A JORNADA DO RESSUSCITADO

De início foi apenas um murmúrio, mas algumas irmãs que correram ao Túmulo de Jesus o encontraram vazio. Estupor e tormenta perturbaram seus corações, mas alguém as recomendou de contar este fato a Simão Pedro e aos outros, dizendo-lhes que Ele havia Ressuscitado. 

Elas voltaram e deram esta notícia. Encontraram somente Simão Pedro e João despertos. Os dois correram pelas ruas de Jerusalém para verem com os próprios olhos se de fato Jesus não estava lá. Correram juntos, mas João, o mais amado, chegou primeiro. Aliás, é próprio do amor chegar antes. O amor corre sem empecilho ou desvio, ele apenas contempla o objeto amado, por isso João chegou primeiro.  

É verdade, porém, que o amor é paciente. Não se envaidece nem é orgulhoso. Por isso parou na entrada do túmulo e esperou Simão Pedro chegar. Foi a Simão que Jesus mandou dar a notícia por primeira (Mc 16,7). Primeiro a ele, depois aos outros. Uma verdade candente em nosso tempo, quando muitos, movidos por carismas ou condições favoráveis, alardeiam-se a entrarem primeiro no túmulo. Expondo “verdades” que a Igreja ainda não atestou e levando muitos ao perigo do engano e da falsidade. 

A pressa e a imprudência não são características do amor. Ele chega antes, é bem verdade, mas sabe sentar-se no pórtico e esperar quem é de direito para atestar a revelação. João chegou antes porque era o discípulo que Jesus amava e o amava igualmente de volta. Maria Madalena chegou primeiro porque muito amava. Em ambos os casos, nenhum arrogou para si a missão que não lhe pertencia. 

O murmúrio virou fato, e as mulheres o viram vivo (Mt 28,9). Uma nova recomendação lhes foi dada. Jesus mandou que se alegrassem e espalhasse essa boa notícia aos discípulos e ao mundo. 

Até os que já haviam esmorecido e estavam saindo de Jerusalém, retornaram (Lc 24,13). O Senhor foi ao encontro deles e, vivo de novo, deu-lhes coragem para retornarem ao caminho da missão. Alegria e paz começam a fecundar o mundo, e o medo da morte começa a se esvair. 

Os mesmos homens que disseram antes, “A ele, porém, ninguém o viu”, abriram os olhos e reconheceram Jesus no caminho para Emaús. 

É o Senhor! Parece não haver mais dúvidas, Ele está vivo e caminha novamente no meio de nós. 

Essa história estava crescendo. Contaram muitas coisas sobre como Ele Ressuscitado repartiu e pão e se deu a conhecer. Estavam falando e se admirando com o pode de Deus, que abre os corações e desanuvia os olhos. Jesus, então, apareceu a todos os nossos irmãos mais de uma vez (Lc 24,36). 

O Ressuscitado, agora, traz uma nova saudação: Pax vobis! A paz esteja convosco, é a paz que herdamos ainda hoje. É com ela que recuperamos o ânimo de viver neste mundo sem temer a mais nada. 

A sua Ressurreição nos acalma e tranquiliza. Nenhuma missão é demasiadamente grande ou impossível, porque Ele caminha conosco. Esta experiência foi partilhada desde aqueles primeiros dias, quando retirados para pescar e sem conquistar o êxito esperado, os discípulos ouviram o que lhes ordenou Jesus Ressuscitado e lançaram a rede mais uma vez, ficando espantados e maravilhados. Desde o dia em que o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” (Jo 21,7), que nossa coragem foi elevada a outro patamar. Saímos das penumbras da fragilidade humana e com a alegria e paz resistimos até hoje naquele que foi o seu último mandamento para nós: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). 

Fonte: CNBB

O que é a Oitava de Páscoa?

Neste tempo litúrgico, a primeira leitura, normalmente tirada do Antigo Testamento, é trocada por uma leitura dos Atos dos Apóstolos.

pascoa

Depois do Domingo de Ressurreição começa os cinquenta dias do tempo pascal e termina com a Solenidade de Pentecostes. Mas afinal o que é a Oitava de Páscoa?

A Oitava de Páscoa é a primeira semana destes 50 dias; é considerada como se fosse um só dia, ou seja, o júbilo do Domingo Pascal é prolongado durante oito dias. As leituras evangélicas estão centralizadas nos relatos das aparições de Cristo Ressuscitado e nas experiências que os apóstolos tiveram com Ele.

Neste tempo litúrgico, a primeira leitura, normalmente tirada do Antigo Testamento, é trocada por uma leitura dos Atos dos Apóstolos. O segundo Domingo de Páscoa também é chamado Domingo da Divina Misericórdia, segundo a disposição de São João Paulo II durante seu pontificado, depois da canonização da sua compatriota Faustina Kowalska.

O decreto foi emitido no dia 23 de maio do 2000 pela Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, detalhando que esta seria comemorada no segundo domingo Pascal. A denominação oficial deste dia litúrgico será “segundo domingo de Páscoa ou Domingo da Divina Misericórdia”.

Fonte: Comunidade Shalom

RENASCIMENTO E RENOVAÇÃO NOS TEMPOS ATUAIS

Neste período especial, as narrativas dos Evangelhos nos conduzem a uma profunda reflexão sobre o significado da ressurreição de Cristo e seu impacto em nossas vidas nos dias atuais. 

Ao contemplarmos o relato do encontro de Jesus com os discípulos no caminho de Emaús, conforme registrado no Evangelho segundo Lucas, somos confrontados com a realidade da presença viva do Senhor em nosso meio, mesmo nos momentos mais obscuros e desafiadores. Assim como os discípulos reconheceram a presença de Jesus no partir do pão, somos convidados a abrir os olhos para a manifestação do divino em nossa jornada diária, encontrando consolo e esperança na comunhão com Cristo. 

