Domingo da alegria

Esta expressão é usada no terceiro domingo do Advento e a motivação para isto está na proximidade da chegada de Jesus, no Natal. As leituras bíblicas da liturgia desse domingo fazem referência e um convite, dizendo, “alegrai-vos sempre no Senhor!” (Fp 4,4). É como o agricultor que fica alegre quando chegam as chuvas e umedecem a terra, dando esperança de colheita com muita fartura. 

 A humanização de Deus acontece em função do bem da pessoa humana. Na verdade, é o Senhor que vem para dar nova vida, nova dignidade e liberdade para seus filhos. Isto significa superar as diversas tramas e atitudes opressivas que causam desespero e sofrimento para muita gente. O nascimento de Jesus aconteceu, e acontece hoje no coração das pessoas, para humanizar e divinizá-las. 

Fatos bíblicos do passado levaram à desumanização das populações. Podemos citar dois deles: A escravidão e sofrimento no Egito e a reclusão no Exílio da Babilônia. Nessas circunstâncias, o que dominava mesmo era o desespero, a falta de liberdade e a baixa autoestima. Cristo veio para restaurar a vida, a esperança e a alegria, tudo aquilo que faz as pessoas viverem bem e felizes. 

Ao falar de Natal, dizemos que Cristo se encarnou e nasceu para mudar a sorte do povo sofrido, porque só ele é capaz de criar encorajamento e fazer surgir vida totalmente nova numa realidade de sofrimento. Talvez seja lamentável sentir uma cultura que esvazia paulatinamente o verdadeiro e mais profundo sentido do Natal, transformando-o num clima mais comercial do que espiritual. 

A alegria que envolve um momento do Advento tem relação com as palavras de João Batista: “Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu. Não sou digno de levar suas sandalhas” (Mt 3,11). Significa a alegre chegada de novos ares, nova vida e nova esperança. É uma narrativa importante para os cristãos, porque Jesus é o Messias esperado desde um longínquo passado. 

Todo esse cenário bíblico remete para sinais sensíveis do vindouro Reino de Deus, o Reino da verdade. Por isto, é motivo de júbilo, de expectativa, que faz vislumbrar e consolidar a salvação, trazida por Cristo. Agora é ter sensibilidade e acolher, no fundo do coração, sua chegada, deixar-se transformar por ele e não permitir que a luz da esperança tome conta e esvazie nossa vida. 

Fonte: CNBB

Festa de Nossa Senhora da Luz 2026: Uma Identidade Visual Que Une Fé, Tradição e Cultura

Com grande entusiasmo, a Catedral da Luz anuncia a identidade visual oficial da Festa de Nossa Senhora da Luz 2026, uma obra de arte que transcende a simples ilustração para se tornar um verdadeiro manifesto de fé e cultura. A arte celebra a padroeira, unindo o sagrado à estética vibrante e profundamente enraizada da Xilogravura Nordestina.

Nesse sentido, a composição se baseia no contraste poderoso entre o amarelo ouro – que irradia o brilho da Luz e a glória divina – e o azul profundo, evocando o manto protetor de Maria e o céu estrelado. Ao centro, a imagem de Nossa Senhora da Luz emerge majestosa, emoldurada por um arco floral, e coroada pela icônica silhueta da Cruz de Brennand, um símbolo de fé e patrimônio localizado na Serra da Jurema.

Dessa forma, a composição visual não apenas homenageia a Virgem, mas também se ancora em marcos da nossa história, apresentando as silhuetas da Catedral da Luz e a figura devota de Frei Damião, unindo, de forma coesa, a devoção, a cultura popular e a forte identidade paraibana. Esta identidade visual, anunciando que “O BRILHO DA LUZ VEM AÍ!”, é um convite vibrante para a comunidade celebrar a Mãe de Deus sob o lema de exaltação: “ÉS PADROEIRA, ÉS MÃE TRIUNFAL.”

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Pascom Luz

Advento: a chama que nos desperta para o futuro de Deus

O Advento chega sempre como quem acende uma vela no escuro. De repente, a pequena chama abre espaço na noite e revela que há algo mais: um caminho, uma promessa, um horizonte que insiste em nascer. Em um mundo fatigado por urgências, distrações e um presente que muitas vezes parece repetir-se sem sentido, o Advento é a estação espiritual que nos devolve a coragem de esperar — não de braços cruzados, mas com o coração aceso. 

A liturgia deste tempo recorda que a fé cristã não é memória de um passado remoto, mas vigília pelo Cristo que vem. A Igreja convida-nos a entrar num tempo em que o futuro de Deus se torna urgente, quase palpável. A cada ano, a comunidade cristã repete com os primeiros discípulos: “Vem, Senhor!” – não como devoção ingênua, mas como confissão madura de que a criação inteira geme e sofre à espera de plenitude. O Advento, por isso, não celebra apenas o nascimento de Jesus em Belém; ele reacende em nós a esperança obstinada de sua vinda gloriosa, quando toda lágrima será enxugada e a justiça terá a última palavra. 

Entre ruídos do mundo e a casa interior 

No fundo, este tempo é uma provocação. A pergunta que ressoa, delicada e firme, é: ainda sabemos esperar? Entre telas luminosas, rotinas aceleradas e uma avalanche de informações, corremos o risco de perder a interioridade — aquela casa silenciosa onde Deus costuma falar. O Advento devolve-nos essa morada interior. Ensina que a verdadeira preparação acontece quando voltamos ao coração, onde o Espírito mantém viva a inquietação dos que buscam o Senhor como a aurora. 

