Domingo de Pentecostes

Hoje celebramos Pentecostes, o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, transformando-os de homens temerosos em mensageiros ousados do Evangelho. Os textos litúrgicos de hoje nos mostram a ação poderosa do Espírito, que não apenas dá vida à Igreja, mas também nos convida a participar dessa missão de unidade e testemunho. 

Na 1.⁠ª (Atos 2,1-11), vemos o Espírito descer como um vento impetuoso e línguas de fogo, capacitando os discípulos a falar em diversas línguas. Povos de diferentes nações ouvem a mensagem do Evangelho em sua própria língua. Esse milagre não é apenas linguístico, mas um sinal da universalidade da Igreja. O Espírito Santo derruba as barreiras da divisão, como as da Torre de Babel, e cria uma nova unidade na diversidade. Ele nos ensina que a verdadeira comunhão não elimina as diferenças, mas as harmoniza em torno de Cristo. 

Na 2.⁠ª (1 Coríntios 12,3b-7.12-13), São Paulo nos lembra que o Espírito Santo concede dons variados, mas todos para o bem comum. Assim como o corpo humano é uno, mas composto por muitos membros, a Igreja é uma na sua diversidade. Cada um de nós recebe dons do Espírito – sejam talentos, carismas ou vocações – para edificar a comunidade. O Espírito nos une como um só corpo, independentemente de nossas origens ou condições, porque todos fomos “batizados num só Espírito”. 

No Evangelho (João 20,19-23), Jesus aparece aos discípulos, ainda tomados pelo medo, e sopra sobre eles o Espírito Santo, dizendo: “Recebei o Espírito Santo”. Esse sopro recorda o momento da criação, quando Deus insuflou o sopro da vida em Adão. Agora, Jesus, o novo Adão, dá o Espírito para uma nova criação: a Igreja, enviada ao mundo para perdoar pecados e levar a paz. O Espírito Santo é o dom da vida nova, que nos liberta do medo e nos capacita para a missão. 

Santo Agostinho, em um de seus sermões, reflete sobre o Espírito Santo como o vínculo de amor entre o Pai e o Filho, dizendo: “O Espírito Santo é a caridade que une e santifica. Ele é o dom de Deus que nos faz viver em comunhão com Ele e com os irmãos”. Para Agostinho, o Espírito é a alma da Igreja, que a vivifica e a move para a missão. Sem o Espírito, nossa fé seria apenas palavras; com Ele, torna-se vida e testemunho. 

Pentecostes, portanto, é a festa da Igreja missionária, unida e renovada pelo Espírito. É um convite para que cada um de nós se abra à ação do Espírito Santo, permitindo que Ele transforme nossos medos em coragem, nossas divisões em unidade, e nossos dons em serviço. 

Ideias Práticas para Viver a Solenidade de Pentecostes  

Oração ao Espírito Santo: Reserve um momento diário para invocar o Espírito Santo, pedindo sua luz e força para suas decisões e desafios.  

Vida comunitária: Participe ativamente de sua comunidade paroquial, valorizando a diversidade de dons e contribuindo com os seus.  

Reconciliação: O grande dom do Espírito Santo inclui a reconciliação da humanidade com Deus e entre si. Busque o sacramento da confissão sempre que necessário, recordando que o Espírito Santo é dado para perdoar pecados e renovar a vida.  

Testemunho: Compartilhe sua fé com gestos concretos de amor e serviço, especialmente com aqueles que estão distantes ou desanimados.  

Abertura aos dons do Espírito: Reflita sobre os dons que Deus lhe deu (sabedoria, fortaleza, piedade, etc.) e coloque-os a serviço dos outros.  

Que o Espírito Santo, derramado em Pentecostes, continue a nos guiar, unir e enviar em missão. Amém. 

Fonte: CNBB

Igreja: comunidade em oração e missão!

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A Ascensão do Senhor Jesus ao céu marca a sua volta para a casa do Pai e incide diretamente na vida dos discípulos. O mundo é o mesmo de antes da sua encarnação, morte e ressurreição, mas passa a ser visto com olhos renovados a partir da luz da fé. As alegrias e as dores, as desilusões e as esperanças adquirem um novo significado. A luz do ressuscitado abre aos homens e mulheres de fé novos horizontes, que lhes oferecem a possibilidade de encontrar um novo sentido em tudo aquilo que acontece ao longo da vida, mesmo vivendo num mundo assolado por guerras e injustiças que ferem e destroem o sagrado dom da vida de tantas pessoas inocentes.

