São Bento de Nórcia

A principal fonte sobre a vida de São Bento é o livro II dos “Diálogos” de São Gregório Magno, totalmente dedicado a ele. Bento nasceu por vota do ano 480 em Núrcia (Norcia, em Italiano), província de Perúgia, região da Úmbria na Itália central. Tinha uma irmã gêmea, Escolástica, também canonizada. Os pais provavelmente tinham boa condição social e financeira, e por isso Bento teve a oportunidade de ir estudar em Roma.

A época era difícil, de decadência, desagregação e confusão, pois todo o território do antigo Império Romano ainda sofria com as sucessivas invasões de variados povos bárbaros. Roma apresentava desorganização e mediocridade moral. Também na Igreja a situação era difícil, incluindo um cisma de três anos após a morte do Papa Anastácio II em 498, que foi seguida pela disputa entre Símaco, Papa legítimo, e Lourenço, antipapa. Neste ambiente, corrompido por barbárie e antiga cultura decante, ficou evidente para Bento que seus desejos de busca elevada e sobrenatural não poderiam ser alcançados.

De fato, mesmo moço, já tinha a personalidade sedimentada numa profunda maturidade: assim São Gregório se refere a ele, “Houve um varão de vida venerável, bento por graça e por nome, dotado desde sua mais tenra infância de uma cordura de ancião. Com efeito, antecipando-se por seus costumes à idade, jamais entregou seu espírito a qualquer prazer (…), desprezou o mundo com suas flores, como se estivessem murchas”.

Portanto abandonou os bens, a casa e os estudos, escolhendo viver na erma aldeia de Efide (atual Affile), a aproximadamente 50 km de Roma, nas montanhas de Sabina, em recolhimento e oração. Sua antiga governanta não se quis separar dele e o acompanhou, servindo-o nos afazeres domésticos.

Veio a ocorrer que esta mulher, por descuido, deixou cair e quebrar uma jarra de argila emprestada de uma vizinha. Bento a encontrou chorando pelo acontecido, e, compadecido, juntou os pedaços e rezou sobre eles, que se reconstituíram de forma perfeita. Este foi o primeiro milagre por sua intercessão, que logo lhe trouxe muita fama e popularidade; ele, que “desejava mais os desprezos que os louvores deste mundo” (São Gregório Magno), retirou-se, agora sozinho, para as montanhas de Subíaco.

Ali, por volta de 505, refugiou-se numa gruta, tendo antes encontrado com um monge chamado Romão (ou Romano) de um mosteiro próximo. Romão o ajudou baixando diariamente, por uma corda, o pão que durante certo tempo foi o único alimento do jovem eremita; também forneceu a Bento um hábito monástico.

Durante três anos, entregue à direção do Espírito Santo, viveu Bento, sofrendo muito as tentações do diabo. Em relação à pureza, em ocasião particularmente intensa, encontrou como recurso o expediente de, para não fraquejar, retirar as vestes e atirar-se nu nas moitas de espinhos e urtigas, nas quais arrastou-se, de modo que todo o corpo ficou ferido, e a dor substituiu o desejo. Depois do episódio, não mais foi tentado pela luxúria.

Estando com cerca de 30 anos, a comunidade de um mosteiro próximo, em Vicaro, insistiu para que ele se tornasse o abade. Estes monges, tíbios e insinceros, logo se arrependeram, pois Bento os queria conduzir para a perfeição, através da observância estrita da regra monástica e do dever, o que não desejavam; decidiram então matá-lo, colocando veneno no seu vinho.

Ao abençoar Bento a bebida, com o sinal da Cruz, o recipiente se quebrou, e o santo abade descobriu as suas intenções. Abandonando o mosteiro, Bento voltou para a sua gruta (conhecida depois como Sacro Speco, “gruta sagrada”, e que foi protegida para preservação com a construção do Mosteiro de São Bento na montanha de Subíaco).

Mesmo na solidão a sua fama de santidade se espalhou, e surgiram discípulos em número crescente. De Roma chegavam nobres varões, e filhos de muitos patrícios desejosos de que Bento os ensinasse e formasse. Entre eles estavam por exemplo os futuros São Mauro e São Plácido, importantíssimos na História da Ordem e da Igreja. Houve a necessidade de Bento fundar 12 mosteiros nas proximidades, no vale do rio Aniene, cada qual com 12 monges dirigidos por um abade sob sua supervisão.

Na prática, estava fundada assim a Ordem Beneditina. Em paz e harmonia, dedicando-se à oração e ao trabalho, a comunidade prosperava, e os milagres, a doutrina e santidade de Bento despertavam numerosas vocações.

Muitos foram os milagres de São Bento ali. Curou doentes, salvou pessoas de perigos, expulsou demônios, fez um monge andar sobre as águas, ressuscitou um menino morto. Um dos mais famosos foi ter feito brotar água de um ponto alto na montanha, para abastecer três dos mosteiros, cujos monges tinham grande dificuldade em subir e descer para consegui-la.

A fonte permanece abundante até hoje. Bento recebeu também o dom de saber o que se passava com os seus filhos espirituais, sem vê-los, à distância; assim pôde corrigir, por exemplo, dois monges que indevidamente tinham bebido e comido fora do mosteiro, e outro que, também indevidamente, aceitara um presente das monjas de um mosteiro próximo, ao qual Bento lhe mandara dar assistência espiritual.

Como é comum, tais maravilhas despertam inveja, e o pároco de uma igreja nas vizinhanças de Subíaco, de nome Florêncio, iniciou uma campanha de difamação dos beneditinos e seu abade, procurando afastar deles as pessoas. Não tendo sucesso, presenteou São Bento com um pão envenenado. Ora, todo dia o santo oferecia pão a um corvo que vinha na hora da refeição.

Bento ordenou-lhe que levasse o pão envenenado para longe, onde não pudesse fazer mal a ninguém, e assim aconteceu. Florêncio então tentou corromper os outros monges, fazendo entrar no quintal do mosteiro sete moças nuas para despertar a sua luxúria. Bento, sabendo que era ele próprio o motivo desta perseguição, resolveu ir embora com alguns poucos irmãos, depois de organizar a direção da comunidade. Florêncio contemplava satisfeito a partida do abade, sobre um terraço, quando só esta parte da construção ruiu, e o matou… São Bento, avisado, chorou pelo inimigo. A data aproximada era 529.

Bento chegou com seus companheiros a Cassinum, uma antiga vila fortificada romana, entre Roma e Nápoles. Reformando a fortaleza e o antigo templo pagão do lugar, transformou-os na célebre Abadia de Monte Cassino, de onde a Ordem Beneditina se espalhou por toda a Europa. Realmente foi a sua influência de comunidade verdadeiramente católica, de governo sábio e organizado, baseado nas diretrizes do Evangelho, que se tornou o exemplo iluminado para os costumes espirituais e materiais, tanto no âmbito público como no privado, de toda uma época, sendo igualmente referência para todos os tempos.

Um dos aspectos essenciais deste sucesso é a famosíssima Regra que São Bento aí escreveu (ao menos na sua redação atual) para os seus monges, um farol de sensatez, equilíbrio e sabedoria espiritual e prática, que permite “aos fortes progredirem a aos fracos não desanimarem”. É uma leitura obrigatória para todo católico, religioso ou leigo, que queira aprofundar e desenvolver a sua vida espiritual, sob o benefício da equidade.

Como esclarece o erudito bispo e teólogo Bossuet, do século XVII, a Regra de São Bento é “uma suma de cristianismo, um douto compêndio de toda a doutrina do Evangelho, de todas as instituições dos Santos Padres, de todos os conselhos de perfeição. Nela sobressaem eminentemente a prudência e a simplicidade, a humildade e o valor, a severidade e a mansidão, a liberdade e a dependência; nela a correção desdobra todo o seu vigor, a condescendência todo o seu atrativo, a autoridade a sua robustez, a sujeição a sua tranqüilidade, o silêncio a sua gravidade, a palavra as suas graças, a força o seu exercício, e a debilidade o seu sustentáculo”.