Os antigos Padres afirmavam que o cristão é aquele que permanece vigilante, “sabendo que o Senhor vem”. Mas, para muitos, o Advento tornou-se apenas prólogo do Natal, uma espécie de cenário decorativo antes das festas. O texto que inspira esta reflexão denuncia esse perigo: a regressão simplória que reduz o Mistério à lembrança de um bebê na manjedoura. Quando isso acontece, empobrece-se a esperança cristã e perde-se a força transformadora deste tempo. O Advento não celebra apenas o Deus que veio — celebra o Deus que virá e que já vem hoje, misteriosamente, em cada gesto de justiça, em cada recomeço, em cada partilha. 

Há uma tensão bonita neste tempo: caminhamos “pela fé e não pela visão”. A salvação já foi inaugurada, mas ainda não chegou em sua plenitude. Vivemos entre o “já” e o “ainda não”, sustentados por uma esperança que não decepciona. Por isso, o Advento é o tempo dos que não desistem de acreditar que Deus reserva ao mundo um futuro de luz; tempo dos que lutam por dignidade, enfrentam a violência e caminham com os pobres à espera do dia em que a verdade brilhará como sol sem ocaso. 

Vigiar, discernir e manter a chama acesa 

Teilhard de Chardin perguntava: “Cristãos, que fizemos da espera do Senhor?” O Advento devolve atualidade a essa pergunta. Ele convoca-nos a manter acesa, sobre a terra, a chama do desejo. Ensina-nos a reconhecer os sinais discretos da chegada de Deus: um perdão concedido, uma reconciliação que parecia improvável, uma comunidade que reza e trabalha pela paz. A vinda do Senhor acontece onde há gestos de ternura, onde vidas feridas encontram cuidado, onde a justiça floresce mesmo em meio ao frio da noite. 

Celebrar o Advento é ousar acreditar que Deus vem ao nosso encontro — não apenas no final dos tempos, mas já agora, no entrelaçar da história humana com a história da graça. É permitir que a promessa do Reino reoriente nossas escolhas, desperte nossa solidariedade e renove nossa missão. É caminhar com o coração atento, como vigias que pressentem a aurora antes que ela apareça. 

Que este Advento reacenda em nós a chama do desejo de Deus. Que se abram nossos olhos para perceber sua passagem. Que despertemos para a urgência de sua vinda. E que nossa vida inteira se transforme em oração antiga e sempre nova: 

“Vem, Senhor Jesus!” 

Fonte: CNBB

A Medianeira não divide a Fé: Ela a ilumina

No dia 4 de novembro de 2025, foi publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé uma nota intitulada Mater Populi Fidelis (Mãe do Povo Fiel). O documento recorda que não é apropriado atribuir à Virgem Maria o título de “Co-redentora”, pois Cristo é o único Redentor da humanidade. Ao mesmo tempo, afirma que o título “Medianeira de Todas as Graças” pode ser usado na Igreja, desde que compreendido em seu sentido correto, sem ultrapassar os limites que a própria fé católica define. 

A publicação da nota ocorreu em plena Trezena da Romaria Estadual da Medianeira, em Santa Maria – a maior manifestação mariana do Rio Grande do Sul, que reúne centenas de milhares de peregrinos. Naturalmente, entre nós surgiu a pergunta: esse ensinamento coloca em risco nossa devoção? A resposta é clara: não. Ao contrário: a nota confirma e fortalece a forma pela qual, historicamente, vivemos e ensinamos o título de Medianeira em Santa Maria. 

Como Arcebispo desta Arquidiocese e devoto da Mãe Medianeira, desejo recordar a todos que nossa tradição permanece sólida, viva e plenamente fiel à doutrina da Igreja. O título de Medianeira chegou ao coração do Rio Grande por meio da piedade e do zelo apostólico do Pe. Inácio Valle, jesuíta, que difundiu esta devoção com grande amor a Cristo e à Igreja. Ele não inventou uma crença paralela, mas expressou, em linguagem simples e popular, uma verdade profunda da fé. 

Mãe que intercede  

A Nota Doutrinal Mater Populi Fidelis afirma exatamente isso: Maria não é fonte da graça, mas Mãe que intercede. Não é deusa, é discípula. Não é autora, é cooperadora. Toda graça vem de Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Mas Deus, em sua Providência, quis associar Maria de modo singular à vida e à missão de seu Filho. E esta é justamente a fé que o povo de Santa Maria sempre professou. 

Nossa devoção nunca afirmou que Maria age sozinha ou por autoridade própria. O povo fiel sempre entendeu que Maria é como a lua: não tem luz própria, mas reflete a luz do Sol da Justiça. Quando a chamamos de Medianeira, queremos dizer que ela nos conduz ao Filho; apresenta nossos pedidos ao Coração de Cristo, de onde jorra toda graça. 

Medianeira que conduz ao Cristo  

Maria não retém as graças, ela nos conduz ao Cristo, que é a própria Graça. Por isso, o Concílio Vaticano II ensina na constituição Lumen Gentium (62): 
A missão maternal de Maria de modo nenhum obscurece a única mediação de Cristo, mas manifesta a sua eficácia. A Bem-aventurada Virgem é invocada na Igreja como Advogada, Auxiliadora, Socorro e Medianeira, de modo que nada se tire nem acrescente à dignidade e eficácia de Cristo, único Mediador. 