A Igreja tem como missão anunciar o Reino de Deus ao mundo. Podemos dizer que é uma missão sublime, mas ao mesmo tempo árdua, em que os discípulos devem empenhar as próprias forças sem desprezarem a graça de Deus. “Não tenhas medo, porque eu estarei contigo e ninguém procurará fazer-te mal” (At 18,9-10). A promessa de Jesus ressuscitado, feita aos discípulos que iniciam o anúncio e a missão junto às primeiras comunidades, não pode ser esquecida pela comunidade cristã: “Eis, que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 1,22,23).

Não podemos esquecer que a Igreja, mesmo sendo uma comunidade ferida e frágil é, ao mesmo tempo, portadora de uma mensagem de esperança para todos os seus filhos. Todos os fiéis podem encontrar na Igreja um espaço de crescimento espiritual, porque essa não é constituída por uma elite de puros, mas uma comunidade de santos e pecadores, que acolhem e caminham para a santidade na casa do Pai.

Não queremos negar a fragilidade da Igreja, mas queremos também fazer conhecer a sua missão e a sua dignidade. E a primeira e fundamental dignidade da Igreja é ser comunidade convocada por Jesus Cristo. A Igreja é, portanto, uma comunidade frágil, mas que foi beneficiada por Jesus através da sua revelação, no seu corpo glorioso da ressurreição. A Igreja é, então, uma realidade histórica e teológica, comunidade de santos e pecadores, investida de uma dignidade altíssima, sujeita às misérias dos homens e, por isso, testemunha da misericórdia do Pai, da qual é a primeira beneficiada, e, portanto, pode e deve anunciá-la ao mundo na sua ação missionária e evangelizadora.

Quantas alegrias e dores acompanharam a vida daqueles que deixaram tudo para responder ao convite do Senhor: “vem e segue-me”. Eles aprenderam a conhecer o Mestre, percorrendo com ele o caminho do amor serviço pela causa do Reino; aprenderam a ser discípulos, esvaziando-se das ambições temporais, das seguranças do mundo, para serem peregrinos do Evangelho, entregando a vida e confiando nas palavras de Jesus, na sua proximidade, na ressurreição e na vida eterna.

Essa confiança na proximidade do Senhor, que partiu para o céu mas continua presente no mundo, alimentando a nossa caminhada de discípulos e discípulas, com o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, é fundamental na vida do cristão e das comunidades que se reúnem para celebrar a fé no Senhor Jesus.

Fonte: CNBB

Leão XIV: sem pressa e como o Bom Samaritano, ter compaixão e parar para ajudar o próximo

O Pontífice continuou o ciclo de catequeses sobre as parábolas do Evangelho e nesta quarta-feira (28/05), dia de Audiência Geral, refletiu sobre aquela do Bom Samaritano para nos lembrar das experiências diárias em que nós encontramos a fragilidade do outro e podemos decidir “crescer em humanidade” cuidando das feridas ou passar longe: “quando seremos capazes de parar a nossa viagem e ter compaixão?”, pois “aquele homem ferido na estrada representa cada um de nós” que Jesus sempre tem cuidado.


Mais um dia de sol e calor em Roma para colaborar com a participação dos peregrinos na Audiência Geral na Praça São Pedro. Nesta quarta-feira (28/05), cerca de 40 mil fiéis ouviram o Papa Leão XVI meditar mais uma vez sobre as parábolas do Evangelho, uma forma para “nos abrirmos à esperança. A falta de esperança, por vezes, deve-se ao fato de estarmos fixados numa certa forma rígida e fechada de ver as coisas, e as parábolas nos ajudam a vê-las de outro ponto de vista”, disse o Pontífice logo no início da sua reflexão.

Cerca de 40 mil pessoas estiveram na Praça São Pedro para a Audiência Geral   (@Vatican Media)

O Bom Samaritano

A parábola usada desta vez por Leão XVI foi uma das mais famosas de Jesus, aquela do Bom Samaritano (ver Lc 10,25-37), quando um doutor da Lei que, centrado em si mesmo e sem se preocupar com os outros, interroga Jesus sobre quem é o “próximo” a quem deve amar. O Senhor procura mudar a ótica contando a parábola que “é uma viagem para transformar a questão”: não se deve perguntar quem é o próximo, mas fazer-se próximo de todos os que necessitam.

