Papa à Fazenda da Esperança: é tão belo o vosso carisma

A audiência que marca as celebrações dos 40 anos de fundação da Fazenda da Esperança aconteceu nesta manhã (29), no Vaticano. Aos participantes, Francisco destacou: “vocês nunca devem abandonar essa vocação à esperança!”

papa
Audiência do Papa com os membros da Fazenda Esperança

O Papa Francisco encontrou-se na sexta-feira, 29 de setembro, com os membros da Fazenda da Espereança. O encontro aconteceu no Pátio São Damaso, dentro do Palácio Apostólico, com aproximadamente 1200 participantes, entre eles os fundadores, membros da presidência, padres, consagrados, religiosos, voluntários e vários ex-acolhidos da comunidade, ou seja, pessoas que, ao longo de quatro décadas, se recuperaram da dependência química e tiveram suas vidas transformadas através do método de acolhimento proposto pela Associação Fazenda da Esperança. As festividades dos 40 anos de fundação estão sendo celebradas desde o início da semana, com uma peregrinação especial em Roma e na Itália.

O ápice da comemoração foi marcado pelo encontro com o Santo Padre. No início da audiência, o presidente da Fazenda da Esperança, Pe. José Luiz de Menezes, dirigiu palavras de gratidão ao Papa pelo encontro e expressou a alegria por colaborar com a missão da Igreja. Em seguida, três testemunhos de pessoas que tiveram suas vidas transformadas ilustraram o carisma da comunidade de forma muito concreta.

O Papa iniciou seu discurso agradecendo pela visita, em ocasião dos 40 anos que receberam seu chamado específico: “É tão belo esse carisma: o carisma da esperança! Vocês nunca devem abandonar essa vocação à esperança!”, ressaltou Francisco.

Um chamado de Deus

O Santo Padre recordou o trecho do Evangelho de Mateus em que Jesus se apresenta da seguinte forma: “Eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me” (Mt 25, 35-36) e sublinhou que “o Senhor se identifica com nossos irmãos e irmãs mais pobres, mais necessitados e mais sofredores”.

“Há quarenta anos, o carisma de vocês nasceu do pedido de ajuda de um jovem que queria se libertar da dependência das drogas: nele – e em todos os que vieram depois dele – vocês reconheceram a Cristo que lhes dizia: Eu era escravo das drogas e vocês me acolheram, para me dar novamente esperança e me fazer entender que uma nova vida é possível. O chamado que Deus lhes faz, para trazer esperança àqueles que talvez não tenham mais sentido em suas vidas, é um chamado para amá-Lo incondicionalmente nas pessoas que estão em situações de vulnerabilidade social.”

A resposta contra a indiferença

Ao falar sobre o carisma específico da Fazenda da Esperança, Francisco recordou que um dos grandes problemas do mundo de hoje é a indiferença; contudo, a Comunidade não ficou imparcial à dor que viram no rosto de tantos jovens, afligidos por grandes sofrimentos existenciais, especialmente no rosto daqueles cujas vidas estavam destruídas pelas drogas e outros vícios.

“Vocês se tornaram ‘próximos’, e mais, ‘irmãos’ de tantas pessoas que recolheram pelas ruas e, como na parábola do Bom Samaritano, as acompanharam para tratá-las, curá-las e ajudá-las a recuperar sua dignidade”, enfatizou o Pontífice, “vocês sabem muito bem que trazer esperança não significa apenas ajudar a superar vícios, a suplantar traumas, a encontrar seu lugar na família e na sociedade”.

O Papa fez questão de mencionar as palavras do Papa Bento XVI durante a visita que realizou na sede da Fazenda da Esperança em Guaratinguetá, no ano de 2007: “A reinserção na sociedade constitui, sem dúvida, uma prova da eficácia da iniciativa de vocês. Mas o que mais chama atenção, e confirma a validade do trabalho, são as conversões, o reencontro com Deus e a participação ativa na vida da Igreja”, e completou: “o carisma de esperança, como um dom suscitado no meio de vocês pelo Espírito Santo, leva-os a cuidar das pessoas em sua integridade material e espiritual, corpo e alma”.

Um carisma de todos

O Pontífice enfatizou que o carisma foi confiado a todos: “os fundadores foram instrumentos providenciais para que esse dom tomasse forma, se consolidasse, encontrasse o seu lugar na Igreja e alcançasse a tantas pessoas. Depois de 40 anos, na fidelidade à inspiração original, novas pessoas são chamadas a assumir a responsabilidade de preservar e fazer frutificar esse patrimônio espiritual que o Senhor lhes confiou”. Ao encorajar a nova geração, o Papa sublinhou que não é preciso ter medo dessa nova fase, é necessário apenas viver com humildade, com confiança e preservar a comunhão espiritual entre os membros.

Por fim, Francisco expressou sua gratidão pelo testemunho de vida e oferta, que reflete nas diversas obras da associação, espalhadas por todo o território brasileiro desde 1998, e presentes também em outros países. “Reconheço com muita gratidão o trabalho que vocês realizam com padres, seminaristas, religiosos e religiosas, ajudando-os a superar os desafios e problemas psicológicos que afetam algumas pessoas consagradas a Deus. Continuem com esse belo trabalho, que é tão necessário para a Igreja”, disse o Papa.

Ao final da audiência, o Santo Padre abençoou os presentes, que, em seguida, através de aplausos e cânticos, expressaram sua gratidão e emoção por estarem com o Pontífice.

Fonte: Vatican News

COMISSÃO ESPECIAL DE BIOÉTICA REPUDIA AÇÃO QUE PRETENDE DESCRIMINALIZAR O ABORTO NO BRASIL

 

A Comissão Especial de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota qual afirma condenar e acompanhar “atentamente” a tramitação da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 442 (ADPF 442). A ação pede a descriminalização do aborto no Brasil até a 12ª semana de gestação. Para o grupo, a eliminação voluntária e consciente de uma criança, fere o princípio da inviolabilidade da vida humana garantido pela Constituição Federal de 1988. O texto é assinado pelo bispo auxiliar de Curitiba (PR) e presidente da Comissão, dom Reginei José Modolo, e pelos assessores e especialistas colaboradores.

No texto, recordam que a sociedade brasileira tem como base o entendimento de que “toda vida humana é preciosa, tem seu valor intrínseco irrenunciável e inviolável”. Por isso, reforçam: “deve ser protegida com o máximo cuidado, desde a concepção”.