O Concílio é claro: Maria pode ser chamada Medianeira, sim. Mas sua mediação é dependente, subordinada e participada. Não é paralela, nem concorrente à de Cristo. Ou seja: é mediação materna, não rival; intercessão, não substituição. 

Por isso, celebrar a Medianeira em Santa Maria não é apenas tradição: é profissão de fé. É afirmar que a esperança tem um rosto. Que não caminhamos sozinhos.
E que, quando a vida pesa, há uma Mãe que nos acompanha.  

Dessa Mãe, ouvimos de novo o conselho que sustenta a vida espiritual de todo cristão:
“Fazei tudo o que Ele vos disser.” 

Dom Leomar Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Fonte: CNBB

Por que o cristianismo deu origem ao melhor modelo de herói?

O verdadeiro herói cristão não é aquele que age apenas pelo gosto da aventura ou para responder a uma demanda social. É antes aquele que sente-se impelido a agir para cumprir uma vontade superior. E para oferecer ao homem aquilo de que ele realmente precisa.


Qual modelo de herói é mais adequado ao coração do homem? Qual modelo de herói corresponde melhor aos desejos do homem? Além disso, qual modelo de herói reflete com mais autenticidade a verdade sobre o homem? Para responder a essas perguntas, consideremos apenas dois modelos, o moderno e o medieval, entendendo por medieval aquele que se refere à sociedade cristã.

Comecemos pelo primeiro modelo. O herói moderno age apenas numa perspectiva “horizontal”, ou seja, colocando como único objetivo a realização de um mundo mais justo. Trata-se, portanto, de uma ação que parte de um pressuposto bem preciso, ou seja, que o homem precisa apenas realizar as suas aspirações materiais. Nesta perspectiva, não é de admirar que as ações dessas personagens sejam tudo menos edificantes. Estabelecer como único objetivo o aperfeiçoamento da vida terrena significa subordinar a grandeza individual, tornar cada homem útil a um projeto ideológico. É uma negligência voluntária do coração do homem e das suas questões mais profundas. Nessa perspectiva, a própria vida do “herói” torna-se pura alienação. De que adianta, de fato, sacrificar-se por um ideal, se esse mesmo ideal não pode servir ao homem e também a si mesmo? Qual é o sentido de se sacrificar, de fazer um apelo a si mesmo, se depois é preciso convencer-se de que se é apenas um animal um pouco mais evoluído, cuja vida se reduziria apenas ao “aqui e agora”?

“Percival em busca do Santo Graal”, por Ferdinand Leeke.
O modelo do herói cristão, representado na sua plenitude pelo cavaleiro medieval, é, ao contrário, completamente diferente. É um homem que luta para ajudar os mais fracos, para eliminar abusos e injustiças, mas sabe que a sua ação não pode se esgotar nisso. Ele sabe que a principal necessidade do homem não é alimentar-se (necessidade sem dúvida importante, mas não determinante), mas responder às perguntas fundamentais, encontrar o seu verdadeiro lugar na vida, na realidade e na história. 

Vejamos dois exemplos famosos do modelo de herói cristão. Trata-se de personagens imaginárias, mas verdadeiras. Imaginárias, porque não existiram realmente; verdadeiras, porque são realmente representativas do modelo de herói cristão.

O primeiro é Percival, da saga bretã. A ele é dada a tarefa de procurar o Santo Graal. Atenção: neste caso, o Graal não é o objeto mágico por excelência (como muitas vezes se pensa erroneamente), mas o objeto que remete ao verdadeiro sentido da vida, ou seja, o cálice que Jesus usou na primeira Missa da história e que conteve o seu Sangue. Portanto, um objeto que remete à razão da vida de cada um, razão que não pode estar senão no Sangue redentor do Verbo encarnado.

Bem, Percival é escolhido para essa tarefa por um motivo bem específico: porque é puro, porque não foi contaminado pelo pecado. Isso significa que a sua força não está nas capacidades musculares ou habilidades técnicas, mas no seu coração. Ele, portanto, se lança na verdadeira busca pela Vida. Obviamente, quando se depara com a miséria humana, inclina-se diante dela, procurando aliviar as feridas humanas, mas ao mesmo tempo não esquece que a verdadeira ajuda que pode dar aos irmãos é dar-lhes a verdadeira razão da vida, representada (justamente) pelo Santo Graal.

Frodo Baggins, na adaptação de “O Senhor dos Anéis” dirigida por Peter Jackson.

Outro exemplo que podemos dar — também imaginário, mas verdadeiro, no sentido que mencionamos anteriormente — é o de Frodo, protagonista do famoso romance O Senhor dos Anéis, do inglês J. R. R. Tolkien, um católico convicto. Frodo é chamado a uma tarefa enorme, mas decisiva: destruir o anel do poder, que simbolicamente representa a essência de todo o pecado, ou seja, a pretensão do homem de se tornar Deus. Frodo (por si só) não gostaria de realizar essa tarefa, ele que (como todos os hobbits) ama tão somente a vida doméstica e campestre do condado; mas ele sente que não pode recusá-la, por ser algo que só ele pode realizar.

Além disso, Frodo é um hobbit, ou seja, um “meio homem”, um homenzinho de baixa estatura, que obviamente não tem força por natureza; ao contrário, por natureza é muito fraco. Apesar disso, ele assume a missão, certo de que tudo se realizará confiando não em si mesmo, mas em algo mais. Aqui há — não por acaso — uma semelhança evidente com a figura de Davi, que decidiu recusar a armadura e enfrentar Golias sem nada, sabendo muito bem que a sua única arma seria a força do Senhor.

