostaria de elencar três virtudes que podemos considerar menores mas que no atual contexto de polarização e calcificação de atitudes que envergonham a sociedade civil, como o destempero, a intolerância e a agressividade de viés radical, justificam plenamente a sua citação.  

A amabilidade nos ajuda a bem tratar os oponentes, com o decoro mas também com a deferência e a ternura que devemos oferecer a todos os seres humanos, facilitando o diálogo ou o entendimento necessário para o bem comum. A polidez nos lembra a educação, as boas maneiras civilizatórias (da cidade) que mantém o debate e a luta cívica e partidária, nos patamares da gentileza, do jogo limpo, do respeito e cordialidade necessárias.  

A nobreza de alma, claro está supõe caráter e boa índole, para ir além do conveniente e da impressão ou imagem, mas revela sentimentos puros e nobres que procedem certamente do Evangelho. Poderíamos acrescentar o bom humor testemunhado pelo padroeiro dos políticos católicos São Tomás Moro, atitude sempre lembrada  pelo Papa Francisco.  

Os políticos que ajudaram a engrandecer nações com a sua trajetória e exemplo como Abraham Lincoln, Konrad Adenauer, De Gasperi, Giorgio La Pira, sempre faziam política com honra, princípios e sendo fiéis a sua consciência. A melhor forma de perder uma eleição apesar de ganhar pelos resultados é jogar fora os valores, a espiritualidade e a moral que dão consistência aos candidatos.  

Lembrando que na Roma Antiga a palavra candidatos se referia a túnica alva e impoluta, que vestiam os que aspiravam aos cargos. Isto exigiria de nossa parte o compromisso de honra conosco mesmo de nunca trair a cidadania e o bem comum votando em candidatos desonestos, maleantes, perdulários que só querem se locupletar com o erário público sendo responsáveis pelo desatendimento e exclusão dos mais pobres e necessitados. Voto não tem preço, candidato sem ficha limpa não pode ser votado! Deus seja louvado! 

Fonte: CNBB

Vocação a vida religiosa e consagrada

No terceiro domingo do mês de agosto recordamos e rezamos pela vocação a vida religiosa e consagrada. Este é um mês especial para a Igreja, com diversas celebrações, e recordamos a cada semana uma vocação em específico. No primeiro domingo, recordamos a vocação ao ministério ordenado; no segundo, a vocação ao matrimônio; no terceiro, a vocação à vida religiosa e consagrada; e no último, a vocação ao ministério laical e dia nacional dos catequistas.  

O dia dedicado aos religiosos e consagrados é no domingo de Nossa Senhora da Assunção, pois do mesmo modo que Nossa Senhora, aqueles que são chamados por Deus à vida religiosa e consagrada, são cumulados pelo Espírito Santo e devem anunciar o Evangelho com alegria, a exemplo de Nossa Senhora. 

Aqueles que são chamados à vida religiosa e consagrada devem ser envolvidos pela alegria, pois aquele que é chamado pelo Senhor a entregar a sua vida devem ser alegres por ter feito essa opção.  

Quando um jovem ou uma jovem é chamado a abraçar a vida religiosa e consagrada, primeiramente precisa conversar com o seu pároco e partilhar o chamado que sentiu de Deus, o despertar vocacional se vive na comunidade paroquial. Após isso, precisa descobrir para qual carisma se identifica, pois existem diversas congregações e institutos religiosos. Existem muitos carismas e dons para serem discernidos. 

Existem os institutos de vida consagrada, onde nem sempre os membros têm em vista a ordenação sacerdotal, mas optam por consagrar a vida à Deus. Tudo isso, a pessoa que sente o chamado de Deus precisa discernir junto com o padre da paróquia, e nos encontros vocacionais nas congregações e institutos de vida consagrada.  

Os religiosos e religiosas estão espalhados em diversas paróquias e comunidades de nossa Arquidiocese, e ajudam muito com o seu carisma, o exemplo de suas vidas e da vida em comunidade e, ainda, exercem o serviço pastoral, missionário, social, sanitário ou educacional e, também, animando as celebrações Eucarísticas, catequese e impulsionando a comunidade para a missão. Os religiosos e religiosas rezam pelos sacerdotes e estimulam a comunidade a fazer o mesmo. 

