Bombardeio sobre o Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial faz 80 anos

Papa Pio XII nas ruas de Roma. Crédito: Vatican Media

 

Há 80 anos, a Cidade do Vaticano sofreu um bombardeio aéreo no contexto da Segunda Guerra Mundial. Em 5 de novembro de 1943, às 20h05, um avião não identificado jogou cinco bombas de tamanho médio que atingiram os Jardins do Vaticano, ao lado dos muros em frente à colina Gianicolo. As bombas aéreas explodiram na estação de trem do Vaticano, no laboratório de mosaicos, ao lado da Basílica de São Pedro e em uma parte do Palácio Governatorato que era então destinado a fins residenciais. A quinta bomba não explodiu.

Os danos foram consideráveis ​​e causaram importantes perdas patrimoniais, especialmente no laboratório de mosaicos, onde alguns mosaicos valiosos estavam sendo restaurados.

Um artigo publicado por Vatican News recolhe as declarações do pesquisador Augusto Ferrara, que em seu livro “1943, Bombas sobre o Vaticano” assegura que o objetivo era interromper a transmissão da Rádio Vaticana.

Este ataque não foi o único sofrido pela cidade de Roma durante a Segunda Guerra Mundial. Em 19 de julho de 1943, a capital italiana foi alvo de um ataque aéreo no qual centenas de aviões aliados participaram e que causou cerca de três mil mortos e milhares de feridos.

O papa Pio XII, junto com dom Giovanni Battista Montini – futuro papa Paulo VI – não quis permanecer alheio ao sofrimento do povo romano e, quando as bombas continuaram explodindo, foi às ruas da Cidade Eterna para consolar e ajudar os vizinhos.

Pio XII repetiu o mesmo gesto durante um segundo bombardeio contra Roma em 13 de agosto de 1943, quando, precisamente, estava prevista uma Missa pelos falecidos no ataque anterior.

Fonte: ACI DIGITAL

Papa: somente o diálogo constrói a paz, não à violência e à guerra

O Papa recebeu na manhã desta segunda-feira (06/11) a delegação da Conferência dos Rabinos Europeus. Francisco fez novamente um apelo pela situação na Terra Santa, “contrariada pela baixeza do ódio e pelo barulho mortal das armas”.


A Terra Santa, assolada pelo ódio e pelo som das armas, mas também a preocupação com os atos antissemitas, a importância do diálogo e a relação judaico-cristã, estiveram no centro do discurso que o Papa entregou à Conferência dos Rabinos Europeus.

Ao receber a delegação, Francisco deu-lhes as boas-vindas e, afirmou: “acontece que não estou bem de saúde, e por isso prefiro não ler o discurso, mas entregá-lo a vocês e que vocês o façam”.

Não à violência e à guerra

No discurso preparado para a ocasião, o Papa afirma que o seu primeiro pensamento e sua primeira oração “são, acima de tudo, sobre o que aconteceu nas últimas semanas”. Novamente, recorda o Pontífice, “a violência e a guerra explodiram na Terra que, abençoada pelo Altíssimo, parece estar sendo continuamente contrariada pela baixeza do ódio e pelo barulho mortal das armas”, e ressaltou: “é preocupante a disseminação de manifestações antissemitas, que eu condeno firmemente”.

Francisco sublinha aos Rabinos que neste tempo de destruição, somos chamados, por todos e antes de todos, a construir a fraternidade e a abrir caminhos de reconciliação, em nome do Todo-Poderoso que, como diz outro profeta, tem “planos de paz e não de desgraça” (Jr 29:11). Não as armas, nem o terrorismo, nem a guerra, mas a compaixão, a justiça e o diálogo são os meios adequados para construir a paz.

A arte de dialogar

O ponto principal do texto de Francisco, entregue aos Rabinos Europeus, é sobre a importância do diálogo: “O ser humano, que tem uma natureza social e se encontra em contato com os outros, é realizado na rede de relações sociais. Nesse sentido, ele não só é capaz de dialogar, como também é o próprio diálogo. Suspenso entre o céu e a terra, somente em diálogo com o Além que o transcende e com o Outro que acompanha seus passos, ele pode compreender a si mesmo e amadurecer”, destaca o Santo Padre.

Francisco então explica que a palavra “diálogo” etimologicamente significa “por meio da palavra”. A Palavra do Altíssimo é a lâmpada que ilumina os caminhos da vida (cf. Sl 119,105): ela orienta nossos passos precisamente para a busca do próximo, para a acolhida, para a paciência; certamente não para a súbita corrida da vingança e a loucura do ódio bélico.

“Para nos tornarmos construtores da paz, somos chamados a ser construtores do diálogo. Não apenas com nossas próprias forças e habilidades, mas com a ajuda do Todo-Poderoso. Pois, “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores” (Sl 127, 1).”