A instrução de Jesus a Pedro às margens do mar da Galileia, registrada no Evangelho de João, ressoa como um chamado à ação para todos os cristãos. “Apascenta as minhas ovelhas”, ordena o Senhor, instando-nos a assumir a responsabilidade de cuidar uns dos outros com amor e compaixão. Em um mundo marcado pela desigualdade, pela injustiça e pela indiferença, somos desafiados a seguir o exemplo de Cristo, tornando-nos instrumentos de paz e reconciliação em nossa comunidade e além. 

A narrativa da pesca milagrosa, também encontrada no Evangelho de João, oferece uma poderosa imagem da abundância da graça divina. Assim como os discípulos experimentaram uma pesca abundante sob a orientação de Jesus, somos convidados a confiar na providência de Deus mesmo em meio às tempestades da vida. Esta passagem nos lembra que, com fé e perseverança, podemos superar os obstáculos e alcançar bênçãos além de nossa imaginação. 

Por fim, no Evangelho de Mateus, somos desafiados pela Grande Comissão de Jesus aos seus discípulos: “Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações”. Este mandato não apenas nos convoca a proclamar a mensagem do Evangelho em palavras, mas também a vivê-la em nossas ações diárias. Somos chamados a ser testemunhas autênticas do amor redentor de Cristo, irradiando sua luz em um mundo sedento de esperança e salvação. 

Que estas reflexões nos inspirem a abraçar o chamado de Cristo com renovado fervor e determinação. Que possamos ser instrumentos de sua paz e agentes de sua graça, levando sua mensagem de amor e reconciliação a todos os cantos da Terra. Que a celebração da Páscoa nos renove espiritualmente e nos capacite a viver como verdadeiros discípulos de Cristo, em comunhão uns com os outros e com nosso Senhor ressuscitado. Amém. 

Fonte: CNBB

“AUTO DA PAIXÃO” emociona e comemora 15 anos perseverando na fé

Apresentação, sob chuva, cativou os corações de milhares de fiéis que acompanharam no Largo Dom Marcelo e pelas redes sociais.


A sexta-feira da paixão, neste ano de 2024, foi marcada pelas fortes chuvas que caíram e abençoaram a cidade de Guarabira, no entanto, não foi capaz de tolher a perseverança, persistência e tenacidade de um elenco com mais de 90 jovens, atores e atrizes, que realizaram a 15° edição do “Auto da Paixão”, glorificando o nome do Filho de Deus, através de uma apresentação marcada pela emoção, responsabilidade e harmonia.

Inúmeros homens e mulheres envolveram-se tanto no apoio, através dos grupos, pastorais e movimentos, quanto por meio dos patrocínios, à elaboração, produção e efetivação do grandioso espetáculo. Restou claro que o evento não limita-se apenas em um grupo, mas, em uma união paroquial, efetivando o capítulo 17, do Evangelho de João, que nos versículos 21 a 23, diz: “E peço que todos sejam um…” .

Vale ressaltar que a peça contou com a participação especial do Pároco e Cura da Catedral de Nossa Senhora da Luz, Pe. Kleber Rodrigues, que atuou no papel de “Pôncio Pilatos”, Governador da Província Romana da Judéia, aquecendo os corações através de uma interpretação cativante.

Pe. Kleber interpreta “Pilatos”, no “Auto da Paixão”.

 

Em arremate, concluímos com uma frase dita pelo Papa Francisco sobre perseverança: “A vida cristã não é um carnaval, não é festa e alegria contínua; a vida cristã tem momentos belíssimos e momentos ruins, momentos de torpor, de distanciamento, como disse, onde nada tem sentido… o momento da desolação. E neste momento, seja pelas perseguições internas, seja pelo estado interior da alma, o autor da Carta aos Hebreus diz: “Precisais de perseverança”. Sim. Mas perseverança para quê? “Para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu”. Perseverança para chegar à promessa.”. 

Gabriel Araújo – Pascom Luz

Quinta-feira Santa, dia da Última Ceia do Senhor

quinta santa

Hoje (28) é Quinta-feira Santa, dia em que Jesus celebrou a Última Ceia com os seus apóstolos e instituiu dois sacramentos para a salvação da humanidade: a eucaristia e a ordem sagrada.

A Quinta-feira Santa é a “porta” do Tríduo Pascal, ou seja, é o “início” do período mais importante da Semana Santa no qual se comemora a paixão, morte e ressurreição de Jesus.

O papa Francisco disse na audiência geral de 31 de março de 2021: “Na noite de Quinta-Feira Santa, inaugurando o Tríduo pascal, reviveremos a missa que se chama in Coena Domini, isto é, a missa em que se celebra a Última Ceia, o que aconteceu ali, naquele momento. Foi a noite em que Cristo entregou aos seus discípulos o testamento do seu amor na eucaristia, não como lembrança, mas como memorial, como a sua presença perene. Cada vez que se celebra a eucaristia, como eu disse no início, renova-se este mistério da redenção”.

A missa da Ceia do Senhor é a celebração central da Quinta-feira Santa, mas não é a única que acontece.

Celebrações litúrgicas da Quinta-feira Santa

Toda Quinta-feira Santa são celebradas duas missas diferentes.

Pela manhã é celebrada a chamada Missa Crismal, na qual é consagrado o santo Crisma e são abençoados os óleos que serão usados ​​nos sacramentos de iniciação. À tarde é a Missa da Ceia do Senhor, ato central do dia.

Na Missa Crismal, acontece diante do bispo local a renovação das promessas sacerdotais de todos os sacerdotes incardinados numa diocese.

A Missa da Ceia do Senhor, celebrada à tarde, comemora a última Páscoa que Jesus passou com os apóstolos, uma Páscoa que seria “redefinida” a partir do sacrifício de Cristo na Cruz.

Um novo mandamento: a Missa da Ceia do Senhor

A Igreja celebra a Quinta-feira Santa com uma celebração eucarística muito especial. Nela, o padre faz, à imitação de Cristo, o lava-pés de doze pessoas da assembleia, cada uma delas representando um dos apóstolos.

