Por que celebrar a dedicação de uma igreja?

O que significa espiritualmente para nós, católicos, recordar a consagração de uma igreja? Se Deus “não habita em templos feitos por mão humana”, qual a necessidade de festas assim no calendário litúrgico?


Neste dia 9 de novembro, em que a Igreja celebra no mundo inteiro a festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, o Ofício das Leituras propõe-nos à meditação um belíssimo texto, de autoria de São Cesário de Arles, do século VI.

Vai contida, nestas linhas, uma explicação espiritual bem sucinta do porquê de celebrarmos a dedicação de uma igreja. Para aqueles que acompanham há um tempo nossas homilias, não se trata propriamente de uma novidade. Ao celebrarmos a consagração de um templo, devemos lembrar-nos de que “nós é que temos de ser o verdadeiro templo vivo de Deus”. Ouvi-lo de um santo, porém, é sempre muito melhor.

Ouçamos, portanto, o que diz São Cesário: “Cada vez que entramos na igreja, queremos encontrá-la tal como devemos dispor nossas almas”. Assim como é consagrada uma igreja, assim devemos ser consagrados, “separados” para Deus. Se tivéssemos essa verdade continuamente diante dos olhos, quantos pecados já não teríamos evitado! Com quanto zelo não cuidaríamos da saúde de nossas almas, templos que são do Espírito Santo!

Que essas palavras nos ajudem a não perdermos mais tempo e operem em nós uma verdadeira conversão.

Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo
(Sermo 229, 1-3: CCL 104, 905-908)

Pelo batismo fomos todos feitos templos de Deus

Celebramos hoje, irmãos diletos, com exultação jubilosa e com a bênção de Cristo, o natalício deste templo. Nós, porém, é que temos de ser o verdadeiro templo vivo de Deus. Todavia é com muita razão que os povos cristãos observam com fé a solenidade da Igreja-mãe, por quem reconhecem ter nascido espiritualmente. Pois pelo primeiro nascimento éramos vasos da ira de Deus; pelo segundo, foi-nos dado ser vasos da sua misericórdia. O primeiro nascimento lançou-nos na morte; e o segundo, chamou-nos de novo à vida.

Todos nós, caríssimos, antes do batismo fomos templos do demônio; depois do batismo, obtivemos ser templos de Cristo. E se meditarmos com atenção sobre a salvação de nossa alma, reconheceremos que somos o verdadeiro templo vivo de Deus. Deus “não habita somente em construções de mão de homem” (At 17, 24) nem em casa feita de pedras e madeira; mas principalmente na alma feita à imagem de Deus e edificada por mãos deste artífice. Desse modo pôde São Paulo dizer: “O templo de Deus, que sois vós, é santo” (1Cor 3, 17).

E já que Cristo, quando veio, expulsou o diabo de nossos corações para preparar um templo para si, quanto pudermos, esforcemo-nos com seu auxílio para que em nós não sofra injúria por nossas más obras. Pois quem proceder mal, faz injúria a Cristo. Como disse acima, antes que Cristo nos redimisse, éramos casa do diabo; depois foi-nos dado ser casa de Deus. Deus se dignou fazer de nós sua casa.

Por isso, diletos, se queremos celebrar na alegria o natalício do templo, não devemos destruir em nós, pelas obras más, os templos vivos de Deus. E falarei de modo que todos compreendam: cada vez que entramos na igreja, queremos encontrá-la tal como devemos dispor nossas almas.

Queres ver bem limpa a basílica? Não manches tua alma com as nódoas do pecado. Se desejas que a basílica seja luminosa, também Deus quer que tua alma não esteja em trevas, mas que em nós brilhe a luz das boas obras, como disse o Senhor, e seja glorificado aquele que está nos céus. Do mesmo modo como tu entras nesta igreja, assim quer Deus entrar em tua alma, conforme prometeu: “E habitarei e andarei entre eles” (cf. Lv 26, 11.12).

Fonte: padrepauloricardo.org

Nove mulheres que foram exemplares para a Igreja e o mundo

Há quem diga que a mulher não tem papéis importantes na Igreja. Entretanto, desde o início do cristianismo até a atualidade, Deus suscitou mulheres que orientaram o povo de Deus, influenciando também no curso do papado. Conheça nove mulheres que foram exemplares para a Igreja.

1. A Virgem Maria

“Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4), disse Jesus à sua Mãe nas Bodas de Caná, em um casamento ao qual ambos tinham sido convidados. Cristo escutou sua mãe, a primeira mulher que acolhe o Senhor e motiva o primeiro milagre conhecido da vida pública de Jesus.

Os primeiros séculos do cristianismo estão cheios de mulheres corajosas que não duvidaram em dar sua vida por Cristo, incentivando os demais cristãos a não fraquejar quando lhes chega o momento.

2. Santa Hildegarda de Bingen

Mais tarde, durante a Idade Média, a Igreja já não era perseguida, mas vivia-se uma cultura machista, própria da época. Isto não foi impedimento para santa Hildegarda de Bingen (1098-1179), religiosa beneditina de origem alemã, que chegou a ter uma séria de visões místicas.

Escreveu obras teológicas e de moral com notável profundidade e foi declarada doutora da Igreja por Bento XVI no ano 2012, junto com são João d’Ávila. Sua popularidade fez com que muitas pessoas, entre bispos e abades, lhe pedissem conselhos.

“Quando o imperador Federico Barbarroja provocou um cisma eclesial, opondo 3 antipapas ao papa legítimo, Alexandre III, Hildegarda, inspirada em suas visões, não hesitou em recordar-lhe que também ele, o imperador, estava submetido ao juízo de Deus”, contou o papa Bento XVI em sua audiência geral sobre esta santa em 2010.

3. Santa Catarina de Sena

Posteriormente, apareceria outra mística e doutora da Igreja, santa Catarina de Sena (1347-1380), que vestiu o hábito da ordem terceira de santo Domingo. Nesta época, os papas viviam em Avignon (França) e os romanos se queixavam de ter sido abandonados por seus bispos, ameaçando com o cisma.

Gregório XI fez um voto secreto a Deus de regressar a Roma e ao consultar santa Catarina, ela lhe disse: “Cumpra com sua promessa feita a Deus”. O pontífice ficou surpreso porque não tinha contado a ninguém sobre o voto e, mais tarde, o papa cumpriu sua promessa e voltou para a Cidade Eterna.

Mais tarde, no pontificado de Urbano VI, os cardeais se distanciaram do papa por seu temperamento e declararam nula sua eleição, designando Clemente VII, que foi residir em Avignon. Santa Catarina enviou cartas aos cardeais pressionando-os a reconhecer o autêntico pontífice.