Proximidade entre judeus e cristãos

Segundo o Papa, o diálogo com o judaísmo é de particular importância para os cristãos, “porque temos raízes judaicas. Jesus nasceu e viveu como judeu; Ele mesmo é o primeiro garantidor da herança judaica dentro do cristianismo e nós, que somos de Cristo, precisamos de vocês, queridos irmãos, precisamos do judaísmo para nos entendermos melhor”.

“Nossas tradições religiosas estão intimamente conectadas: elas não são dois credos não relacionados que se desenvolveram independentemente em espaços separados e sem influenciar um ao outro. O Papa João Paulo II, durante sua visita à Sinagoga de Roma, observou que a religião judaica não é extrínseca, ‘mas, de certa forma, é ‘intrínseca’ à nossa religião’. Ele os chamou de ‘nossos amados irmãos’, ‘nossos irmãos mais velhos’, recordou o Pontífice.

“Portanto, pode-se dizer que o nosso diálogo, mais do que um diálogo inter-religioso, é um diálogo familiar. De fato, quando fui à Sinagoga de Roma, disse que ‘pertencemos a uma só família, a família de Deus, que nos acompanha e nos protege como seu povo’.”

O discurso de Francisco conclui com a afirmação de que judeus e cristãos estão ligados uns aos outros diante do único Deus: “juntos, somos chamados a dar testemunho, com nosso diálogo, de sua palavra e, com nossa conduta, de sua paz”.

Fonte: Vatican News

PRESIDENTES DA CNBB, DA CÁRITAS E DA REPAM-BRASIL PEDEM ÀS DIOCESES QUE APOIEM AS VÍTIMAS DA SECA NA AMAZÔNIA

Continua a mobilização de toda a Igreja no Brasil para socorrer os irmãos e irmãs da Amazônia que sofrem com as consequências da estiagem na região. Os presidentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),  dom Jaime Spengler; da Cáritas Brasileira, dom Mário Antônio da Silva; e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), dom Evaristo Paschoal Spengler, assinaram a carta intitulada “Clamamos por uma Amazônia viva!”. No texto, conclamam toda as dioceses, paróquias e comunidades a unirem forças em oração e doação pelos que mais precisam, por meio da campanha “SOS Amazônia – defenda a vida, apoie agora”

Por conta da redução do nível dos rios, são mais de 500 mil pessoas afetadas pelos efeitos da estiagem e mais de 50 municípios do Amazonas em alerta de emergência, alguns deles isolados. Comunidades indígenas e ribeirinhas estão sem acesso à alimentação e água potável.

“A Amazônia clama pela nossa ajuda, nesse momento de sofrimento. A severa estiagem que atinge a região, está provocando uma série de dificuldades na vida das comunidades que dependem diretamente das águas dos rios para o seu sustento, navegação e sobrevivência”, afirmam os bispos.

20.10.23 Governador Wilson Lima leva ajuda humanitária  a Tefé
Foto: Alex Pazuello/Secom Governo do Amazonas

 

A campanha SOS Amazônia tem o objetivo de arrecadar recursos para a aquisição de produtos alimentares, água e outras necessidades que possam apoiar as famílias amazônidas afetadas pelos efeitos da estiagem.

“Conclamamos o auxílio das dioceses, paróquias e toda comunidade cristã para unir forças em oração e doação, pelos nossos irmãos e irmãs que mais precisam”, pedem na carta.

Confira a carta na íntegra.

As doações podem ser realizadas através das seguintes contas:

Banco do Brasil
Agência – 0452-9
Conta Corrente: n° 52.755-6
Pix: 33.654.419.0001-16 (CNPJ)

Caixa Econômica Federal
Agência – 1041
Operação – 003
Conta Corrente: 3573-5

Fonte: CNBB

O Papa: os cristãos são chamados a ser humildes trabalhadores, a servir

Em sua homilia, o Papa destacou que Bento XVI “nos recordou que a fé não é, primariamente, uma ideia a ser compreendida nem uma moral a ser abraçada, mas o encontro com uma Pessoa: Jesus Cristo”. Francisco recordou que os cristãos são chamados “a servir, não a serem servidos”.


Nesta sexta-feira (03/11), o Papa Francisco presidiu, na Basílica de São Pedro, a missa em sufrágio do Papa Bento XVI e dos Cardeais e Bispos falecidos no último ano.

Francisco compartilhou com os fiéis duas palavras sugeridas pelo Evangelho: compaixão e humildade.

Compaixão. Jesus está prestes a entrar em Naim e vê uma multidão saindo para sepultar o filho único de uma mãe que ficara viúva. O Evangelho diz: «Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela». Jesus a vê e se enche de compaixão.