Frente ao argumento que baseia o processo no Supremo Tribunal Federal, de que o feto de 12 semanas não é um ser de direitos, a comissão ressalta que “o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde a sua concepção” e desde esse mesmo momento lhe devem ser reconhecidos os direitos da pessoa, “entre os quais e antes de tudo, o direito inviolável de cada ser humano inocente à vida”.

Confira a nota na íntegra:

NOTA PELA VIDA E EM REPÚDIO À ADPF 442

 

A Comissão Especial de Bioética da CNBB condena e acompanha atentamente a proposta de abrigamento jurídico do aborto até à 12ª semana de gravidez, trazido pela ADPF 442, pelo fato de tratar sobre um aspecto ético extremo, a eliminação voluntária e consciente de vidas humanas, ferindo o princípio da inviolabilidade da vida humana, garantido pela nossa Constituição Brasileira, no seu artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…”

No Brasil, é ponto basilar e, até então pacífico, que toda vida humana é preciosa, tem seu valor intrínseco irrenunciável e inviolável. Por isso, deve ser protegida com o máximo cuidado, desde a concepção. Na realidade, o respeito pela vida humana impõe-se desde o momento em que começou o processo da geração. Desde a fecundação do óvulo, encontra-se inaugurada uma vida, que não é a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano, que se desenvolve por si mesmo. Seria impossível descrever o desenvolvimento humano iniciando-se em outro ponto, como se houvesse a geração espontânea de um ser pluricelular. Trazemos uma breve citação de um dos livros de Embriologia mais adotados nas Universidades brasileiras:

O desenvolvimento humano é um processo contínuo que se inicia quando um oócito de origem feminina é fecundado por um espermatozoide, de origem masculina.
(Moore, Persaud, Torchia, 2016b, p. 1).

A fertilização é o referencial inegável para todas as etapas do desenvolvimento  desse novo ser humano. Afinal, é a partir dela que se contam as 12 semanas. Nenhum ser começa com 12 semanas, como nenhum mês começa no dia 12. Portanto, o mínimo que se pode dizer é que a ciência atual, no seu estado mais evoluído, não dá apoio algum substancial aos defensores do aborto.

Não se pode fazer qualquer distinção relevante, científica ou ética, entre um feto com menos 12 semanas e um outro com mais semanas de idade gestacional ou anos de vida. Somente a arbitrariedade pode explicar os diversos limites gestacionais dentro dos quais o aborto é permitido em diferentes países ou mesmo em diferentes Estados de um mesmo país. O fruto da geração humana, desde o primeiro momento da sua existência, isto é, a partir da constituição do zigoto, exige o respeito incondicional que é moralmente devido ao ser humano na sua totalidade corporal e espiritual. O ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde esse mesmo momento devem ser-lhe reconhecidos os direitos da pessoa, entre os quais e antes de tudo, o direito inviolável de cada ser humano inocente à vida.

Portanto, repudiamos o proposto pela ADPF 442, pois nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é  intrinsecamente ilícito no seu conteúdo, a morte voluntária e consciente de vidas humanas, através do aborto. Aliás, o valor em jogo é tal que, sob o perfil moral, bastaria a simples probabilidade de encontrar-se em presença de uma pessoa para se justificar a mais categórica proibição de qualquer intervenção tendente a eliminar o embrião humano (JOÃO PAULO II – CARTA ENCÍCLICA EVANGELIUM VITAE – Sobre o Valor e a Inviolabilidade da Vida Humana, n. 60).

Brasília – DF, 28 de setembro de 2023

Dom Reginei José Modolo
Bispo Auxiliar de Curitiba – PR
Presidente da Comissão Especial de Bioética da CNBB

Diác. Dr. João Vicente da Silva
Diácono da Arquidiocese de Campinas – SP
Eixo Família

Pe. Dr. Sérgio Lucas Câmara
Presbítero da Arquidiocese de São Paulo – SP
Eixo Final de Vida

Pe. Dr. Tiago Gurgel do Vale
Presbítero da Arquidiocese de São Paulo – SP
Assessor da Comissão Especial de Bioética

Frei Jorge Luiz Soares da Silva
Religioso da Ordem dos Frades Menores Conventuais
Província São Maximiliano Maria Kolbe Assessor de Relações Institucionais e Governamentais da CNBB

Dra. Maria Emília de Oliveira Schpallir Silva
Leiga da Arquidiocese de Campinas – SP
Eixo Família

Dr. João Batista Lima Filho
Leigo da Diocese de Cornélio Procópio – PR
Eixo Final de Vida

Dra. Lenise Aparecida Martins Garcia
Leiga da Arquidiocese de Brasília – DF
Eixo Início da Vida

Dr. André Luiz de Oliveira
Leigo da Diocese de Uberlândia – MG
Eixo Políticas Públicas

Dr. Pedro Pimenta de Mello Spineti
Leigo da Arquidiocese do Rio de Janeiro – RJ
Associação dos Médicos Católicos

Dra. Ângela Vidal Gandra da Silva Martins
Leiga da Arquidiocese de São Paulo – SP
Associação dos Juristas Católicos

Dr. Sávio Renato Bittencourt Soares Silva
Leigo da Arquidiocese do Rio de Janeiro – RJ
Procurador

Dr. Lucas F. V. Maia
Leigo da Arquidiocese de Brasília – DF
Advogado da CNBB

Fonte: CNBB

O Sínodo, história e rostos de uma instituição

No L’Osservatore Romano, um artigo repercorre a evolução da assembleia dos bispos, desde a ideia inicial de Paulo VI, há cerca de 60 anos, à nova concepção de Francisco, até a chegada da próxima assembleia em outubro


O Sínodo dos Bispos nasceu em 1965 por iniciativa de Paulo VI que, no “motu proprio” Apostolica sollicitudo, o definiu como “um conselho permanente de Bispos para a Igreja universal”. Assim, ele implementou uma solicitação formulada pelo Concílio, que naquela época estava quase no fim, especialmente durante o debate sobre a colegialidade. Desde então, Paulo VI estava ciente de que o Sínodo mudaria com o tempo. De fato, no “motu proprio” ele escreveu: “Como toda instituição humana, com o passar do tempo ele será aperfeiçoado”.

A evolução do Sínodo andou de mãos dadas com a recepção progressiva do Concílio, em particular com a visão eclesiológica na qual está enraizada a relação entre o povo de Deus, o colégio dos bispos e o Bispo de Roma. O Papa Francisco dá expressão a isso, refletindo sobre a dimensão sinodal constitutiva da Igreja por ocasião do quinquagésimo aniversário da instituição do Sínodo (2015): “Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, […] uma escuta mútua na qual cada um tem algo a aprender”. Povo fiel, Colégio episcopal, Bispo de Roma: um ouvindo o outro; e todos ouvindo o Espírito Santo”.