O cenário da parábola é “o caminho percorrido por um homem que desce de Jerusalém, a cidade sobre o monte, para Jericó, a cidade abaixo do nível do mar”, um caminho “difícil e intransitável, como a vida”, comentou o Pontífice. Durante o percurso, aquele homem “é atacado, espancado, roubado e deixado meio morto”. Uma experiência vivida diariamente, quando nos encontramos com o outro, com a sua fragilidade, e podemos decidir cuidar das suas feridas ou passar longe:

“A vida é feita de encontros, e nesses encontros nos revelamos quem somos. Encontramo-nos perante o outro, perante a sua fragilidade e a sua fraqueza e podemos decidir o que fazer: cuidar dele ou fingir que nada acontece.”

A compaixão é uma questão de humanidade

Um sacerdote e um levita, que “vivem no espaço sagrado”, passam pelo mesmo caminho. No entanto, “a prática do culto não leva automaticamente à compaixão”, recordou Leão XVI, porque “antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade! Antes de sermos crentes, somos chamados a ser humanos”.

Muitas vezes a pressa, “tão presente nas nossas vidas”, também pode nos impedir de experimentar a compaixão, que deve ser expressa em gestos concretos. “Aquele que pensa que a sua própria viagem deve ter prioridade não está disposto a parar por um outro”, alertou o Pontífice, diversamente do samaritano que se fez próximo daquele que estava ferido.

“Este samaritano para simplesmente porque é um homem perante um outro homem que precisa de ajuda. A compaixão é expressa através de gestos concretos. O evangelista Lucas detém-se nas ações do samaritano, a quem chamamos ‘bom’, mas que no texto é simplesmente uma pessoa: o samaritano se aproxima, porque se se quer ajudar alguém não se consegue pensar em manter a distância, é preciso envolver-se, sujar-se, talvez contaminar.”

O Bom Samaritano toma conta dele, “porque realmente se ajuda quem está disposto a sentir o peso da dor do outro”, ressaltou Leão XIV, porque “o outro não é um pacote para ser entregue, mas alguém para cuidar”. Como Jesus faz conosco, assim devemos fazer com nossos irmãos necessitados de auxílio:

“Queridos irmãos e irmãs, quando é que nós também seremos capazes de parar a nossa viagem e ter compaixão? Quando compreendermos que aquele homem ferido na estrada representa cada um de nós. E então a recordação de todas as vezes que Jesus parou para cuidar de nós, vai nos tornar mais capazes de sentir compaixão. Rezemos, então, para que possamos crescer em humanidade, para que as nossas relações sejam mais verdadeiras e ricas em compaixão.”

Fonte: Vatican News

Domingo da Ascensão do Senhor

A Solenidade da Ascensão do Senhor é um momento de contemplação e ação. Celebramos a glorificação de Jesus, que, após cumprir sua missão terrena, retorna ao Pai, levando consigo a nossa humanidade redimida. Este mistério não é somente o fim da presença visível de Cristo, mas o início de uma nova forma de sua presença entre nós, através do Espírito Santo e da Igreja. Como nos recorda o Evangelho de Lucas, Jesus envia seus discípulos como testemunhas, prometendo a força do Espírito para guiá-los (Lucas 24,46-53). A Ascensão nos desafia a não ficarmos “olhando para o céu” (Atos 1,11), mas a sairmos em missão, anunciando o Evangelho com coragem e alegria. Hoje, também somos chamados a refletir sobre nossa responsabilidade de comunicar a fé, especialmente no contexto do 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais. 

O livro dos Atos (Atos 1,1-11), escrito por São Lucas, começa com a narrativa da Ascensão, conectando a vida de Jesus à missão da Igreja. Jesus, após sua ressurreição, passa quarenta dias preparando os discípulos, falando do Reino de Deus e prometendo o Espírito Santo. A pergunta dos apóstolos — “Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?” — revela uma visão ainda limitada, focada em expectativas políticas. Jesus, porém, redireciona o foco para a missão universal: “Sereis minhas testemunhas… até os confins da terra” (Atos 1,8). A Ascensão, simbolizada pela nuvem que o oculta, é um ato divino que aponta para a glória de Cristo e o início do tempo da Igreja, guiada pelo Espírito. Somos desafiados a deixar de lado nossas visões estreitas e a abraçar a missão de levar o Evangelho a todos. 