A santa também escreveu a Urbano VI, exortando-o a levar com temperança e alegria os problemas, controlando o temperamento. Santa Catarina foi a Roma, a pedido do papa, que seguiu suas instruções. A aanta também escreveu aos reis da França e Hungria para que deixassem o cisma. Toma uma mostra de defesa do papado.

4. Santa Teresa de Jesus

Com a aparição do protestantismo, a Igreja se dividiu e foi realizado o Concílio de Trento. Estes são os anos de santa Teresa de Jesus (1515-1582), religiosa contemplativa que marcou a Igreja com sua reforma carmelita.

Apesar de ter sido incompreendida, perseguida e até acusada na Inquisição, seu amor a Deus a impulsionou a fundar novos conventos e a optar por uma vida mais austera, sem vaidades, nem luxos. Submersa muitas vezes em êxtases, nunca deixou de ser realista.

Sendo santa Teresa D’Ávila relativamente inculta, dialogava com membros da realeza, pessoas ilustres, membros eclesiásticos e santos de sua época para lhes dar conselhos, receber ajuda e levar adiante o que havia se proposto. Tornou-se escritora mística e é também doutora da Igreja.

5. Santa Rosa de Lima

Do outro lado do mundo, na América, mais precisamente no Peru, santa Rosa de Lima (1586-1617) tomou santa Catarina de Sena como modelo e se omitiu àqueles que a pretendiam por sua grande beleza, para poder viver em virgindade, servindo aos pobres e doentes.

“Provavelmente, não houve na América um missionário que com suas pregações tenha conquistado mais conversões do que as que Rosa de Lima obteve com sua oração e suas mortificações”, disse o papa Inocêncio IX ao se referir à primeira santa da América.

São João Paulo II disse sobre a santa que sua vida simples e austera era “testemunho eloquente do papel decisivo que a mulher teve e segue tendo no anúncio do Evangelho”.

6. Santa Teresa de Lisieux

Do amor dos santos esposos franceses Louis Martin e Zélia Guérin, canonizados em outubro de 2015, nasceu santa Teresa de Lisieux (1873-1897), doutora da Igreja e padroeira universal das missões.

Santa Teresa viveu somente 24 anos. Um ano depois de sua morte, a partir de seus escritos, foi publicado o livro “História de uma alma”, que conquistou o mundo porque deu a conhecer o muito que esta religiosa tinha amado Jesus.

“Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face é a mais jovem dos ‘doutores da Igreja’, mas seu ardente itinerário espiritual manifesta tal maturidade, e as intuições de fé expressas em seus escritos são tão vastas e profundas, que lhe merecem um lugar entre os grandes professores do espírito”, disse são João Paulo II sobre esta santa.

O papa Francisco também comentou em diversas ocasiões a profunda devoção que o une a esta santa e compartilhou em uma de suas viagens que antes de cada viagem ou diante de uma preocupação, costuma pedir “uma rosa”.

7. Santa Edith Stein

Durante a perseguição nazista no século XX, surgiu na Europa outra grande mulher, convertida do judaísmo, religiosa carmelita descalça e mártir, santa Edith Stein, também conhecida como santa Teresa Benedita da Cruz (1891-1942).

Junto com outros judeus conversos, foi levada ao campo de concentração de Westerbork em vingança das autoridades pelo comunicado de protesto dos bispos católicos dos Países Baixos contra as deportações de judeus.

Santa Edith foi transferida para Auschwitz, onde morreu nas câmaras de gás, junto com sua irmã Rosa, também convertida ao catolicismo, e muitos outros de seu povo.

São João Paulo II diria sobre ela: “Uma filha de Israel, que durante a perseguição dos nazistas permaneceu, como católica, unida com fé e amor ao Senhor Crucificado, Jesus Cristo, e, como judia, ao seu povo”.

8. Santa Teresa de Calcutá

O testemunho de santa Teresa de Calcutá (1910-1997) de servir a Cristo nos “mais pobres entre os pobres” ensinou que a maior pobreza não estava nos subúrbios de Calcutá, mas nos países “ricos” quando falta o amor ou nas sociedades que permitem o aborto.

“Para poder amar, é preciso ter um coração puro e é preciso rezar. O fruto da oração é o aprofundamento da fé. O fruto da fé é o amor. E o fruto do amor é o serviço ao próximo. Isso nos conduz à paz”, dizia a também ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979.

Em sua canonização em outubro de 2016, o papa Francisco disse que “Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que ‘quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável’”.

9. Santa Gianna Beretta Molla

Para encerrar esta lista de grandes mulheres que mudaram o mundo e a história, recordamos santa Gianna Beretta Molla (1922-1962). Esta santa italiana adoeceu de câncer e decidiu continuar com a gravidez de seu quarto filho, em vez submeter-se a um aborto, como lhe sugeriam os médicos para salvar sua vida.

Gianna estudou medicina e se especializou em pediatria. Seu trabalho com os doentes se resumia na seguinte frase: “Como o sacerdote toca Jesus, assim nós, os médicos, tocamos Jesus nos corpos de nossos pacientes”.

Casou-se com o Pietro Molla, com quem teve quatro filhos. Durante toda sua vida, conseguiu equilibrar seu trabalho com sua missão de mãe de família.

Gianna morreu em 28 de abril de 1962, aos 39 anos, uma semana depois de ter dado à luz. Foi canonizada em 16 de maio de 2004 pelo papa João Paulo II, que a tornou padroeira da defesa da vida.

 

Fonte: ACI Digital

CNBB ABRE A CF 2023 COM APELO DE COMUNHÃO E SOLIDARIEDADE NO ENFRENTAMENTO À FOME

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu oficialmente, nesta quarta-feira de Cinzas (22), a Campanha da Fraternidade 2023 sobre a Fome no Brasil. Na cerimônia de lançamento, realizada no auditório dom Helder Câmara e conduzida pelo assessor do Setor de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul Hansen, foi apresentada a mensagem que o Papa Francisco, mantendo a tradição dos papas, enviou ao Brasil por ocasião da Campanha da Fraternidade 2023. Seu desejo expresso no texto é que a reflexão sobre o tema da fome, proposto pela CNBB aos católicos brasileiros no Tempo da Quaresma, seja “uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome”.

Papa: a Quaresma lembra quem é o Criador e quem é a criatura

Na homilia desta Quarta-feira de Cinzas, Francisco convidou os fiéis a percorrerem as sendas da oração, do jejum e da esmola não como ritos exteriores, mas como comportamentos que renovam o coração.

