Santa Teresa d’Ávila, a grande doutora da oração

Origens

Segunda filha de um judeu convertido, Santa Teresa de Ávila (também conhecida como Santa Teresa de Jesus), Teresa Sánchez de Cepeda Dávila y Ahumada, nasceu em Ávila (Castela), em 28 de março de 1515. A infância feliz, passada junto com irmãos e primos, a deixa fascinada por romances de cavalaria. Após a morte, em batalha, de seu irmão mais velho, Giovanni, em 1524, e a perda de sua mãe, Beatrice, a jovem foi enviada para estudar no mosteiro agostiniano de Nossa Senhora da Graça. Ali, foi atingida por uma primeira crise existencial.

Fuga para o Carmelo

Após uma grave doença, regressa à casa do pai, onde assiste à partida do seu querido irmão Rodrigo para as colônias espanholas no ultramar. Em 1536, foi atingida pela chamada “grande crise” e amadureceu a firme decisão de entrar no mosteiro com os Carmelitas da Encarnação de Ávila. Mas o pai se recusa e Teresa foge de casa. Acolhida pelas freiras, chegou à profissão em 3 de novembro de 1537.

Embates na saúde

Sua saúde logo se deteriora novamente. Apesar do consequente retorno à família, o caso é julgado desesperador.  Santa Teresa D’Ávila é levada de volta ao convento onde as freiras começam a preparar seu funeral. Inexplicavelmente, porém, em poucos dias, a paciente volta à vida. Parcialmente liberta dos compromissos da vida de clausura, devido à convalescença.

Mulher da mística

De carácter alegre, amante da música, da poesia, da leitura e da escrita, vai tecer uma densa rede de amizades, polarizando em torno de si várias pessoas desejosas de a conhecer. Mas em breve ela perceberá esses encontros como motivos de distração da tarefa principal da oração e experimentará sua “segunda conversão”: “Meus olhos caíram sobre uma imagem … Ela representava Nosso Senhor coberto de feridas. Assim que olhei para ela, me senti todo emocionado… Me joguei aos pés d’Ele em prantos e implorei que me desse forças para não mais ofendê-Lo”.

As visões e êxtases representam o capítulo mais misterioso e interessante da vida de Santa Teresa de Ávila. Na Autobiografia (escrita por ordem do bispo) e em outros textos e cartas, descreve as várias etapas das manifestações divinas, visuais e auditivas. Ela é vista levitando, desmaiando e permanecendo morta (é assim que Bernini a retratará por volta de 1650, na estátua de S. Maria Della Vittoria em Roma). Essas manifestações correspondem a um grande crescimento espiritual, que Teresa, naturalmente trazida à escrita e à poesia, vai derramar em seus textos místicos, entre os mais claros, poderosos, poéticos já escritos.

Reforma do Carmelo

Não compreendida nesta sua intensa espiritualidade e considerada por alguns dos seus confessores até vítima de ilusões demoníacas, é apoiada pelo jesuíta Francesco Borgia e pelo frade franciscano Pietro d’Alcántara, que dissiparão as dúvidas dos seus acusadores. Teresa sente que deve refundar o Carmelo para remediar uma certa desorganização interna. Em 1566, o Superior Geral da Ordem autorizou-o a fundar vários mosteiros em Castela, incluindo dois conventos de Carmelitas Descalços. Assim, surgem os conventos em Medina, Malagon e Valladolid (1568); Toledo e Pastrana (1569); Salamanca (1570); Alba de Tormes (1571); Segóvia, Beas e Sevilha (1574); Sória (1581); Burgos (1582), entre outros.

Santa Teresa  D’ Ávila: Fundadora e Amiga de João da Cruz

Amizade com João da Cruz

Decisivo, em 1567, foi o encontro entre Santa Teresa  D’ Ávila e um jovem estudante de Salamanca, recém ordenado sacerdote: com o nome de João da Cruz, o jovem assumiu a roupagem do Scalzi e acompanhou o fundador em suas viagens . Juntos, eles superaram vários eventos dolorosos, incluindo divisões dentro da ordem e até acusações de heresia. Eventualmente Santa Teresa  D’ Ávila prevalecerá com o nascimento da ordem reformada dos Carmelitas e Carmelitas Descalços.

Páscoa

A obra mais famosa de Teresa é certamente “O Castelo Interior”, um itinerário da alma em busca de Deus, por meio de sete passagens particulares de elevação, ladeadas pelo Caminho da Perfeição e pelos Fundamentos, bem como por muitas máximas, poemas e orações. Incansável apesar de sua saúde precária, Santa Teresa D’Ávila morreu em Alba de Tormes em 1582, durante uma de suas viagens.

Síntese

Virgem e doutora da Igreja: ingressou na Ordem Carmelita em Ávila na Espanha e tornou-se mãe e mestra de uma observância muito rigorosa, preparou em seu coração um caminho de aperfeiçoamento espiritual sob o aspecto de uma ascensão gradual da alma a Deus ; para a reforma de sua Ordem suportou muitas tribulações, que sempre superou com um espírito invencível; também escreveu livros imbuídos de elevada doutrina e carregados de sua profunda experiência.  Canonizada em 12 de março de 1622, pelo Papa Gregório XV.

Minha oração

“Ó doutora da oração, ensinai àqueles que te procuram uma vida verdadeiramente contemplativa que alcança a cada um em sua própria realidade. Convocai as almas para se entregarem verdadeiramente na intercessão, assim como novas vocações carmelitas. Que, através da oração, possamos encontrar a vontade de Deus. Amém.”

Santa Teresa de Jesus, rogai por nós!

 

Fonte: Canção Nova

Papa recebe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Vaticano

O encontro entre o presidente do Brasil e Leão XIV ocorreu nesta segunda-feira, 13 de outubro, no Palácio Apostólico do Vaticano. Em suas redes sociais, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que durante a audiência foram abordados temas como fé, justiça social e o combate à fome.


O Papa Leão XIV recebeu em visita privada, na manhã desta segunda-feira, 13 de outubro, no Vaticano, o presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva.