O seu objetivo é afastar do coração humano as trivialidades, facilitando a alma a elevar-se sem obstáculos a Deus, serena e permanentemente focando na vida infinita do Paraíso, e o seu modus operandi é o conhecido aforismo Ora et Labora, “reza e trabalha”, que harmoniza – na ordem certa – as atividades vitais do ser humano, a oração e a ação.

A obra civilizadora de São Bento e sua Regra foram a resposta de Deus ao caos do período, trazendo obediência e beleza, cultura e espiritualidade – os fundamentos da vida humana comunitária – para as sociedades medievais e posteriores.

Monte Cassino e São Bento passaram a ser procurados e visitados por bispos, abades, reis, príncipes, nobres, pessoas comuns, em busca de conselho, conforto, orientação e aprendizado. Da mesma forma, posteriormente, outros mosteiros beneditinos passaram a ser o centro de núcleos de civilização e progresso, em torno dos quais os países europeus fixaram as bases do seu desenvolvimento, que só é possível com paz e estabilidade.

Santa Escolástica, irmã gêmea de São Bento, promoveu o desenvolvimento do ramo feminino da Ordem. Encontravam-se anualmente numa casa pertencente ao mosteiro de Monte Cassino, relativamente próxima do mosteiro feminino. No ano de 547, sabendo que sua morte estava próxima, e tendo passado como sempre aquela data especial em elevada conversação com o irmão, Escolástica pediu que ele ali ficasse e tivessem ainda a noite para falar das coisas de Deus. Bento recusou energicamente, pois disciplinadamente queria passar a noite no mosteiro.

Ela então abaixou a cabeça, rezando por alguns momentos, e quando a ergueu de novo o tempo, límpido, transformou-se numa tempestade tão absurdamente violenta que água e raios impediam completamente que o abade e seus poucos monges acompanhantes saíssem da casa.

“— Que Deus Todo-Poderoso te perdoe, irmã! O que fizeste?

— Supliquei a ti e não quiseste atender-me. Roguei ao meu Senhor e Ele me ouviu. Agora sai, se podes, e regressa ao mosteiro…”

São Bento entendeu, e passaram a noite em vigília. Três dias depois, ele viu a alma da irmã, sob a forma de pomba, subir ao Paraíso. Mandou recolher o seu corpo e o sepultou no local que havia aprontado para si. Bento faleceu provavelmente no mesmo ano, 547, em 21 de março.

Tendo conhecimento do que ia acontecer, mandou preparar a sepultura ao lado da irmã com seis dias de antecedência. Logo foi tomado de febre, com a condição piorando rapidamente. No dia previsto, fez questão de ser levado ao oratório, onde, apoiado nos braços dos irmãos, recebeu a Santíssima Comunhão e morreu, de pé, com a alma erguida diante do Senhor.

Após sua morte, a Ordem Beneditina continuou a crescer, especialmente a partir da Abadia de Cluny, na França do século X: chegaram estar subordinados a ela 17 mil mosteiros. Nações inteiras foram convertidas ao Catolicismo sob a influência beneditina; muitas e famosas universidades, como Paris, Cambridge, Bolonha, Oviedo, Salamanca e Salzburgo tiveram origem a partir de colégios beneditinos; mais de 30 Papas adotaram sua Regra; incontáveis mártires, cardeais, bispos, santos, discípulos, partilharam e partilham desta espiritualidade.

São Bento é o Fundador e Patriarca do monaquismo do Ocidente, e primeiro Patrono da Europa, atualmente junto com santos Metódio e Cirilo e santas Brígida, Catarina de Sena e Tereza Benedita da Cruz.

Fonte: A12

 

O Papa: Tomás de Aquino, homem de Igreja de imensa sabedoria espiritual e humana

Francisco nomeou o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, enviado especial para a celebração dos 700 anos da canonização do Doutor Angelicus na Abadia de Fossanova, em 18 de julho.


“Homem de Igreja”, sacerdote e doutor que partilhou a sua “imensa sabedoria espiritual e humana” através de orações e escritos. O Papa Francisco recorda a figura de Santo Tomás de Aquino na carta em latim, divulgada nesta terça-feira (11/07), com a qual nomeia o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, seu enviado especial para a celebração dos 700 anos da canonização que será celebrada, em 18 de julho, na Abadia de Fossanova, no município de Priverno, na província de Latina, na Itália.

“Nunca insuflado pelo conhecimento, mas sempre edificado pela caridade”, o frade dominicano, a quem seus contemporâneos já chamavam de “Doutor Angelicus”, foi “cheio de uma cultura admirável”, sublinha o Papa na carta, datada de 30 de junho. “Ele escreveu muitas obras e ensinou várias coisas, e foi bem qualificado nas disciplinas filosóficas e teológicas. Brilhou com reta inteligência e lucidez, e enquanto investigava reverentemente os mistérios divinos com a razão, os contemplava com fé fervorosa.”

O triênio tomista

Como já na carta aos bispos de Latina, Sora e Frosinone, publicada em 28 de junho passado, o Papa Francisco recorda o triênio tomista no qual recordarão, além dos 700 anos da canonização, os 750 anos de sua morte, em 2024, e o oitavo centenário de nascimento em 2025. “Com grande deleite de alma e alegria espiritual, acolhemos os vários projetos da Igreja para honrar dignamente o zelo do mais ilustre Doutor da Santidade e o estudo da doutrina sagrada”, escreve o Papa, acrescentando que aceitou o pedido dos bispos Mariano Crociata, pastor de Latina, Terracina, Sezze, Priverno; Gerardo Antonazzo, de Sora, Cassino, Aquino, Pontecorvo; Ambrogio Spreafico, de Frosinone, Veroli, Ferentino e Anagni-Alatri, que um cardeal presidisse a celebração, em julho, em honra a Santo Tomás e pronunciasse “palavras de encorajamento espiritual”.

A celebração

Daí a nomeação de Semeraro que celebrará a solene Eucaristia na Abadia de Fossanova, lugar onde o santo “adormeceu no Senhor”. “Todos os participantes deste evento”, escreve o Pontífice, “serão encorajados a manifestar seu amor especial a Cristo e seu Evangelho com força renovada e novo zelo através da oração”, bem como “ser ardentes com o zelo da fé na vida cotidiana”.

Outros eventos

Por ocasião da publicação da carta do Papa, junto com o convite a usar o texto para “reflexão cuidadosa e inspiração”, os bispos Crociata, Antonazzo e Spreafico informaram sobre outros eventos a serem realizados em homenagem ao seu padroeiro. Na tarde de terça-feira, 11 de julho, se realiza um encontro de reflexão em Latina, enquanto um momento de oração está programado na Abadia de Fossanova na tarde de sexta-feira, 14 de julho. No dia 18 de julho, às 18h30 locais, haverá a celebração solene com o cardeal Semeraro.

Fonte: Vatican News

13º MUTIRÃO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO ACOLHE COMUNICADORES ECLESIAIS DE TODO BRASIL DE 13 A 16 DE JULHO, EM JOÃO PESSOA (PB)

Nos dias 13, 14, 15 e 16 de julho, acontece o 13º Mutirão Brasileiro de Comunicação (MutiCom), promovido pela Conferência nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Comissão Episcopal para a Comunicação, e organizado pela arquidiocese da Paraíba. O evento irá acontecer no Centro de Convenções de João Pessoa. Com o tema “Comunicar para a Cultura do Encontro”, o Mutirão tem como objetivo discutir a importância de uma comunicação com uma abordagem que valoriza a empatia, a escuta ativa e o diálogo.