Temos que elevar as nossas preces a Deus e rezar para que muitos jovens possam responder com alegria ao chamado de Deus. Temos que rezar pedindo a Deus que envie operários para a sua messe e fazer uma campanha em nossas paróquias, por meio da pastoral vocacional para que os jovens se interessem pela vida religiosa. 

A vocação à vida religiosa e consagrada começa a ser celebrada no domingo dia 18 e permanecerá ao longo de toda a semana, a exemplo do que acontece na semana do dia do padre e na Semana Nacional da Família. Por isso, ao longo de toda essa semana podemos rezar pela vida consagrada e religiosa e promover encontros vocacionais em nossas paróquias. Inclusive as paróquias que têm a atuação dos religiosos e consagrados podem promover encontros ao longo da semana com palestras explicando um pouco mais sobre a congregação para que todos os fiéis possam conhecer melhor. 

A vida religiosa dá ânimo a Igreja e a vida religiosa é um elemento decisivo para a missão da Igreja. A vida religiosa está presente nos mais diversos campos de atuação da Igreja e da sociedade. As irmãs religiosas estão presentes nos hospitais, nas pastorais de nossas paróquias, algumas auxiliam os bispos nas casas episcopais, e tem as irmãs que vivem o carisma contemplativo e monástico, dentro dos Carmelos, que a exemplo de Santa Teresinha rezam pela missão da Igreja. Temos, também, as religiosas que são membros dos Mosteiros sob o carisma de São Bento, chamadas de beneditinas, assim como as Clarissas com o carisma de Clara e Francisco. 

Viver a vida religiosa é se tornar mais completo, levando a luz que vem de Deus para quem mais precisa. Levar a Palavra de Deus para os mais pobres e infelizes e para os membros da comunidade paroquial. A vocação religiosa é uma maneira de tornar o mundo melhor.  

Os religiosos e religiosas optam por uma vida em comunidade, ou seja, vivem com outros irmãos, seja no mosteiro, num convento, ou casa paroquial. Realizam atividades comunitárias juntos, orações diversas e missas. Os religiosos e consagrados rezam pela Igreja, pelo Papa, pelos bispos, padres e seminaristas. Mesmo que os religiosos e consagrados fiquem dentro do convento, tem uma missão muito especial de rezar pela igreja. Existem também os eremitas, uma vocação muito especial.  

O Papa Francisco diz que a vida religiosa é o “grande tesouro da Igreja”. Ele sente a necessidade de que os jovens têm que se fazer mais presentes na Igreja, contribuindo com a missão que exige um empenho de todos. Aqueles que são chamados nos dias de hoje a abraçarem a vida religiosa tem que se adequar ao tempo que vivemos e buscar as novas formas de evangelização. A nossa evangelização precisa chegar a todos, crianças, jovens, adultos e idosos.  

Aqueles que optam pela vida religiosa professam os votos de pobreza, castidade e obediência. Ao professarem esses votos os religiosos buscam cada vez mais se configurarem a Cristo. Os religiosos professam esses votos para melhor servir os irmãos e com isso estão inseridos na vida do povo de Deus.  

Demos graças a Deus pela presença dos religiosos e consagrados em nossa Arquidiocese e comunidade, que eles continuem animando o povo de Deus a seguir adiante edificando o Reino de Deus. Rezemos ainda, para que muitos jovens sintam no coração o chamado de Deus e queiram entregar a sua vida totalmente a Ele.  

Nessa semana dedicada a vocação religiosa e consagrada, celebramos Nossa Senhora da Assunção, que a exemplo da Virgem Maria os consagrados renovem a cada dia o seu Sim a Deus e possam transmitir o Espírito Santo aos que encontrarem. E ainda, que o Espírito Santo suscite no coração de muitos jovens o desejo de abraçar a vida religiosa e consagrada. Amém.  

Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós! 

Fonte: CNBB

Assunção de Nossa Senhora

Em Roma, esta festa era celebrada desde meados do século VII, mas foi preciso esperar até 1° de novembro de 1950, quando Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, elevada ao céu em corpo e alma.

Assunção de Nossa Senhora
Assunção de Nossa Senhora

A Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria é celebrada no dia 15 de agosto, desde o século V, com o significado de “Nascimento para o Céu” ou, segundo a tradição bizantina, de “Dormição”. Em Roma, esta festa era celebrada desde meados do século VII, mas foi preciso esperar até 1° de novembro de 1950, quando Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, elevada ao céu em corpo e alma.