São Paulo, em sua carta aos Efésios (Efésios 1,17-23), nos convida a pedir a Deus um “espírito de sabedoria e revelação” para compreender a esperança à qual fomos chamados. Ele destaca a supremacia de Cristo, elevado acima de todo poder e colocado como cabeça da Igreja, a qual é seu corpo. A Ascensão não é apenas um evento celestial, mas a garantia de que Cristo governa a história e a Igreja, enchendo-a com sua presença. Esta leitura nos lembra que nossa missão como Igreja está fundamentada na certeza de que Cristo está vivo e atua em nós, capacitando-nos a sermos seus instrumentos no mundo. 

No Evangelho de Lucas (Lucas 24,46-53), Jesus resume sua missão: sofrer, ressuscitar e enviar os discípulos a pregar o arrependimento e o perdão dos pecados em seu nome. Ele promete o Espírito Santo, que os revestirá de força, e os abençoa antes de ser elevado ao céu. Os discípulos, longe de ficarem tristes, retornam a Jerusalém “com grande alegria”, louvando a Deus no templo. Este trecho nos ensina que a Ascensão não é uma despedida melancólica, mas uma fonte de alegria e missão. Jesus não nos abandona; Ele nos confia a tarefa de continuar sua obra, sustentados pela promessa do Espírito Santo. 

A mensagem do então Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais, intitulada Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (1 Pedro 3,15-16), nos convida a comunicar o Evangelho com autenticidade, humildade e respeito. O Papa destacava que a comunicação cristã deve ser marcada pela mansidão, refletindo a esperança que brota da fé em Cristo ressuscitado. Em um mundo marcado por polarizações e conflitos, somos chamados a ser pontes, anunciando a Boa Nova com palavras e ações que promovam a paz e o diálogo. Esta mensagem ecoa o chamado da Ascensão: assim como os discípulos foram enviados a proclamar o Evangelho, nós também somos chamados a usar os meios de comunicação — sejam eles tradicionais ou digitais — para partilhar a esperança que vem de Cristo, sempre com caridade e verdade. 

Santo Agostinho, em seu Tratado sobre o Evangelho de João, oferece uma reflexão profunda sobre a Ascensão:  

Se Ele não se afastasse corporalmente, veríamos sempre seu Corpo através de olhos carnais e não chegaríamos a crer espiritualmente; e esta fé é necessária para que, justificados e beatificados por ela e tendo o coração limpo, mereçamos contemplar esse mesmo Verbo de Deus em Deus” (In Ioannis Evangelium, Tractatus XCIV, n.5).  

Agostinho nos ensina que a Ascensão de Jesus não é uma perda, mas uma graça. Ao subir ao céu, Cristo nos liberta da visão meramente física e nos convida a uma fé mais profunda, que enxerga sua presença espiritual na Igreja, nos sacramentos e na missão. Essa reflexão nos desafia a viver a Ascensão como um chamado à maturidade espiritual, confiando na promessa de Jesus: “Eu estarei sempre convosco até o fim dos tempos” (Mateus 28,20). 

Irmãos e irmãs, a Ascensão nos convida a sermos uma Igreja missionária. Não podemos ficar parados, “olhando para o céu”, mas devemos descer às realidades do mundo, levando a mensagem de esperança e salvação. Como comunicadores da fé, somos chamados a usar nossas palavras, ações e até mesmo as redes sociais para partilhar a alegria do Evangelho com mansidão. Que o Espírito Santo, prometido por Jesus, nos ilumine e fortaleça para sermos testemunhas fiéis de Cristo em nossa família, trabalho e comunidade. 

Nesta Solenidade da Ascensão, celebramos a vitória de Cristo e nossa vocação de sermos seus missionários. Que a reflexão de Santo Agostinho nos inspire a viver uma fé espiritual e madura, e que a mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais nos motive a comunicar a esperança com mansidão. Peçamos ao Espírito Santo que nos guie, para que, como os discípulos, possamos voltar de cada Eucaristia com “grande alegria”, louvando a Deus e anunciando sua Boa Nova. Amém. 