O bispo de Campo Limpo (SP) e presidente da Comissão para a Comunicação da CNBB, dom Valdir José de Castro, em vídeo gravado para convidar os participantes, ressaltou que além de ser um momento importante dos comunicadores da Igreja no Brasil se encontrarem para compartilhar as experiências e o trabalho pastoral no campo da comunicação, será também uma oportunidade para refletir sobre a cultura do encontro.

“Numa sociedade tão polarizada, o tema do MutiCom se torna muito necessário hoje. A gente precisa trabalhar para que a cultura do encontro possa crescer sempre mais. Como sabemos, a cultura do encontro está sendo promovida pelo Papa Francisco e á algo pelo qual devemos trabalhar”, reforçou.

De acordo com os organizadores do MutiCom para comunicar para a Cultura do Encontro, é preciso estar disposto a entender as perspectivas do outro, deixar de lado julgamentos preconcebidos e humildemente admitir que nem sempre se tem todas as respostas.

Outros pontos importantes, destacados pela organização, é que é importante reconhecer as emoções e necessidades do outro e expressar-se de forma clara e respeitosa. “Em um mundo cada vez mais polarizado, comunicar para a Cultura do Encontro pode ser uma abordagem valiosa para promover a compreensão, a colaboração e o respeito mútuo”, reforçam.

Programação

Durante o evento, serão realizadas palestras com os temas: Tolerância e múltiplas diversidades; Influenciadores digitais: efeitos e perspectivas; Amizade social e diálogo na era da desinformação e Ecologia integral e cultura do bem viver.

Além disso, o Muticom também contará com a participação do biógrafo do Papa Francisco, Austen Ivereigh. Ele será o responsável pela palestra magna, que ocorre na abertura do evento, qual o título é o tema do 13º Mutirão Brasileiro de Comunicação.

O arcebispo metropolitano da Paraíba, dom Manoel Delson, publicado nas redes sociais da arquidiocese, em um convite aos pasconeiros, jornalistas, radialistas, profissionais de mídia digital, ressaltou que trata-se de uma oportunidade única para se atualizar dos temas atuais da comunicação.  Você pode assistir ao vídeo clicando aqui.

O 13º Mutirão de Brasileiro de Comunicação anuncia-se como um momento de muito aprendizado e crescimento. O evento irá reforçar a importância da comunicação como ferramenta de transformação social e coloca em pauta a responsabilidade dos profissionais da área em disseminar informações verdadeiras e relevantes e com muita empatia para a sociedade.

Acompanhe as notícias do Muticom (Aqui)

Fonte: CNBB

Nem seu filho nem você foi feito para as telas!

Você permitiria que uma empresa de coleta de lixo despejasse detritos em sua casa? As mentes e corações de nossos filhos são palácios, que valem infinitamente mais do que o nosso próprio lar. Até que ponto não devemos ir para salvaguardar-lhes a saúde?

Assisti uma vez a um comercial de serviço telefônico que me assombra até o dia de hoje. Uma das cenas consistia em um pai com seus filhos, num acampamento, todos sentados ao redor da fogueira. O pai parecia estar contando uma história assustadora, bem ao estilo clichê do pai moderno e bobalhão. Os dois filhos se entreolharam, reviraram os olhos e mergulharam de cabeça nos próprios celulares. Essa foi só uma das peças, e eu a achei assustadora. Bastou esse comercial para me convencer de que, definitivamente, eu não deveria comprar um smartphone para os meus filhos. A família é o alicerce fundamental da sociedade, e a mensagem básica do anúncio era que você deveria comprar esse serviço para poder se desligar de seus pais idiotas e seguir em frente com o importante trabalho do seu entretenimento e conexão às mídias sociais.

Eu vejo algo semelhante em meus alunos. Sou professor de física do ensino médio, e a tendência geral do dia na escola é que os alunos façam o que têm de fazer (ou nem isso, às vezes), para que possam se desligar dos arredores físicos e voltar aos filmes a que estão assistindo ou aos jogos que estão jogando. De vez em quando, chega à escola um aluno que esqueceu o celular, e os olhos arregalados são suficientes para indicar que ele está sofrendo de abstinência. A maior parte deles é, literalmente, viciada. Alegra-me dizer que esse não é o caso de todos os meus alunos, e ainda vejo muitas interações positivas face a face ao longo do dia, mas a obsessão pelas telas é certamente uma tendência geral. Tudo o que escrevo aqui se aplica não só a smartphones, mas também a laptopstablets e outros dispositivos.

Mas nós não fomos feitos para as telas. Fomos feitos para o encontro com o outro; fomos feitos para aquele Encontro final com o Tu Eterno. “O homem… não pode se encontrar plenamente a não ser no sincero dom de si mesmo” (Gaudium et Spes, 24), e nós não podemos doar sinceramente a nós mesmos senão no encontro pessoal.

O mundo da tecnologia e das mídias sociais é predominantemente de aparências, propaganda e entretenimento. Tende a causar déficit de atenção e criar uma mentalidade consumista, se não for cuidadosamente controlado. A gratificação instantânea está se tornando cada vez mais a norma; e a virtude, como consequência, é cada vez menos comum. À medida que o conforto, o prazer e o entretenimento se tornam mais facilmente disponíveis por meio de nossa tecnologia, exige-se muito pouco de nós. Mas o sentido da vida não é o conforto ou o prazer ou o entretenimento. Perseguir esses fins cria consumidores voltados para si próprios, e não indivíduos corajosos e nobres, capazes de se doar e amar de verdade.

Não estou dizendo que a tecnologia e os smartphones são inerentemente maus. Nenhum componente tecnológico é mau em si mesmo — só na forma como é usado. Mas um aparelho com acesso a praticamente tudo não deve ser entregue sem restrições a crianças. Os celulares podem ser um meio de comunicação muito útil entre familiares e amigos, mas um smartphone carregado é mais perigoso que uma arma carregada [i]. Uma arma só é capaz de ferir ou matar fisicamente; um smartphone sem restrições tem o potencial de escravizar o coração, a mente e a alma, de muitas e diferentes maneiras.

A realidade inteira proclama a bondade de Deus. Todas as coisas dão testemunho de seu poder e de seu amor [ii]. Mas a realidade virtual, significativamente distante da natureza, carece da abundância de encontros que desejamos.

Se queremos que nossos filhos sejam corajosos, fortes, ordenados e sábios, devemos expô-los à beleza da criação, não aos perigos que espreitam na internet. Deixe que eles se tornem mais plenamente eles próprios, que sejam mais plenamente humanos, e então eles serão capazes de fazer escolhas melhores para si mesmos [iii].

Como livrar os seus filhos do vício em telas

Gostaria de responder a uma e outra objeção que eu costumo receber, vinda de amigos que dão celulares, tablets e laptops aos próprios filhos.

Às vezes, esses pais dizem que dão smartphones aos filhos porque eles precisam saber como usar a tecnologia no mundo de hoje.

Em primeiro lugar, as atividades para as quais esses dispositivos geralmente são usados não são tecnologicamente avançadas ou produtivas. Muitos de meus alunos ainda lutam para dominar com rapidez aplicativos novos e tarefas básicas de programação. A maioria não tem ideia de como seus dispositivos realmente funcionam. Os usuários da tecnologia não estão necessariamente ganhando experiência em como usá-la bem. Isso fica bem evidente no uso que se faz da calculadora. Não é incomum que um aluno tenha uma calculadora cara e sofisticada que ele usa só para aritmética, ou que ele aperte um botão errado, obtenha um resultado completamente sem sentido e, ainda assim, registre o que a calculadora apresentou sem pensar criticamente sobre o resultado.