No Credo Apostólico, professamos a nossa fé na “ressurreição da carne” e na “vida eterna”, fim e sentido último do caminho da vida terrena. Esta promessa de fé cumpriu-se em Maria, sinal de “consolo e esperança” (Prefácio). Trata-se de um privilégio de Maria, por ser intimamente ligado ao fato de ser Mãe de Jesus: visto que a morte e a corrupção do corpo humano são consequências do pecado, não era oportuno que a Virgem Maria – isenta de pecado – fosse implicada nesta lei humana. Daí o mistério da sua “Dormição” ou “Assunção ao céu”.

O fato de Maria ter sido elevada ao céu é motivo de júbilo, alegria e esperança para nós: “Já e ainda não”. Uma criatura de Deus, Maria, já está no Céu e, com ela e como ela, também nós, criaturas de Deus, estaremos um dia. Portanto, o destino de Maria, unida ao corpo transfigurado e glorioso de Jesus, será o mesmo destino de todos os que estão unidos ao Senhor Jesus, na fé e no amor.

É interessante notar que a liturgia – através dos textos bíblicos, extraídos do livro do Apocalipse e de Lucas – nos leva não tanto a refletir sobre o canto do Magnificat, mas a rezar. O Evangelho sugere ler o mistério de Maria à luz da sua oração, o Magnificat: o amor gratuito, que se estende de geração em geração; a predileção pelos simples e pobres encontra em Maria o melhor fruto: poderíamos dizer que é a sua obra-prima, um espelho no qual todo o Povo de Deus pode refletir seus próprios lineamentos.

A Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, em corpo e alma ao Céu, é um sinal eloquente do que, não só a “alma”, mas também a “corporeidade” confirmam que “tudo era muito bom” (Gn 1,31), tanto que, como aconteceu com a Virgem Maria, também a “nossa carne” será elevada ao céu. Isto, porém, não quer dizer que somos isentos do nosso compromisso com a história; pelo contrário, é precisamente o nosso olhar, voltado para a Meta, o Céu, a nossa Pátria, que nos dá o impulso para nos comprometermos com a vida presente, nas pegadas do Magnificat: felizes pela misericórdia de Deus, atenciosos com todos nossos irmãos e irmãs, que encontramos ao longo do caminho, começando pelos mais fracos e frágeis.

Proclamação do Dogma

Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Pio XII, Munificentissimus Deus, 1º de novembro de 1950).

Texto (Evangelho do dia):

«Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!”. E Maria disse:

“Minha alma glorifica ao Senhor,

meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,

porque olhou para sua pobre serva.

Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada

todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas

aquele que é Poderoso e cujo nome é Santo.

Sua misericórdia se estende, de geração em geração,

sobre os que o temem.

Manifestou o poder do seu braço:

desconcertou os corações dos soberbos.

Derrubou do trono os poderosos

e exaltou os humildes.

Saciou de bens os indigentes

e despediu de mãos vazias os ricos.

Acolheu a Israel, seu servo,

lembrado da sua misericórdia,

conforme prometera a nossos pais,

em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre”.

Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa» (Lc 1,39-56).

Dar louvor

Hoje, com o seu Magnificat, a Virgem Maria nos ensina a dar louvor e glória a Deus. Com este convite, por meio do qual a Virgem Maria é contemplada na glória, ela nos exorta a superar o nosso modo exagerado de encarar os problemas e dificuldades habituais. Maria é capaz e, hoje, nos ensina também a olhar a vida de outro ponto de vista: o nosso coração é bem maior que os nossos pecados; e, se o nosso coração nos censurar, Deus é maior que o nosso coração! (cf. 1 Jo 3,20). Logo, não se trata, de uma ilusão, como se não houvesse problemas na vida, mas de valorizar a beleza e o bem que existe na vida, sabendo dar graças a Deus por tudo isso! Dessa forma, até os problemas se tornam relativos.

Deus surpreende

Outro aspecto, que merece destaque neste dia, é o fato de Maria ser virgem e Isabel estéril. Deus é aquele que vai “além”, que surpreende com a sua ação salvífica providencial.

A Meta

Maria encontra-se na glória de Deus; ela alcançou a Meta, onde, um dia, todos nos encontraremos. Eis porque, hoje, Maria é sinal de consolação e esperança, pois, se ela, criatura como nós, conseguiu, também nós conseguiremos. Mantenhamos nosso olhar e coração fixos naquela Mulher, que nunca abandonou seu Filho Jesus e, com Ele, agora, goza da alegria e da glória celeste. Confiemos em Maria! Que ela nos ajude a percorrer o caminho da vida, reconhecendo as grandes coisas, que Deus faz em nós e em torno de nós, sendo capazes de engrandecê-Lo com o Canto da nossa existência!