Papa Francisco na Basílica de Santa Sabina na Celebração Eucarística com o rito da imposição das cinzas


Bianca Fraccalvieri – Vatican News

“Queridos irmãos e irmãs, inclinemos a cabeça, recebamos as cinzas, tornemos leve o coração”: palavras do Papa Francisco na homilia da missa celebrada na Basílica de Santa Sabina, nesta Quarta-feira de Cinzas.

Como é tradição, a cerimônia teve início com a procissão penitencial que partiu da Igreja de Santo Anselmo, com a participação de cardeais, bispos, monges beneditinos, padres dominicanos e fiéis.

Ao final da procissão, teve lugar a Celebração Eucarística com o rito da bênção e imposição das cinzas.

Regressar à verdade de nós mesmos

Em sua homilia, o Pontífice recordou que a Quaresma é o tempo favorável para regressar ao essencial e neste caminho de regresso, fez um convite aos fiéis: regressar à verdade de nós mesmos e regressar a Deus e aos irmãos.

Antes de mais nada, as cinzas nos recordam quem somos e de onde viemos: só o Senhor é Deus e nós somos obra das suas mãos. Mas muitas vezes nos esquecemos que viemos da terra e precisamos do Céu e que sem Ele, somos só pó:

“Por isso a Quaresma é o tempo para nos lembrarmos quem é o Criador e quem é a criatura, para proclamar que só Deus é o Senhor, para nos despojarmos da pretensão de nos bastarmos a nós mesmos e da mania de nos colocar no centro, ser o primeiro da turma, pensar que podemos, meramente com as nossas capacidades, ser protagonistas da vida e transformar o mundo que nos rodeia.”

Quantas desatenções e superficialidades nos distraem daquilo que conta, acrescentou Francisco, lembrando que a Quaresma é “um tempo de verdade”, para fazer cair as máscaras que pomos todos os dias a fim de aparecer perfeitos aos olhos do mundo; para lutar – como nos disse Jesus no Evangelho – contra as falsidades e a hipocrisia: não as dos outros, mas as nossas.

Regressar a Deus e aos irmãos

Voltando à verdade de nós mesmos, podemos dar o segundo passo, que é regressar a Deus e aos irmãos.

“Existimos apenas graças às relações: a relação primordial com o Senhor e as relações da vida com os outros. Assim, a cinza que recebemos sobre a cabeça, nesta tarde, diz-nos que toda a presunção de autossuficiência é falsa e que idolatrar o eu é opção destrutiva, fecha-nos na jaula da solidão.”

Para Francisco, a Quaresma é o tempo propício para reavivar as nossas relações com Deus e com os outros e isso pode ser feito através da esmola, da oração e do jejum. Todavia, Jesus adverte que não se trata de ritos exteriores, mas de comportamentos que devem expressar uma renovação do coração.

“A esmola não é um gesto, cumprido rapidamente, para deixar a consciência limpa, mas tocar, com as próprias mãos e as próprias lágrimas, os sofrimentos dos pobres; a oração não é mero ritual, mas diálogo de verdade e amor com o Pai; o jejum não é um simples sacrifício, mas uma atitude forte para lembrar ao nosso coração aquilo que conta e, ao contrário, o que passa.”

Aos gestos exteriores, disse ainda o Papa, deve corresponder sempre a sinceridade da alma e a coerência das obras. Na vida pessoal, como aliás na vida da Igreja, não contam a exterioridade, os juízos humanos e a aprovação do mundo; conta apenas o olhar de Deus. Assim, a esmola, a oração e o jejum nos permitem expressar quem realmente somos: filhos de Deus e irmãos entre nós.

Jesus, o único que nos faz ressurgir das cinzas

“Queridos irmãos e irmãs, inclinemos a cabeça, recebamos as cinzas, tornemos leve o coração”, concluiu o Pontífice.

“Não desperdicemos a graça deste tempo sagrado: fixemos o olhar em Jesus crucificado e caminhemos respondendo generosamente aos fortes apelos da Quaresma. No final do percurso, encontraremos com maior alegria o Senhor da vida, o único que nos fará ressurgir das nossas cinzas.”

“Maria, mestra de oração”

O amor à nossa Mãe será sopro que atice em fogo vivo as brasas de virtude que estão ocultas sob o rescaldo da tua tibieza. (Caminho, 492)


Ama a Senhora. E Ela te obterá graça abundante para venceres nesta luta quotidiana. – E de nada servirão ao maldito essas coisas perversas que sobem e sobem, fervendo dentro de ti, até quererem sufocar, com a sua podridão bem cheirosa, os grandes ideais, os mandamentos sublimes que o próprio Cristo pôs em teu coração. – «Serviam!» (Caminho, 493)

A Jesus sempre se vai e se “volta” por Maria. (Caminho, 495)

Maria, Mestra de oração. – Olha como pede a seu Filho em Caná. E como insiste, sem desanimar, com perseverança. – E como consegue. – Aprende. (Caminho, 502)

Tens que dizer a Nossa Senhora, agora mesmo, na solidão acompanhada do teu coração, falando sem ruído de palavras: – Minha Mãe, este meu pobre coração rebela-se algumas vezes… Mas se tu me ajudas… – E Ela te ajudará, para que o guardes limpo e continues pelo caminho a que Deus te chamou: a Virgem te facilitará sempre o cumprimento da Vontade de Deus. (Forja, 315)

Mensagens de São Josemaria

Dom Mário: “como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta”


Por Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Durante quase seis anos, de 2016 a 2022, o atual Arcebispo de Cuiabá foi Bispo da Diocese de Roraima, afirmando que viveu esse tempo desde o aprendizado e a partilha com as comunidades, também com os povos indígenas.

A situação que vive o Povo Yanomami o leva a destacar o trabalho realizado com esse povo pela Igreja de Roraima, sobretudo pelos missionários e missionárias da Consolata. Um trabalho de defesa, que “se dá por omissão das autoridades, que têm a competência de cuidar dos povos indígenas”.

Diante desse momento de tristeza e de luto, Dom Mário Antônio chama a assumir uma verdadeira ecologia integral. O 2º Vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), faz um chamado a que “como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta”. Segundo ele, “hoje existem muitos discursos de defesa da vida, da fecundação até a morte natural, mas pouca prática em defesa da vida concreta existente diante dos nossos olhos, sobretudo quando ela está fragilizada”.

O senhor foi Bispo da Diocese de Roraima durante quase seis anos. Por todos os lugares onde passamos, vai ficando um pedaço do nosso coração. O que o senhor deixou na Diocese de Roraima?