Em 2018, a constituição apostólica Episcopalis communio prossegue na linha de aperfeiçoar o Sínodo: de um evento pontual – uma assembleia de bispos dedicada a tratar de uma questão – o transforma em um processo articulado em várias etapas, no qual toda a Igreja e todos na Igreja são convidados a participar. É sobre essa base renovada que foi concebido o processo do Sínodo 2021-2024, intitulado Por uma Igreja Sinodal. Comunhão, participação, missão. Isso explica sua articulação, que é muito mais complexa do que a dos sínodos anteriores.

Em primeiro lugar, esta previu uma longa fase de consulta e escuta do povo de Deus em todas as Igrejas do mundo, que ocorreu em várias etapas: começou em nível local (paroquial e depois diocesano), depois passou para o das conferências episcopais nacionais e terminou com o nível continental. Nesse processo, a escuta se tornou uma oportunidade de encontro e de diálogo, dentro de cada Igreja local e entre elas, especialmente entre as que pertencem à mesma região, e também em nível de Igreja universal, graças também aos estímulos do Documento preparatório e do Documento de trabalho para a etapa continental, elaborados pela Secretaria Geral do Sínodo, em particular, com base nos elementos colhidos na escuta do povo de Deus.

A dinâmica eclesial em nível continental, que esse sínodo enfatiza fortemente, também encontra inspiração no Concílio, particularmente no decreto Ad gentes, que afirma no n. 22: “É, portanto, desejável, para não dizer sumamente conveniente, que as conferências episcopais se reúnam dentro de cada vasto território sociocultural, a fim de poderem realizar esse plano de adaptação em plena harmonia entre si e na uniformidade das decisões”.

A fase de discernimento, tarefa que cabe em primeiro lugar aos pastores, acentua também o seu caráter processual, graças ao fato de que a xvi Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos será realizada em duas sessões, intercaladas com um tempo para os devidos aprofundamentos e, sobretudo, para interpelar novamente o Povo de Deus. A maior articulação do processo não pode deixar de reverberar na composição da assembleia sinodal. Ela mantém seu caráter episcopal fundamental, já que três quartos de seus membros são bispos. A eles se juntam sacerdotes e diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, escolhidos entre aqueles que se comprometeram mais intensamente com as várias etapas do processo sinodal. Sua tarefa é justamente trazer o testemunho e a memória da riqueza desse processo para a assembleia responsável pelo discernimento. Reconhecendo a importância de seu serviço, damos espaço – nesta edição da Religio – às vozes de alguns deles.

Fonte: Vatican News

Conheça a história dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu

Os Santos foram vítimas de dois assassinatos em massa cometidos em 1645, durante as invasões holandesas no Brasil.

No dia 3 de outubro comemora-se a festa litúrgica dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, padroeiros do Rio Grande do Norte. Os Santos foram vítimas de dois assassinatos em massa cometidos em 1645, durante as invasões holandesas no Brasil. Por serem católicos, pagaram com a própria vida o preço da fé devido à intolerância dos invasores calvinistas.

O que é um mártir?

A palavra mártir vem do grego martys, martyros, que significa testemunha. O mártir é uma testemunha qualificada que chega ao derramamento do próprio sangue. O Papa Bento XIV assim se exprime: “O martírio é a morte voluntariamente aceita por causa da fé cristã ou por causa do exercício de outra virtude relacionada com a fé”.

O Catecismo da Igreja Católica (§ 2473) retoma o conceito: “O martírio é o supremo testemunho prestado à verdade da fé; designa um testemunho que vai até a morte”.

Massacre de Cunhaú

O primeiro massacre aconteceu no dia 16 de julho de 1645, durante a celebração a Santa Missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, no atual município de Canguaretama (RN).

De acordo com os relatos históricos, após o padre André de Soveral  realizar elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor para a adoração dos presentes, Jacob Rabbi, um alemão a serviço da Companhia das Índias Ocidentais Holandesas, trancou as portas da capela e, com uma tropa de índios Tapuias e soldados, ordenou a matança de todos os fiéis.

Massacre de Uruaçu

O segundo massacre aconteceu três meses depois, no dia 3 de outubro, em Uruaçu, hoje parte do município de São Gonçalo do Amarante (RN).

Com as notícias sobre o ocorrido em Cunhaú, alguns católicos buscaram refúgio na Fortaleza dos Reis Magos e numa fortificação construída no pequeno povoado de Potengi, que ficava próximo da Fortaleza, mas foram atacados pelas tropas de Rabbi.

Eles resistiram, mas acabaram se rendendo e foram massacrados às margens do rio Uruaçu. Entre os mortos estavam o padre Ambrósio Francisco Ferro e o camponês Mateus Moreira. De acordo com os relatos históricos, os invasores holandeses ofereceram aos fiéis católicos a opção de conversão ao calvinismo, mas eles escolheram o martírio, e o acolheram entre orações e exaltação a Deus.

A disposição dos fiéis à hora da morte era a de verdadeiros mártires, ou seja, aceitando voluntariamente o martírio por amor a Cristo. Os assassinos agiam em nome de um governo que hostilizava abertamente a Igreja Católica, a religião do governo português, do qual eram adversários.

Foram dezenas de mortos nos dois episódios, mas apenas 30 foram canonizados, sendo 28 leigos e dois sacerdotes, isso porque devido a violência com que foram mortos, muitos não puderam ser identificados.

Amor ao Santíssimo Sacramento

Uma das vítimas do martírio de Uruaçu foi o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. A 43ª Assembléia Geral dos Bispos do Brasil, realizada em Itaici/SP, em 2005, aprovou o então Bem aventurado Mateus Moreira como “Patrono dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística”.

Canonização e festejos

Os Mártires de Cunhaú e Uruaçu foram beatificados pelo Papa João Paulo II, em 5 de março de 2000, e foram canonizados pelo Papa Francisco, em 15 de outubro de 2017. Na ocasião da canonização, o Papa Francisco ressaltou que o sangue dos mártires regou o solo para a geração de novos cristãos: “Seu sangue regou o solo pátrio, tornando-o fértil para a geração de novos cristãos”, afirmou Francisco.