Portanto, o verdadeiro herói cristão não é aquele que age apenas pelo gosto da aventura ou para responder a uma demanda social, mas aquele que sente-se impelido a agir para cumprir uma vontade superior… e para oferecer ao homem aquilo de que ele realmente precisa.

Fonte: padrepauloricardo

CNBB lança o primeiro Manual de Catequética do Brasil

No dia15 de outubro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou o Manual de Catequética, uma obra inédita que fortalece a identidade brasileira. O material foi preparado pela Sociedade Brasileira de Catequetas (SBCat) e publicado pela Edições CNBB.

Segundo a CNBB, o Manual oferece fundamentos teológicos, pedagógicos e espirituais para que as dioceses, paróquias e catequistas “anunciem com mais vigor” o Evangelho. Nas palavras do Bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, é com alegria e satisfação que a Igreja no Brasil reconhece esse grande passo.

De acordo com o Padre Jânison de Sá, presidente da SBCat, no Brasil, há cerca de vinte anos havia a obra do salesiano espanhol Emilio Alberich, traduzida do italiano, e outra produzida pelo Conselho Episcopal Latino Americano (Celam). Agora, este novo texto revela-se como uma obra genuinamente brasileira.

CNBBCNBB

 

Desse modo, o Manual de Catequética servirá como um instrumento importante, uma referência para pesquisas e estudos em cursos de graduação, especialização e pós-graduação em Teologia, além de formar catequistas em diversos níveis. Segundo a CNBB, o Arcebispo de Santa Maria (RS), Dom Leomar Antônio Brustolin, que também preside a Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, afirmou que o livro é o resultado do esforço coletivo de muitos colaboradores.

Ao todo, 23 autores trabalharam durante dois anos para produzir a obra, que reflete a dedicação e a experiência de todos os envolvidos na missão catequética. “Ele quer ajudar as nossas comunidades e nossas lideranças a compreender que a fé não é apenas um conjunto de ideias, mas um caminho de discipulado, vivido na Palavra, na celebração e no testemunho de caridade”, disse Dom Leomar.

No caminho da sinodalidade

Uma das organizadoras do manual, irmã Sueli da Cruz Pereira, explicou que ele está dividido em 24 capítulos distribuídos em três partes, seguindo o caminho da sinodalidade da Igreja: comunhão, participação e missão.

Comunhão: aborda a Catequese como transmissão da fé, relacionando-a com a Sagrada Escritura, a Tradição, o magistério, a liturgia e a beleza.

Participação: trata da Catequese na história da Igreja, no Brasil e na atualidade, com enfoque na inspiração catecumenal.

Missão: foca na formação de catequistas e em temas pastorais, como ecologia, cultura digital e esperança.

O manual da CNBB é voltado a toda a comunidade eclesial, com atenção especial a catequistas, lideranças de pastorais e ministros ordenados. O objetivo é reafirmar a catequética como ciência, refletir a partir da realidade brasileira e servir como ponto de partida para professores e estudantes construírem uma reflexão sólida e atual, respeitando a tradição da Igreja.

Fonte: A12

A identidade da Igreja na Exortação Apostólica Dilexi te

Recebemos com filial atenção a primeira Exortação Apostólica de Sua Santidade, o Papa Leão XIV, Dilexi te. Este documento, que inaugura o seu magistério, não busca apresentar uma novidade doutrinal, mas, de forma sábia e pastoral, nos reconduzir ao coração do Evangelho e à identidade mais profunda da Igreja: o seu vínculo inseparável com Cristo pobre e, por consequência, com todos os pobres da terra. O Papa assume o legado de seu predecessor, o Papa Francisco, e nos oferece uma profunda meditação sobre o que significa ser discípulo de Jesus no mundo de hoje. 

O valor deste documento reside, primeiramente, em seu sólido fundamento bíblico. O Santo Padre não trata a caridade como um mero apêndice social da fé, mas como a sua consequência teológica direta. Ele nos recorda que o Deus que se revela no Êxodo é Aquele que “bem viu a opressão” e “ouviu o seu clamor”. Esta compaixão divina atinge seu ápice na Encarnação. O Papa Leão XIV insiste que a pobreza de Cristo não foi acidental, mas uma escolha salvífica: “sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza”. Portanto, quando a Igreja opta pelos pobres, ela não está fazendo uma escolha ideológica, mas sendo fiel à sua própria natureza cristológica. O pobre é um “sacramento” da presença de Cristo; ao tocá-lo, tocamos a “carne sofredora de Cristo”. 

O Papa Leão XIV dedica um longo e belo capítulo para demonstrar que esta não é uma preocupação moderna, mas a corrente viva da Tradição da Igreja. Não posso deixar de me alegrar ao ver o Santo Padre recordar a Regra de São Bento, que nos manda receber o pobre e o peregrino “porque sobretudo na pessoa desses, Cristo é recebido”. Esta regra de hospitalidade monástica é, na verdade, a regra de ouro para toda a Igreja. Em meus anos de pastoreio na Diocese de Caraguatatuba e na Arquidiocese de Passo Fundo, pude testemunhar inúmeras vezes como esta verdade é vivida nas bases. Vi a fé autêntica não apenas nos grandes eventos, mas no trabalho silencioso das pastorais sociais, na dedicação dos leigos que servem nas casas de passagem ou nas pastorais da criança e da pessoa idosa. Continuo, como arcebispo emérito, auxiliando entidades que cuidam de doentes, marginalizados e descartados da sociedade. Nestes lugares passo os melhores momentos de meus dias e dedico o meu apostolado. São esses gestos que constroem a Igreja e dão credibilidade ao Evangelho. O Papa nos mostra que São Francisco, São João Bosco ou Santa Dulce dos Pobres não são exceções heroicas, mas o modelo daquilo que toda a comunidade é chamada a ser. 

