TOTUS TUUS MARIAE: berço de ilustres histórias, Paraíba se destaca como casa da Mãe de Deus

A curiosidade de uma devoção perpetuada no seio do nordeste brasileiro.


A fé do povo nordestino demonstra sua exemplar coragem diante das adversidades cotidianas, caracterizando tal ato como um invólucro que sustenta sua coragem, confiança e esperança no divino. A Paraíba, berço do heroísmo pátrio, carrega consigo uma simbologia que merece ser observada e notada: todas as quatro Dioceses, e a Arquidiocese de João Pessoa, exibe como porto seguro da sua população a Mãe de Deus, Nossa Senhora.

Fato notável, Nossa Senhora das Neves se tornou padroeira da Arquidiocese de João Pessoa; Nossa Senhora da Conceição robustece a fé da Diocese de Campina Grande; Nossa Senhora da Piedade, sendo sua imagem primitiva, fortalece a esperança da Diocese de Cajazeiras; Nossa Senhora da Guia, com suas dignas sete foranias, enaltece a Diocese de Patos; e, sendo a “Soberana da Grande Esplendor” da Diocese de Guarabira, Nossa Senhora da Luz coroa a “caçula da Paraíba”.

A “Casa da Mãe de Deus”, exibe a simbologia de que Nossa Senhora mora no coração do povo Paraibano, sendo estes seus filhos mais devotos, ricos na fé, carentes do manto sagrado que reveste a Mãe da Igreja, fruto do trabalho valoroso dos jesuítas enquanto desbravava por estas terras, sendo João Pessoa primordialmente designada de “Nossa Senhora das Neves” e, mais tarde, “Filipéia de Nossa Senhora das Neves”, caracterizando o ponto cataclísmico desta história vitoriosa.

O Papa Francisco ensina: “um cristão sem a Virgem é órfão. Também um cristão sem a Igreja é um órfão. Um cristão necessita dessas duas mulheres, duas mães, duas mulheres virgens: A Igreja e a Mãe de Deus“.

Por Gabriel Di Corleone, Pascom Luz

“Maria, mestra de oração”

O amor à nossa Mãe será sopro que atice em fogo vivo as brasas de virtude que estão ocultas sob o rescaldo da tua tibieza. (Caminho, 492)


Ama a Senhora. E Ela te obterá graça abundante para venceres nesta luta quotidiana. – E de nada servirão ao maldito essas coisas perversas que sobem e sobem, fervendo dentro de ti, até quererem sufocar, com a sua podridão bem cheirosa, os grandes ideais, os mandamentos sublimes que o próprio Cristo pôs em teu coração. – «Serviam!» (Caminho, 493)

A Jesus sempre se vai e se “volta” por Maria. (Caminho, 495)

Maria, Mestra de oração. – Olha como pede a seu Filho em Caná. E como insiste, sem desanimar, com perseverança. – E como consegue. – Aprende. (Caminho, 502)

Tens que dizer a Nossa Senhora, agora mesmo, na solidão acompanhada do teu coração, falando sem ruído de palavras: – Minha Mãe, este meu pobre coração rebela-se algumas vezes… Mas se tu me ajudas… – E Ela te ajudará, para que o guardes limpo e continues pelo caminho a que Deus te chamou: a Virgem te facilitará sempre o cumprimento da Vontade de Deus. (Forja, 315)

Mensagens de São Josemaria

Lições Preciosas do Papa Bento XVI sobre a fé

A Obra de Joseph Ratzinger em meio à complexidade que lhe é própria, mas nem por isso inacessível, revela um grande esforço em abordar de forma existencial e ontológica a dimensão da fé sobretudo no cenário pós Concílio Vaticano II.

– Salto de fé: um desafio nos tempos modernos

Na monumental obra “Introdução ao Cristianismo”[1], o autor fala sobre a fé no mundo contemporâneo destacando o cuidadoso olhar de Kierkegaard[2] e do iluminista Lessing[3], revelando a dimensão da incredulidade e dúvida sobre a existência de Deus, presente no mundo da Teologia, mas não de forma exclusiva, pois perpassa toda a sociedade. A convivência com a fragilidade da fé leva inevitavelmente ao inquietante aspecto de que é impossível definir exatamente o que ela significa. Em verdade, para os estudiosos de teologia, impõe-se suportar as incertezas da ausência de fé.