Todos os anos, milhares de fiéis se reúnem nos monumentos erguidos em honra aos Santos Mártires no município de São Gonçalo do Amarante, para os festejos litúrgicos, que têm a culminância no dia 3 de outubro. Também na cidade do Natal, no bairro de Nossa Senhora de Nazaré, onde se encontra o Santuário dedicado aos Santos Mártires, os devotos se encontram para celebrar o exemplo de amor deixado por eles. Este ano de 2023, o Santuário está celebrando 14 anos de dedicação e contará com uma vasta programação, que se estenderá até o dia 12 de outubro.

 

Fonte: Comunidade Shalom

Henri Pranzini, o sentenciado que Santa Teresinha clamou por misericórdia

Quantos e quantos crimes não são, dia após dia, anunciados, gerando em nós um verdadeiro pavor? Quantas sentenças não são pronunciadas nas páginas da internet, na mídia e nas folhas do jornal? Entretanto, quão maiores são as oportunidades que a Providência quer nos dar de sermos testemunhas da salvação das almas.

teresinha

Em Paris, França, há exatos 134 anos, no mês de julho, deu-se início a um julgamento de evidências brutais. Em um tribunal lotado, uma história de cortesãs e criminosos foi exibida para todos ouvirem. O réu era Gaston Geissler, acusado de um triplo assassinato no terceiro andar da Avenida Montaigne. As vítimas foram a cortesã Claudine-Marie Regnault, 40 anos, conhecida como Régine de Montille, Anette Grémeret, 38, e Marie-Louise, 12.

O acusado, nascido em 1857, na Alexandria, filho de imigrantes, cujo pai trabalhava nos arquivos dos correios e a mãe era florista, era um homem de bons estudos, que trabalhava como intérprete em navios de cruzeiro como funcionário do Posto Egípicio. Nas viagens de trabalho, passou a frequentar cassinos e a conhecer muitas mulheres e, após a demissão devido a roubos, tornou-se aventureiro, ingressando no exército indiano e, posteriormente, prestando serviço aos russos, participando também da guerra no Afeganistão. Por ter conhecimento fluente em oito idiomas, em 1884, alistou-se no exército britânico, tornando-se o principal intérprete dos ingleses. Após certas aventuras, instalou-se na França, onde ocorreu seu julgamento.

Parecem relatos de um ótimo livro ou de uma excelente trama de filme dramático, não é verdade? Daqueles que ganham Oscar em Hollywood…

Entretanto, o personagem e a história que você acabou de ler são bem reais. Gaston Geissler era o pseudonimo italiano de Henri Pranzini, acusado por terrorismo, assassinato e proxenetismo, que o levaram à pena de morte no dia 31 de agosto de 1887, aos trinta anos de idade.

É bem verdade que o triplo assassinato bastante brutal, consequência maior de uma tentativa de assalto a um cofre no valor avaliado de 200.000f., chamou a atenção de toda a imprensa, tendo destaque na primeira página do famoso “The Times”. A investigação do crime passou a circular por toda a França, já que as únicas pistas deixadas foram um cinto e uma carta assinada pelo suposto “Geissler”, e a fama do assassino solto pelas ruas francesas passou a ser de imensa repercussão.

Mas, para além de todo o sensacionalismo e notícias da época, Henri Pranzini tornou-se conhecido e teve seu marco na história, não pela impressionante biografia e pelos crimes cometidos – esses o colocaram nas páginas de jornal da época e renderam alguns esboços e literaturas sobre o caso de assassinato -, mas sim pelo olhar e ato misericordioso de uma pequena jovem francesa, Marie-Françoise-Thérèse Martin, Santa Teresinha de Lisieux, que, ao ler as notícias no jornal, encontrou uma via de intercessão e oferta de vida, clamando a Deus misericórdia pela salvação de sua alma.

“(…) Ouvi falar de um grande criminoso que acabara de ser condenado à morte por crimes horríveis; tudo nos levou a acreditar que ele morreria por impenitência. Eu queria a todo custo impedir que caísse no inferno; para alcançá-lo, usei todos os meios imagináveis: sentindo que por mim mesmo não podia fazer nada, ofereci a Deus todo o infinitos méritos de Nosso Senhor, os tesouros da Santa Igreja, (…) gostaria que todas as criaturas se unissem comigo para implorar a graça dos culpados. (…) A fim de me dar coragem para continuar orando pelos pecadores, disse a Deus que tinha muita certeza de que Ele perdoaria o pobre Pranzini, (…), confiei tanto na infinita misericórdia de Jesus, mas pedi a Ele apenas “um sinal” de arrependimento por minha mera consolação”.

Eis a mudança na história do nosso aventureiro egípcio: de réu bárbaro, condenado sem qualquer oportunidade de clemência, já diante de seu algoz na guilhotina, a uma pessoa digna de compaixão e misericórdia, salva pela intercessão de uma filha de Deus.

Contam os relatos que, após passar pelos portões de La Roquette, diante de uma praça pública com um andaime à sua espera no centro, recusando todo tipo de ajuda e negando o crime, Pranzini começou a andar para a frente. Após ver as espadas desembainhadas, começou a cambalear, antes de virar-se em direção ao capelão, pedir o crucifixo e beijá-lo.

“No dia seguinte à sua execução, encontro em minhas mãos o jornal: “La Croix”. Abro ansiosamente e o que vejo? … Ah! minhas lágrimas traíram minha emoção, e fui obrigada a me esconder. Pranzini não confessou, ele subiu no cadafalso e se preparava para passar a cabeça no buraco sombrio, quando de repente, tomado por um De repente, ele se vira, pega um crucifixo apresentado a ele pelo padre e beija suas feridas sagradas três vezes! “A cruz”. Abro ansiosamente e o que vejo? … Ah! minhas lágrimas traíram minha emoção, e fui obrigada a me esconder. Então sua alma foi receber a sentença misericordiosa daquele que declara que no Céu haverá mais alegria para um pecador que faz penitência do que para 99 homens justos que não precisam de penitência! … “.

Quanta alegria não há, no Céu, pela conversão sincera de um pecador (Luc, 15,7)! Essa palavra é eterna e não passa. Essa Palavra é para nós esperança. Essa palavra, sim, merece festejo e fogos como uma grande celebração.

Quantos e quantos crimes não são, dia após dia, anunciados, gerando em nós um verdadeiro pavor!? Quantas sentenças não são pronunciadas nas páginas da internet, na mídia e nas folhas do jornal? Entretanto, quão maiores são as oportunidades que a Providência quer nos dar de sermos testemunhas da salvação das almas.

O fato de as más notícias chegarem a nós, muitas vezes de forma massiva, não deve passar despercebido, sendo visto apenas como um mal que acumula sobre nós estresse, medo, pânico e tensão. Na verdade, tendo sido alvos da misericórdia divina, as notícias devem nos colocar em um movimento de encontro a Deus e ao outro, nosso irmão, que sofre e padece, muitas vezes escravo de seus próprios pecados.