Fonte: Vatican News

Semana Nacional da Família na Catedral da Luz

A Santa Missa no dia dos pais, 11/08, marcou a abertura da Semana da Família em nossa paróquia, que ocorrerá de 11 a 17 de agosto, com o lema “Amizade, uma forma de vida com sabor do Evangelho”, ao longo dos dias diversas atividades foram pensadas para a vivência e reflexão em família. Participe conosco dessa semana especial, traga sua família e acompanhe toda a programação por meio de nossas redes sociais @catedraldaluz_

 

Pascom Luz

O que dizem três doutores da Igreja sobre vestir-se modestamente

Seja na missa ou na piscina, todos são chamados a se vestir modestamente. A maneira de avaliar o ato moral de se vestir, como em qualquer teologia moral, é olhar para o próprio ato, a intenção da pessoa e as circunstâncias que a rodeiam. Por isso, compartilhamos as reflexões sobre a virtude da modéstia ao se vestir de três doutores da Igreja: santo Tomás de Aquino, são Francisco de Sales e santo Afonso Maria de Ligório.

Santo Tomás de Aquino

Santo Tomás de Aquino entendeu que a modéstia é parte da virtude da temperança (ver Suma Teológica, II-II, Q. 160), que é a virtude que nos ajuda a moderar nossos desejos.

Nesse sentido, a temperança nos ajuda a não nos exceder em nossos desejos e a agir de acordo com a razão. Por exemplo, nós a usamos para não comer demais ou muito pouco e para nos ajudar a jejuar em dias de jejum e a comer alimentos de celebração moderadamente nos feriados. A humildade é um tipo de modéstia interior: devemos ser honestos conosco mesmos que somos criaturas limitadas que precisam de Deus.

Portanto, quando santo Tomás de Aquino fala de modéstia no vestir, explica que a honestidade se reflete em nossas roupa, e que isso se aplica a homens e mulheres, meninos e meninas. O que usamos retrata algo aos demais sobre quem somos e o que estamos fazendo.

Do mesmo modo, santo Tomás cita santo Ambrósio, expressando que “o ornato do corpo não seja exagerado, mas natural; simples negligente de preferência a rebuscado; não se usem de vestes preciosas e alvejantes, mas, de roupas comuns, de modo a não faltar nada do que exige a honestidade ou a necessidade, sem se cair no exagero. Logo, pode haver virtude e vício em matéria de vestuário”.

São Francisco de Sales

Este santo tem uma explicação semelhante quando fala de elegância no vestir e enfatiza que parecer limpo e arrumado mostra respeito por si mesmo e pelos outros:

“Conserva um asseio esmerado, Filoteia, e nada permitas em ti rasgado ou desarranjado. É um desprezo das pessoas com quem se convive andar no meio delas com roupas que as podem desgostar; mas guarda-te cuidadosamente das vaidades e afetações, das curiosidades e das modas levianas. Observa as regras da simplicidade e modéstia, que são indubitavelmente o mais precioso ornamento da beleza e a melhor escusa da fealdade” (Introdução à Vida Devota, III.25).

O ponto interessante aqui é que vestir modestamente é tanto para homens quanto para mulheres e deve enfatizar a beleza que Deus lhes deu. Se colocamos uma moldura bonita em uma foto artística ou em uma pintura incrível, quanto mais cuidados deveríamos ter na maneira como vestimos nossos corpos que foram dados por Deus.

Se a modéstia é uma forma de temperança, então a pessoa não está modestamente vestida quando não está vestida de maneira moderada. Santo Tomás explica que uma falta de moderação ao se vestir é não se vestir de acordo com os costumes de nossa sociedade e de acordo com o nosso estado de vida. (ST, II-II, P. 169, Art. 1).

São Francisco de Sales também fala sobre seguir os costumes da nossa cultura: é modesto vestir-se à moda e não fazer uma demonstração de nós mesmos vestindo de uma maneira que se destaque.

Explica que, “no tocante à matéria e à forma dos vestidos, a decência só se pode determinar com relação às circunstâncias do tempo, da época, dos estados ou vocações, da sociedade em que se vive e das ocasiões” (Introdução à Vida Devota, III.25). O que usamos deve corresponder ao que estamos fazendo.