 Fonte: CNBB

Leão XIV: com o coração na mão, peço para dialogarmos pela paz

Em audiência com 5 mil pessoas na Sala Paulo VI, o Pontífice fez um discurso por ocasião do Jubileu das Igrejas Orientais que termina nesta quarta-feira (14/05). Leão XVI alertou para o risco de se perder o patrimônio dos cristãos orientais devido à diáspora “por causa da guerra e perseguições, da instabilidade e da pobreza” e fez mais um apelo pelo silêncio das armas: “os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos!”.


O Papa Leão XIV, há quase uma semana da sua eleição como Sucessor de Pedro, encontrou os 5 mil participantes do Jubileu das Igrejas Orientais na Sala Paulo VI, no Vaticano. A audiência nesta quarta-feira (14/05) marcou o dia de encerramento de mais um jubileu temático, o de número 13 deste Ano Santo da esperança, que desde terça-feira (12/05) reuniu fiéis e representantes das Igrejas Orientais Católicas, patriarcas e metropolitas de mais de 10 países, inclusive do Brasil, presentes na audiência com bandeiras do país. Durante dois dias, os participantes celebraram a Divina Liturgia em diferentes ritos, como aquele etíope, armeno, copto e siríaco-oriental. Durante a tarde desta quarta-feira (14/05), os peregrinos concluem o jubileu com aquela em rito bizantino na Basílica de São Pedro.

Fiéis provenientes inclusive do Brasil estiveram presentes na audiência na Sala Paulo VI (@VATICAN MEDIA)

 

E uma das primeiras audiências do Pontificado, Leão XIV acolheu os fiéis orientais com uma saudação que o “Oriente cristão repete incasavelmente neste tempo pascal” de fé e esperança sobre a Ressureição de Jesus – “o fundamento indestrutível”: “Cristo ressuscitou. Ressuscitou verdadeiramente!”. O Papa direcionou o olhar, assim, aos “irmãos e irmãs do Oriente, onde nasceu Jesus”, descrevendo-os como “preciosos” pela diversidade de proveniência, história e sofrimentos.

O perigo de se perder o patrimônio das Igrejas Orientais

“São Igrejas que devem ser amadas”, citando o Papa Francisco, pelos “tesouros inestimáveis”, pela “vida cristã, sinolidade e liturgia”; com “um papel único e privilegiado”, como escreveu também João Paulo II. Já Leão XIII, recordou ainda o Papa, “foi o primeiro a dedicar um documento específico à dignidade das Igrejas” Orientais pela “legítima diversidade da liturgia e da disciplina orientais”. Na Carta Orientalium Dignitas (30 de novembro de 1894), Leão XIII também demonstrou uma preocupação que ainda é atual, pelo fato de muitos fiéis orientados serem “forçados a fugir dos seus território de origem por causa da guerra e perseguições, da instabilidade e pobreza”, correndo o risco de, “ao chegarem no Ocidente, de perder, além da pátria, também a própria identidade religiosa. E, assim, com o passar das gerações, se perde o inestimável patrimônio das Igrejas Orientais”.

Junto a Leão XIII, o Papa se uniu em um apelo  aos “cristãos — orientais e latinos — que, especialmente no Oriente Médio, perseverem e resistam nas suas terras, mais fortes do que a tentação de abandoná-las. Aos cristãos é preciso dar a oportunidade, não apenas com palavras, de permanecer nas suas terras com todos os direitos necessários para uma existência segura. Peço a vocês que se empenhem para isso!”. Uma preservação dos ritos orientais que deve ser promovida “sobretudo na diáspora”, disse o Pontífice. Um pedido dirigido inclusive ao Dicastério para as Igrejas Orientais: “de me ajudar a definir princípios, normas e diretrizes por meio dos quais os Pastores latinos possam apoiar concretamente os católicos orientais da diáspora a preservar as suas tradições vivas e a enriquecer com a sua singularidade o contexto em que vivem”.

“A Igreja precisa de vocês. Quão grande é a contribuição que o Oriente cristão pode nos dar hoje! Como temos necessidade de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas liturgias de vocês, que envolvem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e inspiram o estupor pela grandeza divina que abraça a pequenez humana!”