A fé é o encontro com uma Pessoa: Jesus Cristo

Bento XVI, que hoje recordamos juntamente com os Cardeais e Bispos falecidos durante o ano transcorrido, escreveu em sua primeira Encíclica que o programa de Jesus é «um coração que vê». Quantas vezes nos recordou que a fé não é, primariamente, uma ideia a ser compreendida nem uma moral a ser abraçada, mas o encontro com uma Pessoa: Jesus Cristo. O coração d’Ele bate forte por nós, o seu olhar condói-se à vista do nosso sofrimento.

Como mostra o Evangelho, Jesus se detém diante da angústia por aquela morte. Sente “compaixão por uma mãe viúva que, ao ficar sem o único filho, perdeu a razão de viver. Assim é o nosso Deus, cuja divindade resplandece no contato com as nossas misérias, porque o seu coração é compassivo”.

A compaixão de Jesus é concreta

“A compaixão de Jesus tem uma caraterística: é concreta. Diz o Evangelho que Ele se aproxima e toca no caixão. Tocar no caixão de um morto era inútil; além disso, naquele tempo, era considerado um gesto impuro, que contaminava quem o fazia. Mas Jesus não presta atenção a isso, a sua compaixão elimina distâncias e o leva a aproximar-se. É o estilo de Deus, feito de proximidade, compaixão e ternura; e de poucas palavras”, disse ainda o Papa.

A compaixão do Senhor “chega ao ponto de reanimar aquele filho jovem. E Jesus o faz de um modo diferente dos outros milagres, ou seja, sem pedir sequer à mãe que tenha fé”. “Por que um prodígio assim extraordinário e tão raro?”, perguntou o Papa. “Porque aqui estão envolvidos o órfão e a viúva, que a Bíblia indica, junto com o estrangeiro, como as pessoas mais sós e abandonadas, que não podem confiar em mais ninguém senão em Deus. Por isso, são as pessoas mais íntimas e queridas do Senhor. Não podemos ser íntimos e queridos de Deus, ignorando aqueles que gozam da sua proteção e predileção e que hão de nos acolher no Céu”, sublinhou.

Crer-se necessitado de Deus e dar-lhe espaço

A seguir, o Papa refletiu sobre a segunda palavra: humildade. “O órfão e a viúva são realmente os humildes por excelência, aqueles que, colocando toda a esperança no Senhor e não em si mesmos, transferiram o centro da sua vida para Deus: contam, não sobre as suas próprias forças, mas sobre o Senhor que cuida deles. Irmãos e irmãs, esta é a humildade cristã. Não se trata de uma virtude entre outras, mas da predisposição basilar da vida: crer-se necessitado de Deus e dar-lhe espaço, depositando n’Ele toda a confiança”, disse o Pontífice.

De acordo com Francisco, “Deus ama a humildade, porque lhe permite interagir conosco. Mais, Deus ama a humildade, porque Ele mesmo é humilde. Desce até nós, abaixa-se; não se impõe, deixa espaço. Deus não só é humilde, mas é humildade. «Vós sois humildade»: rezava São Francisco de Assis. Pensemos no Pai, cujo nome é inteiramente uma referência ao Filho e não a si mesmo; e ao Filho, cujo nome é inteiramente relativo ao Pai. Deus ama aqueles que se descentralizam, isto é, os humildes: estes assemelham-se a Ele mais do que todos os outros. Por isso mesmo, como diz Jesus, «o que se humilha será exaltado»”.

Renunciar a si mesmo pela Igreja de Jesus

Gosto de recordar as palavras com que se apresentou, no início, o Papa Bento XVI: «humilde trabalhador na vinha do Senhor». Sim, os cristãos, sobretudo o Papa, os Cardeais, os Bispos, são chamados a ser humildes trabalhadores: a servir, não a ser servidos; a pensar menos nos próprios frutos e mais nos frutos da vinha do Senhor. E como é maravilhoso renunciar a si mesmo pela Igreja de Jesus!

O Papa convidou a todos a pedirem “a Deus um olhar compassivo e um coração humilde. Não nos cansemos de o pedir, porque é pela senda da compaixão e da humildade que o Senhor nos dá a sua vida, que vence a morte”. “Rezemos pelos nossos queridos irmãos defuntos. O seu coração foi pastoral, compassivo e humilde, porque o sentido da sua vida foi o Senhor. N’Ele, encontrem a paz eterna! Rejubilem com Maria, que o Senhor exaltou olhando para a sua humildade”, concluiu Francisco.

Fonte: Vatican News

Dia de Todos os Santos

Celebramos três momentos de santidade: o momento passado, o momento presente e o momento futuro.


«Fomos criados à imagem do Santo, isto é, de Deus. Sendo assim nosso modo de ser e de pensar é afinado com o modo de pensar e de agir de Deus. O contrário é aberração, é antinatural. A natureza humana foi feita para receber a divina.