Contudo, a Exortação Apostólica nos alerta que a caridade individual não é suficiente. O documento retoma com vigor os ensinamentos da Doutrina Social da Igreja, insistindo na necessidade de combater as “causas estruturais da pobreza”. O Papa Leão XIV denuncia uma “ditadura de uma economia que mata”, que gera desigualdade e promove a “cultura do descarte”. A nossa fé, portanto, exige um compromisso social e político para transformar essas estruturas injustas. A fé não pode ser vivida apenas na esfera privada; ela deve ter uma incidência pública na busca pelo bem comum. 

Por fim, Dilexi te é um profundo exame de consciência para todos nós, pastores e fiéis. O Papa nos adverte severamente contra o risco do “mundanismo espiritual”, ou seja, de uma Igreja que se contenta com suas liturgias, reuniões e discursos, mas que se mantém tranquila e distante dos pobres. Ele afirma que uma comunidade assim corre o “risco da sua dissolução”. Que este primeiro grande ensinamento do Papa Leão XIV nos ajude a verificar se nossas paróquias e dioceses são verdadeiramente a casa de todos, mas especialmente a casa onde os pobres se sentem acolhidos como o próprio Cristo. 

Fonte: CNBB

Santa Teresa d’Ávila, a grande doutora da oração

Origens

Segunda filha de um judeu convertido, Santa Teresa de Ávila (também conhecida como Santa Teresa de Jesus), Teresa Sánchez de Cepeda Dávila y Ahumada, nasceu em Ávila (Castela), em 28 de março de 1515. A infância feliz, passada junto com irmãos e primos, a deixa fascinada por romances de cavalaria. Após a morte, em batalha, de seu irmão mais velho, Giovanni, em 1524, e a perda de sua mãe, Beatrice, a jovem foi enviada para estudar no mosteiro agostiniano de Nossa Senhora da Graça. Ali, foi atingida por uma primeira crise existencial.

Fuga para o Carmelo

Após uma grave doença, regressa à casa do pai, onde assiste à partida do seu querido irmão Rodrigo para as colônias espanholas no ultramar. Em 1536, foi atingida pela chamada “grande crise” e amadureceu a firme decisão de entrar no mosteiro com os Carmelitas da Encarnação de Ávila. Mas o pai se recusa e Teresa foge de casa. Acolhida pelas freiras, chegou à profissão em 3 de novembro de 1537.

Embates na saúde

Sua saúde logo se deteriora novamente. Apesar do consequente retorno à família, o caso é julgado desesperador.  Santa Teresa D’Ávila é levada de volta ao convento onde as freiras começam a preparar seu funeral. Inexplicavelmente, porém, em poucos dias, a paciente volta à vida. Parcialmente liberta dos compromissos da vida de clausura, devido à convalescença.

Mulher da mística

De carácter alegre, amante da música, da poesia, da leitura e da escrita, vai tecer uma densa rede de amizades, polarizando em torno de si várias pessoas desejosas de a conhecer. Mas em breve ela perceberá esses encontros como motivos de distração da tarefa principal da oração e experimentará sua “segunda conversão”: “Meus olhos caíram sobre uma imagem … Ela representava Nosso Senhor coberto de feridas. Assim que olhei para ela, me senti todo emocionado… Me joguei aos pés d’Ele em prantos e implorei que me desse forças para não mais ofendê-Lo”.

As visões e êxtases representam o capítulo mais misterioso e interessante da vida de Santa Teresa de Ávila. Na Autobiografia (escrita por ordem do bispo) e em outros textos e cartas, descreve as várias etapas das manifestações divinas, visuais e auditivas. Ela é vista levitando, desmaiando e permanecendo morta (é assim que Bernini a retratará por volta de 1650, na estátua de S. Maria Della Vittoria em Roma). Essas manifestações correspondem a um grande crescimento espiritual, que Teresa, naturalmente trazida à escrita e à poesia, vai derramar em seus textos místicos, entre os mais claros, poderosos, poéticos já escritos.

Reforma do Carmelo

Não compreendida nesta sua intensa espiritualidade e considerada por alguns dos seus confessores até vítima de ilusões demoníacas, é apoiada pelo jesuíta Francesco Borgia e pelo frade franciscano Pietro d’Alcántara, que dissiparão as dúvidas dos seus acusadores. Teresa sente que deve refundar o Carmelo para remediar uma certa desorganização interna. Em 1566, o Superior Geral da Ordem autorizou-o a fundar vários mosteiros em Castela, incluindo dois conventos de Carmelitas Descalços. Assim, surgem os conventos em Medina, Malagon e Valladolid (1568); Toledo e Pastrana (1569); Salamanca (1570); Alba de Tormes (1571); Segóvia, Beas e Sevilha (1574); Sória (1581); Burgos (1582), entre outros.