Diálogo sobre fé, justiça social e desafios globais

Em mensagem publicada na rede social X, o presidente brasileiro descreveu o encontro como “excelente” e destacou o diálogo com o Santo Padre sobre religião, fé, a realidade social do Brasil e os desafios contemporâneos do mundo.

Lula manifestou ao Pontífice seu reconhecimento pela Exortação Apostólica Dilexi Te, ressaltando a mensagem central do documento sobre a inseparabilidade entre fé e compromisso com os mais pobres. “Disse a ele que precisamos criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade e considero o documento uma referência, que precisa ser lido e praticado por todos”, escreveu.

Papa Leão XIV durante a visita privada do presidente Lula   (@Vatican Media)

Compromisso no combate à fome

A visita do presidente à Itália integra sua agenda no Fórum Mundial da Alimentação 2025, promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que celebra este ano seu 80º aniversário. O evento está diretamente ligado à iniciativa Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada com apoio do Brasil.

Lula informou ter partilhado com o Papa as ações de seu governo na superação da insegurança alimentar: “Falei ao Papa sobre minha participação hoje no encontro da FAO e como, em dois anos e meio, tiramos pela segunda vez o Brasil do Mapa da Fome. E, agora, estamos levando este debate para o mundo por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.”

Convite à COP30 e expectativa de visita ao Brasil

Durante a audiência, o presidente convidou o Papa Leão XIV a participar da COP30, que será realizada em Belém, no Pará. O Pontífice explicou que, por conta das celebrações do Jubileu, não poderá comparecer pessoalmente, mas assegurou a presença de uma representação do Vaticano no evento.

O presidente brasileiro destacou, ainda, a alegria em saber da intenção do Santo Padre de visitar o Brasil em momento oportuno. “Será muito bem recebido, com o carinho, o acolhimento e a fé do povo brasileiro”, afirmou. Lula recordou também as expressões de fé vividas recentemente no país, como o Círio de Nazaré e as celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Fonte: Vatican News

Eu te amei (Dilexi te)

O Santo Padre, Leão XIV nos envolve numa carta fraterna, pedindo, desde o início, que Dilexi te ajude a Igreja a servir os pobres e a conduzi-los a Cristo. O tom é de convocação universal, como quem reúne a família antes de partir em missão.  

O prólogo, centrado no “Eu te amei” do Apocalipse 3,9, dirigida à comunidade de Filadelfia “de pouca força”, dialoga com a promessa do Magnificat, que exalta os humildes. 

Não é um preâmbulo estético, mas uma chave de leitura gritando que o amor de Cristo preferiu o pequeno. 

A arquitetura interna do texto confirma esse itinerário. O índice deixa ver um percurso que vai da libertação concreta — “libertar os cativos”, “testemunhas da pobreza evangélica”, “instrução dos pobres”, “acompanhar os migrantes”, “ao lado dos últimos”, “movimentos populares” — à leitura histórica de um século de doutrina social, passando pelo discernimento das “estruturas de pecado” e culminando na afirmação dos pobres como sujeitos.  

Não são capítulos temáticos justapostos. Eles formam uma narrativa orgânica, na qual a contemplação se desdobra em instituições, e a liturgia transborda em justiça. 

É uma preferência que reorganiza a nossa pastoral, a nossa linguagem e o nosso orçamento. A costura com a Exortação apostólica Dilexit nosilumina o caminho e contempla o Coração de Jesus que se identifica com os últimos. A partir daí somos chamados a ser instrumentos de libertação; o amor contemplado se faz amor praticado, e o culto desemboca em atenção e cuidado.  

Há também uma delicadeza de sucessão espiritual. O texto nos conta que Papa Francisco preparava uma exortação sobre “o cuidado da Igreja pelos pobres e com os pobres”, e que esse desígnio é recebido como herança e assumido no início de um novo pontificado. O fio que passa de mão em mão não é apenas doutrina, é um desejo que todos percebam a ligação forte entre o amor de Cristo e o chamado a nos tornarmos próximos dos pobresNesta passagem, nós, leitores, somos discretamente introduzidos como herdeiros convocados para um recomeço.  

Depois, o documento finca estacas bíblicas. Retorna à sarça de Êxodo: “Eu vi… eu ouvi… eu desci… Agora, vai: eu te envio”. A gramática de Deus é a de um ver que escuta e de um ouvir que desce; e, se ficamos indiferentes ao clamor, não estamos neutros — pecamos contra o coração de Deus. Reconhecer essa gramática nos impede de transformar a caridade em filantropia e a missão em projeto. Aqui, a Escritura acende uma responsabilidade concreta: identificar-nos com o coração de Deus e traduzi-lo em presença, justiça e pão.  

O texto também situa “Dilexi te” dentro da grande travessia eclesial recente. O Concílio Vaticano IIleu a própria missão sob o sinal do bom samaritano; onde a opção preferencial pelos pobres “muda a história”, porque nos descentra da autorreferencialidade e reabre o ouvido para o clamor. O que se pede de nós não é uma opinião, mas uma conversão pastoral.  

No coração do itinerário, a Tradição aparece viva. Os Atos dos Apóstolos são lidos como gênese de uma Igreja que inventa diaconiapara que ninguém fique sem mesa; Estêvão, primeiro mártir, nasce precisamente desse lugar de serviço. E, dois séculos adiante, São Lourenço ergue os pobres como “tesouros da Igreja”, ensinando-nos que Cristo está onde o necessitado nos olha. É uma memória que julga o presente: ministérios e estruturas só se justificam quando guardam o tesouro que o diácono apresentou ao império. 

Entre esses gigantes da fé, o Papa introduz a nossa Santa Dulce dos Pobres, mulher de confiança evangélica concreta, capaz de transformar o pouco que dispunha em suficiente para todos.  