Quando falamos de santos, estamos tendo como referencial o Santo, Deus. É santa aquela pessoa que amou, que fez o bem, que foi feliz. Exatamente por isso soube perdoar, interessou-se pelos demais. Podemos ter como ideário dos santos as Bem-Aventuranças. Viveram seu agir especialmente a partir dos valores apontados nesse discurso de Jesus.

Celebramos três momentos de santidade: o momento passado, o momento presente e o momento futuro.

A Santidade do tempo presente é medida pela vivência das Bem-Aventuranças. Por isso hoje é nosso dia também, dia daqueles que tem em cada uma das bem-aventuranças de Jesus os mandamentos de seu dia a dia.

Quando homenageamos alguém e o intitulamos santo, queremos reconhecer nele a ação da Graça Divina que se concretizou na configuração da imagem do Criador nessa criatura.

E nossa devoção vai muito além do que colocar flores e acender velas. Nossa devoção será imitar suas virtudes, seu testemunho de seguir Jesus Cristo.

Pouco importa a época em que tenham vivido e qual a vocação que Deus lhes tenha dado. Importa como viveram, como responderam aos chamados, como enfrentaram as dificuldades, como superaram seus próprios limites, como vivenciaram a fé, a esperança e o amor.

Fomos feitos à imagem do Santo, para sermos santos: “Sede santos porque eu sou Santo!”» (Lev 11, 44).

Fonte: Vatican News

DIA DE FINADOS

No Dia de Finados nos reunimos para lembrar e orar pelas almas daqueles que partiram deste mundo e para refletir sobre a vida eterna à luz das Escrituras Sagradas. 

É natural que, em uma ocasião como esta, nossos corações se encham de saudades e nossos olhos de lágrimas. A perda de entes queridos é uma experiência profundamente emocional e desafiadora, mas a fé nos oferece consolo e esperança. 

Nas palavras de Jesus, em João (11,25-26), Ele nos diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês isto?” Essas palavras nos lembram que, para aqueles que creem em Cristo, a morte não é o fim, mas sim uma transição para a vida eterna. 

Além disso, encontramos conforto nas palavras do Salmo (23,4): “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” O Senhor está sempre ao nosso lado, mesmo nos momentos mais sombrios, e Sua presença nos conforta. 

No Dia de Finados, lembramos não apenas aqueles que já partiram, mas também do nosso próprio destino. Como está escrito em Hebreus (9,27): “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo.” A morte é inevitável para todos nós e é uma chamada à reflexão sobre a maneira como vivemos nossas vidas. 

É um momento para lembrar que nossas ações e relacionamentos têm um impacto eterno. Como cristãos, somos chamados a viver uma vida de amor, compaixão e justiça, seguindo o exemplo de Jesus. Conforme Mateus (25,40), Jesus nos diz: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” Nossas boas ações em favor dos outros perduram na eternidade. 

Neste Dia de Finados, recordamos aqueles que partiram com carinho e respeito. Mas também lembramos que, ao enfrentarmos nossa própria mortalidade, podemos nos preparar espiritualmente para a vida eterna. Este é o momento de renovar nossa fé em Cristo e comprometer nossas vidas a seguir Seus ensinamentos, sabendo que Ele é a ressurreição e a vida, e que Nele encontramos esperança e consolo. 

Que neste dia, possamos encontrar paz e conforto nas promessas da Escritura Sagrada e renovar nossa fé em Jesus Cristo, que venceu a morte para nos dar a esperança da vida eterna. Amém. 

Fonte: CNBB

O Papa: a teologia deve ser capaz de interpretar o Evangelho no mundo de hoje

Com o Motu Proprio “Ad theologiam promovendam”, Francisco atualiza os Estatutos da Pontifícia Academia de Teologia, chamando-a a “uma corajosa revolução cultural” para ser profética e dialogante à luz da Revelação.


“Uma Igreja sinodal, missionária e ‘em saída’ só pode corresponder a uma teologia ‘em saída'” que possa “interpretar profeticamente o presente” prevendo “novos itinerários para o futuro, à luz da Revelação”. Nessa perspectiva, o Papa Francisco, com a Carta Apostólica na forma de Motu Proprio Ad theologiam promovendam, datada de 1º de novembro de 2023, decidiu atualizar os estatutos da Pontifícia Academia de Teologia. Instituída canonicamente por Clemente XI em 23 de abril de 1718, com o breve Inscrutabili, para “colocar a teologia a serviço da Igreja e do mundo”, a Academia evoluiu ao longo dos anos como um “grupo de estudiosos chamados a investigar e aprofundar temas teológicos de particular relevância”.