Por exemplo, não usaria botas de jardinagem e jeans cheios de lama para participar da Missa de Páscoa, nem trabalharia no jardim com a minha vestimenta de Páscoa. Deveríamos nos vestir com as roupas adequadas para saber onde estamos e o que estamos fazendo, posto que fazê-lo de outra maneira seria vestir-nos desonestamente e, portanto, sermos indecentes.

Santo Tomás explica que também é imodesto ter um apego excessivo ao que usamos, isto é, que as roupas que vestimos sejam mais importantes do que o que é realmente importante.

Por exemplo, se gastamos mais dinheiro em roupas do que deveríamos, estamos nos concentrando excessivamente na comodidade, independentemente de serem necessárias para a ocasião; assim como se gastamos muito tempo pensando e prestando atenção em como nos vestimos e como nos vemos. Poderíamos estar muito preocupados se nossas roupas estão na moda, ou se, pelo contrário, somos completamente preguiçosos em nos vestir.

É uma cortesia para com os demais vestir-se apropriadamente, tomar banho e ter cabelos limpos. Nós devemos ter humildade na forma em que nos vestimos, não buscando exagerar ou decrescer, mas estar conformes com nossa forma de vestir de acordo com nossos meios, e não desejar mais do que temos ou necessitamos.

No artigo 2 da questão 169 da Segunda Parte da Suma Teológica, santo Tomás aprofunda na discussão sobre o “adorno das mulheres”, onde analisa como os homens e as mulheres podem se induzir à luxúria de maneira intencional ou não.

Primeiro cita a carta de são Paulo a Timóteo enfatizando a moderação na vestimenta: “Do mesmo modo, quero que as mulheres usem traje honesto, ataviando-se com modéstia e sobriedade. Seus enfeites consistam não em primorosos penteados, ouro, pérolas, vestidos de luxo, e sim em boas obras, como convém a mulheres que professam a piedade” (1 Timóteo 2,9-10).

Quando uma mulher está casada, é correto e modesto que se vista para mostrar ao seu esposo o seu amor por ele e sua proximidade. Da mesma forma, o esposo deve se vestir de maneira que agrade a sua esposa, do contrário, seria imodesto.

Fonte: ACI Digital

O sábado e o Domingo na visão de Ratzinger

“Nos três primeiros séculos de perseguição na Igreja primitiva, os cristãos não tinham o direito público do domingo e tal celebração externa não podia ter lugar. Quando Constantino, a partir do século IV, transforma o Cristianismo em religião do Império, encontramos em diversas fontes a celebração dos dois dias.”


No livro “Chi ci aiuta a vivere? Su Dio e l’uomo” (“Quem nos ajuda a viver? Sobre Deus e o homem”), Joseph Ratzinger escreve que aproximadamente no ano 110 d.C. Inácio, bispo de Antioquia, era levado de navio da Síria para Roma para ser devorado pelas feras. Durante esta viagem, com as mãos acorrentadas, escreveu sete cartas às comunidades cristãs que estavam ao longo do seu itinerário. Em uma destas cartas está a frase: «Nós não celebramos mais o sábado, mas vivemos observando o dia do Senhor (o domingo), no qual surgiu também a nossa vida…» (Magn. 9, 1).

Ou seja, os cristãos são formalmente descritos como pessoas que vivem de acordo com o domingo. A observância do domingo determina o seu ritmo de vida, caracteriza a sua íntima forma de vida. O domingo é para eles, por assim dizer, o lugar na trama do tempo onde se chega à própria vida, se experimenta o que a vida realmente significa.

Esta experiência de vida autêntica continua durante toda a semana. Permanece, por assim dizer, o tom fundamental que persiste no ruído da semana e cujo eco nos permite reencontrar sempre a saída, em direção à luz.

“Já na época apostólica, o dia da Ressurreição se impôs por si mesmo como dia da Assembleia Cristã: era o ‘Dia do Senhor’(Apc 1,10), o dia no qual Ele (Jesus) entrava entre os seus e os seus iam ao seu encontro.”