Meu período em Roraima, quase seis anos, foi um período de muitos desafios, mas também de muito aprendizado, aprendizado com as comunidades, sobretudo daquelas que estavam mais distantes do grande centro, que é a capital. Mas um aprendizado ímpar com os povos e comunidades indígenas.

Das muitas coisas que eu aprendi lá e procurei retribuir é a proximidade com as pessoas, a proximidade no aspecto de estar junto, não só para celebrar a missa, mas também para a convivência. E a convivência se dava nos arraiais, se dava nas quermesses, se dava até nos momentos de comensalidade, eram momentos muito bonitos.

O que eu procurei também partilhar com as comunidades da Diocese de Roraima é que nós precisamos ter uma fé que é mais do que normas, sejam católicas ou bíblicas. Mas a nossa fé é adesão a Jesus Cristo e essa adesão é visibilizada pelo seguimento a Ele, na prática da paz, da justiça e da solidariedade. Foi isso que eu procurei partilhar com as pessoas, recebendo deles impulso e motivação para uma missão diante de tantos desafios.

O senhor fala da importância da convivência com o povo. Entre os yanomami, a diocese de Roraima se faz presente através dos missionários e missionárias da Consolata, na missão Catrimani, realizada desde a convivência com esse povo. Qual a importância dessa presença como Igreja no meio do Povo Yanomami e esse jeito de anunciar o Evangelho?

A Diocese de Roraima sempre teve na sua história, sobretudo com os bispos anteriores, grande preocupação com os povos indígenas e também específica com o Povo Yanomami, com a presença dos missionários e as missionárias Consolata, uma presença heroica, de mulheres e homens na convivência com as comunidades do Povo Yanomami, no respeito à cultura, no respeito à religião, na convivência, no fomentar os valores e em valorizar a sabedoria do Povo Yanomami. No seu cuidado com a própria cultura, com a própria humanidade, com os membros de cada maloca, de cada comunidade, como também no cuidado da natureza, com o cuidado da floresta, dos rios, da obra do Criador.

É um jeito de conviver muito respeitoso e que tem sementes do Evangelho, que realmente revela o que o ser humano tem de mais humano e divino, no estar, na interlocução e no confronto. Por isso, a Diocese de Roraima tem uma contribuição sem igual em toda a Igreja, para todo mundo, a través do testemunho dos missionários e missionárias da Consolata, essa presença de respeito, de valorização, e digna de ser chamada também do Reino de Deus à luz daquilo que nos fala São Paulo, da graça, paz e justiça do Espírito Santo.

Uma presença que também foi de defesa diante de tantos ataques que os povos indígenas e sobretudo o Povo Yanomami têm sofrido nas últimas décadas. Por que é importante essa atitude de defesa da Igreja assumida pela Diocese de Roraima em favor dos povos indígenas, do Povo Yanomami?

A gente gostaria que todo ser humano tivesse sua dignidade humana respeitada, seus valores reconhecidos, seus direitos cumpridos para que pudessem também seus deveres serem executados, sem traumas, sem sacrifícios, sem opressão e sem injustiça. Mas infelizmente é fantasia achar que a Igreja não precise estar na luta pelos mais empobrecidos. A Igreja de Roraima, como toda a Igreja católica, quando se coloca ao lado dos indefesos, dos mais pobres, tem sido a grande testemunha de Jesus Cristo.

No caso do Povo Yanomami, os missionários e missionárias da Consolata abrem portas e abrem os nossos olhos para uma atitude fundamental, mesmo que específica, diante dos desafios dos povos yanomami, lutar pela dignidade da sua vida, da sua saúde, de sua própria religião, conservando e escutando a sua própria sabedoria.

A defesa da Igreja se dá por algo que a gente fica muito triste, se dá por omissão das autoridades, que têm a competência de cuidar dos povos indígenas, da omissão do Governo Federal, do Governo Estadual e de outras instituições que têm a competência de cuidar dos povos indígenas. Esse abandono, esse descaso, esse desmonte de direitos fez com que os povos yanomami entrassem ainda em uma escuridão maior, em uma treva que não mereciam. Parece-me que agora vem aí uma nova luz, tem novas luzes que surgem. Uma luz que a Igreja sempre procurou manter, mesmo que de maneira limitada, com as suas forças e com a sua missão lá com o Povo Yanomami.

Uma atitude que não é exclusiva da Igreja de Roraima, mas que poderíamos dizer que é assumida pela Igreja do Brasil e inclusive da Igreja universal com o apoio expresso do Papa Francisco aos povos indígenas. Como Vice-presidente 2º da CNBB, como o senhor pensa que a Igreja do Brasil está impulsando essa defesa e como o que está acontecendo com o Povo Yanomami desafia a Igreja católica do Brasil nessa missão com os povos indígenas?

De fato, toda a atividade da diocese de Roraima, sempre foi acompanhada pela Igreja do Brasil, como também dioceses de outros países, inclusive da Europa. Instituições afins à defesa da causa indígena e à causa dos mais pobres, sempre colaboraram com esse protagonismo da Igreja de Roraima. A CNBB temos acompanhado muito de perto toda essa questão dos povos yanomami. Inclusive várias entidades ligadas à nossa Conferência, como a Rede Eclesial Pan-Amazônica, em comunhão com a REPAM-Brasil, se manifestam nesse momento crucial para os povos yanomami.

Um grande desafio com este caso é que nós abramos mais os olhos, que nós estendamos mais a mão, que a gente se exercite um pouco mais na sensibilidade para com a realidade dos povos indígenas. Nessa sensibilidade, não apenas de compaixão no momento de sofrimento, mas também de promoção, de reconhecimento em todos os outros momentos, nos momentos também de conquistas e de vitórias dos povos indígenas.

É preciso transformar esse momento de tristeza, esse momento até de luto por tantas crianças indígenas que morreram em consequência dessa devastação de direitos, devastação da natureza, como também o envenenamento dos rios e tudo aquilo que tem causado destruição do meio ambiente, mas consequentemente pela bebida, pelas drogas, pela prostituição, pela invasão do garimpo ilegal, a devastação total do ser humano, das pessoas.

Cuidar a través de uma ecologia integral, o grande desafio está em implantar aquilo que nos fala o Papa Francisco na Laudato si´, uma verdadeira ecologia integral, que promove a vida como um todo, prioritariamente o ser humano mais necessitado.