O documento não se contenta em nomearos pobres, mas deseja restitui-lhes a condição de sujeito 

Neste movimento, igualmente, decisivo,Dilexi tedialoga com Aparecida para lembrar que a opção pelos pobres está “implícita na fé cristológica” e não é um apêndice meramente sociológico, mas consequência da confissão do Deus que “se fez pobre por nós”. E, ao insistir que comunidades marginalizadas são sujeitos que geram cultura, celebram e comunicam a fé desde os seus valores fundamentais. A Exortação desloca a Igreja do “para” o pobre ao “com” os pobres. Aqui, a tradição latino-americana encontra ressonância universal e abre passagem a uma eclesiologia de mesa aberta, inclusiva, onde não falte lugar a ninguém. 

Há, ao longo das páginas, uma pedagogia do afeto que ganha forma. Renova-se a insistência em que a Igreja se cura servindo e se rejuvenesce inclinando-se; quando a caridade sai das intenções e entra na administração, no calendário, na homilia e na rua, o pobre volta a respirar 

Colocando “o pobre no centro”, Dilexi terepete, como refrão, a urgência de ver, ouvir, descer, enviar; acolher, partilhar, instituir, defender, como fundamento para uma santidade que não é abstração, mas estrutura reorganizada para que ninguém fique de fora.  

Ao final, fica a impressão bonita de que Dilexi te não nos entrega lemas, mas critério. O amor primeiro de Cristo (Eu te amei) torna-se medida do nosso amor; a mesa da Eucaristia pede a mesa dos esquecidos; a opção pelos pobres desideologiza a Igreja porque a reconduz à Revelação. 

Exegética e historicamente, Dilexi te não pretende inventar um caminho. Em vez, ela costura Ap 3 e Lc 1, Êxodo e Atos, Ambrósio e Aparecida, Concílio e caminho sinodal. Ao fazê-lo, devolve à Igreja a sua forma evangélica num povo que adora Deus no pão partido e O encontra de novo no pão repartido; um corpo que se deixa mover pelo Espírito para descer às encruzilhadas onde a humanidade sangra e a esperança ainda é minúscula. Recebê-la bem é deixar que esse sopro reordene o nosso passo — para que, a quem tem pouca força, a nossa vida sussurre o que o Senhor já disse: “Eu te amei”. 

Recebemos, assim, não um documento para ler, mas um programa espiritual e pastoral:ver como Deus vê, escutar como Ele escuta, descer como Ele desce, enviar-secomo Ele envia. Assim, juntos, — nós, Igreja inteira, retomaremos aquela experiência do início e diremos aos que têm pouca forçaEu também te amei.  

Fonte: CNBB

Padroeira do Brasil

A história começou em 1717, quando pescadores tiveram a surpresa de encontrar, no Rio Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo, a imagem da Mãe de Jesus e deram a ela o nome de Nossa Senhora Aparecida. Na atualidade, homenageada como Padroeira do Brasil, consegue atrair devotos marianos vindos de todo o país, fazendo da cidade de Aparecida expressão de grande concentração de romeiros. 

Como a rainha Ester, preocupada com a salvação do povo sofrido nas mãos de autoridades (Est 7,3), Nossa Senhora Aparecida torna-se refúgio para tantos brasileiros carentes de aconchego divino, fazendo dela instrumento de as pessoas “tocarem” em Deus. A Mãe de Jesus ajuda o povo a suprir o vazio causado pelo sofrimento de uma cultura que causa insegurança, pobreza, fome, violência e medo. 

Existe uma verdadeira devoção a Nossa Senhora Aparecida, que está estendida por todo o país, consolidada como Padroeira de muitas comunidades e paróquias. O dia doze de outubro passou a ser parada obrigatória para venerá-la como expressão de espiritualidade e busca da benção de Deus. Para isto, os devotos se movimentam, fazem peregrinações e vão ao encontro daquela em quem confiam. 

A beleza da Mãe de Jesus está expressa na sua humildade e nos atributos que a levam à dedicação total e à realização do projeto salvador de Deus. Por isto, tem uma força imensurável, provocando grandes aglomerações em muitas partes do mundo. É a Mãe da paz e se apresenta como alguém que vai na contramão do que acontece na cultura da violência, da destruição e da exclusão, nos dias de hoje. 

Maria é a mãe do sinal que, nas Bodas de Caná, interpela o Filho, Jesus, a iniciar e dar publicidade à sua vida pública. Começa com a transformação da água em vinho. Não mais a água, o Antigo Testamento, mas o vinho representando os novos tempos, com a chegado do Novo Testamento. Foi Maria, numa visão de futuro, a dizer para Jesus: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). 

Como refletimos no Ano Jubilar da esperança, “Peregrinos de Esperança”, a falta de vinho naquele importante momento celebrativo de casamento era expressão de tristeza, até de desespero para os responsáveis pela festa. Era como perder o sentido da vida e da esperança. Mas, na verdade, o vinho novo é Jesus, que age coadjuvado pela Mãe, totalmente embebida pelo tino missionário. 

Fonte: CNBB

O que faz com que a Igreja Católica seja a instituição com a maior confiança entre os brasileiros?

 

A Igreja Católica é a instituição que mais conta com a confiança dos brasileiros segundo pesquisa da Quaest sobre a relação do povo brasileiro com as instituições. O número dos que confiam na Igreja é de 73% dos entrevistados, o maior entre entidades governamentais, políticas e da sociedade civil. Dois fatores, entre uma extensa lista, podem ajudar a entender esse resultado: capilaridade e assistência religiosa.  

Presente em todo o território do país com 12.618 paróquias, a Igreja está próxima territorialmente das realidades da população brasileira. São 280 Igrejas Particulares – entre arquidioceses, dioceses, prelazias, etc – que, sob o governo dos bispos, conduz a ação evangelizadora na pregação do evangelho e na promoção humana dos fiéis e de todas as pessoas que se achegam às comunidades. 

Concretamente, esse número de paróquias e dioceses ganha corpo quando consideradas as pessoas que estão a serviço da Igreja. São os mais de 490 bispos, entre titulares, auxiliares e eméritos; 22 mil padres; 6 mil diáconos permanentes; 8 mil seminaristas maiores; 23 mil religiosas de vida consagrada e 4,8 mil irmãos de votos religiosos; além dos 2,7 mil leigos e leigas consagrados. 