Leão XIV enalteceu sobre a preservação dos ritos orientais que deve ser promovida “sobretudo na diáspora” (@VATICAN MEDIA)

Leão XIV e Santa Sé juntos para promover a paz

O discurso de Leão XIV, então, se dirigiu fortemente por mais um apelo pela paz: “não tanto aquele do Papa, mas o de Cristo, que repete: ‘a paz esteja convosco'”. Uma paz tão necessária “da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Oriente Médio ao Tigré e ao Cáucaso, quanta violência!”, lamentou o Papa, que também convidou a rezar “por essa paz, que é reconciliação, perdão, coragem para virar a página e recomeçar”. A Igreja, insistiu o Pontífice, “não se cansará de repetir: silenciem as armas”:

“Farei todo o possível para que essa paz se difunda. A Santa Sé está à disposição para que os inimigos se encontrem e se olhem nos olhos, para que os povos redescubram a esperança e a dignidade que merecem, a dignidade da paz. Os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem silenciar, pois não resolvem os problemas, mas os aumentam; porque entrará para a história quem semeará paz, não quem que criará vítimas; porque os outros não são, antes de tudo, inimigos, mas seres humanos: não vilões a serem odiados, mas pessoas com quem falar.”

Fonte: Vatican News

Francisco e Leão: nome do novo Papa remonta a amizade profunda de São Francisco de Assis

 

Ainda não foram divulgados detalhes sobre o que inspirou o cardeal Robert Francis Prevost a escolher como nome papal Leão XIV. Mas algumas referências históricas e contextuais chamaram atenção de jornalistas, estudiosos e clérigos, que buscam ler como tudo isso vai ser relacionado com o ministério pretrino que terá início nos próximos dias.

Uma primeira referência que chama atenção é quanto aos Papas que escolheram o nome de Leão, um dos mais utilizados pelos pontífices na história. O primeiro, Papa Leão Magno, ficou marcado na história pela definição da Cristologia, quanto à natureza humana e divina de Cristo, durante o Concílio de Calcedônia, no ano de 451. O mais recente, Leão XIII, governou a Igreja por 25 anos, entre 1878 e 1903, e destacou-se por sua intensa produção de documentos, especialmente quanto ao pensamento social da Igreja, cujo expoente é a encíclica Rerum Novarum, de 1891. O documento lançou as bases da Doutrina Social da Igreja e ainda hoje é referência em debates sobre justiça social e direitos dos trabalhadores.

Já a outra referência diz respeito a uma amizade profunda de São Francisco de Assis com o frei Leão, considerado culto sacerdote e hábil calígrafo entre os franciscanos, que foi secretário pessoal e confessor do santo de Assis. A ele, São Francisco dedicou uma afetuosa bênção, contida no manuscrito “Bilhete a Frei Leão”:

“Irmão Leão, teu irmão Francisco te envia saúde e paz. Estou a falar-te, meu filho, como faria uma mãe. Toda conversa que tivemos no caminho a resumo aqui numa palavra de decisão e conselho. E, se depois te for preciso vir a mim, a tomar conselho, eis o que te recomendo:

Do modo que melhor te parecer agradar ao Senhor Deus, e seguir seus passos e sua pobreza, assim farás com a bênção do Senhor Deus e a minha obediência.”

Os franciscanos contam desse relacionamento bem equilibrado entre Francisco e Leão, sendo que “apenas Leão era capaz de preservar e proteger a intimidade de Francisco e por isso foi o único a estar perto do encontro chagado e ardente ao mesmo tempo entre Francisco e seu Deus no monte La Verna”.

Leão também aparece junto com São Francisco no famoso episódio da “perfeita alegria”. Enquanto caminhavam, Francisco pede para Leão tomar nota de algumas reflexões: em nenhuma das situações citadas de glória ou conquista ela é encontrada, mas sim na paciência e na postura de não perturbar-se diante das humilhações: “aí está a verdadeira alegria, a verdadeira virtude e salvação da alma”.

Ainda sem a certeza da escolha, mas lendo os fatos disponíveis, pode ser sintomático que, no início do Conclave, o cardeal Raniero Cantalamessa refletiu sobre “voltar a uma boa Cristologia e a consideração de Jesus Cristo na fé e no anúncio da Igreja”, como revelou o cardeal Odilo Pedro Scherer na coletiva realizada nesta sexta-feira, no Colégio Pio Brasileiro.

Cantalamessa também é autor de um livro “Francisco, o bobo de Deus”, no qual apresenta trechos da vida de Francisco e seus ensinamentos a outro frade, sobre alegria, evangelização e abandono em Deus. É bem possível que o ex-pregador da Casa Pontifícia possa ter apresentado esses exemplos franciscanos.