A Igreja do Brasil tem recebido críticas e desqualificações nos últimos dias, nas últimas horas, inclusive de pessoas que se dizem católicas. O que dizer para essas pessoas e como mostrar para elas que a defesa que a Igreja está fazendo do Povo Yanomami, dos povos indígenas, é algo que nasce da fé, do Evangelho, como uma exigência diante daquilo que Jesus Cristo nos pede como discípulos missionários?

O próprio Jesus Cristo, quando se coloca no início da sua missão, além de nos convidar à conversão aos valores do Reino de Deus, Ele diz claramente que veio para evangelizar os pobres, anunciar o ano da graça do Senhor, a libertar os cativos e prisioneiros, enfim a fazer o bem aos doentes e necessitados. Infelizmente causa estranheza em muitos quando a Igreja abraça essa causa, infelizmente. Deveria ser o normal, mas parece que quando uma Igreja defende a causa dos mais pobres é algo extraordinário, como se fosse algo anormal. Isso simboliza que nós estamos fugindo um pouco da nossa missão.

Mas é importante, não obstante as críticas que vem, até de católicos de nome e renome, às vezes até influentes, de que nós estamos dando um testemunho de coerência aquilo que é o Evangelho de Jesus Cristo, sobretudo Jesus no seu programa missionário. Abandonar o programa missionário de Jesus, conforme Lucas 4 seria uma loucura da nossa parte e algo que não combinaria com a Igreja de Jesus Cristo. As críticas não deixarão de serem feitas, mas que também o pessoal que critica possa se sensibilizar pela vida humana diante dos seus olhos.

É importante que como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta. Hoje existem muitos discursos de defesa da vida, da fecundação até a morte natural, mas pouca prática em defesa da vida concreta existente diante dos nossos olhos, sobretudo quando ela está fragilizada. As críticas nos fazem perceber que o cuidado com a vida humana ainda está longe do Evangelho de Jesus Cristo.

Qual é a sua palavra de esperança para os povos indígenas de Roraima, especialmente para o Povo Yanomami neste momento de tanta dor?

A minha palavra de esperança vai naquilo que o profeta Isaías escreve em uma de suas passagens, o povo indígena merece uma luz, merece uma grande luz. Na verdade, os povos indígenas nos oferecem essa grande luz na sua maneira de ser e que precisam ser respeitados. A minha mensagem é de respeito, de valorização e de gratidão pela perseverança das comunidades indígenas em suas lutas, em suas causas nobres.

Inclusive de Roraima, nesses 50 anos do Conselho Indígena de Roraima, o CIR, juntamente com o Cimi, também em todo o Brasil, 50 anos de existência e testemunho na luta pelas causas dos povos indígenas. A minha palavra não é de muita coisa, senão de motivação para que prossigam com nosso reconhecimento e a nossa comunhão. Oxalá que a gente consiga como Igreja católica exercitar um passo de sinodalidade verdadeira com os povos indígenas em direção do Reino de Deus.

JMJ 2023: organização do evento de Lisboa esteve no Vaticano

Delegação portuguesa reuniu com o Dicastério para os Leigos, Família e Vida e com a Secretaria de Estado da Santa Sé. D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, esteve em audiência privada com o Papa Francisco.


Rui Saraiva – Portugal

O Comité Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023 esteve em Roma na passada semana, numa altura em que teve início a contagem decrescente dos últimos 200 dias até ao início do evento em Lisboa, que decorrerá de 1 a 6 de agosto.

Numa delegação encabeçada por D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, estiveram no Vaticano o Secretário Executivo, Duarte Ricciardi, e representações das Direções de Logística, Pastoral, Finanças, Diálogo e Proximidade, Caminho 23, Comunicação, Acolhimento e Voluntários, refere o site oficial do evento.

As reuniões decorreram com o Dicastério para os Leigos, Família e Vida e com a Secretaria de Estado da Santa Sé, dando “continuidade ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido com o Vaticano, nas diferentes dimensões, para os eventos da Jornada”.

Nesse sentido a delegação portuguesa esteve com “os responsáveis pela organização das viagens do Papa, pela segurança e pela liturgia”.

Durante estes dias também foram recebidos pelo embaixador de Portugal junto da Santa Sé, Domingos Fezas Vital.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, foi recebido em audiência pelo Papa Francisco, “para enquadrar o Santo Padre naquilo que têm sido os trabalhos de preparação da JMJ, nomeadamente no que concerne as inscrições de peregrinos e a angariação de famílias de acolhimento e de voluntários”, refere o site da JMJ Lisboa 2023.

Na ocasião, “o Santo Padre deu graças pelos jovens peregrinos de todo o mundo que já se inscreveram, renovando o convite de participação a todos”.

Fonte: Vatican News

O Papa: a família é o lugar que acolhe e cuida de todos, o ponto de partida

O Papa cumprimenta uma menina da Comunidade Papa João XXIII (VATICAN MEDIA Divisione Foto)


“Deus escuta as suas orações pela paz”, disse Francisco na manhã deste sábado, na Sala Paulo VI, às cerca de setecentas crianças e jovens da Comunidade Papa João XXIII, fundada por dom Oreste Benzi. Em suas “casas de família”, quem não tem encontra um pai e uma mãe.


Antes de tudo, o Papa agradeceu as crianças e adolescentes que, antes da audiência, haviam lhe enviado suas biografias, com seus respectivos nomes. Francisco apreciou muito este gesto, que também agrada ao Senhor, porque ele conhece cada um pelo próprio nome. De fato, não somos anônimos, tampouco fotocópias. Somos todos originais e assim devemos ser, como dizia o Beato Carlo Acutis, coetâneo de vocês. Deus conhece cada um de nós, porque somos únicos. Claro, quem não tem defeitos? Alguns, infelizmente, carregam pesadas limitações, mas isso não diminui o valor da pessoa: todos somos únicos, filhos e filhas de Deus, irmãos e irmãs de Jesus. E o Papa perguntou: como Deus nos vê? E respondeu:

Com olhar de amor. Deus vê também nossas limitações, mas nos ajuda a suportá-las. Deus olha, sobretudo, nosso coração e a plenitude de cada pessoa. Deus nos vê à imagem de Jesus, seu Filho unigênito, e, com seu amor, nos ajuda a sermos sempre mais semelhantes a Ele. Jesus é o homem perfeito, a plenitude da humanidade e o amor que nos faz crescer para ganharmos o Paraíso”.