Esse conjunto de homens e mulheres consagrados para o serviço ao povo de Deus constitui o retrato dos primeiros responsáveis pela assistência religiosa à população brasileira, seja na administração dos Sacramentos nas comunidades e paróquias, seja na ação pastoral realizada nas diversas frentes: junto às famílias, aos idosos e enfermos, aos povos originários, aos empobrecidos e excluídos, aos encarcerados e tantas outras realidades que demandam a mensagem do Evangelho.   

A capilaridade da Igreja Católica no Brasil ganha ainda mais força quando são lembrados os milhões de cristãos leigos e leigas comprometidos a ser “sal da terra, luz do mundo e fermento na massa”, como frequentemente destaca o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, quando fala do comprometimento dos fiéis católicos em todos os âmbitos da sociedade.  

A CNBB contabiliza mais de 122 mil pessoas que atuam em atividades missionárias e 120 mil catequistas em todo o Brasil, dedicados à formação na fé de crianças, adolescentes, jovens e adultos.  

Em sua mensagem ao povo de Deus, divulgada ao final de sua 61ª Assembleia Geral, os bispos agradeceram pela fé sincera, pela caridade vivida, a animação baseada na esperança cristã e disseram se confortados pela “vitalidade das comunidades que se reúnem em torno da Palavra de Deus, da Eucaristia e dos demais sacramentos”. 

“Vemos com alegria que nossa Igreja possui por toda parte grupos com intensa vida de oração, os quais dão expressão concreta à sua fé e impulsionando-os à prática da caridade”. 

Fonte: CNBB

Lançado o hino da Campanha da Fraternidade 2026. Ouças nas plataformas digitais

A Edições CNBB divulgou nesta segunda-feira, 29 de setembro, o hino da Campanha da Fraternidade 2026, com o tema “Fraternidade e Moradia”. A letra da música é de Crisógono Sabino e a melodia de Carlos Alberto Santos, escolhidas após o concurso organizado pelo Setor Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Setor Música Litúrgica da Comissão Episcopal para a Liturgia.

O material finalizado contou com arranjo instrumental do maestro Antônio Karam. Já a produção artística, a direção musical, o arranjo vocal e a regência ficou sob a responsabilidade do frei Telles Ramon.

Confira a letra do hino da CF 2026:

1. No caminho da vida sofrida,
há irmãos sem abrigo, sem chão.
Na calçada, no bairro, na espera,
brota o grito, o clamor do irmão.
Mas o Verbo se fez moradia
no presépio da simplicidade:
vem morar com o pobre sofrido,
transformando a dor em bondade!

“Ele veio morar entre nós” (Jo 1,14),
Deus conosco em cada irmão!
Por um lar de amor e justiça,
nosso canto as nações ouvirão.

2. Onde falta direito e cuidado,
sobra medo, abandono e dor.
Mas a fé, que se faz compromisso,
ergue a voz com firmeza e ardor!
Quando o amor for tijolo e telhado,
e a justiça a nossa missão,
cada casa será testemunho
do Evangelho de Cristo em ação!

3. Se o profeta levanta sua voz,
é o Cristo que clama também:
“Dai morada ao pequeno e ao fraco,
sede os braços que acolhem o bem!”.
Nossa fé não se finda no altar:
partilhar brota em nós comunhão.
Espalhando as sementes do amor,
nossa fé faz de nós mais irmãos!

A escolha da música

Para a definição do hino da CF 2026, os setores de Música Litúrgica e de Campanhas da CNBB realizaram um concurso, supervisionado pelo presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia, dom Hernaldo Pinto Farias, e o secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers.

Em 4 de abril, foi lançado o edital do concurso, com ampla divulgação no site e nas redes sociais da CNBB. Os compositores foram convidados a participar gratuitamente das formações online, no mês de maio, nas quais foi possível conhecer o tema da Campanha da Fraternidade e as indicações para a composição da letra e da melodia.

Houve participação de 343 pessoas de todas as regiões do Brasil:

  • 166 do Sudeste;
  • 85 do Nordeste;
  • 40 do Sul;
  • 30 do Norte e
  • 22 do Centro-Oeste

Dos participantes, 100 participaram enviando letras, e 42 enviaram melodias.

A letra escolhida para o hino 2026 é de autoria de Crisógono Sabino, de Vitória (ES); e a melodia de Carlos Alberto Santos, de Lagoa Seca (PB).

“Este ano a equipe organizadora do concurso optou por uma letra mais curta, para facilitar a memorização e a utilização nos vários contextos, celebrativos e formativos. A letra destaca a dimensão da conversão comunitária que a Quaresma exige, conforme ensina a constituição conciliar Sacrosanctum Concilium 110: ‘A penitência do tempo quaresmal não seja somente interna e individual, mas também externa e social’ Através de várias imagens poéticas, a letra vai desenhando o caminho que todos os cristãos necessitamos trilhar. E a melodia, com a extensão de uma oitava, sequência de graus conjuntos com pequenos saltos, facilita o aprendizado e o canto em comum”, explicou o assessor do Setor Música Litúrgica da Comissão para a Liturgia da CNBB, padre Jair Costa.

Uso do hino da CF na Liturgia

Padre Jair explicou sobre o uso do hino da CF, explicando sobre a questão litúrgica:

“Recordamos que a Quaresma tem seu repertório próprio. O hino da CF pode ser usado ao fim das celebrações, e nos momentos de catequese e reuniões de formação dos diversos grupos, pastorais e movimentos”, explicou.

Ouça o hino:

 

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Fonte: CNBB

Festa de Santa Terezinha emociona fiéis em Guarabira

A Comunidade Santa Terezinha, pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Luz, na Diocese de Guarabira/PB, está celebrando com grande fervor a tradicional Festa de Santa Terezinha, que acontece entre os dias 22 de setembro a 01 de outubro de 2025. Com o tema “Santa Terezinha intercede por nós para que caminhemos firmes como peregrinos da esperança”, a programação tem reunido fiéis, grupos pastorais e movimentos da Igreja em momentos de oração, louvor e comunhão.