Em segundo lugar, se se diz que as pessoas na sociedade de hoje precisam saber como usar a tecnologia, digamos então que elas também precisam aprender a dirigir, mas isso não significa que devamos entregar as chaves de um carro a crianças de cinco, oito ou doze anos de idade. Nós damos privilégios [às pessoas] de acordo com a maturidade [que atingem] e, de uma perspectiva eterna, um dispositivo sem supervisão é mais perigoso que um carro, requerendo portanto mais sabedoria e maturidade.

Os pais também dizem, às vezes, não querer que seus filhos sejam os únicos sem telefone. Minha pergunta é: Por quê? Por acaso não queremos que nossos filhos fiquem tranquilos com o fato de estarem isolados, se eles tiverem de estar? Será que não se apresentarão circunstâncias, ao longo da vida de nossos filhos, diante das quais eles precisarão de segurança para remar contra o fluxo da cultura ou do seu grupo de amigos? É uma coisa terrível que treinemos nossos filhos para sempre seguirem a multidão. A pressão social é, muito provavelmente, a pior razão para se fazer qualquer coisa. Nossos filhos precisam aprender a ficar isolados quando for necessário.

Algumas vezes, os pais dizem não querer que seus filhos fiquem entediados, e os filhos geralmente reclamam que estão entediados. A essa reclamação de tédio geralmente se segue um pedido por mais tempo de telas, para que eles possam se divertir. Mais uma vez, o tédio não é uma coisa assim tão má. Eu prefiro meus filhos ficando entediados e aprendendo a usar a própria imaginação do que buscando continuamente um entretenimento passivo. O tédio não é um fruto das circunstâncias, mas o resultado de um estado de caráter. Como escreveu G. K. Chesterton: “Não há, na terra, assunto desinteressante; a única coisa que existe são pessoas desinteressadas” [iv].

Há momentos em que é justificável colocar nossos filhos sentados em frente a uma tela? Minha própria resposta a essa pergunta é sim, mas cada pai deve discernir cuidadosamente isso por si próprio. De todo modo, esse tempo de tela deve ser o mínimo possível, e com muita atenção ao que está sendo consumido.

Você permitiria que uma empresa de coleta de lixo despejasse detritos em sua casa? Convidaria os operários de infraestrutura urbana a direcionar os tubos de esgoto da cidade para a sua sala? As mentes e corações de nossos filhos são palácios, que valem infinitamente mais do que o nosso próprio lar. Até que ponto não devemos ir para salvaguardar-lhes a saúde?

 

Fonte: Padre Paulo Ricardo

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA do mês: voltemos nossos corações ao Coração de Jesus

Jesus Cristo é o único verdadeiro amigo de nossos corações que não foram feitos senão para Ele só. Assim, não podem encontrar repouso, alegria, nem plenitude senão Nele

Santa Margarida Maria de Alacoque

coração de jesus

Santa Margarida Maria de Alacoque foi instituída como discípula do Sagrado Coração, pelo próprio Jesus, em uma de suas experiências místicas e tinha que divulgar ao mundo o que Jesus lhe falava, o que Ele a fazia sentir: o amor mais puro e forte que poderia existir.

Jesus passou a ensinar-lhe os segredos de Seu Sagrado Coração, normalmente quando ela estava em adoração ao Santíssimo Sacramento.

Jesus permitiu que ela sentisse as dores da Chaga, aberta em Seu peito na cruz e nas primeiras sextas-feiras do mês essa dor lhe apertava mais. Então Jesus, lhe revelou como amava tão fortemente os homens e que o desprezo que recebia da humanidade lhe doía mais do que sofreu em sua Paixão. Que se os homens Lhe correspondessem com um pouquinho de amor, Ele teria, mesmo no pouco, a retribuição de todo amor que ofertou, mas que os homens só Lhe ofertavam repulsas e friezas.

A partir daí, Jesus pede a Margarida Maria que console seu coração fazendo o seguinte:

(i) comungar com a maior frequência possível, com todo amor;

(ii) comungar em todas as primeiras sextas do mês;

(iii) nas noites de quinta para sexta-feira, entre as 23h e meia-noite (Hora Santa), acompanhar Jesus na tristeza que sentiu no Horto das Oliveiras, ficando em oração, para aplacar a ira divina e pedir misericórdia para os pecadores.

Jesus lhe ensinou, ainda, que o que mais anseia é um coração arrependido e humilhado, por isso pede humildade e sinceridade na confissão.

Para os corações que consolam o Sagrado Coração de Jesus, na 1ª sexta de cada mês, Ele fez muitas promessas. Jesus não as ditou em ordem. A Igreja tomou as diversas mensagens recebidas por Sta. Margarida Maria e as ordenou.

Na “grande aparição” de Jesus a Santa Margarida Maria, Ele pediu que fosse celebrada a Festa ao Seu Sagrado Coração na sexta-feira seguinte à festa de Corpus Christi: “Comungue-se nesse dia, e seja feita a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. E eu te prometo que o meu coração de dilatará, para derramar com abundância os benefícios de seu divino amor sobre os que lhe tributarem essa honra e procurarem que outros a tributem”.

Conheça agora as 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque:

1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;

2ª Promessa: “Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”;

3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;

4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;

5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”;

6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;

7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”;

8ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”;

9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;

10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;

11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;

12ª Promessa: “A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

 

Condições para obter as graças prometidas pelo Sagrado Coração de Jesus:

As condições indispensáveis para a grande promessa do Sagrado Coração de Jesus – perseverança final e salvação eterna – são:

a) a comunhão deve ser feita na primeira sexta-feira do mês;

b) a novena de comunhão deve ser feita em nove meses consecutivos. Se houver interrupção, deve ser recomeçada.

c) deve ser feita em estado de graça e na intenção de honrar o Sagrado Coração. Aconselha-se a confissão.

Ato de reparação ao sacratíssimo Coração de Jesus

Tudo por Jesus, Nada sem Maria

 

Leia mais:

ENCÍCLICA HAURIETIS AQUAS, sobre o Culto do Sagrado Coração de Jesus, Papa Pio XII, 15 de maio de 1956.

 

Fonte: Comunidade Olhar Misericordioso

A incrível história de Santo Antônio Maria Zaccaria

O mês de Julho, está recheado de comemorações. Dentre as festas litúrgicas, encontramos o dia da festividade de Nossa Senhora do Carmo e de Santo Antônio Maria Zacaria. Você conhece a história dele? Ela é maravilhosa!

Ele era médico e um dos líderes da Contrarreforma. Assim, como São Paulo, era eloquente e sua fé fervorosa. Para quem aí acha que existe divisão entre fé e ciência, precisa conhecer esse Santo. Com sua vida, ele nos ensina que as duas forças caminham juntas e não separadas.

Santo Antônio Maria Zacaria é conhecido como um dos fundadores da devoção da Adoração das quarenta horas, que consiste em os fiéis realizarem quarenta horas de Adoração ao Santíssimo Sacramento.

Além disso, seu amor era tão grande por Jesus que todos os dias se propunha a tocar o sino às 15h (hora da Paixão de Cristo).

Seu amor por Jesus presente na Eucaristia, sua fé profunda e seus cuidados aos enfermos trazem a firme decisão de confiar em sua intercessão para cuidar do nosso corpo e da nossa alma.

Linda história não é mesmo? Por isso, faça essa oração:

Santo Antônio Maria Zaccaria,
auxílio dos pobres e enfermos,
o senhor que devotou a sua vida ao nosso bem espiritual,
ouve a minha humilde e esperançosa oração.
Continue seu trabalho como médico e sacerdote
obtendo de Deus a cura de minhas enfermidades físicas e morais,

para que, livre de todo mal e de todo pecado,
eu possa amar ao Senhor com alegria,
cumprir com fidelidade meus deveres,
trabalhar generosamente pelo bem de meus irmãos e irmãs,
e para minha própria santificação.
 Amém. 