Santa Teresa  D’ Ávila: Fundadora e Amiga de João da Cruz

Amizade com João da Cruz

Decisivo, em 1567, foi o encontro entre Santa Teresa  D’ Ávila e um jovem estudante de Salamanca, recém ordenado sacerdote: com o nome de João da Cruz, o jovem assumiu a roupagem do Scalzi e acompanhou o fundador em suas viagens . Juntos, eles superaram vários eventos dolorosos, incluindo divisões dentro da ordem e até acusações de heresia. Eventualmente Santa Teresa  D’ Ávila prevalecerá com o nascimento da ordem reformada dos Carmelitas e Carmelitas Descalços.

Páscoa

A obra mais famosa de Teresa é certamente “O Castelo Interior”, um itinerário da alma em busca de Deus, por meio de sete passagens particulares de elevação, ladeadas pelo Caminho da Perfeição e pelos Fundamentos, bem como por muitas máximas, poemas e orações. Incansável apesar de sua saúde precária, Santa Teresa D’Ávila morreu em Alba de Tormes em 1582, durante uma de suas viagens.

Síntese

Virgem e doutora da Igreja: ingressou na Ordem Carmelita em Ávila na Espanha e tornou-se mãe e mestra de uma observância muito rigorosa, preparou em seu coração um caminho de aperfeiçoamento espiritual sob o aspecto de uma ascensão gradual da alma a Deus ; para a reforma de sua Ordem suportou muitas tribulações, que sempre superou com um espírito invencível; também escreveu livros imbuídos de elevada doutrina e carregados de sua profunda experiência.  Canonizada em 12 de março de 1622, pelo Papa Gregório XV.

Minha oração

“Ó doutora da oração, ensinai àqueles que te procuram uma vida verdadeiramente contemplativa que alcança a cada um em sua própria realidade. Convocai as almas para se entregarem verdadeiramente na intercessão, assim como novas vocações carmelitas. Que, através da oração, possamos encontrar a vontade de Deus. Amém.”

Santa Teresa de Jesus, rogai por nós!

 

Fonte: Canção Nova

Papa recebe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Vaticano

O encontro entre o presidente do Brasil e Leão XIV ocorreu nesta segunda-feira, 13 de outubro, no Palácio Apostólico do Vaticano. Em suas redes sociais, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que durante a audiência foram abordados temas como fé, justiça social e o combate à fome.


O Papa Leão XIV recebeu em visita privada, na manhã desta segunda-feira, 13 de outubro, no Vaticano, o presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva.

Diálogo sobre fé, justiça social e desafios globais

Em mensagem publicada na rede social X, o presidente brasileiro descreveu o encontro como “excelente” e destacou o diálogo com o Santo Padre sobre religião, fé, a realidade social do Brasil e os desafios contemporâneos do mundo.

Lula manifestou ao Pontífice seu reconhecimento pela Exortação Apostólica Dilexi Te, ressaltando a mensagem central do documento sobre a inseparabilidade entre fé e compromisso com os mais pobres. “Disse a ele que precisamos criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade e considero o documento uma referência, que precisa ser lido e praticado por todos”, escreveu.

Papa Leão XIV durante a visita privada do presidente Lula   (@Vatican Media)

Compromisso no combate à fome

A visita do presidente à Itália integra sua agenda no Fórum Mundial da Alimentação 2025, promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que celebra este ano seu 80º aniversário. O evento está diretamente ligado à iniciativa Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada com apoio do Brasil.

Lula informou ter partilhado com o Papa as ações de seu governo na superação da insegurança alimentar: “Falei ao Papa sobre minha participação hoje no encontro da FAO e como, em dois anos e meio, tiramos pela segunda vez o Brasil do Mapa da Fome. E, agora, estamos levando este debate para o mundo por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.”

Convite à COP30 e expectativa de visita ao Brasil

Durante a audiência, o presidente convidou o Papa Leão XIV a participar da COP30, que será realizada em Belém, no Pará. O Pontífice explicou que, por conta das celebrações do Jubileu, não poderá comparecer pessoalmente, mas assegurou a presença de uma representação do Vaticano no evento.

O presidente brasileiro destacou, ainda, a alegria em saber da intenção do Santo Padre de visitar o Brasil em momento oportuno. “Será muito bem recebido, com o carinho, o acolhimento e a fé do povo brasileiro”, afirmou. Lula recordou também as expressões de fé vividas recentemente no país, como o Círio de Nazaré e as celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Fonte: Vatican News

Eu te amei (Dilexi te)

O Santo Padre, Leão XIV nos envolve numa carta fraterna, pedindo, desde o início, que Dilexi te ajude a Igreja a servir os pobres e a conduzi-los a Cristo. O tom é de convocação universal, como quem reúne a família antes de partir em missão.  

O prólogo, centrado no “Eu te amei” do Apocalipse 3,9, dirigida à comunidade de Filadelfia “de pouca força”, dialoga com a promessa do Magnificat, que exalta os humildes. 

Não é um preâmbulo estético, mas uma chave de leitura gritando que o amor de Cristo preferiu o pequeno. 

A arquitetura interna do texto confirma esse itinerário. O índice deixa ver um percurso que vai da libertação concreta — “libertar os cativos”, “testemunhas da pobreza evangélica”, “instrução dos pobres”, “acompanhar os migrantes”, “ao lado dos últimos”, “movimentos populares” — à leitura histórica de um século de doutrina social, passando pelo discernimento das “estruturas de pecado” e culminando na afirmação dos pobres como sujeitos.  