Agora, para o Pontífice, é hora de revisar as normas que regulam suas atividades “para torná-las mais adequadas à missão que nosso tempo impõe à teologia”. Abrindo-se ao mundo e ao homem, “com seus problemas, suas feridas, seus desafios, suas potencialidades”, a reflexão teológica deve abrir espaço para “um repensar epistemológico e metodológico”, sendo, portanto, chamada a “uma corajosa revolução cultural”. O que é necessário é “uma teologia fundamentalmente contextual”, escreve o Papa, “capaz de ler e interpretar o Evangelho nas condições em que os homens e as mulheres vivem diariamente, nos diferentes ambientes geográficos, sociais e culturais”.

Diálogo com diferentes tradições e disciplinas

A teologia deve “desenvolver-se em uma cultura do diálogo e do encontro entre as diversas tradições e os diversos saberes, entre as diversas confissões cristãs e as diversas religiões”, especifica a Carta Apostólica, deve confrontar-se “abertamente com todos, crentes e não crentes”. “É a abordagem da transdisciplinaridade”, especifica Francisco, que deve ser pensada – esclarece a Constituição Apostólica Veritatis gaudium – “como a colocação e a fermentação de todo conhecimento no espaço de Luz e Vida oferecido pela Sabedoria que emana da Revelação de Deus”. Por essa razão, a teologia deve “fazer uso de novas categorias desenvolvidas por outras formas de conhecimento, a fim de penetrar e comunicar as verdades da fé e transmitir o ensinamento de Jesus nas linguagens de hoje, com originalidade e consciência crítica”.

O “selo pastoral”

Depois, há a contribuição que a teologia pode dar “ao debate atual de ‘repensar o pensamento’, mostrando-se ser um verdadeiro saber crítico na medida em que é um conhecimento sapiencial”, um saber que não deve ser “abstrato e ideológico, mas espiritual”, enfatiza Francisco, “elaborado de joelhos, grávido de adoração e oração; um saber transcendente e, ao mesmo tempo, atento à voz do povo”. É uma “teologia popular” que o Papa pede, “misericordiosamente dirigida às feridas abertas da humanidade e da criação e dentro das dobras da história humana, para a qual profetiza a esperança de uma realização final”. Na prática, para Francisco, a teologia, como um todo, deve assumir um “selo pastoral” e, portanto, a reflexão teológica deve partir “dos diferentes contextos e situações concretas em que os povos estão inseridos”, colocando-se “a serviço da evangelização”.

Dom Staglianò: uma nova missão que envolve todo o povo de Deus

É uma nova missão, diz o presidente da Pontifícia Academia de Teologia, dom Antonio Staglianò, “promover, em todas as esferas do saber, o confronto e o diálogo para alcançar e envolver todo o povo de Deus na pesquisa teológica, de modo que a vida do povo possa se tornar vida teologal”.

Fonte: Vatican News

Vaticano publica Relatório Síntese do Sínodo

Documento está disponível apenas em italiano e aborda temas como o papel das mulheres, leigos e a missão digital da Igreja.

vaticano

Após quatro semanas de trabalhos, foi concluída a primeira sessão do Sínodo da Sinodalidade. Para preparar o caminho para a próxima sessão, que será realizada em 2024, a Santa Sé publicou o Relatório Síntese dos trabalhos desenvolvidos.

O documento, disponível por enquanto apenas em italiano, aborda temas como o papel das mulheres e leigos, o ministério dos bispos, o sacerdócio e diaconato, a importância dos pobres e migrantes, a missão digital da Igreja, ecumenismo e abusos.

São cerca de 40 páginas, dividas em três partes. A assembleia sinodal reafirmou “a abertura para ouvir e acompanhar todos, inclusive aqueles que sofreram abusos e ferimentos na Igreja”.

Defesa da vida

Um amplo espaço no Relatório é dedicado aos pobres. “Para a Igreja, a opção pelos pobres e descartados é uma categoria teológica antes de ser cultural, sociológica, política ou filosófica”, apresenta o documento.

O texto da assembleia também reforça o valor da vida desde a sua concepção. “Os mais vulneráveis dos vulneráveis, para os quais é necessária uma defesa constante, são as crianças no ventre materno e suas mães”.

Unidade em vista da evangelização

Sobre o ecumenismo, o documento indica uma “renovação espiritual” que requer “processos de arrependimento” e “cura da memória”. Cita-se também a expressão do Papa Francisco de um “ecumenismo do sangue”, ou seja, “cristãos de diferentes pertenças que juntos dão a vida pela fé em Cristo”.

Protagonismo do Espírito

No encerramento dos trabalhos, o Santo Padre reiterou que o protagonista do processo sinodal é o Espírito Santo e recomendou aos participantes “que levem consigo os textos de São Basílio e continuem meditando-os, porque isso pode ajudá-los”.