Sabemos em quem colocamos a nossa confiança: “Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornássemos justiça de Deus.” (2Cor 5, 19-21)

Peçamos, pela intercessão de Santa Teresinha a graça de, pelos méritos do sangue de Cristo, repararmos tantos pecados e de alcançarmos, pela oração sincera a Deus, a salvação das almas que mais necessitam de misericórdia.

 

Fonte: Comunidade Shalom

IGREJA NO BRASIL CELEBRA A SEMANA NACIONAL DA VIDA, DE 1º A 8 DE OUTUBRO

 

As dioceses, paróquias e comunidades de todo o país celebram, até o dia 8 de outubro, a Semana Nacional da Vida. A iniciativa é proposta pela Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), neste ano com o tema “Adoção: Amor com laços do coração”. A iniciativa é concluída com o Dia do Nascituro, no dia 8, momento para o qual são motivadas manifestações públicas em favor das crianças que ainda estão no ventre materno e contra o aborto.

De acordo com o bispo de Campo Mourão (PR) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, dom Bruno Elizeu Versari, o tema desta Semana Nacional da Vida vem para conscientizar as nossas famílias e comunidades da importância da adoção na vida e na missão da Igreja.

“Nós também somos filhos adotivos, Deus é pai de todos e seu amor predestinou para que sejamos todos irmãos. Assim, durante esta semana, quero convidar todas as comunidades, paróquias do Brasil inteiro a organizarem momentos de conscientização sobre a importância da adoção com laços do coração. Com certeza, ajudará a salvar muitas vidas”, afirmou dom Bruno na missa de abertura, celebrada na catedral de Campo Mourão.

O assessor da Comissão e secretário executivo Nacional da Pastoral Familiar, padre Rodolfo Pinho, destaca que, com o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode descriminalizar o aborto no Brasil (ADPF 442), a discussão sobre a adoção se faz necessária.

“É um tema que nos faz defender, ainda mais, a vida desde a concepção até o seu fim natural. A adoção para as famílias que não desejam ter o filho pode ser uma verdadeira resposta a esta discussão sobre o aborto. Por isso, a Igreja incentiva e propõe a reflexão como forma de proteger essas crianças, que poderão encontrar um lar para ser acolhidos e amados”, comentou padre Rodolfo.

Subsídios

Durante a Semana Nacional da Vida, serão promovidas diversas atividades, a partir da criatividade pastoral e da realidade de grupos, famílias, comunidades e dioceses. A Comissão Nacional da Pastoral Familiar oferece o subsídio Hora da Vida, com roteiros de encontros para cada dia da semana.

Conheça os temas propostos na Semana Nacional da Vida:

1º Encontro – Adoção: um projeto de Deus!
2º Encontro – Adoção: alargar os vínculos da carne e do sangue
3º Encontro – O amor que adota é dom de Si
4º Encontro – Adoção é uma forma de caridade
5º Encontro – Adoção, gesto concreto em favor da vida
6º Encontro – Adoção, a fecundidade do amor
7º Encontro – A adoção enriquece a família
8º Encontro – Direito de nascer e ser acolhido em uma família

Ações

Entre as ações apontadas para os regionais está o envio de vídeos com testemunho de adoção com até um minuto de duração para serem compartilhados nas redes sociais da Pastoral Familiar. Também são motivadas manifestações públicas em defesa da vida dos nascituros, frente à votação da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) número 442, que pede a descriminalização do aborto no Brasil.

Confira o vídeo de motivação partilhado pela Pastoral Familiar para a Semana Nacional da Vida:

 

A cada celebração dos encontros, registre o momento nas redes sociais, utilize a hashtag #SNV2023 e marque o perfil da Pastoral Familiar @pastoralfamiliarcnbb.

Fonte: CNBB

O Papa: o mundo é poluído pelas aparências, vivemos uma cultura da maquiagem

Isso é belo, isso é importante: o caminho do escondimento é o caminho de Deus. Vocês não são irmãs para fazer publicidade: quanto mais escondidas, mais divinas. Continuem a cultivá-lo, pois é uma profecia poderosa para nosso tempo, poluído pelo aparecer e pelas aparências: disse o Papa às Pequenas Irmãs de Jesus, por ocasião de seu XII Capítulo Geral


O Santo Padre recebeu em audiência na manhã desta segunda-feira, 2 de outubro, na Sala do Consistório, no Vaticano, as Pequenas Irmãs de Jesus, por ocasião de seu Capítulo Geral.

No discurso que dirigiu às religiosas, o Papa lembrou que elas estão celebrando seu 12º Capítulo Geral que, além de ser eletivo, é uma ocasião importante para refletir juntos e amadurecer escolhas significativas.

Na origem delas, a experiência de São Charles de Foucauld

Francisco ressaltou que na origem delas há a experiência carismática de São Charles de Foucauld, retomada, cerca de vinte anos após sua morte, por Magdeleine Hutin e Anne Cadoret: uma forte experiência de busca de Deus, de testemunho do Evangelho e de amor pela vida escondida.

Essas me parecem ser três diretrizes úteis sobre as quais refletir brevemente, também à luz da narração evangélica que vocês escolheram como guia para o caminho capitular: o encontro de Jesus com a mulher samaritana, destacou o Pontífice, desenvolvendo a partir daí a sua reflexão.

A busca de Deus

A primeira diretriz: é a busca de Deus. É a mais importante. O Mestre aguarda vocês no poço de sua Palavra, água viva que sacia a sede de nossos desejos. É belo cultivar a escuta d’Ele, permanecendo a seus pés em adoração, como fez o Irmão Charles, que não conhecia nada mais doce do que as horas passadas diante do Tabernáculo, dizendo que “quanto mais se bebe dessa doçura, mais se tem sede dela”.

Como à Samaritana, continuou Francisco, Jesus lhes oferece o seu amor, e cabe a vocês aceitar o desafio, deixando de lado as pesadas ânforas da autorreferencialidade e do habitual, das soluções previsíveis e até mesmo de um certo pessimismo que o inimigo de Deus e do homem sempre tenta insinuar, especialmente naqueles que fizeram da própria vida um dom.

Testemunho do Evangelho

Chegamos assim à segunda diretriz, que as caracteriza desde o início: o testemunho do Evangelho – a primeira foi a busca de Deus, a segunda linha foi o testemunho do Evangelho -, o fazer dom dele aos outros com palavras, com obras de caridade e com a presença fraterna, orante e adoradora de suas pequenas comunidades internacionais.