Não são capítulos temáticos justapostos. Eles formam uma narrativa orgânica, na qual a contemplação se desdobra em instituições, e a liturgia transborda em justiça. 

É uma preferência que reorganiza a nossa pastoral, a nossa linguagem e o nosso orçamento. A costura com a Exortação apostólica Dilexit nosilumina o caminho e contempla o Coração de Jesus que se identifica com os últimos. A partir daí somos chamados a ser instrumentos de libertação; o amor contemplado se faz amor praticado, e o culto desemboca em atenção e cuidado.  

Há também uma delicadeza de sucessão espiritual. O texto nos conta que Papa Francisco preparava uma exortação sobre “o cuidado da Igreja pelos pobres e com os pobres”, e que esse desígnio é recebido como herança e assumido no início de um novo pontificado. O fio que passa de mão em mão não é apenas doutrina, é um desejo que todos percebam a ligação forte entre o amor de Cristo e o chamado a nos tornarmos próximos dos pobresNesta passagem, nós, leitores, somos discretamente introduzidos como herdeiros convocados para um recomeço.  

Depois, o documento finca estacas bíblicas. Retorna à sarça de Êxodo: “Eu vi… eu ouvi… eu desci… Agora, vai: eu te envio”. A gramática de Deus é a de um ver que escuta e de um ouvir que desce; e, se ficamos indiferentes ao clamor, não estamos neutros — pecamos contra o coração de Deus. Reconhecer essa gramática nos impede de transformar a caridade em filantropia e a missão em projeto. Aqui, a Escritura acende uma responsabilidade concreta: identificar-nos com o coração de Deus e traduzi-lo em presença, justiça e pão.  

O texto também situa “Dilexi te” dentro da grande travessia eclesial recente. O Concílio Vaticano IIleu a própria missão sob o sinal do bom samaritano; onde a opção preferencial pelos pobres “muda a história”, porque nos descentra da autorreferencialidade e reabre o ouvido para o clamor. O que se pede de nós não é uma opinião, mas uma conversão pastoral.  

No coração do itinerário, a Tradição aparece viva. Os Atos dos Apóstolos são lidos como gênese de uma Igreja que inventa diaconiapara que ninguém fique sem mesa; Estêvão, primeiro mártir, nasce precisamente desse lugar de serviço. E, dois séculos adiante, São Lourenço ergue os pobres como “tesouros da Igreja”, ensinando-nos que Cristo está onde o necessitado nos olha. É uma memória que julga o presente: ministérios e estruturas só se justificam quando guardam o tesouro que o diácono apresentou ao império. 

Entre esses gigantes da fé, o Papa introduz a nossa Santa Dulce dos Pobres, mulher de confiança evangélica concreta, capaz de transformar o pouco que dispunha em suficiente para todos.  

O documento não se contenta em nomearos pobres, mas deseja restitui-lhes a condição de sujeito 

Neste movimento, igualmente, decisivo,Dilexi tedialoga com Aparecida para lembrar que a opção pelos pobres está “implícita na fé cristológica” e não é um apêndice meramente sociológico, mas consequência da confissão do Deus que “se fez pobre por nós”. E, ao insistir que comunidades marginalizadas são sujeitos que geram cultura, celebram e comunicam a fé desde os seus valores fundamentais. A Exortação desloca a Igreja do “para” o pobre ao “com” os pobres. Aqui, a tradição latino-americana encontra ressonância universal e abre passagem a uma eclesiologia de mesa aberta, inclusiva, onde não falte lugar a ninguém. 

Há, ao longo das páginas, uma pedagogia do afeto que ganha forma. Renova-se a insistência em que a Igreja se cura servindo e se rejuvenesce inclinando-se; quando a caridade sai das intenções e entra na administração, no calendário, na homilia e na rua, o pobre volta a respirar 

Colocando “o pobre no centro”, Dilexi terepete, como refrão, a urgência de ver, ouvir, descer, enviar; acolher, partilhar, instituir, defender, como fundamento para uma santidade que não é abstração, mas estrutura reorganizada para que ninguém fique de fora.  

Ao final, fica a impressão bonita de que Dilexi te não nos entrega lemas, mas critério. O amor primeiro de Cristo (Eu te amei) torna-se medida do nosso amor; a mesa da Eucaristia pede a mesa dos esquecidos; a opção pelos pobres desideologiza a Igreja porque a reconduz à Revelação. 

Exegética e historicamente, Dilexi te não pretende inventar um caminho. Em vez, ela costura Ap 3 e Lc 1, Êxodo e Atos, Ambrósio e Aparecida, Concílio e caminho sinodal. Ao fazê-lo, devolve à Igreja a sua forma evangélica num povo que adora Deus no pão partido e O encontra de novo no pão repartido; um corpo que se deixa mover pelo Espírito para descer às encruzilhadas onde a humanidade sangra e a esperança ainda é minúscula. Recebê-la bem é deixar que esse sopro reordene o nosso passo — para que, a quem tem pouca força, a nossa vida sussurre o que o Senhor já disse: “Eu te amei”. 

Recebemos, assim, não um documento para ler, mas um programa espiritual e pastoral:ver como Deus vê, escutar como Ele escuta, descer como Ele desce, enviar-secomo Ele envia. Assim, juntos, — nós, Igreja inteira, retomaremos aquela experiência do início e diremos aos que têm pouca forçaEu também te amei.  