Fonte: A12

 

A LIDERANÇA DO BOM PASTOR

Na Bíblia há uma abundância de referências ao líder como pastor do seu rebanho. Eram considerados pastores todos aqueles que tinham responsabilidades sobre os outros, de modo particular as autoridades civis e religiosas (cf. Ez 34,1-16; 1Pd 5,1-3). Deus é o bom pastor por excelência (cf. Sl 23; Sl 80,2). “Como um pastor, ele cuida do rebanho, e com seu braço o reúne; leva os cordeirinhos no colo e guia mansamente as ovelhas que amamentam» (Is 40,11). “A misericórdia do Senhor é para todos os seres vivos. Ele repreende, corrige, ensina e dirige, como o pastor conduz o seu rebanho” (Eclo 18,12-13). 

Os bons pastores eram a referência de segurança do rebanho, por isso os inimigos de um rebanho tinham como estratégia o ataque aos pastores, para dominarem o rebanho: “Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão” (Mc 26,31). No seu tempo, Jesus lamentou a situação do povo disperso vagando como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Os líderes eram indicados como chefe para as comunidades afim de que elas não ficassem como rebanho sem pastor (cf. Nm 27,16-17; 1Rs 22,17). 

Líderes agressivos e negligentes foram denunciados ao longo da história do povo de Israel: “os videntes só enxergam mentiras, contam sonhos fantásticos e dão consolo sem valor: por isso, o povo anda vagando, perdido, como ovelhas sem pastor” (Zc 10,2); “Ai do pastor de coisa nenhuma, que abandona o rebanho!” (Zc 11,16). 

 O comportamento dos maus pastores 

A categoria “pastor” é uma metáfora que hoje se aplica a todos os líderes na Igreja e na sociedade: aos pais, agentes de pastorais, coordenadores de comunidades, líderes políticos, presbíteros, párocos, pastores, bispos, educadores, gerentes, profissionais em geral. Todos somos considerados pastores porque temos a responsabilidade do cuidado de outros. No capítulo 34 do profeta Ezequiel temos uma lista de atitudes condenadas dos maus pastores: a omissão, fuga da responsabilidade pessoal, violência, vaidade, insensibilidade, negligência, egoísmo etc. O texto é uma provocação para todos nós e, também muito inspirador.  

Os grandes males acusados nos pastores desse contexto bíblico, parece que ainda perduram em muitos maus pastores nos dias de hoje; a maldade acusada, se manifesta na negligência diante da própria responsabilidade (omissão, descaso, cegueira…); no egoísmo que colabora para o desvio de bens para si mesmo;  a violência no tratamento das “ovelhas” que se manifesta em atitudes de dura agressividade para com as mesmas favorecendo a dispersão do rebanho; a vaidade que se identifica com o egoísmo (“ficam cuidando de si mesmos, em vez de cuidarem do meu rebanho” (Ez 34,9), em vez de se desgastarem em prol das ovelhas, servem a si mesmos.  

 Boas atitudes: Deus é o Bom Pastor do povo 

O texto ainda evidencia a decisão divina de agir de modo totalmente contrário à atitude mercenária e mesquinha dos maus pastores que põem o rebanho a perder-se por suas deploráveis atitudes (cf. Ez 34,1-8.11.15). O texto começa com esta declaração: “Assim diz o Senhor Javé: Eu mesmo vou procurar as minhas ovelhas”. Daí segue um grande elenco de atitudes concretas que revelam o perfil desse Pastor maravilhoso. Ele é Bom porque:  

Conta o rebanho em vista de certificar-se de que nenhuma se perdeu: o Bom Pastor não quer perder e nem esquecer nenhuma de suas ovelhas. Se ao contá-las percebe que alguma faltou, vai atrás dela, até encontrá-la e com ela se alegra (cf. Mt 18,12.16). O próprio Jesus disse: “que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas que Eu os ressuscite no último dia” (Jo 6,39); 

Está sempre no meio das ovelhas revelando sua sensibilidade, atenção às necessidades; assume atitudes preventivas de acompanhamento em todas as circunstâncias. Isso é ser presença animadora e educativa; 

Compreende que, muitas vezes, a dispersão das ovelhas, acontece em “dias nebulosos e escuros”, ou seja, mais que maldade das ovelhas, o desencaminhamento é, às vezes, consequência da falta de visão do caminho do bem, da pressão dos condicionamentos externos, da ignorância, do aliciamento, da não assimilação de valores por parte dos liderados (cf. Ez 34,12.15); 

Cura a ovelha que se machucou. Não a culpa nem a despreza porque tem consciência da sua missão salvadora, paterna, mas age com firmeza, pois educa (cura). A cura tem uma dimensão preventiva, educativa, pedagógica; 

Fortalece a ovelha que está fraca. Volta-se com especial carinho para aquelas mais necessitadas de atenção pela situação existencial em que se encontram, por isso, “leva os cordeirinhos no colo e guia mansamente as ovelhas que amamentam” (Is 40,11); 

Abate a que estiver gorda e forte conforme o direito. O abatimento da ovelha gorda e forte significa a conclusão plena da sua missão. O abatimento prematuro ou qualquer outra forma de exploração, atenta contra o direito natural da ovelha. Todo bom pastor serve conforme o direito, não se torna personalista e nem se faz lei; 

“Julga entre ovelha e ovelha, entre carneiros e bodes”: o Bom Pastor é um promotor do discernimento e da justiça. O fato de ser “bom pastor” o faz ser sensível à justiça, à verdade, à honestidade. Por isso ele tem também a função de dirimir confusões, de resolver problemas, de definir disputas, de tomar decisões! Quando o pastor toma essa postura, as ovelhas se acolhem, se respeitam, e colaboram com o pastor.  

Muitas outras atitudes do Bom Pastor são denunciadas pela ovelha bem cuidada, como percebemos no Salmo 23. A alegria das ovelhas bem cuidadas acusa a bondade do pastor, ou seja, do líder. Deus é seu Pastor que tudo lhe assegura, que nada lhe deixa faltar (cf. Sl 23,1); conduz suas ovelhas por bons caminhos, para fontes seguras, repousantes, restaurando as forças do rebanho (cf. Sl 23,2-3); a confiança na firmeza do bom pastor leva a ovelha a não sentir medo diante dos perigos, inimigos e nem das circunstâncias adversas (cf. Sl 23,4-5). O Salmo termina fazendo referência aos sentimentos de alegria da ovelha bem cuidada: “felicidade e amor me acompanham todos os dias da minha vida” (Sl 23,6). 