Com este gesto, é o próprio Jesus quem se coloca diante dos homens, tornando-se paradigma, modelo e medida de amor através do serviço: “Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13,14-15).

Depois, ele acrescenta: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (João 13, 34). O Senhora dá o “novo mandamento” da caridade, a “proposta maior”, o desafio mais elevado – uma iniciativa de Deus à qual o homem pode responder cooperando com a sua Graça transbordante.

O que não se deve perder de vista: a vida sacramental

Não se deve perder de vista que hoje se celebra que Cristo instituiu o sacramento das ordens sacerdotais, juntamente com o sacramento da eucaristia.

Isso significa que Jesus estabeleceu um antes e um depois para a vida de Graça que cada um deve cultivar. Ele fez isso quando partiu o pão durante a Última Ceia e disse aos seus apóstolos: “Fazei isto em memória de mim”. Nas palavras do padre Jiménez, “neste dia Jesus deixa o seu testamento: a eucaristia, o sacerdócio e o mandamento de amar uns aos outros”.

Fonte: ACI Digital

A PROFUNDA SIGNIFICÂNCIA DA MISSA DOS SANTOS ÓLEOS NA SEMANA SANTA

Durante a Semana Santa, os fiéis católicos em todo o mundo participam de uma série de celebrações litúrgicas que relembram os eventos cruciais da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Entre essas celebrações, a Missa dos Santos Óleos marca o momento em que os óleos sagrados do batismo e da unção dos enfermos são benzidos pelo bispo e o óleo do crisma é consagrado pelo bispo para uso nos sacramentos ao longo do ano. 

A Missa dos Santos Óleos, que ocorre na Quinta-feira Santa pela manhã, reúne os sacerdotes, diáconos e fiéis da diocese para celebrar a comunhão e renovar seus votos sacerdotais. Durante esta missa solene, dois óleos são abençoados pelo bispo: o Óleo dos Enfermos e o Óleo dos Catecúmenos e o óleo do Santo Crisma é consagrado. 

O Óleo dos Enfermos é utilizado no sacramento da Unção dos Enfermos, oferecendo conforto espiritual e cura física aos doentes e aos moribundos. O Óleo dos Catecúmenos é usado no sacramento do Batismo, simbolizando a purificação e a preparação espiritual daqueles que estão prestes a entrar na família da fé cristã. O Santo Crisma, por sua vez, é usado em três sacramentos: o Batismo, a Confirmação (Crisma) e a Ordenação Sacerdotal e a Consagração Episcopal, representando a plenitude do Espírito Santo e a incorporação dos fiéis na vida e na missão da Igreja. 

As Escrituras Sagradas oferecem diversas referências que nos ajudam a compreender o profundo significado espiritual dos óleos sagrados utilizados na Missa dos Santos Óleos. Uma passagem especialmente relevante é encontrada no Evangelho de Lucas (Lc 4, 18-19) onde Jesus se identifica como o Ungido pelo Espírito Santo para proclamar a libertação aos cativos, a recuperação da vista aos cegos e a libertação dos oprimidos: 

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.” 

Essa passagem nos lembra que os óleos sagrados abençoados na Missa dos Santos Óleos são um sinal tangível da presença e do poder do Espírito Santo na vida da comunidade cristã. Assim como Jesus foi ungido pelo Espírito Santo para realizar sua missão redentora, também somos ungidos com os óleos sagrados para vivermos nossa vocação como discípulos de Cristo e testemunhas de seu amor no mundo. 

Além da bênção dos óleos sagrados dos catecúmenos e dos enfermos e a consagração do óleo do crisma, a Missa dos Santos Óleos é também um momento para os sacerdotes renovarem seus votos sacerdotais diante do bispo e da comunidade reunida. Esse ato solene de renovação é uma oportunidade para os ministros ordenados reafirmarem seu compromisso com o serviço ao povo de Deus e com a missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todas as nações. 

Neste período sagrado da Semana Santa, que a Missa dos Santos Óleos nos lembre da importância dos sacramentos em nossa vida espiritual e da necessidade contínua de renovarmos nosso compromisso com o ministério e com a missão da Igreja. Que possamos ser ungidos pelo Espírito Santo para proclamar a mensagem do Evangelho e testemunhar o amor redentor de Cristo em nosso mundo necessitado. Amém. 

Fonte: CNBB

Como viver a Semana Santa — do Domingo de Ramos ao Sábado Santo

A Semana Santa inicia com a grande e triunfante entrada de Jesus aclamado como rei em Jerusalém, sua casa, sua morada, porque Ele é o centro do Templo, Ele é a pedra angular, rejeitada pelos construtores, mas que é escolhida por Deus.

semana santa

A Semana Santa é vivida por muitos em encenações piedosas que comovem os corações e fazer chorar. Porém, mesmo que isto seja bom, devemos estar muito atentos para não cair numa pura exterioridade e acabar não tendo uma real experiência com este tempo na liturgia da Igreja. Por isso, com o a auxílio de alguns santos iremos falar a você como viver a bem a Semana Santa.

É uma semana de profunda meditação no mistério da paixão e da morte de Jesus, que pela fé desemboca na grande aleluia da ressurreição. É tempo de silêncio para entrar dentro de nós mesmos e verificar até que ponto somos inocentes pela morte de Jesus e de tantos dos nossos irmãos e irmãs que todos os dias sofrem uma paixão por causa da maldade humana.

Santa Teresa de Ávila, com muito acerto, dizia: “parece que há tantos cristãos que querem de novo crucificar o bom Jesus com os seus pecados!” É uma realidade diante da qual nos deparamos constantemente. A Semana Santa inicia com a grande e triunfante entrada de Jesus aclamado como rei em Jerusalém, sua casa, sua morada, porque Ele é o centro do Templo, Ele é a pedra angular, rejeitada pelos construtores, mas que é escolhida por Deus.