Uma programação que floresce com espiritualidade

A festa teve início no dia 22 de setembro com a Solenidade de Abertura, presidida pelo Diácono Igonaldo, e desde então, cada noite tem sido marcada pela oração do Terço das Rosas, seguido por celebrações conduzidas por seminaristas, diáconos e padres convidados.

Cada dia da novena tem contado com a participação de diferentes grupos da paróquia, homenageando comunidades, pastorais e movimentos eucarísticos. Entre os celebrantes, destacam-se os seminaristas Everton, Júlio, Rayanderson, e os Diáconos João Costa, Jailson e Adão — cada um contribuindo com reflexões profundas e testemunhos de fé.

Grupos como a Doce Mãe de Deus, ECC, Mensageiros das Santas Chagas, IAM, entre outros, foram homenageados ao longo da programação, fortalecendo o espírito comunitário.

Encerramento com procissão e missa solene

O grande encerramento da festa será na quarta-feira, 01 de outubro, data litúrgica de Santa Terezinha. A programação contará com:

18h30 – Procissão pelas ruas do bairro;
19h00 – Santa Missa solene presidida pelo Padre Raul Rodrigues;
Liturgia: Pequena Via.

Será um momento de culminância espiritual, marcado pela devoção popular e pela renovação da fé da comunidade.

Oração diária e devoção à Padroeira

Durante todos os dias do festejo, os fiéis também têm participado do Ofício de Nossa Senhora às 6h da manhã, reforçando a espiritualidade matutina da comunidade. A devoção a Santa Terezinha, conhecida por sua “pequena via” de amor e simplicidade, inspira a todos a viverem uma fé concreta e perseverante.

Peregrinos da Esperança

A cada noite, o convite é para que todos caminhem firmes, como “Peregrinos da Esperança”, confiantes na intercessão da Santa das Rosas. A festa não apenas reforça a identidade católica local, mas também alimenta o coração de centenas de fiéis com o perfume espiritual de Terezinha do Menino Jesus.

Por Gabriel Araújo – Pascom Luz

“Preservar vozes e rostos humanos”, tema do Dia das Comunicações Sociais 2026

O texto do Dicastério para a Comunicação ressalta que “o futuro da comunicação deve garantir que as máquinas sejam ferramentas a serviço e conexão da vida humana, e não forças que corroem a voz humana”.


“Preservar vozes e rostos humanos” é o tema escolhido pelo Papa Leão XIV para o 60º Dia Mundial das Comunicações Sociais 2026 divulgado nesta segunda-feira (29/09).

O comunicado, publicado pelo Dicastério para a Comunicação, explica que “nos ecossistemas comunicativos de hoje, a tecnologia influencia as interações de maneira nunca antes conhecida – desde os algoritmos que selecionam conteúdo nos feeds de notícias até à inteligência artificial que redige inteiros textos e conversas”.

De acordo com o texto, “a humanidade hoje tem possibilidades impensáveis há apenas alguns anos. Contudo, embora essas ferramentas ofereçam eficiência e alcance, elas não podem substituir as capacidades unicamente humanas de empatia, ética e responsabilidade moral. A comunicação pública exige julgamento humano, não apenas esquemas de dados. O desafio é garantir que a humanidade continue sendo o agente orientador”.

O futuro da comunicação deve garantir que as máquinas sejam ferramentas a serviço e conexão da vida humana, e não forças que corroem a voz humana. 

“Temos grandes oportunidades. Ao mesmo tempo, os riscos são reais. A inteligência artificial pode gerar conteúdos envolventes, mas enganosos, manipulativos e prejudiciais, replicar preconceitos e estereótipos presentes nos dados de treinamento, e amplificar a desinformação ao simular vozes e rostos humanos”, ressalta ainda o comunicado divulgado pelo Dicastério para a Comunicação. “Também pode invadir a privacidade e a intimidade das pessoas sem o seu consentimento. Uma dependência excessiva da IA enfraquece o pensamento crítico e as habilidades criativas, enquanto o controle monopolista desses sistemas levanta preocupações sobre a centralização do poder e as desigualdades”, sublinha.

De acordo com o comunicado, “torna-se cada vez mais urgente introduzir a alfabetização mediática nos sistemas educacionais, ou até mesmo a alfabetização no campo da IA (MAIL, ou seja, Media and Artificial Intelligence Literacy) . “Como católicos, podemos e devemos dar a nossa contribuição, para que as pessoas – especialmente os jovens – adquiram a capacidade de pensar criticamente e cresçam na liberdade de espírito”, conclui o texto.

Fonte: Vatican News

Retiro do Clero da Diocese de Guarabira reúne padres em Aparecida-SP

À sombra da Mãe Aparecida, o clero da Diocese de Guarabira vive, nesta semana, dias de espiritualidade, recolhimento e oração no Santuário Nacional, em Aparecida/SP. O encontro, que reúne sacerdotes de todas as paróquias da diocese, tem como tema “Viver o Jubileu sob o olhar da Mãe Aparecida”, e busca fortalecer a fé, a comunhão fraterna e a missão evangelizadora.

A programação do retiro inclui momentos de silêncio, oração pessoal e celebrações. A pregação está sendo conduzida por Dom Murilo Krieger, SCJ, Arcebispo Emérito de São Salvador/BA, conhecido pela sua profunda espiritualidade e longa trajetória de serviço à Igreja no Brasil.

Um tempo de renovação espiritual

Os dias de retiro são oportunidade para que os sacerdotes façam uma pausa em suas atividades pastorais e se dediquem integralmente à oração e ao aprofundamento da fé. Inspirados pelo olhar materno de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, os padres são convidados a revisitar a própria vocação e renovar sua entrega a Deus e ao povo de Deus.

A expectativa é que este santo retiro seja fonte de abundantes frutos espirituais para todo o clero e, consequentemente, para toda a Diocese de Guarabira, fortalecendo ainda mais a vida pastoral e missionária das paróquias.