 O Bom Pastor por excelência  

Jesus Cristo declarou: «Eu sou o Bom Pastor!» (Jo 10,11). De fato, durante toda a sua vida encontramos fantásticas atitudes marcadas pela perfeição do cuidado para com os seus liderados mais próximos e para com todas as pessoas. Vejamos algumas de suas atitudes presentes na parábola do Bom Pastor:  

A defesa da dignidade das ovelhas: «Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância» (Jo 10,10). A liderança não deve ser desvinculada de exigências éticas, seria uma contradição: Verdade e Amor se identificam (cf. Sl 85,11); Por outro lado, o cuidado deve ser de todas as ovelhas e não apenas de um grupo; 

A capacidade de doação (fazer-se oferta):  «Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas» (Jo 10,15). Todo bom pastor é capaz de doação generosa, de entrega de si mesmo. Trata-se do dinamismo de contínua dedicação que permeia a totalidade da sua vida. Nas atitudes do Bom Pastor observamos uma incondicional oblatividade: capacidade de sacrifício, percepção das necessidades, solicitude, operosidade incansável, entrega criativa e afetuosa. É na capacidade de doação que o líder demonstra a sua generosidade pastoral, não caindo no funcionalismo;  

A capacidade de relação: «Conheço as minhas ovelhas e as ovelhas me conhecem” (Jo 10,14). Na boa relação com as ovelhas está a fidelidade e o zelo do Pastor. O bom pastor segue seu rebanho acompanhando-o com carinho em todas as situações (cf. Sl 23); a relação de boa liderança pressupõe convivência, proximidade, escuta, diálogo, orientação, discernimento conjunto, senso de corresponsabilidade; 

A transcendência: «Tenho ainda outras ovelhas, devo conduzi-las também» (Jo 10,16). Trata-se de visão aberta, capaz de ir além das costumeiras fronteiras, padrões, esquemas, métodos… Visto que o Bom Pastor é «sinal (sacramento) e instrumento de Salvação» seu serviço não deve ser «confinado». A experiência da transcendência é típica de pessoas maduras, generosas, apaixonadas, otimistas, esperançosas, abertas ao novo… Bem lidera quem estimula seus liderados a “olhar” para o além. As palavras desenvolvimento, progresso, crescimento, transformação, processo, transfiguração, prosperidade… devem fazer parte dos ideais e da sensibilidade dos bons líderes.  

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

O que mais lhe chama a atenção nas atitudes dos maus pastores?  

Quais outras características do Bom Pastor você ressaltaria? 

Quais são os principais desafios que devemos enfrentar para sermos bons pastores? 

Fonte: CNBB

O Papa institui a Comissão dos Novos Mártires, testemunhas da fé

Em vista do Jubileu de 2025, Francisco decidiu criar um grupo de trabalho no Dicastério das Causas dos Santos para elaborar um catálogo de todos aqueles que derramaram seu sangue para confessar Cristo no último quarto de século: “Não podemos esquecê-los”. Uma busca estendida a todas as denominações cristãs e não apenas aos católicos


Em uma Carta divulgada na quarta-feira, 5 de julho, o Papa Francisco instituiu a “Comissão dos Novos Mártires – Testemunhas da Fé” no Dicastério das Causas dos Santos, em vista do Jubileu de 2025. O objetivo do grupo de trabalho será elaborar um Catálogo de todos aqueles que derramaram seu sangue para confessar Cristo e dar testemunho do Evangelho.

Instituída pelo Papa a “Comissão dos Novos Mártires, testemunhas da fé”

 

“Os mártires da Igreja – escreve Francisco – são testemunhas da esperança que vem da fé em Cristo e incita à verdadeira caridade. A esperança mantém viva a profunda convicção de que o bem é mais forte que o mal, porque Deus em Cristo venceu o pecado e a morte”. A Comissão continuará a busca, já iniciada por ocasião do Grande Jubileu de 2000, para identificar as Testemunhas da Fé neste primeiro quarto do século e para continuar no futuro.

“Os mártires – explica Francisco – acompanharam a vida da Igreja em todas as épocas e florescem como ‘frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor’ ainda hoje… Os mártires são mais numerosos em nosso tempo do que nos primeiros séculos: são bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, leigos e famílias que, nos diversos países do mundo, com o dom de suas vidas, ofereceram a prova suprema da caridade”. São João Paulo II já havia declarado em sua Carta Tertio millennio adveniente que tudo deve ser feito para assegurar que o legado dos “soldados desconhecidos da grande causa de Deus” não se perca. E em 7 de maio de 2000, esses mesmos mártires foram recordados durante uma celebração ecumênica, que reuniu no Coliseu, junto com o Bispo de Roma, representantes de Igrejas e comunidades eclesiais do mundo inteiro.

É o que Francisco tem repetidamente chamado de “ecumenismo de sangue”. “Também no próximo Jubileu – acrescenta o Papa – estaremos unidos para uma celebração semelhante. Com esta iniciativa, não pretendemos estabelecer novos critérios para a constatação canônica do martírio, mas continuar o levantamento iniciado daqueles que, até hoje, continuam a ser mortos simplesmente por serem cristãos”. “Trata-se, portanto, de continuar – explica o Pontífice – o reconhecimento histórico para recolher os testemunhos de vida, até o derramamento de sangue, dessas nossas irmãs e esses nossos irmãos, para que sua memória se destaque como um tesouro que a comunidade cristã salvaguarda. A pesquisa não se referirá apenas à Igreja católica, mas se estenderá a todas as denominações cristãs”.

“Mesmo nestes nossos tempos – lê-se mais adiante na Carta de Francisco – em que estamos testemunhando uma mudança de época, os cristãos continuam mostrando, em contextos de grande risco, a vitalidade do Batismo que nos une. Não são poucos, de fato, aqueles que, mesmo sabendo dos perigos que enfrentam, manifestam sua fé ou participam da Eucaristia dominical. Outros são mortos em seus esforços para ajudar na caridade a vida dos pobres, para cuidar daqueles que são descartados pela sociedade, para valorizar e promover o dom da paz e o poder do perdão. Outros, ainda, são vítimas silenciosas, individualmente ou em grupos, das agitações da história. Com todos eles temos uma grande dívida e não podemos esquecê-los”.

O trabalho da Comissão possibilitará, portanto, colocar lado a lado com os mártires, oficialmente reconhecidos pela Igreja, os testemunhos documentados – e são muitos, observa o Pontífice – desses “nossos irmãos e irmãs, dentro de um vasto panorama no qual ressoa a voz única da martyria dos cristãos”.  A Comissão terá que se valer da “contribuição ativa” das Igrejas particulares, dos institutos religiosos e de todas as outras realidades cristãs.

“Em um mundo onde, às vezes, parece que o mal prevalece – conclui Francisco – estou certo de que a elaboração deste Catálogo, também no contexto do iminente Jubileu, ajudará os fiéis a ler também o nosso tempo à luz da Páscoa, haurindo do tesouro de uma fidelidade tão generosa a Cristo as razões da vida e do bem”.

Fonte: Vatican News

Hoje é a festa de são Tomé, apóstolo que proclamou conhecida profissão de fé

Hoje (3), é celebrado são Tomé, recordado por ter duvidado da Ressurreição de Cristo até que o Senhor apareceu a ele, mostrando-lhe as chagas e o apóstolo fez uma profissão de fé, repetida muitas vezes até os dias de hoje. Mais tarde, veio a morrer como um grande mártir.

No evangelho de são João (20,19-29), Jesus ressuscitado apareceu aos seus discípulos quando as portas estavam trancadas, pôs-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco”.

Nesta ocasião, Tomé não estava presente e, quando seus companheiros lhe contaram que tinham visto o Senhor, ele duvidou. “Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei”, disse.

Oito dias depois, quando todos estavam novamente no mesmo lugar, inclusive Tomé, Jesus voltou a aparecer-lhes e repetiu a saudação: “A paz esteja convosco”.

Depois disse a Tomé: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus disse: “Creste, porque me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto”.

São Tomé era judeu, natural da Galileia e um pescador. Jesus o escolheu como um dos doze Apóstolos e foi a ele quem o Senhor fez uma revelação especial na Última Ceia.

“Disse-lhe Tomé: ‘Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?’ Jesus lhe respondeu: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim’” (Jo 14,5-6).

São Tomé pregou na Pérsia e região ao redor, Índia e Etiópia. A tradição diz que foi vendido como escravo para o rei indiano Gundafar, que buscava um arquiteto para construir seu palácio e sabia que o santo era conhecedor desta técnica.