Prevost, por sua vez, pode ter escolhido seu nome papal a partir desses sinais: a vivência com o Papa que tomou do Santo de Assis o nome e a meditação dos significados presentes nos Leões da história da Igreja.

A revelação oficial dessa história deve ocorrer na próxima segunda-feira, quando ocorrerá o encontro do Papa Leão XIV com os jornalistas.

Fonte: CNBB

Fumaça preta na manhã desta quinta-feira no Vaticano; cardeais retomam votações à tarde

Para ser eleito, o novo Papa deve alcançar 2/3 dos votos dos cardeais eleitores. Ainda não foi desta vez. Reunidos para duas votações na Capela Sistina na manhã desta quinta-feira, segundo dia do Conclave, os 133 cardeais votantes ainda não chegaram a um consenso em torno do nome do próximo Sucessor de Pedro. A indicar, a fumaça preta que saiu da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina por volta das 11h50 (6h50 de Brasília), sob o olhar de milhares de pessoas reunidas na Praça São Pedro e das câmaras e lentes de jornalistas de todo o mundo.

Concluídas as votações da manhã, os cardeais retornam à Casa Santa Marta e às 15h45 novamente o traslado para o Palácio Apostólico, para mais uma rodada de votações na Capela Sistina.

Prováveis horários da fumaça: após as 17h30 (12h30 de Brasília) e por volta das 19h (15h de Brasília).

Fonte: CNBB

Ausência e vacância

Ausência de pessoas e vacância em instituições são realidades lidas pelo sentimento e registradas pela história. Com efeito, dada a natureza dos relacionamentos humanos, quando acontece a ausência de uma pessoa, física ou psicologicamente, por quaisquer motivos, a sensação de vazio faz-se sentir como saudade, como vazio, como dor na vida de quem a tem na condição de proximidade por vínculos de família e de amizade No contexto atual, essa realidade é vivida de forma intensa e especial pelo universo eclesial, no contexto da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, da enfermidade e morte do Papa Francisco e do estado de vacância da Santa Sé.  

Como ensina a Igreja, o mistério da Paixão, Morte e Ressureição de Jesus, fato histórico, é vivido e, portanto, atualizado sacramentalmente na Liturgia da Igreja. Na verdade, foi em favor de todos os homens e mulheres que Jesus derramou o seu sangue e morreu na cruz. O peso da cruz de Jesus o prostrou, o derrubou, três vezes, mas, a causa da salvação humana lhe deu forças para chegar ao Calvário. Na condição de seu discípulo e servidor de Jesus, o Papa Francisco viveu a caminhada para o Calvário, com a linguagem quaresmal, durante o longo período de internação hospitalar, como Peregrino da Esperança, sabendo, pela fé, que chegaria à manhã da Ressurreição. O Papa Francisco recebeu a graça de viver sua experiência de testemunha da Ressurreição de Cristo, no Domingo de Páscoa, com sua presença, sua oração e a bênção “Urbi et Orbi” que concedeu ao povo de Deus reunido na Praça de São de São Pedro. Na leitura dos textos bíblicos que se referem à Morte de Jesus, percebe-se, claramente, a constatação da sua ausência e a sensação de vazio, como revelam os discípulos de Emaús, porque ainda não haviam sido tocados pela graça da Ressurreição. Ao verem o Ressuscitado, seus discípulos, homens e mulheres, se refazem do vazio experimentado. Na segunda feira da Oitava da Páscoa, a Igreja e a própria humanidade tomaram conhecimento da Páscoa/“passagem”, “passagem da morte para a vida” do Papa Francisco e, assim, psicológica e espiritualmente, vivenciaram experiências profundas, marcantes: visitação pública de numerosas pessoas para ver o seu corpo e rezar por sua alma, no interior da Basílica de São Pedro, celebração da Missa das Exéquias, do Valedictio (adeus), “última homenagem e despedida”, na Praça e nas Ruas de Roma, sepultamento do seu corpo na Basílica de Santa Maria Maggiore. A morte do Papa Francisco falou ao coração das pessoas, graças às virtudes que cultivou e às qualidades humanas que tinham o toque da humildade, da bondade, da simplicidade. Tudo isso gerou proximidade, empatia, realidade testemunhada num outdoor: “Todos nós somos Francisco”. 