Adentrando a Semana Santa

Sabemos, lendo os Evangelhos com amor e atenção, que os mesmos que o aclamam rei, agitados pelo ódio dos chefes, não hesitam em pedir sua morte. São os mistérios da vida que nunca chegaremos a compreender. O povo manipulado aclama para a glória e pede a morte de Jesus. Não devemos maravilhar-nos disto, mas ter cuidado conosco para não nos deixar manipular pelas aparências de bem e sermos fiéis à nossa vocação, tendo como modelo Jesus, o fiel totalmente e até às últimas consequências ao projeto do Pai.

Entramos na Semana Santa e a Igreja nos convida à penitência, à conversão e ao jejum. São os três caminhos que nos foram apontados no início da Quaresma. É tempo para ver como temos caminhado e ver como intensificar nesta semana a nossa corrida para a Páscoa do Senhor. Não é possível ressuscitar sem passar pela morte.

Domingo de Ramos

É importante acompanhar durante este Domingo de Ramos, não só a procissão, e não só para hoje, uma meditação rápida da Paixão do Senhor. Mas devemos voltar a reler pessoalmente a Paixão segundo o Evangelho de Lucas. Eu queria destacar deste grande relato muitas coisas para minha meditação e para as dos meus leitores, mas quero só convidar a todos a fixar por alguns minutos um crucifixo, nele fixar os nossos olhos em Jesus, que assume toda a cruz não como castigo, mas como gesto de amor ao Pai e a cada um de nós. Ele é consciente de que não pode realizar a salvação da humanidade sem a sua morte.

Toda a vida de Jesus é exemplo de amor, serviço e oferta de si mesmo para a glória do Pai e o bem de cada pessoa humana. Somos chamados a participar também através do sacrifício ao mistério da cruz. Quantos irmãos nossos no dia a dia sofrem não aceitando o sofrimento e a cruz. Da cruz nasce a verdadeira alegria, que é a paz interior. Visitemos hoje algum doente abandonado, sozinho, levando para ele o conforto da palavra, da oração e alguma ajuda material.  Abaixo, uma orientação para cada dia desta Semana Santa.

Segunda-feira Santa

Um passo à frente para a Páscoa. Neste dia contemplemos o servo sofredor de Javé, que é Jesus, e deixemos que o nosso coração seja tocado pelo sofrimento dos mais abandonados e dos que sofrem injustamente por serem cristãos em tantos países do mundo aonde ainda é proibido ser seguidor de Jesus.

Fala-se sobre liberdade de consciência e de religião, mas no ato prático se impede e se violenta a liberdade de consciência. O Papa Francisco tem falado muitas vezes das surdas perseguições contra os cristãos. Isso não acontece só em países distantes de nós, mas às vezes no nosso país e na nossa família. Estejamos perto dos que sofrem pressões que tentam impedi-los de seguir Jesus sofredor e pressões para negar a própria fé. Você conhece alguma dessas pessoas? Esteja perto dela.

Terça-feira Santa

Hoje é a terça-feira da Semana Santa. Dediquemos um pouco mais de tempo à oração lendo alguns textos do Evangelho que têm falado forte ao nosso coração. E rezando por todos os que sofrem injustiça no próprio trabalho por causa da honestidade. Há tantas pessoas boas que se revoltam diante do mal institucionalizado, mas que nem sempre têm força para serem fiéis ao Evangelho. É na oração que se encontra a força. Se você tiver tempo, pense numa estação da Via-sacra e reze em comunhão com todos os injustiçados do mundo.

Quarta-feira Santa

Neste dia, visitaremos um doente ou um pobre como amigos, os que estão debaixo da cruz, da doença ou da pobreza. Sejamos bons cristãos, que carregam a cruz com estas pessoas. É verdade que só os que sofrem conhecem o peso da Cruz, mas nós podemos ajudá-los com a nossa solidariedade, como fez Simão de Cirene no caso de Jesus. Tome um pouco de tempo do seu descanso para fazer esta obra boa, que é ajudar alguém que sofre para que o sofrimento não seja inutilizado, mas seja caminho para uma comunhão mais profunda com Cristo Jesus, nosso Redentor.

Quinta-feira Santa

É o grande dia que abre o que se chama de Tríduo Pascal. Pela manhã, temos na Catedral a benção dos santos óleos  que serão usados para comunicar a força a todos os que sofrem ou estão enfermos, para confirmar na fé os que se tornam adultos como cristãos e os que são batizados e começam a fazer parte da grande família de Cristo.

À tarde, temos a celebração da nossa Ceia Pascal. É o coração de toda a nossa fé, onde Jesus nos manifesta o amor através do seu gesto, o lava-pés. Ele se levanta e, sem dar explicações, lava os pés dos discípulos, como sinal de fraternidade, de serviço e de amor misericordioso. Se vocês lavarem os pés uns dos outros serão felizes. O segundo gesto é o perdão, que ele oferece a todos, e também para o irmão judas. Como é belo o perdão de Jesus, que é todo misericórdia. Não se pode viver sem o perdão dado e recebido.

O terceiro sinal é a Eucaristia; Ele nos dá o seu corpo e sangue, já prometidos durante a sua vida pública. Leia de novo o capítulo 6 do Evangelho de João. A  Eucaristia é plenitude de amor e dom, é participação na vida divina. Que possamos rever hoje a nossa vida espiritual, contemplando este grande mistério do amor.

Sexta-feira Santa

É dia penitencial sim, mas é muito mais; é o dia da esperança, quando nós contemplamos a plenitude da realização da missão de Jesus, o cumprimento do Seu sacrifício na cruz, o lugar onde ele celebra a Sua Eucaristia viva, e para onde sempre nós devemos voltar para compreender o mistério do amor e o mistério do mal. Este é o dia em que a Igreja faz silêncio e não celebra a Eucaristia, mas contempla vivo o Cristo crucificado, de onde vem a nossa salvação.