Sabemos, acrescentou Francisco, que há sinais que demonstram quando uma pessoa é acolhida com amor e vista com o olhar divino. Por exemplo o sorriso, que citam também em suas biografias. Alguns de vocês disseram que, às vezes, “alguém tem problemas, mas, apesar disso, sorri sempre…”. Por quê? Porque esta pessoa se sente amada, acolhida. O sorriso é uma flor que desabrocha no calor do amor. Mas, o Papa recordou outro sinal, que as crianças citam em suas histórias: a experiência das “Casas família”, fundadas pelo pe. Oreste Benzi:

Ele era um sacerdote que olhava as crianças e os jovens com os olhos e o coração de Jesus. Vendo que eram abandonados e se comportavam mal, percebia que lhes faltava o amor paterno e materno, o carinho dos irmãos. Assim, com a força do Espírito Santo e a colaboração de algumas pessoas, chamadas por Deus, Padre Oreste Benzi iniciou esta experiência de hospitalidade que chamou “Casa família”.

Hoje, explicou Francisco, esta experiência se alastrou pela Itália e em outros países, caracterizada pelo acolhimento em casas de pessoas, que abrem suas portas para dar uma família a quem não tem, uma família de verdade, que acolhe todos: menores, deficientes, idosos, italianos ou estrangeiros.

Por fim, o Santo Padre recordou algumas crianças, que não puderam estar presentes, mas se dirigiu, de modo especial, a uma menina, Sara, de 13 anos, que fugiu do Iraque. Aqui, referiu-se àquelas crianças, cuja infância foi roubada, às inocentes que morrem no seio materno.

O Papa Francisco concluiu seu discurso à Comunidade “Papa João XXIII”, agradecendo às crianças e jovens, que, todos os domingos à noite, rezam o Terço on-line pela paz no mundo. Deus ouve as orações, sobretudo, dos pequeninos.

Fonte: Vatican News

 

O testemunho de São João Batista

São João Batista

 

Por Dom Vital Corbellini – Bispo de Marabá – PA

A pessoa de São João Batista esteve muito presente nos evangelhos e na pregação da Igreja antiga. Ele ganhou considerações da parte de Jesus, por ser ele o precursor do Messias, preparando as pessoas para que Jesus fosse bem acolhido entre o povo. A liturgia lhe concedeu leituras que são proclamadas nas comunidades para serem aprofundadas, meditadas no tempo do advento, do natal e no tempo comum. No mundo atual é fundamental dar testemunho de Jesus, da Igreja, porque é preciso viver a Palavra de Jesus na família, na comunidade e na sociedade. Como João, testemunhamos o Senhor na realidade atual.

Testemunho da Luz

É fundamental a compreensão da palavra testemunho que vem do verbo latino: testificari, do substantivo testimonium cujo significado é testemunhar, atestar, pessoa que viu, assistiu o fato e declara a verdade das coisas[1]. João testemunhou Jesus. O Prólogo de São João (Jo 1,6-8) fala que houve um homem enviado por Deus, chamado João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da Luz, para que todas as pessoas cressem por meio dele. O fato era claro que ele não era a luz, mas ele testemunhou em favor da Luz. João Batista testemunhou Jesus Cristo, a luz verdadeira que ilumina todo o ser humano. Os padres da Igreja diziam que ele era uma lâmpada diante da Luz, o Senhor que dissipou todas as trevas do erro e da maldade. João testemunhou Jesus Cristo, luz verdadeira.

Cordeiro de Deus

São João Batista é também conhecido pela expressão usada na liturgia eucarística, antes da comunhão: Cordeiro de Deus. Quando ele viu Jesus que estava vindo ao seu encontro ele disse que Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Sendo uma expressão de fé dita a Jesus por João, é a objetividade da pessoa do Senhor, o Cordeiro de Deus, único, imolado, sem mancha de pecado, na cruz para a salvação da humanidade. Muitos animais e cordeiros eram imolados por ocasião da Páscoa judaica. Mas com a vinda do Senhor e depois com o cristianismo não será mais necessária a imolação de animais, mas as atenções são dadas à imolação de Jesus como Cordeiro de Deus que na cruz ocorreu a maior manifestação do amor de Deus ao mundo. O evangelista São João coincidiu a morte de Jesus na cruz com a imolação de animais no Templo para dizer que daquele momento em diante o verdadeiro Cordeiro é Jesus, imolado para a redenção da humanidade.

Filho de Deus

João também testemunhou que Jesus era o Filho de Deus. Esta definição é sem dúvida uma das maiores manifestações que as pessoas diziam a Jesus, encontrando-se, as referências nos evangelhos. Jesus veio do Pai ao mundo, sendo gerado desde sempre por Ele. Ele é o Filho de Deus. O prólogo de São João colocou o dado que a visão de Deus não foi vista por ninguém, no entanto o Deus Unigênito que está no seio do Pai ele no-lo revelou (Jo 1, 18). Diante do pedido do discípulo Filipe que Jesus mostrasse o Pai, o Senhor respondeu que quem o viu, viu o Pai (Jo 14, 8-9). Jesus continuou a sua palavra em relação a Filipe que Jesus está no Pai e o Pai está nele (Jo 14,11). Marta também disse que Jesus era o Filho de Deus, diante do fato da morte de Lázaro, irmão seu e de Maria, pois, na ocasião, o Senhor disse que ele era a ressurreição, a vida e que ele ressurgiria Lázaro, morto já alguns dias (Jo 11, 25-27). Na morte de cruz, o centurião romano disse que Jesus era o Filho de Deus (Mc 15, 39). João Batista esteve na linha das grandes profissões de fé, de amor ditas a Jesus, como Filho de Deus na carne.

João disse a Jesus que ele deveria ser batizado pelo Cristo

São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla, século IV tendo como base o evangelho de Mateus, disse que João relutou quando Jesus se aproximou dele para ser batizado, pois ele desejava ser batizado pelo Senhor (Mt 3,14). Se João tentou resistir, Jesus insistiu. Jesus não tinha pecado, mas ele assumiu com o seu batismo o pecado da humanidade. Ele santificou as águas do Jordão, para assim iniciar a todos nos sacramentos mediante o Espírito e na água. São Gregório de Nazianzo disse também que João era uma lâmpada diante do Sol, a voz à Palavra, o amigo ao Esposo, o maior entre todos os nascidos de mulher ao Primogênito de toda a criatura, aquele que estremeceu de alegria no seio materno de Isabel ao que fora adorado no seio de Maria, sua Mãe, o Precursor diante do Salvador[2];

João Batista e Elias

Jesus pediu o silêncio aos discípulos Pedro, Tiago e João ao descerem da montanha, quando Jesus foi lá para a transfiguração solicitando a eles que não contassem a ninguém até que Ele tivesse ressuscitado dos mortos. No entanto os discípulos perguntaram a Jesus o fato de que primeiro deveria vir Elias, que eram as afirmações dos escribas, segundo eles. Mas Jesus afirmou aos seus discípulos que Elias restaurará tudo e tinha vindo, mas ele não recebeu o reconhecimento. As autoridades fizeram tudo com ele com o que desejavam dele. Jesus disse que também o Filho do Homem sofreria por causa deles. Os discípulos entenderam que Jesus lhes falava de João Batista (Mt 17,9-13). Elias veio primeiro, na pessoa do Precursor, João Batista e o Senhor passará pelo sofrimento, a cruz, para chegar à glória da ressurreição.