Oração pelo clero

A comunidade diocesana é convidada a unir-se em oração pelos sacerdotes que participam do retiro. Que a intercessão da Mãe Aparecida inspire cada padre a viver com entusiasmo o seu ministério e a testemunhar a alegria do Evangelho em suas comunidades.

Rezemos por todo o nosso clero!

Por Gabriel Araújo – Pascom Luz

“Entre no Clima” – Campanha pela climatização da Catedral segue em ritmo acelerado

A campanha “Entre no Clima” da Catedral de Nossa Senhora da Luz segue em ritmo acelerado, mobilizando a comunidade de Guarabira e de toda a Diocese para tornar realidade a instalação de um moderno sistema de climatização na Igreja Mãe do Brejo.

O projeto nasceu da escuta da comunidade e da necessidade de oferecer um ambiente mais acolhedor para as celebrações litúrgicas, especialmente em dias de forte calor. Além de garantir conforto aos fiéis, a climatização contribuirá para a preservação dos elementos artísticos e arquitetura histórica da Catedral.

Como participar

  • Doações de qualquer valor podem ser feitas diretamente na secretaria paroquial;

  • PIX para doações: 08.298.416/0002-20 (CNPJ);

  • A comunidade também é convidada a divulgar a campanha entre familiares, amigos e grupos de Igreja.

Transparência e sustentabilidade

Toda a arrecadação será destinada à instalação dos equipamentos de climatização e às adaptações necessárias, garantindo eficiência, sustentabilidade e uso consciente da energia.

Unidos pela Climatização

A cada dia mais pessoas aderem à campanha, comprovando que a solidariedade e a comunhão podem transformar esse sonho em realidade.

📍 Catedral de Nossa Senhora da Luz – Guarabira/PB
📞 Informações: (83) 3271-4828
💳 PIX para doações: 08.298.416/0002-20
🔗 Redes sociais: @catedraldaluz

Mensagens da Igreja apontam para a importância dos católicos na busca da ética na Política

A população brasileira assiste, com preocupações, as ações políticas que vêm se desenvolvendo no Brasil. Num contexto em que a própria democracia carece de atenção e fortalecimento, as palavras dos bispos do Brasil, e consequentemente da CNBB, iluminam o compromisso e a esperança por uma sociedade mais justa e fraterna, tendo a dignidade humana e o cuidado com a criação como protagonistas em suas pautas.

Nas últimas semanas, o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 192/2023, que foi para sanção presidencial. O texto altera a Lei da Ficha Limpa e desfigura os principais mecanismos de proteção, beneficiando especialmente aqueles condenados por crimes graves que poderão se candidatar até antes do cumprimento total das penas. Também o PLP nº 112, de 2021 (Novo Código Eleitoral) foi tema de discussão no Senado, com alterações que afetam tanto a Lei da Ficha Limpa quanto a Lei nº 9.840, de 1999, além de outros pontos, como emendas parlamentares e demais questões relevantes ao processo eleitoral.

Na Câmara dos Deputados foi aprovada ontem, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 3/2021, marcada como “PEC da Blindagem”. Assim, para que um parlamentar seja processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), será necessária autorização da Câmara e do Senado em votação secreta.

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), do qual a CNBB faz parte, repudiou as aprovações e ressaltou que “a sociedade deve permanecer atenta e vigilante, cobrando de cada representante do seu estado, deputados e senadores, o compromisso com a ética, a responsabilidade e a defesa da democracia”.

Diante das propostas que ameaçam a transparência e fortalecem a impunidade devemos nos questionar: “Quem protegerá a sociedade brasileira das incongruências do próprio Congresso Nacional?”. A resposta vem da ideia de que a democracia se fortalece quando a sociedade participa, fiscaliza e exige responsabilidade de seus representantes.

Mensagens que iluminam a boa política

Com atuação histórica na construção de processos que fortalecem a Democracia no Brasil, os bispos enviam periodicamente mensagens ao povo brasileiro, especialmente nos contextos eleitorais.

Em 2018, por exemplo, o desejo dos bispos era que as eleições daquele ano pudessem “garantir o fortalecimento da democracia e o exercício da cidadania da população brasileira”. Esse fortalecimento seria, assim, um passo importante para que o Brasil reafirmasse a normalidade democrática, superasse a crise institucional, garantisse a independência e a autonomia dos três poderes.

Na mesma mensagem, os bispos destacaram que “o bem maior do País, para além de ideologias e interesses particulares, deve conduzir a consciência e o coração tanto de candidatos, quanto de eleitores”.

Já em 2022, a Presidência da CNBB salientou que, pelo exercício responsável e consciente do voto, “a população tem a capacidade de refazer caminhos, corrigir equívocos e reafirmar valores”.

A Igreja vem constantemente reafirmando a corresponsabilidade das nações com o desenvolvimento humano por meio de diversas ações, dentre as quais, o não favorecimento de sistemas corruptos que impedem o desenvolvimento digno dos povos. É necessário relembrar que perante tantas formas de política mesquinhas e fixadas no interesse imediato, a grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum a longo prazo.

O Papa Leão XIV tem destacado a importância da busca pelo bem comum na atividade política: “à tarefa que vos foi confiada de promover e tutelar, acima de qualquer interesse particular, o bem da comunidade, o bem comum, especialmente em defesa dos mais frágeis e marginalizados”.

Aos políticos, o Pontífice propôs que “se unam cada vez mais a Jesus, vivam e testemunhem isso”. E foi claro de que não há separação entre o homem político e o cristão:

“Há o homem político que, sob o olhar de Deus e da sua consciência, vive de forma cristã os próprios compromissos e as próprias responsabilidades!”

Fonte: CNBB

Não, Carlo Acutis não era um jovem comum!

Carlo, não obstante os jeans, os tênis e os videogames, não era um jovem comum. Enquanto alguns só amadurecem aos 20 ou 30, com apenas 15 ele já estava pronto: pronto para o sacrifício de sua vida, pronto para o seu holocausto de amor a Deus.