A sagacidade do autor se manifesta na forma de aduzir a fé em uma amplitude tamanha capaz de abarcar até mesmo o mais incrédulo, pois este é levado a pensar: “e se eu estiver errado e Deus existir?” ou “E se o Deus da fé for de fato uma realidade?”. Sobre o crente e o incrédulo, arremata Ratzinger:

“Talvez seja justamente a dúvida, que preserva ambos da reclusão exclusiva do seu próprio eu, o lugar em que a comunicação poderá realizar-se. É ela que impede ambos de se fecharem completamente em si próprios; é ela que quebra a casca de quem tem fé, abrindo-o para aquele que duvida, e abre a casca de quem duvida para aquele que tem fé; para um, a dúvida é a sua maneira de participar do destino do incrédulo, para outro é a forma que a fé encontra para continuar sendo um desafio para ele” (Págs. 36 e 37)

Ora, esta dúvida, portanto, atormenta a todos e merece uma reflexão que ultrapasse a casuística. O grande ‘xeque mate’ apresentado pelo autor é o brocardo jurídico in dubio pro reu, segundo o qual na dúvida é melhor ter fé.

Mas, um ponto merece atenção: o Papa nos ensina que a mera curiosidade neutra do espírito que procura manter-se à parte nunca será capaz de levar qualquer um a ter uma experiência pessoal com Deus. Neste ponto, ganha destaque a decisão pessoal como ato de vontade, o qual não pode depender apenas da razão.

Isto exige, então uma atitude interior, uma profunda conversão: “É uma virada do ser, e só quem se vira pode recebe-la” e continua afirmando que “como nossa gravidade não cessa de puxar-nos numa outra direção, a fé continua sendo uma virada a ser realizada dia-a-dia…”

A fé, para Ratzinger, sempre teve uma relação intrínseca com a “angústia da liberdade”, com algum tipo de quebra, ou um “salto corajoso em demanda ao que é infinito”. Ela, portanto, não pode se adaptar automaticamente às necessidades da existência humana, mas pressupõe o que Kierkegaard chama de Salto de fé, compreendendo uma espécie de decisão enquanto opção fundamental. Em suma: não se pode optar pela fé sem saltar.

– O Deus da fé e o Deus dos filósofos

A reflexão sobre este tema, no entender do Papa, é tão antiga quanto a relação entre fé e filosofia. A sua história tem origem na experiência de Pascal ao escrever “Fogo, o ‘Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó’ não o Deus dos filósofos e sábios”. Esclarece Ratzinger na mencionada obra: “Acostumado com a ideia de um Deus totalmente identificado com o pensamento matemático, Pascal teve a sua proporia existência da sarça ardente, que o fez compreender que o Deus que é a geometria eterna do universo só pode sê-lo por ser amor criador e sarça ardente”.

A partir de Pascal, o Deus da Fé passou a ser essencialmente experiência e sentimento, além de coração e vida em clara oposição ao Deus frio e distante proposto pelos filósofos.

Embora o teólogo Ratzinger pudesse adotar a posição simplesmente pelo Deus da fé em detrimento do saber filosófico, não é isso o que ele faz. Ele se posiciona pela unidade teórica do Deus dos filósofos e dos Deus da fé.

O grande Papa teólogo defende que cabe ao entendimento filosófico buscar o fundamento, o sentido apresentado pela fé e que, in casu, encontra-se no logos que em sentido amplo traz a acepção de palavra, sentido, razão, verdade. A magistral ideia de Ratzinger tem assento na providência divina que que conduziu o logos grego à fé hebraica e vice-versa. Este foi a via providenciada por Deus para que a fé fosse libertada de uma certa patologia intrínseca arraigada numa predisposição ao fundamentalismo. O mesmo teria acontecido com a razão, a qual sem fé tenderia à violência, ao puro cálculo, ao cientificismo positivista.

Unir fé e razão, eis o resumo de toda a atividade teológico-pastoral do Papa Bento XVI, onde tudo se assenta no Amor. É ele quem dá um novo sentido ao Deus dos filósofos: “O logos do mundo inteiro, o protopensamento criador, é ao mesmo tempo amor, ou melhor, esse pensamento é criador justamente porque enquanto pensamento é amor e, enquanto amor, é pensamento. Revela-se nele a identidade original da verdade e do amor que, quanto estão plenamente realizados, não são duas realidades paralelas ou até opostas, e sim uma coisa só, a saber, o absoluto único” (Pág. 111).