João e Jesus

Jesus disse às multidões que João Batista era uma pessoa simples, mais que um profeta, porque ele foi mandado por Deus para preparar o caminho do Senhor. Ele seria o maior entre os nascidos de mulher, no entanto o menor no Reino dos céus era maior do que ele (Mt 11, 7-11). Jesus é maior que João Batista, porque ele veio de Deus para redimir a toda a humanidade.

O testemunho de João Batista reforça sempre a necessidade de viver a Palavra de Jesus no mundo de hoje. O testemunho coloca a necessidade para a realização do bem na família, na comunidade e na sociedade. Nós somos chamados a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo.

[1] Cfr. Testimòne, testimònio. In: Il vocabolario treccani, Il Conciso. Milano, Trento, 1998, pgs. 1778-1779.

[2] Cfr. Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo. Oratio in Sancta Lumina, 14-16. 20. PG 36,350-351. 354. In: Liturgia das Horas, I. Aparecida SP, Editora Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave-Maria, pg. 574.

Fonte: vaticannews.va

Francisco convida a educar com fraternidade: a educação é um ato de amor


O Papa escolheu lançar uma mensagem aos educadores, neste mês de janeiro, fazendo-lhes a proposta de “acrescentar um novo conteúdo ao seu ensino: a fraternidade”.


Foi divulgada, nesta terça-feira (10/01), a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de janeiro. Para inaugurar 2023, o Santo Padre escolheu lançar uma mensagem aos educadores, fazendo-lhes a proposta de “acrescentar um novo conteúdo ao seu ensino: a fraternidade”.

Na mensagem de vídeo, Francisco deseja ampliar o âmbito da atividade educacional, para que a educação não se concentre apenas no conteúdo.

O vídeo do Papa deste mês, que começa com a palavra fraternidade, escrita numa lousa como se fosse um tema didático, acompanha a reflexão de Francisco com a narração de uma história ambientada em uma escola. Um menino, deixado de lado por seus colegas durante as partidas de futebol, permanece sozinho num canto até que um professor, percebendo seu desconforto, decide cuidar dele. Ele o faz não com palavras, mas com o testemunho de sua vida: ele fica com ele, dia após dia, e com carinho e perseverança ele o ensina a brincar. Até que, numa manhã, ele o encontra com aqueles mesmos colegas que antes o haviam marginalizado: ele está brincando com eles e, quando marca seu primeiro gol, ele o dedica ao professor, a testemunha confiável que o ajudou.

A educação é um ato de amor que ilumina o caminho para que recuperemos o entendimento da fraternidade, para que não ignoremos os mais vulneráveis.

Para o Papa, “o educador é uma testemunha que não oferece os seus conhecimentos mentais, mas as suas convicções, o seu compromisso com a vida”.

É alguém que sabe manusear bem três linguagens: a da cabeça, a do coração e a das mãos, em harmonia. E daí a alegria de comunicar. E eles serão ouvidos com muito mais atenção e serão criadores de comunidade. Por quê? Porque estão semeando este testemunho.

Segundo o diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, pe. Frédéric Fornos, “novamente, diante dos desafios do mundo, o Papa Francisco insiste mais uma vez na fraternidade. É a bússola de sua Encíclica Fratelli tutti. É o único caminho para a humanidade, e é por isso que a educação é essencial”.

Rezemos para que os educadores sejam testemunhas críveis, ensinando a fraternidade em vez da competição e ajudando especialmente os jovens mais vulneráveis.

Fonte: Vatican News

O legado de Bento XVI, “o Papa das virtudes”

Papa Francisco e Papa Bento XVI – FOTO: Handout / VATICAN MEDIA / AFP

 

Frei Darlei Zanon – Religioso Paulino

Os grandes acontecimentos históricos mostram seus efeitos a longo prazo. Isso certamente é o que constataremos com o legado de Bento XVI, papa-emérito que nos deixou neste dia 31 de dezembro de 2022, após um pontificado de cerca de oito anos e outros dez anos como papa-emérito.

Em fevereiro de 2013, quando anunciou sua renúncia, as opiniões se dividiram entre os que criticaram a criação de um precedente negativo, delicado e perigoso; e os que elogiaram sua coragem, mostrando que a Igreja é viva, dinâmica, sempre atual. A renúncia de Bento XVI mostrou exatamente sua consciência de que a Igreja é muito maior do que o Papa, que a Igreja é um conjunto, Corpo, como define o Concílio Vaticano II. Bento XVI mostrou que o pontificado é realmente serviço, ministério, e não poder. Serviço a Deus, à Igreja e aos seres humanos, católicos ou não. O Papa é o símbolo da unidade desta Igreja sinodal, universal, diversificada. Quando Bento XVI sentiu que não conseguiria exercer com perfeição esse serviço, preferiu deixar que outra pessoa o sucedesse. O ministério não poderia ser exercido com limitações ou fragilidades, e por isso a sensibilidade do Papa Ratzinger neste aspeto foi louvável e serve de modelo para muitos ministérios/serviços exercidos na Igreja. Foi um ato de extrema humildade, liberdade e ousadia, que expressou de fato o verdadeiro sentido da fé cristã: deixar-se guiar plenamente pelo Espírito Santo e não por interesses terrenos.

Talvez hoje, após a sua páscoa, temos mais clara a grandiosidade da sua ação e do seu pontificado como um todo. Não há dúvidas de que o legado que deixou à Igreja é muito vasto. Não tardará em ser considerado “doutor da Igreja”, ao lado de grandes papas do passado. Há inclusive quem diga que daqui a cem anos os nossos breviários estarão repletos de leituras de Bento XVI. De imediato, temos a certeza que seus escritos, variados e sempre muito profundos, são referência no mundo eclesial e acadêmico. Não por acaso recebeu dez títulos “Doutor Honoris Causa”.