É o momento de nos ajoelharmos diante da cruz e ficarmos em silêncio. Mas também refletir e pedir perdão pelas vezes que crucificamos os nossos irmãos, ou fomos responsáveis pelas injustiças da humanidade, da Igreja e da comunidade. É silencio. É adoração e amor. Para o dia de hoje, é bom fazer uma boa confissão e passar tempos em silêncio diante de Deus.

Sábado Santo

O Sábado Santo é o dia do grande silêncio, no qual, na medida do possível, devemos mortificar a nossa língua e deixar falar o coração, deixar falarem os gestos de perdão e de amor; este é o sábado do amor. E o amor não necessita de palavras, mas só de gestos. Jesus quer, com o seu silêncio no sepulcro, nos preparar para uma nova missão, a da ressurreição. Não devemos ter medo da morte. O cristão contempla a morte com os olhos da fé, da esperança e do amor: “se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto.” (Jo 12,24).

Quis apresentar este caminho da Semana Santa para, juntos nos prepararmos para a Páscoa do Senhor. Não permitamos que as coisas da terra nos distraiam das coisas do céu. Feliz Páscoa só será se tivermos feito uma boa santa Semana Santa.

Confira a programação da Semana Santa na Catedral:


Fonte: Comunidade Shalom

A importância do Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos nos ensina que seguir Cristo é renunciarmos a nós mesmos


A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que O aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”. Esse povo, há poucos dias, tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia e estava maravilhado, pois tinha a certeza de que esse era o Messias anunciado pelos profetas, mas, esse mesmo povo tinha se enganado com tipo de Messias que Cristo era. Pensava que, fosse um Messias político, libertador social, que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.

A importância do Domingo de Ramos-artigo

Foto ilustrativa: Arquivo CN/cancaonova.com

Para deixar claro a este povo que Ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, e sim, o grande Libertador do pecado, a raiz de todos os males, então, o Senhor entra na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena. Ele não é um Rei deste mundo! Dessa forma, o Domingo de Ramos dá o início à Semana Santa, que mistura os gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras.

Os ramos lembram nosso batismo

Esses ramos significam a vitória: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”. Os ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que essa é desvalorizada e espezinhada. Os ramos sagrados que levamos para nossas casas, após a Missa, lembram-nos de que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.

O sentido da Procissão de Ramos

O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rapidamente e nos mostra que a nossa pátria não é neste mundo, mas sim, na eternidade; aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai.

Missa do Domingo de Ramos traz a narrativa de São Lucas sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus, Sua angústia mortal no Horto das Oliveiras, o Sangue vertido com o suor, o beijo traiçoeiro de Judas, a prisão, os maus-tratos causados pelas mãos dos soldados na casa de Anás, Caifás; Seu julgamento iníquo diante de Pilatos, depois, diante de Herodes, Sua condenação, o povo a vociferar “crucifica-O, crucifica-O”; as bofetadas, as humilhações, o caminho percorrido até o Calvário, a ajuda do Cirineu, o consolo das santas mulheres, o terrível madeiro da cruz, Seu diálogo com o bom ladrão, Sua morte e sepultura.

Entrada “solene” de Jesus em Jerusalém

A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que O homenageou, motivada por Seus milagres, agora vira as costas a Ele e muitos pedem a Sua morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido. Quanta falsidade há nas atitudes de certas pessoas! Quantas lições nos deixam esse Domingo de Ramos!

O Mestre nos ensina, com fatos e exemplos, que o Reino d’Ele, de fato, não é deste mundo. Que Ele não veio para derrubar César e Pilatos, mas para derrubar um inimigo muito pior e invisível: o pecado. E para isso é preciso imolar-se, aceitar a Paixão, passar pela morte para destruir a morte; perder a vida para ganhá-la. A muitos o Senhor Jesus decepcionou; pensavam que Ele fosse escorraçar Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas Ele vem montado em um jumentinho frágil e pobre.

Muitos pensam: “Que Messias é esse? Que libertador é esse? É um farsante! É um enganador que merece a Cruz por nos ter iludido”. Talvez Judas tenha sido o grande decepcionado. O Domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja e, consequentemente, a nossa também, é a luta contra o pecado, a desobediência à Lei Sagrada de Deus, que hoje é calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um Cristianismo “light”, adaptado aos seus gostos e interesses, e segundo as suas conveniências. Impera, como disse Bento XVI, “a ditadura do relativismo”.

O Domingo de Ramos nos ensina que seguir o Cristo é renunciarmos a nós mesmos, morrermos na terra como o grão de trigo para poder dar fruto, enfrentar os dissabores e ofensas por causa do Evangelho do Senhor. Ele nos arranca das comodidades e das facilidades, para nos colocar diante d’Aquele que veio ao mundo para salvá-lo.

Fonte: Canção Nova

O SERMÃO DAS DORES DE NOSSA SENHORA

Na Semana Santa, período sagrado para os cristãos em todo o mundo, um dos momentos mais comoventes e significativos desta semana é o Sermão das Dores de Nossa Senhora, que nos conduz pelo sofrimento angustiante da mãe de Jesus diante da crucificação de seu filho. 

O Sermão das Dores de Nossa Senhora é uma ocasião para os fiéis refletirem sobre a dor e o sofrimento que Maria suportou enquanto acompanhava seu amado filho até o Calvário. A Sagrada Escritura nos mostra o quanto essa dor foi profunda, como podemos ver no Evangelho de João, (Jo 19, 25-27): 

“Estavam, junto à cruz de Jesus, sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, ao ver sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa.” 

Neste momento tocante, Jesus confia sua mãe aos cuidados do discípulo amado, João, indicando a preocupação de Jesus com o bem-estar de sua Mãe mesmo enquanto enfrentava sua própria agonia na Cruz. 