[1] RATZINGER, Joseph. Introdução ao Cristianismo, Preleções sobre o Símbolo Apostólico. São Paulo: Loyola, 1985. 8ª edição
[2] Søren Aabye Kierkegaard foi um filósofo, teólogo, poeta e crítico social dinamarquês, amplamente considerado o primeiro filósofo existencialista.
[3] Gotthold Ephraim Lessing foi poeta, dramaturgo, filósofo e crítico de arte alemão, considerado um dos maiores representantes do Iluminismo, conhecido também por sua crítica ao antissemitismo e defesa do livre-pensamento e tolerância religiosa.

Fonte: comshalom.org

Dom Mário: “como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta”


Por Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Durante quase seis anos, de 2016 a 2022, o atual Arcebispo de Cuiabá foi Bispo da Diocese de Roraima, afirmando que viveu esse tempo desde o aprendizado e a partilha com as comunidades, também com os povos indígenas.

A situação que vive o Povo Yanomami o leva a destacar o trabalho realizado com esse povo pela Igreja de Roraima, sobretudo pelos missionários e missionárias da Consolata. Um trabalho de defesa, que “se dá por omissão das autoridades, que têm a competência de cuidar dos povos indígenas”.

Diante desse momento de tristeza e de luto, Dom Mário Antônio chama a assumir uma verdadeira ecologia integral. O 2º Vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), faz um chamado a que “como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta”. Segundo ele, “hoje existem muitos discursos de defesa da vida, da fecundação até a morte natural, mas pouca prática em defesa da vida concreta existente diante dos nossos olhos, sobretudo quando ela está fragilizada”.

O senhor foi Bispo da Diocese de Roraima durante quase seis anos. Por todos os lugares onde passamos, vai ficando um pedaço do nosso coração. O que o senhor deixou na Diocese de Roraima?

Meu período em Roraima, quase seis anos, foi um período de muitos desafios, mas também de muito aprendizado, aprendizado com as comunidades, sobretudo daquelas que estavam mais distantes do grande centro, que é a capital. Mas um aprendizado ímpar com os povos e comunidades indígenas.

Das muitas coisas que eu aprendi lá e procurei retribuir é a proximidade com as pessoas, a proximidade no aspecto de estar junto, não só para celebrar a missa, mas também para a convivência. E a convivência se dava nos arraiais, se dava nas quermesses, se dava até nos momentos de comensalidade, eram momentos muito bonitos.

O que eu procurei também partilhar com as comunidades da Diocese de Roraima é que nós precisamos ter uma fé que é mais do que normas, sejam católicas ou bíblicas. Mas a nossa fé é adesão a Jesus Cristo e essa adesão é visibilizada pelo seguimento a Ele, na prática da paz, da justiça e da solidariedade. Foi isso que eu procurei partilhar com as pessoas, recebendo deles impulso e motivação para uma missão diante de tantos desafios.

O senhor fala da importância da convivência com o povo. Entre os yanomami, a diocese de Roraima se faz presente através dos missionários e missionárias da Consolata, na missão Catrimani, realizada desde a convivência com esse povo. Qual a importância dessa presença como Igreja no meio do Povo Yanomami e esse jeito de anunciar o Evangelho?

A Diocese de Roraima sempre teve na sua história, sobretudo com os bispos anteriores, grande preocupação com os povos indígenas e também específica com o Povo Yanomami, com a presença dos missionários e as missionárias Consolata, uma presença heroica, de mulheres e homens na convivência com as comunidades do Povo Yanomami, no respeito à cultura, no respeito à religião, na convivência, no fomentar os valores e em valorizar a sabedoria do Povo Yanomami. No seu cuidado com a própria cultura, com a própria humanidade, com os membros de cada maloca, de cada comunidade, como também no cuidado da natureza, com o cuidado da floresta, dos rios, da obra do Criador.

É um jeito de conviver muito respeitoso e que tem sementes do Evangelho, que realmente revela o que o ser humano tem de mais humano e divino, no estar, na interlocução e no confronto. Por isso, a Diocese de Roraima tem uma contribuição sem igual em toda a Igreja, para todo mundo, a través do testemunho dos missionários e missionárias da Consolata, essa presença de respeito, de valorização, e digna de ser chamada também do Reino de Deus à luz daquilo que nos fala São Paulo, da graça, paz e justiça do Espírito Santo.