 

Depois de “Domingo, maior do que o Dia do Sábado Judaico”, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe a reflexão “O sábado e o Domingo na visão de Ratzinger”:

“Joseph Ratzinger, em seu livro Obras Completas (Volume XI), que aborda sobre a Teologia da Liturgia – O Fundamento Sacramental da Existência Cristã, descreve sobre o sábado e o domingo, tema que estamos aprofundando. Santo Inácio de Antioquia diz que “aquele que da vida nos antigos ordenamentos chegou à novidade, à esperança, não é mais um homem do sábado, mas vive segundo o Dia do Senhor”. Ratzinger diz que “o ritmo sabático e a vida segundo o Dia do Senhor se contrapõem, portanto, como dois estilos de vida fundamentalmente diferentes: de uma parte, o ser colocados estavelmente sobre determinados trilhos normativos; de outra, o viver com base no que há de vir, com base na esperança. O teólogo alemão, que se tornou Papa Bento XVI, faz uma pergunta: Como se desenvolveu concretamente da observância do sábado para a celebração do domingo?

E responde: “Podemos considerar, por certo, que, já na época apostólica, o dia da Ressurreição se impôs por si mesmo como dia da Assembleia Cristã: era o ‘Dia do Senhor’(Apc 1,10), o dia no qual Ele(Jesus) entrava entre os seus e os seus iam ao seu encontro. Assembleia em torno do Ressuscitado significa que Ele partia de novo o pão para os seus (cf. Lc 24,30.35). Era um encontro com o Cristo presente, um encaminhar-se em direção a sua vinda final e em tudo isso, ao mesmo tempo, estava a presença da Cruz como a sua verdadeira elevação, como o evento do seu amor que se distribui em dom. O Novo Testamento, como, também, os escritos mais antigos do século II, confirmam muito claramente: o Domingo é o dia do culto dos cristãos”. Ratzinger embasa esses dados em outro teólogo alemão Willy Rordorf, em sua obra “Sabbat e Sonntag in der Alten Kirche, ou seja, o “Sabbat (judaico) e o Domingo na Igreja Antiga”[1].

O grande teólogo Joseph Ratzinger diz que a Ressurreição conecta criação e restauração, início e fim e cita o Hino Cristológico de São Paulo na Carta aos Colossenses. Afirma assim: “Mas o nexo com a temática da criação, que para o Sábado é essencial, era implícito, mesmo de uma forma mudada, na data do primeiro Dia da semana, isto é, o dia no qual teve início a criação: a Ressurreição conecta início e fim, criação e restauração. No grande hino Cristológico da Epístola aos Colossenses, Cristo vem chamado, seja o primogênito da criação (cf. Cl 1,15), seja o primogênito dos mortos (cf. Cl1,18), pelo qual Deus quer reconciliar todos consigo. Aqui encontramos, precisamente, a síntese que estava veladamente presente na data do primeiro dia e que, em seguida, deveria determinar a teologia do Domingo Cristão para o futuro. Nesse sentido, todo o conteúdo teológico do Sábado, embora de modo renovado, podia passar na celebração cristã do Domingo. Antes, a passagem do Sábado para o Domingo reflete, precisamente, a continuidade e a novidade da realidade Cristã”.

Nos três primeiros séculos de perseguição na Igreja primitiva, os cristãos não tinham o direito público do domingo e tal celebração externa não podia ter lugar. Quando Constantino, a partir do século IV, transforma o Cristianismo em religião do Império, encontramos em diversas fontes a celebração dos dois dias.  Ratzinger menciona também as Constituições Apostólicas, aqui já referendadas, citando dois textos interessantes. Um texto diz: “Transcorreis o sábado e o Dia do Senhor na alegria festiva, porque o primeiro, é o memorial da criação, e o outro aquele da Ressurreição”. Nessas Constituições Apostólicas, um pouco mais adiante, se lê: “Eu, Paulo, e eu, Pedro, ordenamos: escravos devem trabalhar cinco dias, no sábado e no domingo devem ter tempo para instrução catequética na igreja. O sábado, de fato, tem o seu fundamento na criação, o Dia do Senhor na Ressurreição”.

A mesma orientação encontramos em São Gregório de Nissa quando diz que esses dois dias tornam-se irmãos. Sobre essa fraternidade dos dois dias, já falávamos que São João Paulo II, na Carta Apóstolica Dies Domini, disse que não faltaram, inclusive, setores da cristandade em que o sábado e o domingo foram observados como «dois dias irmãos»”[2]. Gregório de Nissa até faz uma pergunta: “Com qual olho vês o Dia do Senhor, tu que não tiveste em honra o sábado? Ou não sabes que esses dois dias são irmãos?”[3].