A presença de Maria ao pé da Cruz é um testemunho impressionante de sua profunda compaixão e devoção a seu Filho. Ela suportou o sofrimento indescritível de ver seu Filho inocente sendo crucificado diante de seus olhos, mas permaneceu firme em sua fé e amor por Ele. 

Ao meditarmos sobre o Sermão das Dores de Nossa Senhora, somos convidados a nos identificar com a dor de Maria e a refletir sobre o significado da maternidade espiritual de Maria para todos os cristãos. Assim como Jesus confiou sua Mãe aos cuidados de João, também somos chamados a acolher Maria como nossa Mãe espiritual e a nos voltarmos para Ela em tempos de necessidade e aflição. 

O Sermão das Dores de Nossa Senhora também nos desafia a refletir sobre o sofrimento dos outros ao nosso redor e a responder com compaixão e solidariedade. Assim como Maria permaneceu ao lado de Jesus em sua hora mais sombria, também somos chamados a estar presentes para aqueles que sofrem em nosso mundo, oferecendo-lhes amor, apoio e consolo em tempos de dificuldade. 

Neste período sagrado da Semana Santa, que o Sermão das Dores de Nossa Senhora nos inspire a renovar nossa devoção a Maria e a nos comprometermos a seguir seu exemplo de fé, amor e compaixão. Que possamos encontrar conforto e esperança na certeza de que Maria, nossa Mãe espiritual, está sempre ao nosso lado, intercedendo por nós diante de seu Filho, Jesus Cristo. 

Que a dor de Nossa Senhora nos lembre do sacrifício supremo de Jesus na Cruz e nos fortaleça para vivermos como verdadeiros discípulos de Cristo, testemunhando seu amor e sua misericórdia em nossas vidas e em nosso mundo. Amém. 

Fonte: CNBB

Nove dados que o católico deve saber sobre o Domingo de Ramos

No domingo (24), a Igreja dá início à Semana Santa, com o Domingo de Ramos, comemorando não um, mas dois acontecimentos muito significativos na vida de Cristo. A seguir, nove coisas que você precisa saber sobre essa data.

domingo de ramos

1. Este dia é chamado de “Domingo de Ramos” ou “Domingo da Paixão”

O primeiro nome vem do fato de se comemorar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando a multidão o recebeu com ramos de palmas (João 12, 13).

O segundo nome provém do relato da Paixão que é lido neste domingo, porque de outro modo não seria lido em um domingo, já que no próximo a leitura tratará da Ressurreição.

Segundo a carta circular do Vaticano sobre “A Preparação e Celebração das Festas Pascais” de 1988, o Domingo de Ramos “une num todo o triunfo real de Cristo e o anúncio da paixão. Na celebração e na catequese deste dia sejam postos em evidência estes dois aspectos do mistério pascal”.

2. Ocorre uma procissão antes da missa

A procissão pode ocorrer apenas uma vez, antes da missa. Pode ser tanto no sábado, como no domingo.

“Desde a antiguidade se comemora a entrada do Senhor em Jerusalém com a procissão solene, com a qual os cristãos celebram este evento, imitando as aclamações e os gestos das crianças hebreias, que foram ao encontro do Senhor com o canto do Hosana”, detalha a carta das celebrações da Páscoa.

3. Pode-se levar palmas ou outros tipos de plantas na procissão

Não é necessário usar folhas de palmeira na procissão, também podem utilizar outros tipos de plantas locais, como oliveiras, salgueiros, abetos ou outras árvores.

De acordo com o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia: “Os fiéis gostam de conservar em suas casas, e às vezes no local de trabalho, os ramos de oliveira ou de outras árvores, que foram abençoados e levados na procissão”.

4. Os fiéis devem ser instruídos sobre a celebração

De acordo com o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia, “os fiéis devem ser instruídos sobre o significado desta celebração para que possam compreender seu significado”.

“Deve ser lembrado, oportunamente, que o importante é a participação na procissão e não só a obtenção das folhas de palmeira ou de oliveira”, que também não devem ser conservadas “como amuletos, nem por razões terapêuticas ou mágicas para afastar os maus espíritos ou para evitar os danos que causam nos campos ou nas casas”, indica o texto.

5. Jesus reivindica o direito dos reis na entrada triunfal em Jerusalém

O Papa Emérito Bento XVI explica em seu livro “Jesus de Nazaré: Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição” que Jesus Cristo reivindicou o direito régio, conhecido em toda a antiguidade, da requisição de meios de transporte particulares.

O uso de um animal (o burro) sobre o qual ninguém havia montado é mais um indicador do direito régio. Jesus queria que seu caminho e suas ações fossem compreendidos com base nas promessas do Antigo Testamento que nele se tornaram realidade.

“Ao mesmo tempo, esse atrelamento a Zacarias 9,9 exclui uma interpretação ‘zelota’ da sua realeza: Jesus não Se apoia na violência, não começa uma insurreição militar contra Roma. O seu poder é de caráter diferente; é na pobreza de Deus, na paz de Deus que Ele individualiza o único poder salvador”, detalha o livro.

6. Os peregrinos reconheceram Jesus como seu rei messiânico

Bento XVI também assinala que o fato de os peregrinos estenderem suas capas no chão para que Jesus caminhe também “pertence à tradição da realeza israelita (2 Reis 9, 13)”.

“A ação realizada pelos discípulos é um gesto de entronização na tradição da realeza davídica e, consequentemente, na esperança messiânica”, diz o texto.

Os peregrinos, continua, “cortam ramos das árvores e gritam palavras do Salmo 118 – palavras de oração da liturgia dos peregrinos de Israel – que nos seus lábios se tornam uma proclamação messiânica: ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem do nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!’ (Mc 11, 9-10; cf. Salmos 118, 26)”.