Fonte: CNBB

Padroeira do Brasil

A história começou em 1717, quando pescadores tiveram a surpresa de encontrar, no Rio Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo, a imagem da Mãe de Jesus e deram a ela o nome de Nossa Senhora Aparecida. Na atualidade, homenageada como Padroeira do Brasil, consegue atrair devotos marianos vindos de todo o país, fazendo da cidade de Aparecida expressão de grande concentração de romeiros. 

Como a rainha Ester, preocupada com a salvação do povo sofrido nas mãos de autoridades (Est 7,3), Nossa Senhora Aparecida torna-se refúgio para tantos brasileiros carentes de aconchego divino, fazendo dela instrumento de as pessoas “tocarem” em Deus. A Mãe de Jesus ajuda o povo a suprir o vazio causado pelo sofrimento de uma cultura que causa insegurança, pobreza, fome, violência e medo. 

Existe uma verdadeira devoção a Nossa Senhora Aparecida, que está estendida por todo o país, consolidada como Padroeira de muitas comunidades e paróquias. O dia doze de outubro passou a ser parada obrigatória para venerá-la como expressão de espiritualidade e busca da benção de Deus. Para isto, os devotos se movimentam, fazem peregrinações e vão ao encontro daquela em quem confiam. 

A beleza da Mãe de Jesus está expressa na sua humildade e nos atributos que a levam à dedicação total e à realização do projeto salvador de Deus. Por isto, tem uma força imensurável, provocando grandes aglomerações em muitas partes do mundo. É a Mãe da paz e se apresenta como alguém que vai na contramão do que acontece na cultura da violência, da destruição e da exclusão, nos dias de hoje. 

Maria é a mãe do sinal que, nas Bodas de Caná, interpela o Filho, Jesus, a iniciar e dar publicidade à sua vida pública. Começa com a transformação da água em vinho. Não mais a água, o Antigo Testamento, mas o vinho representando os novos tempos, com a chegado do Novo Testamento. Foi Maria, numa visão de futuro, a dizer para Jesus: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). 

Como refletimos no Ano Jubilar da esperança, “Peregrinos de Esperança”, a falta de vinho naquele importante momento celebrativo de casamento era expressão de tristeza, até de desespero para os responsáveis pela festa. Era como perder o sentido da vida e da esperança. Mas, na verdade, o vinho novo é Jesus, que age coadjuvado pela Mãe, totalmente embebida pelo tino missionário. 

Fonte: CNBB

O que faz com que a Igreja Católica seja a instituição com a maior confiança entre os brasileiros?

 

A Igreja Católica é a instituição que mais conta com a confiança dos brasileiros segundo pesquisa da Quaest sobre a relação do povo brasileiro com as instituições. O número dos que confiam na Igreja é de 73% dos entrevistados, o maior entre entidades governamentais, políticas e da sociedade civil. Dois fatores, entre uma extensa lista, podem ajudar a entender esse resultado: capilaridade e assistência religiosa.  

Presente em todo o território do país com 12.618 paróquias, a Igreja está próxima territorialmente das realidades da população brasileira. São 280 Igrejas Particulares – entre arquidioceses, dioceses, prelazias, etc – que, sob o governo dos bispos, conduz a ação evangelizadora na pregação do evangelho e na promoção humana dos fiéis e de todas as pessoas que se achegam às comunidades. 

Concretamente, esse número de paróquias e dioceses ganha corpo quando consideradas as pessoas que estão a serviço da Igreja. São os mais de 490 bispos, entre titulares, auxiliares e eméritos; 22 mil padres; 6 mil diáconos permanentes; 8 mil seminaristas maiores; 23 mil religiosas de vida consagrada e 4,8 mil irmãos de votos religiosos; além dos 2,7 mil leigos e leigas consagrados. 

Esse conjunto de homens e mulheres consagrados para o serviço ao povo de Deus constitui o retrato dos primeiros responsáveis pela assistência religiosa à população brasileira, seja na administração dos Sacramentos nas comunidades e paróquias, seja na ação pastoral realizada nas diversas frentes: junto às famílias, aos idosos e enfermos, aos povos originários, aos empobrecidos e excluídos, aos encarcerados e tantas outras realidades que demandam a mensagem do Evangelho.   

A capilaridade da Igreja Católica no Brasil ganha ainda mais força quando são lembrados os milhões de cristãos leigos e leigas comprometidos a ser “sal da terra, luz do mundo e fermento na massa”, como frequentemente destaca o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, quando fala do comprometimento dos fiéis católicos em todos os âmbitos da sociedade.  

A CNBB contabiliza mais de 122 mil pessoas que atuam em atividades missionárias e 120 mil catequistas em todo o Brasil, dedicados à formação na fé de crianças, adolescentes, jovens e adultos.  

Em sua mensagem ao povo de Deus, divulgada ao final de sua 61ª Assembleia Geral, os bispos agradeceram pela fé sincera, pela caridade vivida, a animação baseada na esperança cristã e disseram se confortados pela “vitalidade das comunidades que se reúnem em torno da Palavra de Deus, da Eucaristia e dos demais sacramentos”. 

“Vemos com alegria que nossa Igreja possui por toda parte grupos com intensa vida de oração, os quais dão expressão concreta à sua fé e impulsionando-os à prática da caridade”. 

Fonte: CNBB