Mas conclui Ratzinger, referendando Willy Rordorf, que o dia espiritual pode ser ”colocado em um único dia, e naquele caso, o dia de Jesus Cristo, que é, ao mesmo tempo, o terceiro, o primeiro e o oitavo dia, expressão da novidade cristã, como também da síntese cristã, de todas as realidades, deve ter, necessariamente, a precedência”.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] RATZINGER, Joseph. Obras completas, Volume XI, Teologia da Liturgia – Fundamento Existencial da Vida Cristã, Edições CNBB, 2019, p. 229.
[2] JOÃO PAULO II, Dies Domini, 23.
[3] RATZINGER, Joseph. Obras completas, Volume XI, Teologia da Liturgia – Fundamento Existencial da Vida Cristã, Edições CNBB, 2019, p. 231, nota do rodapé.

Fonte: Vatican News

O valor da vocação

A fidelidade à própria vocação é o único caminho seguro para alcançar a verdadeira felicidade.

Nos campos de concentração nazistas, onde o ser humano era reduzido a uma existência deplorável, Viktor Frankl descobriu algo importante: o homem, quando possui uma razão para sua vida, é capaz de suportar as piores dores e humilhações. Isso explica o porquê de tantas pessoas, mesmo sob difíceis condições, entregarem-se a uma vocação, cujos resultados nem sempre são o dinheiro ou o prazer, mas a chacota e a incompreensão da sociedade.

Quem se dedica a uma vocação — seja ao sacerdócio ou à vida religiosa, seja ao matrimônio ou ao celibato laical —, dedica-se a um chamado interior. Não se trata de uma escolha arbitrária, pautada em interesses econômicos ou sentimentais. É, antes, uma entrega total, uma resposta ao projeto de Deus para aquele indivíduo. Por isso, no exercício de sua vocação, ele não procurará tanto o sucesso pessoal — embora isso também possa existir —, mas a perfeita realização de seu chamado.

O mundo moderno, marcado por uma mentalidade particularmente materialista, já não crê na vocação e, por esse motivo, escandaliza-se quando um jovem recém-formado ou uma bela moça decidem abandonar tudo (família, emprego, namoro etc.) para viverem o sacerdócio ou a vida religiosa. Inúmeros seminaristas, ao revelarem sua vocação para outras pessoas, tiveram de ouvir estas perguntas: “Você é assexuado?”, “vai apenas estudar e depois sair, né?”, “não gosta de trabalhar?”. Na verdade, o que se esconde por detrás dessas questões é a indignação de quem não consegue buscar outra coisa, a não ser dinheiro e prazer. Não se concebe que alguém, sobretudo um jovem, possa renunciar ao sexo e ao bem-estar econômico por um projeto que, na concepção neopagã, já não tem espaço dentro da civilização. É justamente o que Bento XVI explicava aos sacerdotes, durante o Ano-Sacerdotal: “O celibato é um grande escândalo, porque mostra precisamente que Deus é considerado e vivido como realidade” [1].

O mesmo vale para o matrimônio quando vivenciado segundo o projeto originário de Deus, isto é, homem, mulher e filhos. Notem: quantos casais desejam, hoje, gerar muitos filhos, ter relações abertas à vida, lutar contra o fim da lei do divórcio e outras distorções perniciosas do casamento? Uma família numerosa gera tanto escândalo quanto um jovem celibatário, porque apesar de viverem suas vocações em diferentes estados, expressam uma única e verdadeira adesão vocacional. Ambos deram um “sim” definitivo, entregando-se de todo coração ao projeto de Deus. O casal, na fidelidade e vivência indissolúvel do matrimônio; o seminarista, no amor casto e, ao mesmo tempo, fecundo pela Igreja e Nosso Senhor Jesus Cristo. Por esta razão, ensina o Catecismo da Igreja Católica, matrimônio e ordem são dois sacramentos de missão [2]. Importa, em primeiro lugar, salvar as almas dos que estão ao nosso lado do que alcançar a própria satisfação.