7. “Hosana” é um grito de alegria e uma oração profética

No tempo de Jesus essa palavra tinha significado messiânico. Na aclamação de Hosana se expressam as emoções dos peregrinos que acompanham Jesus e seus discípulos: o jubiloso louvor a Deus no momento da entrada processional, a esperança de que tivesse chegado a hora do Messias.

Ao mesmo tempo, era uma oração que indicava que o reino davídico e, portanto, o reino de Deus sobre Israel, seria restaurado.

8. A multidão que aplaudiu a chegada de Jesus não é a mesma que exigiu sua crucificação

Em seu livro, Bento XVI afirma que, os três Evangelhos sinóticos, assim como o de São João, mostram claramente que aqueles que aplaudiram Jesus na sua entrada em Jerusalém não eram seus habitantes, mas as multidões que acompanhavam Jesus e entraram na Cidade Santa com ele.

Este ponto é mais claro no relato de Mateus, na passagem depois do Hosana dirigido a Jesus: “E entrando em Jerusalém, a cidade inteira agitou-se e dizia: ‘Quem é este?’. A isso as multidões respondiam: ‘Este é o profeta Jesus, o de Nazaré de Galileia’” (Mt 21, 10-11).

As pessoas tinham escutado falar do profeta de Nazaré, mas isso não parecia importar para Jerusalém, e as pessoas de lá não o conheciam.

9. O relato da Paixão desfruta de uma solenidade especial na liturgia

A Carta das Celebrações das Festas Pascais diz o seguinte no número 33:

“É aconselhável que seja cantada ou lida segundo o modo tradicional, isto é, por três pessoas que representam a parte de Cristo, do cronista e do povo. A Passio é cantada ou lida pelos diáconos ou sacerdotes ou, na falta deles, pelos leitores; neste caso, a parte de Cristo deve ser reservada ao sacerdote”.

A proclamação da paixão é feita sem os portadores de castiçais, sem incenso, sem a saudação ao povo e sem o toque no livro; só os diáconos pedem a bênção do sacerdote.

“Para o bem espiritual dos fiéis, é oportuno que a história da Paixão seja lida integralmente sem omitir as leituras que a precedem”.

Fonte: ACI Digital

SERMÃO DO DEPÓSITO

A Semana Santa é um período de profundo significado para os cristãos em todo o mundo. É uma época em que recordamos e celebramos os eventos centrais da fé cristã, especialmente a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Cada dia da Semana Santa é marcado por eventos específicos que nos conduzem por meio dos últimos momentos da vida terrena de Jesus. 

No contexto da Semana Santa, o Sermão do Depósito ocupa um lugar de destaque. Este sermão, geralmente proferido na segunda-feira da Semana Santa, concentra-se na condenação e prisão de Jesus Cristo. É um momento de contemplação da escuridão que envolveu o mundo no momento em que Jesus foi preso, quando seus próprios discípulos o abandonaram por medo. 

A prisão de Jesus representa o início dos eventos que culminariam em sua crucificação. É um momento de profunda tristeza e angústia, tanto para Jesus quanto para seus seguidores. É também um lembrete do sofrimento e da injustiça que Jesus enfrentou em seu caminho para a Cruz. 

O Sermão do Depósito nos convida a refletir sobre a natureza da injustiça e da opressão, tanto nos tempos de Jesus quanto nos dias de hoje. Recordamos aqueles que são perseguidos por causa de sua fé, os injustiçados e marginalizados, e todos os que sofrem nas mãos da opressão e da violência. 

Além disso, o Sermão do Depósito nos desafia a examinar nossas próprias vidas e a considerar como podemos responder ao chamado de Jesus para defender os oprimidos e trabalhar pela justiça em nosso mundo. É um lembrete poderoso de que, assim como Jesus sofreu injustamente, também somos chamados a agir em solidariedade com os que sofrem e a trabalhar pela transformação de nossa sociedade. 

Ao participarmos do Sermão do Depósito, somos convidados a refletir não apenas sobre o sofrimento de Jesus, mas também sobre o significado mais amplo de sua vida e ensinamentos. É um momento para nos comprometermos novamente com os valores do Evangelho e para renovarmos nosso compromisso de seguir a Jesus em todas as áreas de nossas vidas. 

Portanto, durante a Semana Santa, ao participarmos do Sermão do Depósito, somos desafiados a enfrentar as trevas e a injustiça em nosso mundo com coragem e determinação, confiando na promessa da ressurreição e na vitória final do amor de Deus sobre o mal e a morte. 

Fonte: CNBB

Procissão do Encontro

Uma celebração litúrgica de muita piedade, que o povo católico muito aprecia durante a Semana Santa, é a Procissão do Encontro, um momento que marca o encontro da Virgem Maria com o Seu Filho Divino, carregando a Cruz no caminho do Calvário, pelas ruas de Jerusalém, depois de ser flagelado, coroado de espinhos e condenado à morte por Pilatos. É um momento em que meditamos o doloroso encontro da Virgem Maria com Jesus; é um momento de profunda reflexão sobre as dores da Mãe de Jesus, desde o Seu nascimento até a Sua morte na Cruz. Jesus sofreu a Paixão; a Virgem sofreu a compaixão por nós.

A “espada de Simeão”, que não saíra da mente de Jesus durante 30 anos de Sua vida, apresentava-se cada vez mais ameaçadora diante de Maria. Não é difícil imaginar o quanto Nossa Senhora sofreu ao ver Seu Filho ser perseguido, odiado, jurado de morte pelos anciãos e doutores da lei que o invejavam. Quantas ciladas Lhe armavam! Quantas disputas Ele teve de travar com os mestres da lei.

O encontro da dor de Nossa Senhora com o sofrimento da Paixão

E eis que a Paixão do Senhor se torna presente. Todo ano, Ela ia à Jerusalém para a festa da Páscoa judaica, e também, naquele ano da morte do Seu Amado, Ela ali estava.

