Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina
A Virgem Maria, na sua belíssima oração do Magnificat, fez uma declaração muito profunda e significativa: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 1,46-49).
Essa relação de bem-aventurança, que muitos povos em vários períodos da história cultivavam com a Virgem Santa, pode ser contemplada pelos diversos títulos que a Doce Mãe do Senhor recebeu ao longo do tempo. Entre esses títulos, um muito belo e importante é este que celebramos hoje, Nossa Senhora de Guadalupe.
Aparições de Guadalupe
A devoção a Mãe de Jesus com esse título se deve a uma das aparições no México. O principal lugar onde os fiéis recorrem para homenageá-la é a Basílica de Guadalupe. Esta fica localizada no Monte Tepeyac, na região norte da Cidade do México. Segundo os relatos da tradição da Igreja do México, e segundo informes históricos do Vaticano, acredita-se que a Mãe do Senhor apareceu ao nativo São Juan Diego em cinco ocasiões. Quatro no monte Tepeyac e a quinta num terreno de propriedade de Juan Bernardino, um tio de Juan Diego.
De acordo com um dos relatos, na primeira aparição a Virgem ordenou a Juan Diego que se apresentasse diante do bispo do México, chamado Juan de Zumárraga. Este, porém, como era de se esperar, duvidou do nativo. A Virgem, então, pediu que ele procurasse o bispo e mais uma vez ele foi e, por orientação dela, levou ainda em seu ayate, um tipo de instrumento agrícola, para recolher algumas flores colhidas no Tepeyac em pleno inverno. Juan Diego abriu a tilma na presença do bispo Juan de Zumárraga, deixando a imagem miraculosamente estampada da Virgem Maria à vista dele. Ela era morena e com traços mestiços, muito comum entre os nativos da região.
Segundo Nican Mopohua, esses fenômenos espirituais aconteceram no ano de 1531, manifestando-se pela última vez no dia 12 de dezembro do mesmo ano. A principal testemunha desses acontecimentos foi o próprio Juan Diego, que narrou tudo o que havia acontecido. Um tempo depois, esses acontecimentos foram recolhidos em um escrito no idioma náuatle, mas escrito com caracteres latinos. Essa técnica, por sinal, não era dominada por nenhum espanhol e poucos indígenas conheciam ou usavam.
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Segundo diversos investigadores, o culto da Virgem de Guadalupe é uma das devoções mais historicamente encarnadas na cultura mexicana, influenciando inclusive o desenvolvimento do país desde o século XVI. A veneração da tilma em que está estampada a imagem da Virgem, guardada no Mosteiro Real de Santa Maria de Guadalupe, cresceu a partir do século XIV até o século XVII.
A Virgem Maria vem na simplicidade
Em 1519 uma capela foi dedicada à Virgem Maria no local das aparições. Os nativos então convertidos continuaram a vir de longe para venerar a Mãe do Senhor, chamando-a de Virgem Maria de Tonantzin. Os relatos oficiais da Igreja declaram que Maria apareceu quatro vezes a Juan Diego e uma vez ao seu tio Juan Bernardino. A Juan Diego ela dirigiu-se na língua nativa do império asteca, o náuatle.
Um dia depois da última aparição, Juan Diego encontrou seu tio totalmente recuperado de uma enfermidade, como a Virgem havia prometido, e Juan Bernardino relatou que ele também a tinha visto, ao lado de sua cama, e que ela o instruiu a informar o bispo sobre suas aparições, além da graça da cura milagrosa. Foi ainda naquele momento que a Virgem Santa expressou seu desejo de ser chamada com título de Senhora de Guadalupe.
Significativos gestos de fé da Igreja
O bispo conservou o manto de Juan Diego a princípio em sua capela privada, depois em exibição pública na Igreja, onde atraiu grande atenção. No dia 26 de dezembro de 1531, formou-se uma grande procissão para levar a imagem milagrosa da Virgem de volta ao Tepeyac, ali ela foi instalada numa pequena capela construída às pressas. O primeiro milagre, segundo os biógrafos, ocorreu quando um índio foi ferido mortalmente no pescoço por uma flecha disparada por acidente durante algumas exibições executadas em homenagem à Virgem.
Em grande angústia, os índios levaram o ferido e o colocaram diante da imagem da Virgem, pedindo a ela por sua vida. Ao retirarem a flecha, a vítima ferida teve uma recuperação completa e imediata. A tilma de Juan Diego tornou-se o símbolo religioso e cultural mais popular do México, recebendo apoio tanto da Igreja quanto de instâncias políticas de governo. Juan Diego foi canonizado pela Santa Igreja em 2002, sob o nome de São Juan Diego Cuauhtlatoatzin.
O Papa Bento-XIV, declarou, em 25 de maio de 1754, na Bula Papal, que Nossa Senhora de Guadalupe é patrona da Nova Espanha, espaço esse correspondente à América Central e América do Norte. O Papa Leão XIII, em 8 de fevereiro de 1887, autorizou a coroação canônica da Virgem Santa com esse título. Em 1910, o Papa Pio X proclamou-a padroeira da América Latina.
Peçamos a Deus, por intercessão da Virgem de Guadalupe, a graça de uma renovada fé em Deus e nas maravilhas que Ele pode realizar por meio da intercessão da Virgem Maria.
Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós
Fonte: Comunidade Shalom