E é nesta doação incondicional de si mesmo que se revela e se experimenta a graça vocacional. “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á” ( Mt 16, 25). Dinheiro e prazer, os dois grandes bezerros de ouro de todas as épocas, são incapazes de trazer a felicidade plena. Ao contrário, aquele que se deixa levar por suas seduções, torna-se um escravo. Escravo das dívidas, das trapaças, da prostituição, escravo do pecado e da corrupção. É como naquele diálogo entre Jesus e a samaritana sobre a água do poço: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede” (Jo 4, 13). A pessoa que vive sua vocação, porém, encontra a face de Cristo em todas as circunstâncias, mesmo que venha a padecer sofrimentos, “dores de cabeças”, perseguições e desprezo — “Mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede”.

O Concílio Vaticano II, meditando sobre “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” [3], foi firme ao afirmar que “todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade” [4]. Trata-se de um chamado universal. A santidade é, prestem atenção, o horizonte para o qual todos devemos caminhar. É a nossa verdadeira vocação. Neste sentido, é urgente uma redescoberta do valor vocacional, a fim de que todos experimentem dessa água que o próprio Cristo tem a oferecer-nos: “Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna” ( Jo 4, 14). Maria é o melhor modelo de confiança no projeto divino, dizendo o seu fiat.

Diante das provações do mundo, é preciso coragem para assumir o chamado de Deus. Meditemos sempre nesta exortação de um santo que muito pregou sobre vocação: “Por que não te entregas a Deus de uma vez…, de verdade…, agora!?” [5].

Fonte: Padre Paulo Ricardo

Catequese do Papa: sem o Espírito Santo a Igreja não pode ir em frente

Francisco retomou hoje, 7 de agosto, as Audiências Gerais de quarta-feira. Na catequese, o Papa continuou a reflexão sobre a presença do Espírito, começando pelo ato da Criação e passando ao Novo Testamento. “O Espírito Santo é protagonista na Encarnação do Verbo: Maria torna-se Mãe de Cristo e é figura da Igreja”. Diante das dificuldades, o Papa convidou a sempre repetir: “Nada é impossível para Deus”.


O Papa Francisco, nesta manhã, 07 de agosto, retomou as tradicionais Audiências Gerais, suspensas desde 26 de junho devido à habitual pausa de verão. Com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, o Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre “O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança”, passando da leitura da Criação à do Novo Testamento.

“O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação do Verbo”, introduziu o Pontífice, dedicando sua reflexão à Maria, esposa do Espírito e figura da Igreja, que do Espírito recebe a força para anunciar a Palavra de Deus após tê-la acolhido.

Maria concebeu pela ação do Espírito Santo

Francisco parte do dado fundamental da fé, estabelecido pela Igreja no Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano 381 que definiu a divindade do Espírito Santo, este artigo entrou na fórmula do “Credo”, recitado em cada Missa: o Filho de Deus “se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”, e completou:

“É, portanto, um fato ecumênico de fé, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo de fé. A piedade católica, desde tempos imemoriais, hauriu dela uma das suas orações diárias, o Angelus.”

Audiência Geral desta quarta-feira, 07 de agosto

Maria, esposa do Espírito Santo

Trata-se do artigo de fé, prosseguiu o Pontífice, “que permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja”. A Lumen gentium, observa o Papa, retoma esse paralelismo entre Maria que gera o Filho “envolvida pelo Espírito Santo” e a Igreja:

“A Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.”

Anunciar Cristo e a sua salvação

O Papa sublinha que, assim como a Virgem primeiro acolheu em si Jesus para depois dá-lo à luz, também a Igreja primeiro deve acolher a Palavra de Deus “para depois dá-la à luz com a vida e a pregação”. Como Maria, que perguntou ao anjo que lhe anunciava a maternidade “como é possível isso?”, recebendo a resposta “o Espírito Santo descerá sobre ti”, assim “também à Igreja, diante de tarefas superiores às suas forças, surge espontaneamente a mesma pergunta”:

“Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar neste mundo? A resposta ainda é a mesma de então: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas’ (At 1,8). Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode ir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar.”

Papa Francisco saúda os fiéis durante a Audiência Geral

“Para Deus nada é impossível”

“E não apenas a Igreja, mas cada batizado, cada um de nós”, enfatizou o Papa, às vezes se pergunta “como posso enfrentar esta situação?”. Ajuda, nestes casos, recordar e repetir para si mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de a deixar: “Para Deus, nada é impossível”, e conclui:

“Irmãos e irmãs, retomemos então também nós, sempre, o nosso caminho com esta reconfortante certeza no coração: “Nada é impossível para Deus”. E se nós acreditarmos nisso, faremos milagres. Nada é impossível para Deus.”

Fonte: Vatican News