O apóstolo pregou para a filha do rei sobre as vantagens da castidade e, por isso, foi aprisionado, mas milagrosamente escapou da prisão. No entanto, morreu como mártir na costa de Coromandel (Madrás – Índia). Ali foi descoberto seu corpo com marcas de lanças.

Séculos depois, seus ossos foram levados para Edessa e atualmente encontram-se na Catedral de Ortona (Itália).

É representado com uma lança ou um cinturão, porque se diz que, depois da Assunção de Maria, foi ao sepulcro dela e pegou o cinturão da Virgem que estava lá e que hoje é venerado na Catedral de Prato (Itália).

Fonte: ACI DIGITAL

ÓBOLO DE SÃO PEDRO

A cada ano a Igreja, na celebração de São Pedro e São Paulo, dia 29 de junho, ou no caso no Brasil, quando o dia 29 de junho não cai no domingo este é celebrado no primeiro domingo depois do dia 29, temos a coleta do óbolo de São Pedro. Neste ano a Coleta do Óbolo de São Pedro será no dia 02 de julho de 2023. São Pedro e São Paulo, colunas mestras da Igreja, entregaram-se de corpo e alma ao anúncio da fé e estabeleceram os fundamentos da Igreja visível para que continuasse seus trabalhos que irradiavam sua paixão pelo Mestre. Selaram com seu sangue este amor e deixaram-nos a firmeza da doutrina o seu exemplo para que continuemos a obra redentora até a consumação dos séculos. 

Em que consiste esta coleta? A Igreja realiza uma coleta denominada óbolo de São Pedro, destinada às necessidades da Igreja Universal cujo cuidado afeta prioritariamente aquele com quem todos estamos em comunhão, a quem foi conferida a missão de confirmar os seus irmãos. Com efeito, Jesus disse a Pedro: “E tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos” (cf. Lc 22,32).  

Esta coleta nasceu com iniciativa de anglo-saxões no século VIII para que, na unidade da Igreja sob o Papa, pudesse ela manter-se e cumprir também, organizadamente, sua missão. Rapidamente se espalhou pelos demais países da Europa. Como outras semelhantes, passou por muitas vicissitudes diversas ao longo dos séculos até que foi consagrada pelo Papa Pio IX através da sua Encíclica Saepe venerabilis, de 5 de agosto de 1871. No Brasil, firmou-se na coleta durante as Missas da festa de São Pedro.  

São Paulo, dirigindo-se aos Coríntios nos exorta: “Que cada um dê conforme decidiu em seu coração, não com tristeza ou por obrigação, pois Deus ama a quem dá com alegria” (cf. Cor 9,7). Assim, pertencemos a uma comunidade que crê, que vive a sua fé na união fraterna da caridade e que recebeu de Deus a missão de levar a Boa Nova ao mundo. Dentro desta conscientização, deve ser recebida com alegria todas as iniciativas e atividades que nos levem a vivê-la. 

Os Papas anteriores a Francisco, já haviam mencionado a respeito do óbolo de São Pedro: o Papa Bento XVI houve por bem pôr em relevo o significado particular do Óbolo com estas palavras: “O “Óbolo de São Pedro” é a expressão mais emblemática da participação de todos os fiéis nas iniciativas de caridade do Bispo de Roma a bem da Igreja universal. Trata-se de um gesto que se reveste de valor não apenas prático, mas também profundamente simbólico enquanto sinal de comunhão com o Papa e de atenção às necessidades dos irmãos; por isso, o vosso serviço possui um valor retintamente eclesial” (Discurso aos Sócios do Círculo de São Pedro, 25 de Fevereiro de 2006).  

Já o Papa São João Paulo II: “Conheceis as crescentes necessidades do apostolado, as carências das Comunidades eclesiais especialmente em terras de missão, os pedidos de ajuda que chegam de populações, indivíduos e famílias que vivem em precárias condições. Muitos esperam da Sé Apostólica uma ajuda que, muitas vezes, não conseguem encontrar noutro lugar. Vistas assim as coisas, o Óbolo constitui uma verdadeira e particular participação na ação evangelizadora, especialmente se se consideram o sentido e a importância de partilhar concretamente as solicitudes da Igreja universal” (São João Paulo II ao Círculo de São Pedro, 28 de fevereiro de 2003).  

O critério geral, que inspira a prática do Óbolo, remonta à Igreja primitiva: “A base primeira para a manutenção da Sé Apostólica deve ser constituída pelas ofertas dadas espontaneamente pelos católicos de todo o mundo, e eventualmente também por outras pessoas de boa vontade. Isto corresponde à tradição que tem origem no Evangelho (Lc 10,7) e nos ensinamentos dos Apóstolos (1 Cor 11,14)” (Carta de São João Paulo II ao Cardeal Secretário de Estado, 20 de novembro de 1982).  

A Esmolaria Pontifícia que cuida dos mais necessitados em nome do Papa, está desenvolvendo múltiplas atividades caritativas em favor dos mais humildes. Que neste ano possamos ter um coração generoso e ajudar o Santo Padre nestas atividades de caridade. Não cansemos de ser generosos para com a Igreja de Cristo! Que vivamos como as primeiras comunidades, no amor-mútuo e na caridade. 

Fonte: CNBB

SÃO PEDRO E SÃO PAULO: OS MISSIONÁRIOS E OS EDUCADORES DO SENHOR NA IGREJA ANTIGA E ATUAL

Nós celebramos no final do mês de Junho, início de Julho, especificamente no domingo a solenidade de São Pedro e São Paulo, dois apóstolos, dois grandes missionários e educadores do Senhor Jesus Cristo. Eles foram fiéis à mensagem evangélica proclamando-a para os outros, mas, sobretudo vivenciando-a em seus corações e nas suas atividades. Atualmente a doutrina sobre eles ajuntam-se a missão e também a educação, como formas de uma vida de doação, de amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Se Pedro era um dos membros dos doze apóstolos, escolhidos pelo Senhor para estarem com Ele e aprenderem a sua forma de viver e de atuar (Mc 3,13-19), Paulo teve um encontro com o Ressuscitado quando estava indo para Damasco (At 9, 1-9), encontro que o marcou para toda a sua existência, pois ele passou de perseguidor a seguidor de Jesus, cheio do Espírito Santo e da palavra evangélica. Hoje a missão e a educação continuam com o Papa Francisco, na sucessão apostólica. O Senhor Jesus o abençoe na caminhada. É muito importante fazer uma análise de suas vidas marcadas pelo Senhor, pela comunidade eclesial e a forma como eles inspiram a pastoral atual para que as pessoas doem as suas vidas ao Senhor, a exemplo de São Pedro e de São Paulo.  

O Espírito Santo presentes na vida dos apóstolos. 

A missão e a educação estavam ligadas nos dois apóstolos pelo dom do Espírito Santo, os dois Pentecostes ocorridos na vida dos pagãos através dos dois apóstolos. Pedro estava na casa de Cornélio pedindo para as pessoas buscarem uma vida de convertidos do Senhor, pois ele ainda estava falando do Espírito Santo quando Ele desceu sobre todos os que estavam escutando a palavra de Deus. Desta forma os fiéis de origem judaica que estavam com Pedro admirarem-se de que o dom do Espírito Santo fosse derramado sobre os pagãos (At 10, 44-45). Em Éfeso quando Paulo realizava o batismo em nome do Senhor Jesus para as pessoas, quando ele chegou à imposição das mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar em línguas e a profetizar (At 19, 5-7). Foram duas presenças do Espírito Santo que os impulsionou os fieis para a missão e a educação.  

A missão e a educação andaram juntas nos dois apóstolos. 