Se tivesse que definir o pontificado de Bento XVI em poucas palavras, diria exatamente que foi uma grande escola da fé. Sua renúncia veio em meio ao Ano da Fé, praticamente a continuidade do Ano Paulino e do Ano Sacerdotal, por ele tão desejados e bem celebrados. Essa foi a marca que Bento XVI quis deixar à história: refletir sobre a fé, saber em que cremos. Dirigindo-se aos jovens, no prefácio do YOUCAT, por exemplo, disse: “Tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em tecnologia domina o sistema funcional de um computador. Tendes de a compreender como um bom músico entende uma partitura. Tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação”.

Consciente das dificuldades em viver a fé num tempo de secularismo e perseguição aos valores cristãos, Bento XVI procurou sempre ajudar os católicos a aprofundarem a fé, como verdadeiro pedagogo e mestre. Suas catequeses das quartas-feiras traçaram um percurso fundamental para o aprofundamento da fé: iniciando pela origem do cristianismo, as bases da nossa fé (Apóstolos e São Paulo); percorreram os padres e doutores da Igreja, grandes santos e santas, modelos de fé; para enfim concluírem com a oração e a vivência da fé hoje. Foi uma verdadeira catequese – palavra de origem grega que significa “instruir a viva voz” –, conduzindo os cristãos a um aprofundamento da fé e da vida cristã.

Mas isso é apenas a ponta do grande iceberg do legado de Bento XVI. Seus discursos, homilias, documentos e mensagens para diferentes situações e datas do ano estão repletas de ensinamentos, são tesouro inesgotável que será descoberto e valorizado aos poucos e que só teremos a noção exata da sua preciosidade daqui a alguns anos. Além de ser um pontífice-doutor, mestre, Bento XVI foi também um pontífice-humanista, pastor, como podemos ver muito bem retratado na sua biografia Bento XVI: A Vida, escrita por Peter Seewald e publicada pela Paulus em 2021. No conjunto da obra de Bento XVI (e mesmo antes, enquanto o professor Ratzinger) vemos aflorar um profundo humanismo cristão. O ser humano vem sempre em primeiro lugar, em oposição às leis do mercado, ao consumismo, à ganância de poder, de riqueza, de prazer. O ser humano, como filho de Deus que caminha no mundo em busca do bem e da verdade, é o essencial.

Suas viagens apostólicas (24 fora da Itália) mostraram a luta pelos valores e pela dignidade humana. Veio ao Brasil em 2007, foi ao Oriente Médio e a países conflituosos da África, por exemplo. Em cada país abordou questões fundamentais relativas aos valores humanos e sociais. Não teve medo de falar sobre os verdadeiros problemas da humanidade e por isso muitas vezes sofreu críticas.

Suas exortações apostólicas e encíclicas também expressam muito bem essa dimensão. Numa análise rápida de seu magistério, poderíamos dizer que Bento XVI começou por ser o “Papa da caridade”, tornando-se depois o “Papa das virtudes” teologais. Logo na sua primeira encíclica, publicada em 25 de dezembro de 2005, quis mostrar o rosto do amor verdadeiro: Deus caritas est (Deus é amor). Nesse documento, Bento XVI abordou o amor humano nas suas três vertentes, segundo a tradição grega: eros, philia e ágape. Passados menos de dois anos, publicou sua segunda encíclica, sobre outra virtude teologal: a esperança. O documento Spe Salvi (Salvos na esperança) encoraja os cristãos a levarem uma vida cheia de esperança em oposição a uma vida vazia e sem sentido, distante do Deus verdadeiro. Anteriormente, naquele mesmo ano 2007, havia publicado uma exortação apostólica que mostrava a Eucaristia como verdadeiro Sacramento da caridade (Sacramentum Caritatis). Outros dois anos e uma nova encíclica sobre as virtudes teologais: Caritas in veritate (A caridade na verdade) apontou prioridades e valores a respeitar, especialmente em relação aos problemas financeiros e às questões relacionadas à doutrina social da Igreja, seguindo uma lógica bastante simples, mas muito profunda: “a economia precisa da ética, a ética da caridade, a caridade da verdade”. Propõe um ciclo virtuoso belíssimo. Em 2010, após o sínodo sobre a Palavra de Deus, ainda publicou a exortação Verbum Domini (A Palavra do Senhor).

Deixou inacabada a encíclica sobre a fé, terceira das virtudes teologais. Aguardada com grande ansiedade após Ano da Fé, foi concluída e publicada já sob o pontificado do seu sucessor, o Papa Francisco, com o título Lumen fidei (A luz da fé). Logo no início do documento Francisco recorda e agradece ao seu antecessor: “Estas considerações sobre a fé pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança. Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto alguma nova contribuição. De fato, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a «confirmar os irmãos» no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho. Teríamos assim o “papa das virtudes” com um legado completo. Mas mesmo sem a publicação da nova encíclica, o seu ensinamento sobre a fé é bastante conhecido. O Ano da Fé é fruto e prova disso. Finalizar o seu pontificado em meio a esta celebração do Ano da Fé é de fato a moldura perfeita para o seu pontificado da fé, do amor e da esperança.” (Lumen fidei, n. 7)

Ao nos despedirmos do Papa Bento XVI, ficam o nosso agradecimento pelo seu precioso serviço à Igreja e a certeza de que ainda teremos muito por aprofundar e meditar sobre o vasto legado por ele deixado.

Fonte: vaticannews.va

7 frases do Papa Francisco sobre o Natal do Senhor

Papa Francisco

No último sábado (24), noite de Natal, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa Solene na Basílica de São Pedro. Em sua homilia, o Pontífice destacou que o Natal sem os pobres não é o Natal de Jesus. “[…] a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas nas pessoas, sobretudo nos pobres: desculpai, Senhor, se não Vos reconhecemos e servimos neles”, disse Francisco. A seguir, confira sete frases do discurso do Santo Padre. 


Frases de Natal do Papa Francisco

1 – “[…] corremos um risco: o de sabermos muitas coisas sobre o Natal, mas esquecermos o seu significado”

2 – “O Evangelho do nascimento de Jesus parece […] tomar-nos pela mão e levar-nos lá onde Deus quer”

3 – “Para voltar a encontrar o sentido do Natal, é preciso fixar nela [na manjedoura] o olhar”

4 – “Irmão, irmã, nesta noite [de Natal] Deus aproxima-Se de ti, porque Se importa contigo”

5 – “Não há mal, não há pecado de que Jesus não queira e não possa salvar-te”

6 – “Ele [Jesus] que nasceu na manjedoura, procura uma fé concreta, feita de adoração e caridade, não de palavreado e exterioridade”

7 – “Não deixemos passar este Natal, irmãos e irmãs, sem fazer algo de bom”

Fonte: comshalom.org