Podemos imaginar a dor do coração de Maria ao saber da traição de Judas, do abandono dos discípulos no Horto das Oliveiras, a negação de Pedro e, depois, Sua prisão e maus tratos nas mãos dos soldados do sumo-sacerdote. Certamente, naquela noite santa e terrível, em que Ele, “tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1), Maria foi informada dos discípulos que abandonaram o Mestre e fugiram na noite.

Fico pensando na dor de Maria ao saber da tríplice negação de Pedro, o escolhido do Senhor, e de tudo o mais que Seu Filho divino estaria passando nas mãos dos soldados naquela noite. Ela sabia que o sumo- sacerdote e os doutores da lei estavam ansiosos para pôr as mãos n’Ele. São Lucas narra com riqueza de detalhes os fatos:

“Entretanto, os homens que guardavam Jesus escarneciam-se d’Ele e davam-Lhe bofetadas. Cobriam-Lhe o rosto e diziam: ‘Adivinha quem te bateu!’” (Lc 22,63-64).

Que Mãe suportaria ver Seu Filho sofrer tanto assim?

Na manhã do dia seguinte, sabia que Seu Filho seria colocado diante de Pilatos, que o mandou flagelar até o sangue escorrer de Suas chagas, e ainda coroado com uma coroa de espinho, dolorosa e humilhante. Que Mãe suportaria ver Seu Filho sofrer tanto assim? Que dor Maria não sentiu ao saber, ou quem sabe até ao ouvir, o povo insuflado pelos doutores da lei gritando a Pilatos: “Crucifica-o! crucifica-o!”? Como deve ter sofrido ao ouvir o povo gritar!

“Todo o povo gritou a uma voz: ‘À morte com este, e solta-nos Barrabás’. Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo, mas eles vociferavam: ‘Crucifica-o! Crucifica-o!’. Pilatos pronunciou então a sentença que lhes satisfazia o desejo” (Lc 23,18-24).

Pilatos tinha sentimento humano para com Jesus; tivesse ele vencido sua covardia, talvez o teria salvo do furor da multidão. Maria aceitou tudo aquilo, não se revoltou naquela hora tremenda, que decide a vida ou a morte de Seu Filho. Ela sabe que o Filho podia por si, sem auxílio alheio, livrar-se de Seus inimigos, mas se deixou como um cordeiro levar ao suplício, é porque o fez espontaneamente, cumprindo a vontade de Deus.

Maria foi ao encontro de Jesus que, carregado do peso da Cruz, encaminha-se para o Calvário. Ela o vê todo desfigurado e entregue, coberto de mil feridas e horrivelmente ensanguentado. Seus olhares se cruzam. Nenhuma queixa sai de sua boca, porque as maiores dores Deus lhe reservou para a salvação do mundo. Aquelas duas almas, heroicamente generosas, continuam juntas no seu caminho do sofrimento, até o lugar do suplício.

Caminho do Calvário

Maria O acompanhou no caminho do Calvário e se lembrou da espada de Simeão e das palavras de Isaías:

“Era desprezado, a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele. Em verdade, Ele tomou sobre si nossas enfermidades e carregou os nossos sofrimentos; e nós o reputamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes e esmagado por nossas iniquidades. O castigo que nos salva pesou sobre Ele; fomos curados graças às Suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho. O Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo? Foi-lhe dada sepultura ao lado de facínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira. Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada. Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniquidades. Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados” (Is 53,3-12).

Maria compreende a dor da alma

Não há dor semelhante a essa de Nossa Senhora, desde quando se encontrou com Seu divino Filho no caminho do Calvário, carregando a pesada Cruz e insultado como se fosse um criminoso. A aceitação da vontade do Altíssimo sempre foi a Sua força em horas tão cruéis como essa.

Ao encontrar Sua Mãe, os olhos de Jesus a fitaram, e ela, certamente, compreendeu a dor de Sua alma. Não pôde lhe dizer palavra nenhuma, mas a fez compreender que era necessário que unisse a sua dor à d’Ele. A união da grande dor de Jesus e de Maria, nesse encontro, tem sido a força de tantos mártires e de tantas mães aflitas.

Esse fato ficou tão marcado na vida do povo católico, que tanto ama sua Mãe e seu Filho, que não deixa de celebrar a procissão do encontro na Semana Santa. Mãe e Filho se encontram nas ruas das cidades ou em alguma praça onde o povo pode reviver esse santo encontro.

Nós, que temos medo do sacrifício, devemos aprender, nesse encontro, a submeter-nos à vontade de Deus, como Jesus e Maria se submeteram. Aprendamos a calar nos nossos sofrimentos, e os olhares de Jesus e de Maria consolarão a nossa pobre alma sofredora.

Maria viveu os tormentos da Paixão de seu armadíssimo Filho. Encontra-O no caminho do Calvário, flagelado, coroado de espinhos, esbofeteado, destruído. Que mãe poderia aguentar tamanha dor? Seu Filho Santo, Deus, carregando nas costas a Cruz de Seu suplício!

O que vivemos na procissão do encontro

As nossas almas vão sentir a eficácia dessa riqueza na hora em que, abatidos pela dor, formos até nossa Mãe, fazendo a meditação desse encontro dolorosíssimo. Esse silêncio se converterá em força para as almas aflitas, quando, nas horas difíceis, souberem recorrer à meditação desta Mãe que sofre.

É precioso o silêncio nas horas de sofrimentos; muitos não sabem sofrer uma dor física, uma tortura da alma em silêncio; desejam logo contá-la para que todos o lastimem! Nossa Senhora e Jesus nos ensinam a vencer a aflição suportando tudo, em silêncio, por amor a Deus.

Certamente, a dor nos humilha, mas é nessa santa humilhação que Deus nos edifica, corrige, cura e santifica. São Francisco de Sales dizia que ninguém se torna humilde e santo se não passar pela cadinho da humilhação. Jesus e Maria nos ensinam a aprender a sofrer em silêncio, como Eles sofreram no doloroso encontro no caminho do Calvário.

Fonte: Canção Nova