Pedro e Paulo foram seguidores do Senhor e deram as suas vidas pela causa do evangelho. É possível dizer que a missão e a educação andaram juntas nestes dois grandes seguidores de Cristo Jesus. Pedro aprendeu do Mestre a forma de servir e de amar as pessoas. No reconhecimento como Messias e Filho de Deus, o Senhor lhe confiou sobre a sua pedra, a construção da sua Igreja (Mt 16,18). Ele disse ao Senhor que só Ele tem palavras de vida eterna (Jo 6, 68). Ainda que não compreendesse o gesto de Jesus na última ceia de lavar os pés dos discípulos, mas ele aceitou que o Senhor lavasse os seus pés, as suas mãos e a sua cabeça (Jo 13,9). Diante das perguntas do Senhor se ele de fato o amava, Pedro prometeu um amor especial, primeiro ao Senhor para que ele apascentasse o rebanho do Senhor (Jo 21, 15-19). Pedro assumiu a missão de coordenar os seguidores do Senhor e também de educá-los nos valores da paz e do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Ele teve uma palavra muito importante no dia de Pentecostes, afirmando que Jesus era o Senhor e que o Pai o ressuscitou dos mortos, de modo que Deus o constituiu Senhor e Cristo (At 2,36) e na casa de Cornélio disse que nele há a salvação e o perdão dos pecados (At 10,43). Paulo foi missionário e educador de Jesus Cristo. Antes de sua conversão foi perseguidor dos seguidores e das seguidoras do Senhor. No caminho para Damasco onde tinha poderes para prender os cristãos, Jesus apareceu em sua vida, de modo que o encontro e a visão do Senhor foram a sua grande transformação de perseguidor para anunciador do Senhor Jesus, encarnado e Ressuscitado (At 9, 4-9). Ele não fez parte dos doze apóstolos, mas ele se tornou um grande apóstolo, o maior deles, cuja missão foi grande diante dos demais, como ele dirá por que foi uma pessoa imbuída pelo Espírito Santo a proclamar para as pessoas, aos povos, a mensagem de salvação do Senhor Jesus Cristo (1 Cor 15,9-10). Ele fez diversas viagens pelo mundo constituindo comunidades, formando pessoas para o seguimento do Senhor. Neste sentido ele foi também um grande educador das pessoas e dos povos, conduzindo-os para Deus. O Apóstolo disse que ainda que a comunidade de Coríntios tivesse milhares de educadores em Cristo, não tinham muitos pais, porque foi Ele que por meio do evangelho os gerou em Cristo Jesus (1 Cor 4,15).  

O que os santos padres disseram a respeito dos apóstolos, missionários e educadores?!

São Clemente de Roma, papa no final do século I e início do século II disse que Pedro e Paulo foram bons apóstolos, missionários e educadores. Pedro, pela inveja injusta, suportou muitas fadigas, sacrifícios, mas depois de ter prestado testemunho, isto é, de dar a sua vida pelo Senhor, foi para o lugar vitorioso que lhe era devido, a vida eterna com o Senhor. Paulo, da mesma forma, sofrendo pela inveja e a discórdia mostrou o preço reservado à perseverança. São Clemente disse que após ele ter alcançado os limites do Ocidente, deu um testemunho diante das autoridades, dando a sua vida pelo Senhor, foi para o lugar santo, tornando-se o maior modelo de perseverança. Em Roma, Pedro e Paulo foram mártires do Senhor, após uma missão e educação profícuas pela Igreja e pelo Reino de Deus.  

Roma: A Igreja que presidiu o amor e os seus fundadores. 

Santo Inácio de Antioquia, bispo nos séculos I e II afirmou que a Igreja de Roma, tendo presente os dois apóstolos, Pedro e Paulo, era aquela que presidia ao amor sem dúvida pela graças da missão e da educação. O fato era que a Igreja de Roma tinha a sua preferência por ser a primeira das Igrejas do mundo onde residia o sucessor dos apóstolos, Pedro e o grande evangelizador dos pagãos, Paulo. Ela é digna de ser chamada feliz, de louvor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai 

Santo Ireneu de Lião reforçou a Tradição Apostólica no sentido de que os Apóstolos Pedro e Paulo evangelizaram em Roma, tornando-se os dois fundadores daquela Igreja. Por isso foram chamados de missionários e de educadores da Igreja de Roma. 

O martírio dois missionários e educadores. 

Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V afirmou que Pedro foi o primeiro dos apóstolos pela missão que o Senhor lhe confiou na condução de sua Igreja, na qual o Senhor lhe daria as chaves do Reino dos céus (Mt 16,18-19). Paulo foi o grande evangelizador e educador na fé ao dizer que não se sentiria bem se não evangelizasse (1 Cor 9,16). Santo Agostinho disse que a Igreja celebrava o martírio dos dois apóstolos como se na verdade os dois eram como um só em Cristo Jesus. Eles deram o mesmo testemunho ao Senhor pela doação de suas vidas. Pedro foi à frente e Paulo o seguiu. É celebrado o dia festivo, consagrado para toda a Igreja pelo sangue dos apóstolos. É preciso segundo Santo Agostinho, amar a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos, as missões, as educações dadas, as pregações dos dois apóstolos, Pedro e Paulo. 

São Pedro e São Paulo seguiram a Jesus Cristo, amaram a Igreja do Senhor, foram missionários, educaram pessoas e povos para a vida que vem de Deus Uno e Trino em vista da salvação humana. Eles foram e são duas luzes no grande luzeiro que é o Senhor Jesus Cristo, na missionariedade e na educação para que mais pessoas sejam missionárias e educadoras da fé, da esperança e da caridade. O Senhor acompanhe o Papa Francisco na condução da Igreja pela paz, pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.  

Fonte: CNBB

PAPA: ROCHA, PONTE, GUARIDA E ROSTO DE CRISTO ENTRE NÓS

Papa Francisco em março de 2023

 

A Solenidade Martirial de São Pedro e São Paulo, fundadores da Igreja de Cristo, grandes luminárias que como olhos brilham no rosto da Igreja e a conduzem a partir e em nome de Cristo comemora o Dia do Papa. O múnus ou a função Petrina na Igreja, Primado de Pedro Príncipe dos Apóstolos como Pastor Universal é celebrada e reverenciada como fonte de unidade e fidelidade à Palavra do Senhor.  

O símbolo da Rocha expressa a consistência e permanência desta função de guardar a fé e manter a coesão doutrinal e pastoral da Igreja, não permitindo que a Palavra e o ensinamento do Mestre Divino sejam deturpados ou confundidos. Já a palavra Ponte vem de uma categoria de sacerdotes romanos (pontífices), e considera o Papa como elo entre Cristo e a humanidade e vínculo de amor comunhão entre os fiéis e os povos da terra.  

O termo guarida assinala mais a tarefa de ser amparo, ponto de encontro e espaço de paz e reconciliação a serviço do gênero humano, ajudando a curar feridas, socorrer as pessoas nos seus dramas e necessidades. Finalmente a expressão Rosto é devida a frase de Santa Catarina de Sena que definia ou via o Papa “como o doce Rosto de Cristo na Terra”.  

Esta citação carinhosa e devota quer revelar que o Papa como afirmava o Bispo Santo Inácio, vivência autenticamente o primado do amor, encarnando como ninguém a ternura e a misericórdia do Senhor Jesus, como cita o Papa Francisco, devemos ‘primeiriar’ no amor, no compromisso especialmente com os pobres.  

Estas quatro palavras chave nos fazem descobrir que o Papa mais que um príncipe ou chefe de Estado é um mensageiro que vive e testemunha com fidelidade e entrega total a presença de Cristo e do Reino para toda a humanidade e a Criação inteira.  

Que Deus proteja, ilumine e fortaleça nosso querido e amado Papa Francisco, tornando-o feliz e santificando-o plenamente, para ser sempre entre nós o sinal inequívoco do Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Deus seja louvado!  

Fonte: CNBB