 

Fonte: Comunidade Shalom

O pesar do Papa pelas vítimas e danos causados pelo furacão em Acapulco

Telegrama de Francisco, assinado pelo cardeal Parolin: condolências às famílias dos falecidos e feridos pela calamidade que atingiu a costa sul do México nos últimos dias.


O Papa Francisco está “profundamente entristecido” pelo furacão que atingiu nos últimos dias Acapulco, no Estado de Guerrero, na costa sul do México, causando mortos, feridos e numerosos danos materiais. Num telegrama assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, enviado ao arcebispo de Acapulco, dom Leopoldo González González, nesta sexta-feira (27/10), o Papa “oferece fervorosas orações pelo descanso eterno dos defuntos, enquanto pede ao Senhor que conceda o seu consolo aos que sofrem os efeitos devastadores do furacão”.

Condolências às famílias dos falecidos

As orações do Pontífice são feitas também para aumentar “os sentimentos de ardente caridade na comunidade cristã a fim de colaborar na reconstrução das áreas afetadas”. Ainda no telegrama, Francisco envia as suas sentidas condolências aos familiares dos falecidos, bem como “a sua preocupação paterna e proximidade espiritual aos feridos e vítimas do querido povo de Acapulco”.

Vítimas e danos graves

O furacão Otis, classificado como categoria 5 (o máximo na escala Saffir-Simpson) chegou à costa do México, Oceano Pacífico, entre quarta-feira, 25, e quinta-feira, 26 de outubro. É um dos furacões mais fortes que já atingiu a costa mexicana. Neste momento há cerca de trinta vítimas, vários desaparecidos e na cidade costeira de Acapulco, o maior centro da região, edifícios e infraestruturas foram gravemente danificados.

Fonte: Vatican News

Câmara aprova projeto que cria o Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria

 

O deputado Luiz Gastão e a deputada Simone Marquetto na Câmara dos Deputados em Brasília (DF). | Cláudio Araújo

A Câmara dos Deputados aprovou ontem (25) o projeto de Lei 4943/23, que cria o Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria, a ser celebrado anualmente em 7 de outubro, festa de Nossa Senhora do Rosário. A proposta será enviada ao Senado.

“Esta data irá unir todos os católicos apostólicos romanos de nosso país e iremos resgatar nossa fé”, disse a deputada Simone Marquetto (MDB-SP), autora do projeto.

O deputado Luiz Gastão (PSD -CE), relator do projeto de lei, disse que o rosário “é uma prática de devoção amplamente difundida na cultura religiosa do Brasil”. Segundo ele, “por séculos”, o rosário “tem sido um símbolo de fé, esperança e proteção para os crentes, proporcionando conforto espiritual e orientação em momentos de adversidade”.

 

Fonte: ACI Digital

Vocação e Missão de Frei Galvão

A Igreja Católica recorda hoje Frei Galvão, que faleceu em 1822, com 83 anos, no Mosteiro da Luz, onde está sepultado. Foi canonizado em 2007, pelo Papa Bento XVI, em São Paulo. Não é preciso muito esforço para imaginar o coração de Frei Galvão ardendo por sua vocação. Uma vida totalmente voltada para as coisas do alto. Conheça um pouco da história vocacional do primeiro Santo brasileiro.


Já muito cedo o pequeno guaratinguetaense Antônio Galvão (1739-1822) descobriu junto de seus pais a grandeza de servir a Deus e sua Igreja. Sua família tinha uma rotina de práticas cristãs que impelia seu filho a ter a mesma prontidão e sensibilidade. Há um relato da infância de Frei Galvão que narra o dia em que ele passou a doar a uma senhora alguns dos utensílios domésticos àquela que lhe batia a porta. Uma ousadia evangélica que já era uma demonstração do que seria o servo de Deus.

Casa de Frei Galvão – Guaratinguetá

 

Aos treze anos, foi enviado ao Colégio dos Padres Jesuítas no distrito de Belém. Uma pequena cidade de Cachoeira, no Estado da Bahia. Neste internato permaneceu de 1752 a 1756. Este contato com os jesuítas não era necessariamente o início da sua vocação à vida consagrada ou aos ministérios ordenados. Era um esforço de seus pais por uma educação de qualidade aos seus filhos. Neste internato já estava um de seus irmãos mais velhos.

Voltando a sua cidade natal em 1756 passou a viver com sua família, mas agora sem a presença materna. Em 1755 Dona Isabel Leite, sua mãe, partiu para junto de Deus. Mais maduro e decidido se convenceu que sua vocação talvez seria a vida religiosa. Nessa busca de responder a essa inquietação, ele vai ao Convento Santa Clara na cidade de Taubaté – SP, cerca de 50 km de distância de Guaratinguetá, para ter contato com os frades franciscanos (OFM) que atuavam naquela fraternidade.