A beatificação do jovem Carlo Acutis chamou a atenção dos católicos no mundo inteiro. Na internet, há alguns meses, não se falava de outra coisa. O túmulo do beato, em Assis, recebeu a visita de mais de 40 mil pessoas só na primeira quinzena de outubro, mesmo em meio a severas restrições devido à pandemia do novo coronavírus.

Infelizmente, porém, como acontece com seja qual for a devoção, a seja qual for o santo, poucas pessoas procurarão ir a fundo na história desse menino e fazer-se realmente devotas dele, imitando-lhe a vida e as virtudes.

O que é uma pena, pois a primeira biografia a seu respeito, escrita pelo italiano Nicola Gori, encontra-se facilmente à disposição em língua portuguesa no site Cultor de Livros, e todos os jovens católicos brasileiros fariam um bem enorme a si, a seus amigos, a seus familiares, a seus grupos de oração, a todos que os rodeiam, enfim, se procurassem ler e estudar a vida do agora beato Carlo.

Os santos não se improvisam!

Sim, pois não basta nutrir, com relação a ele, o entusiasmo superficial de quem se identifica com sua camisa polo, com seu tênis de marca, com seu amor por videogames ou com sua aptidão geral para as novas tecnologias. Todos esses aspectos contemporâneos do Carlo são, sem dúvida, um estímulo para nós, mas não devemos parar neles, pois a essência da santidade está em outras coisas, não nestas. A esse respeito, o escritor Peter Kwasniewski teceu algumas considerações muito relevantes, justamente ao escrever sobre os santos mais novos da Igreja:

No que tange aos santos que viveram sob a nova barbárie cultural de nossos tempos, devemos tomar o cuidado de não “canonizar”, junto com a santidade deles, algo incidental a respeito de suas vidas modernas. Isso vai acontecer com bastante frequência de agora em diante. “Ah, o Beato Betinho gostava tanto de música pop! Não é maravilhoso? A música pop agora faz parte da santidade! Não importa o que você escuta ou dança!”, ou: “A Santa Carol amava sair por aí de moletom e com camiseta rosa fluorescente! Acredito que não importa mais como você se veste quando o assunto é ser santo”. É possível imaginar todos os tipos de cenários e falsas inferências como essas.

O modo de contornar esse problema — que, para ser justo, tem paralelos em toda época da Igreja; por exemplo, os santos da Idade Média tinham notavelmente uma má higiene, mas ninguém, ao meu conhecimento, sugere que os devamos imitar nesse aspecto — é lembrar a relação, e a distinção, entre fé e razão, natureza e graça. Um homem notável por sua santidade pode não o ser nos argumentos que apresenta de teologia; uma mulher de santidade indiscutível pode não ter bom gosto em matéria de arte. Como discípulos do Doutor Comum da Igreja, Santo Tomás de Aquino, precisamos ser capazes de fazer distinções e imitar o que merece ser imitado, desculpando, ao mesmo tempo, o que pode ser desculpado, ou ignorando o que é melhor que seja ignorado.

Considere o seguinte: se fosse necessário escolher, melhor seria dedicar-se à oração e ouvir música medíocre, ou vestir-se de modo medíocre, do que ser um egoísta mentiroso com gosto impecável em abotoaduras e gravatas-borboleta; mas o melhor é ser, ao mesmo tempo, santo e bem educado, piedoso e inteligente, porque isso representa uma perfeição mais completa da humanidade tal como Deus a pensou. Graças sejam dadas a Ele por podermos alcançar a bem-aventurança apesar de certos defeitos nossos, mas nem por isso eles se tornam admiráveis ou dignos de imitação.

Trocando em miúdos: se o menino Carlo Acutis vier a ser canonizado, não será porque ele “manjava” de informática ou de jogos virtuais. Isso é acidental à santidade. (A propósito, se o quiséssemos imitar inclusive nesses aspectos, valeria a pena considerar também que, como penitência, Carlo não despendia em seu PlayStation 2 mais do que uma hora por semana — um tempo certamente bem inferior àquele com o qual estão acostumados nossos jovens. A santidade não se resume a isso, é certo, mas o exemplo é válido para reforçar a ideia: se vamos imitar o beato, que seja no que ele fazia de beatificante, e não só no que nos parece mais agradável ou atrativo!)

A pureza de Carlo

Comecemos a desenhar um retrato da santidade de Carlo a partir da pureza, que ele viveu com grande fidelidade, mesmo em meio aos inúmeros perigos que nossa época apresenta para a vivência dessa virtude. A mãe do menino e um rapaz que trabalhava em sua casa testemunham: ele “tapava os olhos com as mãos se passasse algum programa ou propaganda escandalosos na televisão” [1]. Os registros do computador que ele utilizava atestam a mesma delicadeza de consciência: nenhum vestígio de acesso a algum site da internet que fosse menos decente.

No relacionamento com as meninas, seu comportamento era o apropriado para um rapaz de sua idade (lembrando que Carlo morreu com apenas 15 anos): nada de “namoricos” indevidos, nem de interesses precoces. O menino chegaria a declarar, com a maturidade própria de quem compreendeu o que significa amar a Deus de modo esponsal: “Nossa Senhora é a única mulher da minha vida!” [2].

Carlo Acutis, quando criança.

Esses fatos não estão muito além do que se deve esperar de um discípulo de Cristo, sim, mas precisam ser recordados a uma época como a nossa, que tanto avançou na degradação da sexualidade e que corrompeu a sua juventude praticamente sem deixar sobreviventes. O acesso à pornografia, por exemplo, nunca foi tão fácil como agora, e as crianças e adolescentes estão tendo contato com esse tipo de conteúdo cada vez mais cedo, com consequências seriíssimas para sua saúde mental, física e espiritual.

Se quisermos ser verdadeiros devotos do beato Carlo Acutis, precisamos “correr atrás do prejuízo”, se já fomos manchados de alguma forma nessa matéria, procurando imitá-lo na penitência, já que perdemos a nossa primeira inocência [3]. Mesmo os que foram preservados, no entanto, não devem dormir jamais: quando o assunto são os pecados contra a castidade, confirma-se com ainda mais força que o nosso adversário “ronda como um leão a rugir, procurando a quem devorar” (1Pd 5, 8).