Uma presença que também foi de defesa diante de tantos ataques que os povos indígenas e sobretudo o Povo Yanomami têm sofrido nas últimas décadas. Por que é importante essa atitude de defesa da Igreja assumida pela Diocese de Roraima em favor dos povos indígenas, do Povo Yanomami?

A gente gostaria que todo ser humano tivesse sua dignidade humana respeitada, seus valores reconhecidos, seus direitos cumpridos para que pudessem também seus deveres serem executados, sem traumas, sem sacrifícios, sem opressão e sem injustiça. Mas infelizmente é fantasia achar que a Igreja não precise estar na luta pelos mais empobrecidos. A Igreja de Roraima, como toda a Igreja católica, quando se coloca ao lado dos indefesos, dos mais pobres, tem sido a grande testemunha de Jesus Cristo.

No caso do Povo Yanomami, os missionários e missionárias da Consolata abrem portas e abrem os nossos olhos para uma atitude fundamental, mesmo que específica, diante dos desafios dos povos yanomami, lutar pela dignidade da sua vida, da sua saúde, de sua própria religião, conservando e escutando a sua própria sabedoria.

A defesa da Igreja se dá por algo que a gente fica muito triste, se dá por omissão das autoridades, que têm a competência de cuidar dos povos indígenas, da omissão do Governo Federal, do Governo Estadual e de outras instituições que têm a competência de cuidar dos povos indígenas. Esse abandono, esse descaso, esse desmonte de direitos fez com que os povos yanomami entrassem ainda em uma escuridão maior, em uma treva que não mereciam. Parece-me que agora vem aí uma nova luz, tem novas luzes que surgem. Uma luz que a Igreja sempre procurou manter, mesmo que de maneira limitada, com as suas forças e com a sua missão lá com o Povo Yanomami.

Uma atitude que não é exclusiva da Igreja de Roraima, mas que poderíamos dizer que é assumida pela Igreja do Brasil e inclusive da Igreja universal com o apoio expresso do Papa Francisco aos povos indígenas. Como Vice-presidente 2º da CNBB, como o senhor pensa que a Igreja do Brasil está impulsando essa defesa e como o que está acontecendo com o Povo Yanomami desafia a Igreja católica do Brasil nessa missão com os povos indígenas?

De fato, toda a atividade da diocese de Roraima, sempre foi acompanhada pela Igreja do Brasil, como também dioceses de outros países, inclusive da Europa. Instituições afins à defesa da causa indígena e à causa dos mais pobres, sempre colaboraram com esse protagonismo da Igreja de Roraima. A CNBB temos acompanhado muito de perto toda essa questão dos povos yanomami. Inclusive várias entidades ligadas à nossa Conferência, como a Rede Eclesial Pan-Amazônica, em comunhão com a REPAM-Brasil, se manifestam nesse momento crucial para os povos yanomami.

Um grande desafio com este caso é que nós abramos mais os olhos, que nós estendamos mais a mão, que a gente se exercite um pouco mais na sensibilidade para com a realidade dos povos indígenas. Nessa sensibilidade, não apenas de compaixão no momento de sofrimento, mas também de promoção, de reconhecimento em todos os outros momentos, nos momentos também de conquistas e de vitórias dos povos indígenas.

É preciso transformar esse momento de tristeza, esse momento até de luto por tantas crianças indígenas que morreram em consequência dessa devastação de direitos, devastação da natureza, como também o envenenamento dos rios e tudo aquilo que tem causado destruição do meio ambiente, mas consequentemente pela bebida, pelas drogas, pela prostituição, pela invasão do garimpo ilegal, a devastação total do ser humano, das pessoas.

Cuidar a través de uma ecologia integral, o grande desafio está em implantar aquilo que nos fala o Papa Francisco na Laudato si´, uma verdadeira ecologia integral, que promove a vida como um todo, prioritariamente o ser humano mais necessitado.

A Igreja do Brasil tem recebido críticas e desqualificações nos últimos dias, nas últimas horas, inclusive de pessoas que se dizem católicas. O que dizer para essas pessoas e como mostrar para elas que a defesa que a Igreja está fazendo do Povo Yanomami, dos povos indígenas, é algo que nasce da fé, do Evangelho, como uma exigência diante daquilo que Jesus Cristo nos pede como discípulos missionários?