Tomado pelo espírito dos antigos profetas e surpreendido pela fala de Deus, responde:“Eis-me aqui, Senhor…”. Apressa os passos e com o coração desejoso de cumprir o mandato do Senhor, aos 21 anos, no dia 15 de abril de 1760, passou a viver no noviciado do Convento de São Boaventura, na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro.

Durante o noviciado distinguiu-se pela piedade e pela prática das virtudes, conforme consta no livro “Religiosos Brasileiros”. Depois da profissão religiosa, Frei Antônio foi admitido à ordenação sacerdotal aos 11 de julho de 1762. Os Superiores permitiram a sagrada ordenação porque julgaram suficientes os estudos teológicos feitos anteriormente.

Frei Galvão

 

Em 1762 foi transferido para São Paulo. Lá, ele trabalhou como pregador, confessor e também porteiro do Convento de São Francisco (centro da cidade). Da cidade de São Paulo partia para muitos outros lugares. Além do estado de São Paulo, o missionário se fez presente no Rio de Janeiro e também no estado do Paraná,  “Pés pressurosos e sempre a caminho anunciando Jesus Cristo”.

Em sua vocação e missão, Frei Antônio de Sant’ Anna Galvão destacou-se por muitas virtudes. Tornou-se um dos grandes pregadores e confessores da cidade de São Paulo. Defendeu as vidas mais frágeis (moribundos, enfermos, condenados, pobres). Reformou o estilo de vida das Monjas Concepcionistas (Ordem Santa Beatriz). Fundou o Convento de Luz na cidade de São Paulo. Fomentou a piedade do Povo, fazendo nascer um Santuário dedicado a Maria, na cidade de Piraí do Sul (PR). Colaborou como uma espécie de interventor na Ordem dos Frades Menores, zelando pela vida e o bom testemunho dos irmãos de sua ordem. E deixou, por fim, um grande sacramental de fé às pessoas. Estas são algumas realidades da vida de Frei Galvão que justificam sua santidade.

Convento de São Francisco – São Paulo

 

No ano de 1822 faleceu o frade franciscano com fama de santo. A invocação e confiança das pessoas em sua intercessão atravessaram os séculos até chegar o ano de 2007, quando o Papa Bento XVI proclamou o culto oficial em toda Igreja. Depois de mais mais de quinhentos anos os católicos brasileiros passam a ter o santo de sua casa.

Mosteiro da Luz – São Paulo

 

Somente alguém com o coração ardente é capaz de se colocar em missão. Assim foi Frei Galvão. Sua fama é conhecida por todos nós.

Somente alguém com o coração ardente é capaz de se colocar em missão. Assim foi Frei Galvão. Sua fama é conhecida por todos nós. Que ele interceda por muitos diante de suas necessidades. Que a sua vida encante os corações de outros jovens para a santidade, para a vocação e  missão.

Fonte: Vatican News

A “Carta ao Povo de Deus”: a sinodalidade é o caminho do terceiro milênio

A Carta da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus foi publicada nesta quarta-feira. A leitura do esboço da Carta foi recebida com aplausos pela assembleia na manhã de terça-feira.


Publicada nesta quarta-feira a Carta da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus. Eis a integrada da mesma:

Queridas irmãs e irmãos,

ao chegar ao fim dos trabalhos da primeira sessão da XVIa Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, queremos, com todos vós, dar graças a Deus pela bela e rica experiência que tivemos. Vivemos este tempo abençoado em profunda comunhão com todos vós. Fomos sustentados pelas vossas orações, trazendo conosco as vossas expectativas, os vossos questionamentos, e também os vossos receios. Já passaram dois anos desde que, a pedido do Papa Francisco, iniciámos um longo processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de Deus, sem excluir ninguém, para “caminhar juntos”, sob a guia do Espírito Santo, discípulos missionários no seguimento de Jesus Cristo.

A sessão que nos reuniu em Roma desde 30 de setembro foi um passo importante neste processo. Em muitos aspectos, foi uma experiência sem precedentes. Pela primeira vez, a convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude do seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates mas também nas votações desta Assembleia do Sínodo dos Bispos. Juntos, na complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutámos intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. Utilizando o método do diálogo no Espírito, partilhámos humildemente as riquezas e as pobrezas das nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir aquilo que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje. Assim, experimentámos também a importância de promover intercâmbios mútuos entre a tradição latina e as tradições do Oriente cristão. A participação de delegados fraternos de outras Igrejas e Comunidades eclesiais enriqueceu profundamente os nossos debates.