São Charles de Foucauld disse: “Todo o nosso ser deve gritar o Evangelho do alto dos telhados, gritar o Evangelho. Toda a nossa pessoa deve transpirar Jesus… toda a nossa vida deve gritar que pertencemos a Jesus, deve apresentar a imagem da vida evangélica”, ressaltou o Pontífice.

O amor pela vida escondida

Chegamos, assim, à terceira diretriz: o amor pela vida escondida. É o caminho da Encarnação, o caminho de Nazaré, o caminho indicado por Deus ao despojar-se e se fazer pequeno para compartilhar a vida dos pequeninos. “Eu quero – dizia o pai – passar desconhecido sobre a terra como um viajante na noite, pobremente, laboriosamente, humildemente, docemente… imitando Jesus em tudo em sua vida em Nazaré e, quando chegar a hora, em sua Via-Sacra e em sua morte”.

O caminho do escondimento é o caminho de Deus. Isso é belo, isso é importante: o caminho do escondimento é o caminho de Deus. Vocês não são irmãs para fazer publicidade: quanto mais escondidas, mais divinas. Continuem a cultivá-lo, pois é uma profecia poderosa para nossa época, poluída pelo aparecer e pelas aparências, exortou o Santo Padre.

Amor a Cristo e aos pobres

Parece que, por causa do aparecer e das aparências, vivemos uma cultura de maquiagem: todos usam maquiagem, é normal que as mulheres o façam, mas todos, todos usam maquiagem, para parecerem melhores do que são, e isso não é do Senhor, observou o Papa.

Francisco concluiu seu discurso às Pequenas Irmãs de Jesus lembrando que é verdade que há tempos difíceis e problemas sérios a enfrentar, como a escassez de vocações, o fechamento de algumas casas, o aumento da idade média das religiosas, mas é igualmente verdade que, fiéis à inspiração do Irmão Charles, elas são instrumentos preciosos para que Deus semeie no mundo pequenas pérolas de ternura e de ternura evangélica, que é a especialidade delas. E o Senhor continuará a fazê-lo, na medida em que vocês se mantiverem simples e generosas, no amor a Cristo e aos pobres. Isso dará frutos no devido tempo, não duvidem disso, exortou por fim o Pontífice.

O Papa Francisco com as Pequenas Irmãs de Jesus (Vatican Media)

BÍBLIA – PALAVRA DE VIDA ETERNA

“Cada Palavra de Deus é comprovadamente pura; ela é um escudo para quem Nele se refugia.” (Prov 30,5)

Amados irmãos, todos temos a mesma origem: nascemos pela força da Palavra: “Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26). Essa mesma Voz que nos deu a vida está presente, eternizada e atualizada constantemente através da ação do Espirito Santo nas Sagradas Escrituras, para que não nos percamos do Pai. Pelo agir do Espírito Santo, a Palavra Sagrada se faz atual e fidedigna ao seu propósito, segundo a vontade do Pai para nossa vida. Deus se manifesta a todo momento, seja na brisa suave ou no vento impetuoso seu Santo Espírito O revela aos que se dispõem a percebê-Lo, ouvi-Lo e, com humildade, desejarem acolhê-Lo no coração e na vida cotidiana. Deus é o Pai que não abandona os que Nele se refugiam, eis porque temos Sua Palavra Santa, a Bíblia Sagrada para nos instruir e direcionar na caminhada diária. Deus não fica em silêncio, não se distancia de seus filhos, antes, nós é que nos afastamos Dele quando deixamos de lado sua Palavra e seus conselhos para seguirmos nossos próprios ‘instintos e planos’. Setembro se descortina com a celebração do Mês da Bíblia, tempo em que somos exortados pela Santa Igreja a nos voltarmos ao hábito saudável de nos alimentarmos da Palavra que gera vida, e vida eterna: “Não só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4,4; Deut 8,3). A Palavra

Divina transforma atitudes e abranda corações levando a uma intimidade maior com Cristo. Jamais seremos semelhantes a Jesus se deixarmos para amanhã o ouvir, estudar, meditar e aprofundar nosso conhecimento da Palavra. O Espírito Santo sempre é o melhor conselheiro quando há dificuldades no entendimento da Palavra, não hesitemos em pedir seu precioso auxílio. São Jerônimo, o tradutor das Sagradas Escrituras, afirmou que aquele que não conhece os Evangelhos não conhece Jesus e, portanto, fica mais difícil defender-se das tentações. A Bíblia não existe para ser decorada, sua mensagem deve ficar gravada em nosso coração e mente, criando consciência do certo e errado diante de Deus e dos irmãos, basta ter fé e abertura de coração ao Sagrado. Acolher a Palavra é abrir-se ao conhecimento de Deus com um coração disponível, como um terreno que, antes de receber a semente, deixa-se preparar pelo agricultor, para que os frutos sejam mais abundantes. Esse conhecimento nos é dado gratuitamente quando permitimos que o Espírito Santo se mova em nós, dando-nos discernimento e clareza da vontade Deus em nós. Unindo nossa participação nas missas, prestando atenção nas leituras e nas homílias, lendo as Escrituras com assiduidade, certamente chegaremos a uma intimidade maior com a Palavra que é Cristo, o Verbo que se fez Carne e habitou entre nós. Assim como a Virgem Maria acolheu a Palavra em seu ventre, gerando Cristo para a humanidade, acolhamos a Palavra revelada pelas Sagradas Escrituras e sejamos transmissores do Amor e da Misericórdia de Cristo em meio a nós.

Fonte: CNBB

Santa Teresinha, um gigante da fé

S. Teresinha é com razão a maior santa dos tempos modernos, porque foi nela, pequena flor do Carmelo, que o Senhor quis sofrer pela falta de fé, pela incredulidade e pelo desprezo da religião que caracterizam a triste época em que vivemos.

SANTA TERESINHA

“O maior santo dos tempos modernos”. Era com este elogio que o bem-aventurado Pio X se referia a ninguém menos que S. Teresinha do Menino Jesus. Tal elogio é ainda mais verdadeiro se nos lembrarmos de que os “tempos modernos” a que aludia o santo Pontífice são a época do ateísmo, da incredulidade, da desprezo, irrisório e debochado, da religião.

Foi numa época como essa que Deus se dignou erguer na Igreja uma coluna de amor e fidelidade da estatura de S. Teresinha. À semelhança de todos os santos, também Teresa percorreu seu próprio itinerário de purificação. Associada às dores externas de Cristo por meio de sua tuberculose, ela se associou também a seus padecimentos internos mediante a densa noite escura que se lhe apoderou da alma.