O próprio Jesus Cristo, quando se coloca no início da sua missão, além de nos convidar à conversão aos valores do Reino de Deus, Ele diz claramente que veio para evangelizar os pobres, anunciar o ano da graça do Senhor, a libertar os cativos e prisioneiros, enfim a fazer o bem aos doentes e necessitados. Infelizmente causa estranheza em muitos quando a Igreja abraça essa causa, infelizmente. Deveria ser o normal, mas parece que quando uma Igreja defende a causa dos mais pobres é algo extraordinário, como se fosse algo anormal. Isso simboliza que nós estamos fugindo um pouco da nossa missão.

Mas é importante, não obstante as críticas que vem, até de católicos de nome e renome, às vezes até influentes, de que nós estamos dando um testemunho de coerência aquilo que é o Evangelho de Jesus Cristo, sobretudo Jesus no seu programa missionário. Abandonar o programa missionário de Jesus, conforme Lucas 4 seria uma loucura da nossa parte e algo que não combinaria com a Igreja de Jesus Cristo. As críticas não deixarão de serem feitas, mas que também o pessoal que critica possa se sensibilizar pela vida humana diante dos seus olhos.

É importante que como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta. Hoje existem muitos discursos de defesa da vida, da fecundação até a morte natural, mas pouca prática em defesa da vida concreta existente diante dos nossos olhos, sobretudo quando ela está fragilizada. As críticas nos fazem perceber que o cuidado com a vida humana ainda está longe do Evangelho de Jesus Cristo.

Qual é a sua palavra de esperança para os povos indígenas de Roraima, especialmente para o Povo Yanomami neste momento de tanta dor?

A minha palavra de esperança vai naquilo que o profeta Isaías escreve em uma de suas passagens, o povo indígena merece uma luz, merece uma grande luz. Na verdade, os povos indígenas nos oferecem essa grande luz na sua maneira de ser e que precisam ser respeitados. A minha mensagem é de respeito, de valorização e de gratidão pela perseverança das comunidades indígenas em suas lutas, em suas causas nobres.

Inclusive de Roraima, nesses 50 anos do Conselho Indígena de Roraima, o CIR, juntamente com o Cimi, também em todo o Brasil, 50 anos de existência e testemunho na luta pelas causas dos povos indígenas. A minha palavra não é de muita coisa, senão de motivação para que prossigam com nosso reconhecimento e a nossa comunhão. Oxalá que a gente consiga como Igreja católica exercitar um passo de sinodalidade verdadeira com os povos indígenas em direção do Reino de Deus.

Bendita Leitura: Carta do Papa João Paulo II aos artistas

É conhecido por muitos a Carta de João Paulo II aos artistas (CA). Não obstante da popularidade, é sempre propícia a recomendação “aos que com apaixonada entrega buscam novas «epifanias» da beleza para oferecê-las ao mundo através da criação artística”.

De coração a coração, de um artista para artistas, o papa expressa afeto e comunhão particular aos seus destinatários: “Esta carta é dirigida a vocês, a quem me sinto ligado por experiências pessoais que remontam tempos passados e que marcaram de modo indelével minha vida”. (CA, 1).

A Carta Apostólica é também uma expressão contemporânea do diálogo da Igreja com os artistas, que em dois mil anos de história nunca se interrompeu. Nela, o papa reflete sobre o dom, a missão, os desafios e a responsabilidade do artista – em especial do artista cristão – frente à sociedade contemporânea trazendo a tona que “existe uma ética, ou melhor, uma espiritualidade própria do serviço artístico” (CA, 4). Sobre isto refletiu:

“O artista vive uma relação peculiar com a Beleza. Em um sentido muito real pode se dizer que a Beleza é a vocação a qual o Criador o chama com o dom do «talento artístico». E certamente este é um talento que tem que desenvolver segundo a lógica da parábola dos talentos. […] Quem percebe em si mesmo […] a vocação ao talento artístico […] adverte ao mesmo tempo a obrigação de não fazer mal uso deste talento, mas de desenvolve-lo para pô-lo a serviço do próximo e de toda a humanidade”. (CA, 3)

Fonte: Emanuel Nilo da Silva Aires