Os que já servem a Deus, enfim, seja na vocação do Matrimônio, seja no celibato ou na vida consagrada, podem aprender com Carlo a experiência do coração indiviso, que ele viveu como uma graça extraordinária desde a mais tenra idade. Será que nós temos real dimensão do que é um menino proclamar, de coração, que a Santíssima Virgem é a “única mulher” da sua vida?

Deixemos que essa declaração íntima de amor, de uma criança a sua Mãe celeste, nos impressione e examine a consciência, elevando nossos corações ao alto, purificando nossa relação com Deus, ordenando, enfim, nossos amores nesta terra. Afinal de contas, a que outra pessoa nos uniremos por toda a eternidade, sem morte alguma que nos venha a separar, senão a Deus, Nosso Senhor?

Carlo já vivia aqui, nesta vida, o que ele agora experimenta no Céu.

Carlo e a eternidade

E como pensava no Céu o pequeno Carlo, como o queria, como ansiava por ele! Seu contato com tudo quanto era livro de espiritualidade, vida dos santos, revelações privadas, não tinha como motor uma simples curiosidade malsã e desordenada; não, era um desejo da vida eterna que o impulsionava:

  • Quando lia sobre os milagres eucarísticos, era para aumentar seu fervor na participação da Santa Missa — à qual ele assistia todos os dias.
  • Quando lia relatos extraordinários sobre o Purgatório, era para rezar mais pelas almas, para buscar mais intensamente o Céu e para se estimular no combate aos próprios vícios — dos quais, ele mesmo dizia, a gula e a preguiça eram os principais [4].
  • Quando lia sobre as mais diversas devoções que o tesouro de dois mil anos da Igreja lhe oferecia — fosse a devoção ao Sagrado Coração, à Divina Misericórdia, à Virgem de Fátima ou à de Lourdes —, era para crescer cada vez mais em amor a Jesus e Maria.

Justamente porque tinha os olhos voltados para o alto, era visível em Carlo uma conformidade profunda com a vontade de Deus. Um colega de escola que passou anos ao seu lado conta: “Um aspecto dele que me tocou muito era que, além de uma fé que vi em poucos, tinha um senso de satisfação e de felicidade por cada momento da vida, fosse feliz ou triste: sempre encontrei em seu rosto um sorriso sem limites” [5].

Numa sociedade que se preocupa continuamente com o número crescente de suicídios entre seus jovens, não deixa de ser significativa mais essa característica do pequeno Carlo Acutis. Seu segredo, porém, não pode ser buscado neste mundo. Esse “senso de satisfação” que brilhava em seu rosto é um dom que recebem todos os que amam a Deus: para estes, de fato, tudo concorre para o bem (cf. Rm 8, 28); os santos sempre estão felizes, porque querem o que Deus quer. Quando são contrariados, homens da estirpe de Carlo Acutis — movidos, é claro, pela graça divina — não lamentam, nem reclamam: maduros que são, o que eles fazem é oferecer, doar-se.

Foi o que ele fez nos últimos dias de sua vida. Como viveu, Carlo morreu. Preparado por Deus ao longo de sua breve vida, a notícia da leucemia não foi um “baque” para ele, nem seus sofrimentos finais foram capazes de perturbá-lo e tirar-lhe a paz da alma. De fato, antes de ser internado em definitivo no hospital, com prontidão de espírito aquele jovem declarou (percebam como ele não perdia de vista a eternidade, como ele a desejava!…): “Ofereço todo o sofrimento que deverei padecer no Senhor pelo Papa e pela Igreja, para não ir ao purgatório e entrar direto no céu” [6].

“Ofereço”, ele dizia. Eis aí uma palavra forte, que as pessoas não costumam esperar da boca de um adolescente.

Mas Carlo, não obstante os jeans, os tênis e os videogames, não era um jovem comum. Os que conviviam com ele já diziam: “Parecia ser mais velho do que era” [7]. Enquanto uns só amadurecem aos 20 ou 30, com apenas 15 anos Carlo já estava pronto: pronto para o sacrifício de sua vida, pronto para o seu holocausto de amor a Deus. No hospital, se lhe perguntavam como estava, ele dizia: “Como sempre, bem!”. Nas palavras de uma enfermeira, “Carlo era uma daquelas pessoas que, quando alguém lhe oferece a mão, segura-a com amor e transmite serenidade, uma serenidade maior do que a que eu deveria lhe oferecer” [8].

 

Foi assim, aceitando plenamente os desígnios de Deus para si e fazendo-se tudo para os outros, que morreu, no dia 12 de outubro de 2006, o jovem Carlo Acutis.

Aos olhos do mundo, seu falecimento aos 15 anos pareceu, desde então, uma perda irreparável. Muitos dos que o conheceram não podiam se conformar com o fato de aquele menino, precoce em tudo, ser precoce também para morrer. Uma religiosa de clausura, porém, que conheceu Carlo, e que o viu receber precocemente a primeira Eucaristia o sacramento da Crisma, encontrou na Sagrada Escritura [9] o motivo para Deus levar tão cedo deste mundo aquele jovem rapaz: “Sua alma era agradável ao Senhor, e é por isso que ele o retirou depressa do meio da perversidade” (Sb 4, 13-14).

Notas

  1. Nicola Gori. Eucaristia, minha estrada para o Céu. São Paulo: Cultor de Livros, 2020, p. 42.
  2. Ibid., p. 81.
  3. Esse conhecido jogo de palavras encontra-se na oração que a liturgia da Igreja propõe para a memória de São Luís Gonzaga, padroeiro da juventude.
  4. Nicola Gori, op. cit., p. 102.
  5. Ibid., 44.
  6. Ibid., p. 131.
  7. Ibid., p. 35.
  8. Ibid., pp. 133s.
  9. Ibid., p. 99.

Fonte: padrepauloricardo.org