Ela mesma confidenciaria a suas irmãs de hábito que, detida ali no leito da enfermaria do Carmelo de Lisieux, seu espírito era atormentado pelas tentações dos grandes ateus. Já na sétima morada, Teresinha sofria como vítima do amor misericordioso de Jesus em prol de uma multidão de almas que, ao longo dos séculos XIX e XX, perderiam a fé, para depois reencontrá-la pelos méritos, orações e sofrimentos desta bela flor do Carmelo, escondida atrás das grades e colhida pelos anjos com apenas 24 anos de idade. Recorramos hoje à intercessão dessa grande santa, a fim de também nós, com o auxílio da graça divina, perseverarmos na fé e nela crescermos sem cessar, com passos de gigantes.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

O MINISTÉRIO DA HOMILIA

Caros diocesanos. Iniciamos o mês da Bíblia, refletindo sobre o valor e a importância da Palavra de Deus nas celebrações litúrgicas da Igreja e o conseqüente cuidado que merece o ambão (mesa da Palavra), como local digno de sua proclamação, assim como a atenção aos leitores que exercem o ministério do anúncio dos textos sagrados.

Entre as tarefas e funções relativas ao anúncio da Palavra de Deus está a homilia, parte integrante da ação litúrgica, cuja função é favorecer a compreensão e a eficácia da Palavra, atualizando-a na vida dos fiéis. Ela deve favorecer a compreensão do mistério celebrado e levar à missão evangelizadora, além de preparar para as partes subseqüentes da celebração em curso. Os pregadores são ainda alertados para evitar inúteis abstrações ou longas divagações e, sobretudo, eles não chamem atenção maior sobre si mesmo do que para o coração da mensagem evangélica, que é o próprio Cristo. Isso exige preparação e familiaridade com a Palavra, além da meditação e da oração (cf. VD 59 e DD 54).

O Papa Francisco dedica, na Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), ampla reflexão sobre a homilia (cf. EG 136-159), afirmando que Deus deseja alcançar os outros através do diálogo do pregador, qual mãe que conversa com os filhos, colocando-os em sintonia de amor: “O pregador tem a belíssima e difícil missão de unir os corações que se amam: o do Senhor e os do seu povo” (EG 143). Este ministério, ligado à celebração da Palavra de Deus, exige séria preparação: “Um pregador que não se prepara não é ‘espiritual’: é desonesto e irresponsável quanto aos dons que recebeu” (EG 145). Quem faz a homilia deve ser o primeiro a ter grande familiaridade com a Palavra de Deus, estando próximo dela com coração dócil e orante, pois a boca fala da abundância do coração (cf Mt 12,34). As atuais gerações preferem antes ouvir testemunhas que mestres; por isso o pregador precisa deixar-se tocar primeiramente pela Palavra e fazê-la carne na sua vida concreta.

O bom pregador também se põe na escuta do povo para descobrir aquilo que os fiéis mais precisam ouvir: “Um pregador é um contemplativo da Palavra e também um contemplativo do povo” (EG 154). Ele evita exortações de cunho excessivamente negativo, mas oferece pistas de esperança e orienta para o futuro.

No final, ainda convém apresentar uma palavra do Papa Francisco sobre a importância da invocação do Espírito Santo na pregação: “A confiança no Espírito Santo que atua na pregação não é meramente passiva, mas ativa e criativa. Implica oferecer-se como instrumento (cf Rm 12, 1), com todas as próprias capacidades, para que possam ser utilizadas por Deus” (EG 145). O mesmo Espírito Santo que inspirou a Palavra na mente e no coração dos escritores sagrados, nos primórdios da Igreja, continua a agir, ainda hoje, em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por Ele.

É preciso dar atenção constante para a animação bíblica da Vida e da Pastoral. Mereça a Palavra de Deus atenção especial em nosso estudo, em nossas celebrações, assim como no envio missionário. Tenhamos cuidado particular para com o espaço onde a Bíblia ou o Lecionário são colocados (ambão: mesa da Palavra); os leitores e responsáveis pela homilia estejam devidamente preparados para seu ministério e, sobretudo, tenham sempre coração aberto para acolher a Palavra em sua vida.

Fonte: CNBB

O Sínodo, história e rostos de uma instituição

No L’Osservatore Romano, um artigo repercorre a evolução da assembleia dos bispos, desde a ideia inicial de Paulo VI, há cerca de 60 anos, à nova concepção de Francisco, até a chegada da próxima assembleia em outubro


O Sínodo dos Bispos nasceu em 1965 por iniciativa de Paulo VI que, no “motu proprio” Apostolica sollicitudo, o definiu como “um conselho permanente de Bispos para a Igreja universal”. Assim, ele implementou uma solicitação formulada pelo Concílio, que naquela época estava quase no fim, especialmente durante o debate sobre a colegialidade. Desde então, Paulo estava ciente de que o Sínodo mudaria com o tempo. De fato, no “motu proprio” ele escreveu: “Como toda instituição humana, com o passar do tempo ele será aperfeiçoado”.

A evolução do Sínodo andou de mãos dadas com a recepção progressiva do Concílio, em particular com a visão eclesiológica na qual está enraizada a relação entre o povo de Deus, o colégio dos bispos e o Bispo de Roma. O Papa Francisco dá expressão a isso, refletindo sobre a dimensão sinodal constitutiva da Igreja por ocasião do quinquagésimo aniversário da instituição do Sínodo (2015): “Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, […] uma escuta mútua na qual cada um tem algo a aprender”. Povo fiel, Colégio episcopal, Bispo de Roma: um ouvindo o outro; e todos ouvindo o Espírito Santo”.

Em 2018, a constituição apostólica Episcopalis communio prossegue na linha de aperfeiçoar o Sínodo: de um evento pontual – uma assembleia de bispos dedicada a tratar de uma questão – o transforma em um processo articulado em várias etapas, no qual toda a Igreja e todos na Igreja são convidados a participar. É sobre essa base renovada que o processo do Sínodo 2021-2024, intitulado Por uma Igreja Sinodal. Comunhão, participação, missão. Isso explica sua articulação, que é muito mais complexa do que a dos sínodos anteriores.