A nossa assembleia decorreu no contexto de um mundo em crise, cujas feridas e escandalosas desigualdades ressoaram dolorosamente nos nossos corações e conferiram aos nossos trabalhos uma gravidade peculiar, tanto mais que alguns de nós provinham de países onde a guerra deflagra. Rezámos pelas vítimas da violência assassina, sem esquecer todos aqueles que a miséria e a corrupção atiraram para os perigosos caminhos da migração. Comprometemo-nos a ser solidários e empenhados ao lado das mulheres e dos homens que operam em todo lugar do mundo como artesãos da justiça e da paz.

A convite do Santo Padre, demos um importante espaço ao silêncio para favorecer entre nós a escuta respeitosa e o desejo de comunhão no Espírito. Durante a vigília ecuménica de abertura, experimentámos o quanto a sede de unidade cresce na contemplação silenciosa de Cristo crucificado. “A cruz é, de facto, a única cátedra d’Aquele que, dando a sua vida pela salvação do mundo, confiou os seus discípulos ao Pai, para que ‘todos sejam um’ (Jo 17,21)”. Firmemente unidos na esperança que a Sua ressurreição nos dá, confiámos-lhe a nossa Casa comum, onde o clamor da terra e o clamor dos pobres ressoam cada vez com mais urgência: “Laudate Deum! “, recordou o Papa Francisco logo no início dos nossos trabalhos.

Dia após dia, sentimos um apelo premente à conversão pastoral e missionária. Com efeito, a vocação da Igreja é anunciar o Evangelho não se centrando em si mesma, mas pondo-se ao serviço do amor infinito com que Deus ama o mundo (cf. Jo 3,16). Quando lhes perguntaram o que esperam da Igreja por ocasião deste Sínodo, alguns sem-abrigo que vivem perto da Praça de S. Pedro responderam: “Amor! “. Este amor deve permanecer sempre o coração ardente da Igreja, o amor trinitário e eucarístico, como recordou o Papa evocando a mensagem de Santa Teresa do Menino Jesus a 15 de outubro, a meio da nossa assembleia. É a “confiança” que nos dá a audácia e a liberdade interior que experimentámos, não hesitando em exprimir livre e humildemente as nossas convergências e as nossas diferenças, os nossos desejos e as nossas interrogações, livre e humildemente.

E agora? Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024, permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra “sínodo”. Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica. Como o Papa reiterou no início deste processo, “Comunhão e missão correm o risco de permanecer termos algo abstractos se não cultivarmos uma práxis eclesial que exprima a concretude da sinodalidade (…), promovendo o envolvimento real de todos e de cada um” (9 de outubro de 2021). Os desafios são muitos, as questões numerosas: o relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma de prosseguir os trabalhos.

Para progredir no seu discernimento, a Igreja precisa absolutamente de escutar todos, a começar pelos mais pobres. Isto exige, de sua parte, um caminho de conversão, que é também um caminho de louvor: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Lc 10,21)! Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja. Escutar as pessoas que são vítimas do racismo em todas as suas formas, especialmente, nalgumas regiões, os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas. Acima de tudo, a Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial e de se empenhar concreta e estruturalmente para que isso não volte a acontecer. A Igreja precisa de escutar os leigos, mulheres e homens, todos chamados à santidade em virtude da sua vocação batismal: o testemunho dos catequistas, que em muitas situações são os primeiros anunciadores do Evangelho; a simplicidade e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória.

A Igreja precisa de colocar-se à escuta das famílias, as suas preocupações educativas, o testemunho cristão que oferecem no mundo de hoje. Precisa de acolher as vozes daqueles que desejam se envolver em ministérios leigos ou em órgãos participativos de discernimento e de tomada de decisões. Para progredir no discernimento sinodal, a Igreja tem particular necessidade de recolher ainda mais a palavra e a experiência dos ministros ordenados: os sacerdotes, primeiros colaboradores dos bispos, cujo ministério sacramental é indispensável à vida de todo o corpo; os diáconos, que com o seu ministério significam a solicitude de toda a Igreja ao serviço dos mais vulneráveis. Deve também deixar-se interpelar pela voz profética da vida consagrada, sentinela vigilante dos apelos do Espírito. Precisa ainda de estar atenta a todos aqueles que não partilham a sua fé, mas que procuram a verdade e nos quais o Espírito, que “a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido” (Gaudium et spes 22), também está presente e atua.

“O mundo em que vivemos, e que somos chamados a amar e a servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. É precisamente o caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milénio” (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015). Não tenhamos medo de responder a este apelo. A Virgem Maria, a primeira no caminho, nos acompanha em nossa peregrinação. Nas alegrias e nas fadigas, ela mostra-nos o seu Filho que nos convida à confiança. É Ele, Jesus, a nossa única esperança!

Cidade do Vaticano, 25 de outubro de 2023

Fonte: Vatican News