Em primeiro lugar, esta previu uma longa fase de consulta e escuta do povo de Deus em todas as Igrejas do mundo, que ocorreu em várias etapas: começou em nível local (paroquial e depois diocesano), depois passou para o das conferências episcopais nacionais e terminou com o nível continental. Nesse processo, a escuta se tornou uma oportunidade de encontro e de diálogo, dentro de cada Igreja local e entre elas, especialmente entre as que pertencem à mesma região, e também em nível de Igreja universal, graças também aos estímulos do Documento preparatório e do Documento de trabalho para a etapa continental, elaborados pela Secretaria Geral do Sínodo, em particular, com base nos elementos colhidos na escuta do povo de Deus.

A dinâmica eclesial em nível continental, que esse sínodo enfatiza fortemente, também encontra inspiração no Concílio, particularmente no decreto Ad gentes, que afirma no n. 22: “É, portanto, desejável, para não dizer sumamente conveniente, que as conferências episcopais se reúnam dentro de cada vasto território sociocultural, a fim de poderem realizar esse plano de adaptação em plena harmonia entre si e na uniformidade das decisões”.

A fase de discernimento, tarefa que cabe em primeiro lugar aos pastores, acentua também o seu caráter processual, graças ao fato de que a xvi Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos será realizada em duas sessões, intercaladas com um tempo para os devidos aprofundamentos e, sobretudo, para interpelar novamente o Povo de Deus. A maior articulação do processo não pode deixar de reverberar na composição da assembleia sinodal. Ela mantém seu caráter episcopal fundamental, já que três quartos de seus membros são bispos. A eles se juntam sacerdotes e diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas, escolhidos entre aqueles que se comprometeram mais intensamente com as várias etapas do processo sinodal. Sua tarefa é justamente trazer o testemunho e a memória da riqueza desse processo para a assembleia responsável pelo discernimento. Reconhecendo a importância de seu serviço, damos espaço – nesta edição da Religio – às vozes de alguns deles.

Fonte: Vatican News

A defesa da Vida é prioridade do Magistério da Igreja

Para o Papa Francisco “o aborto significa descartar seres humanos”. (Vatican Media)

O Papa reiterou a parlamentares brasileiros que vieram ao Vaticano para lhe conferir o Prêmio Zilda Arns, o seu posicionamento a favor da defesa da vida. Foi quando a delegação abordou a temática do julgamento da ADPF 442, que pleiteia a possibilidade de legalizar o aborto. Francisco, em diversas ocasiões durante o seu Pontificado, pronunciou palavras muito claras a favor da vida desde a sua concepção, afirmando que essa defesa está intrinsecamente ligada à proteção de qualquer direito humano.

O tema do aborto foi tratado com o Papa durante uma audiência concedida aos membros da Comissão do Idoso da Câmara dos Deputados na quarta-feira (20). A delegação brasileira veio ao Vaticano para entregar a Francisco o Prêmio Zilda Arns.

A deputada Simone Marquetto, que também é vice-presidente da frente parlamentar católica, contou à redação do Vatican News que teve a oportunidade de falar com o Santo Padre sobre o pedido de inclusão em pauta da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, no Supremo Tribunal Federal (STF), que pleiteia a possibilidade de aborto legal até a 12ª semana de gestação. Francisco, ao escutar a realidade trazida pela deputada, reiterou o seu posicionamento a favor da vida e o fato de que a Igreja não muda a sua posição.

A deputada destacou que a motivação para abordar este assunto com o Pontífice está em conformidade com as posições evidenciadas pela Igreja no Brasil. “A CNBB, juntamente com muitos padres e leigos, está se manifestando contra a possível decisão do STF. É crucial que estejamos unidos para evitar a aprovação da legalização do aborto no Brasil”, afirmou Simone Marquetto.

O Papa a favor da defesa da Vida

A defesa da vida é constantemente reafirmada pela Igreja, sobretudo quando se trata daqueles que não têm voz. Em sua Exortação apostólica Evangelii Gaudium, Francisco recorda que na Igreja há um sinal que nunca deve faltar: “a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e joga fora”. Trata-se da atenção preferencial pelos mais frágeis.

Logo no início de seu Pontificado, em um discurso aos ginecologistas católicos, o Santo Padre disse:

Uma difundida mentalidade do útil, a cultura do descarte, que hoje escraviza os corações e as inteligências de muitas pessoas tem um preço deveras elevado: exige a eliminação de seres humanos, sobretudo quando são física ou socialmente mais frágeis. A nossa resposta a esta mentalidade é um sim decidido e sem hesitações à vida. O primeiro direito de uma pessoa humana é a sua vida. […] Por isso, a atenção à vida humana na sua totalidade tornou-se nos últimos tempos uma verdadeira prioridade do Magistério da Igreja, de maneira particular àquela mais inerme, ou seja, ao portador de deficiência, ao enfermo, ao nascituro, à criança e ao idoso, à vida mais indefesa. No ser humano frágil, cada um de nós é convidado a reconhecer o rosto do Senhor, que na sua carne humana experimentou a indiferença e a solidão às quais frequentemente condenamos os mais pobres, tanto nos países em fase de desenvolvimento, como nas sociedades abastadas. Cada criança não nascida, mas condenada injustamente a ser abortada, tem o rosto de Jesus Cristo, tem a face do Senhor, que ainda antes de nascer e depois, recém-nascido, experimentou a rejeição do mundo. (20 de setembro de 2013)

A Vida é um direito inviolável

No cenário politico brasileiro, os próximos dias serão de grande atenção. O STF pautou para esta sexta-feira, 22 de setembro, o início do julgamento da ADPF 442, que discute a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. O julgamento ocorrerá no Plenário Virtual da Corte, com prazo para ser finalizado em 29 de setembro.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua presidência, reagiu à pauta do STF e reafirmou através da nota “Vida: direito inviolável”, divulgada no dia 14 de setembro, sua posição em favor da vida desde a concepção. Os bispos ressaltam que “o aborto constitui a eliminação de uma vida humana, trata-se, pois, de uma ação intrinsecamente má e, portanto, não pode ser legitimada como um bem ou um direito”.

O texto também deixa claro o posicionamento da Igreja no Brasil: “de qualquer forma, jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto”.

O assessor jurídico civil da CNBB, o advogado Hugo Cysneiros Oliveira, ao falar sobre a ADPF 442, destacou que a ação tem por objetivo básico abrir caminhos para a legalização do aborto no Brasil. Para o advogado, a ação “sequer deveria ser conhecida” e que, no caso de debate sobre o tema, deveria ser feito pelo Congresso Nacional: “o Brasil já regula esta matéria, nós temos normas sobre isso, nós somos signatários de tratados internacionais que expressamente protegem a vida e não há porquê modificar essa regra pelo caminho que se pretende”, afirmou ele.

 

Fonte: Vatican News