O período dos Novendiali, “nove dias de oração após o falecimento do Pontífice, uma tradição católica marcada pela esperança na vida eterna”, é celebrado como memória do Papa pranteado e como espera da eleição do seu sucessor. Embora aconteça no âmbito institucional, a vacância sempre envolve o ser humano, em razão do lugar, da função que exerce numa estrutura organizacional. Assim é compreendido o estado de vacância da Santa Sé que está sendo vivido segundo as disposições normativas e rituais, rigorosamente observadas pelo Colégio dos Cardeais e, particularmente, pelos Cardeais eleitores no Conclave que inicia no sete de maio. “Por conclave entendem-se aqueles lugares onde os cardeais elegem o Romano Pontífice (Capela Sistina) e onde estes e os outros oficiais, servidores e conclavistas permanecem dia e noite até a realização da eleição, sem contato com o exterior (Domus Sanctae Marthae) e onde se desenvolvem as celebrações litúrgicas […]. São dadas normas detalhadas sobre os membros do conclave, a entrada nele, o deslocamento da Domus Sanctae Marthae até a Capela Sistina, o juramento de observar segredo e seu objeto etc”. 

No período que antecede o Conclave, a Igreja reza, confiantemente, “Pro Eligendo Romano Pontifice” (Pela eleição do Romano Pontífice): “Ó Deus, pastor eterno, que governais o vosso rebanho com solicitude constante, no vosso amor de Pai, concedei à Igreja um pastor que vos agrade pela virtude e que vele solícito sobre nós.” Essa oração dos cristãos católicos deveria ser uníssona, unânime. Infelizmente, constata-se que essa desejada, esperada expressão de comunhão não está acontecendo, dado que, em alguns casos, pessoas/grupos/segmentos se posicionam de forma explicitamente discordante em relação a este assunto, eleição do Papa, e a tantos outros assuntos que visam o bem da comunidade cristã. Na verdade, quando ocorre, a eleição do Papa é assunto “da ordem do dia”, ultrapassando, assim, a instância eclesiástica. Daí, a diversificada manifestação de pontos de vista – olhar curioso de pessoas, palpite de grupos, manifesta/velada/pretensa influência de autoridades governamentais e eclesiásticas, interesse financeiro de “casas de aposta”, etc. Para os cristãos católicos, a eleição do Papa deve ser acompanhada, em espírito de oração, na fase de preparação e durante o Conclave, para que os Cardeais, iluminados pelo Espírito Santo, elejam o novo Papa que, em seu ministério, deve ser o “servo dos servos de Deus”, a fim de que possa cumprir sua missão, como sucessor do Apóstolo Pedro. 

Fonte: CNBB

Conclave para eleger o novo Papa começa em 7 de maio

“Extra omnes”. A histórica fórmula em latim que marca o início do fechamento à chave da Capela Sistina será pronunciada pelo mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias na próxima quarta-feira, 7 de maio. Esse é o dia de início do Conclave. A data foi definida na manhã desta segunda-feira (28/04) pelos cerca de 180 cardeais presentes (pouco mais de 100 eleitores) reunidos na quinta Congregação Geral no Vaticano.

“Extra omnes”, portanto. “Fora todos” aqueles que não são admitidos na reunião dos cardeais convocados para eleger o próximo Pontífice da Igreja universal. Os purpurados eleitores, com menos de 80 anos de idade, ficarão isolados do resto do mundo dentro da Capela Sistina até a fumaça branca e o “Habemus Papam”, a outra famosa fórmula latina pronunciada da Loggia delle Benedizioni pelo cardeal protodiácono para anunciar ao mundo a escolha do novo Papa.

Não há previsão de conclusão, naturalmente, e entre os próprios cardeais eleitores há aqueles que esperam um Conclave curto, considerando também o Jubileu em andamento, e aqueles que, ao contrário, preveem tempos mais longos para permitir que os cardeais “se conheçam melhor”, tendo Francisco, em seus 10 Consistórios, agregado ao Colégio Cardinalício purpurados de todos os cantos do globo.

As normas da Universi Dominici Gregis

O cronograma para o início do Conclave é estabelecido pelas normas da constituição apostólica de João Paulo II, Universi Dominici Gregis, atualizada por Bento XVI com o Motu Proprio de 11 de junho de 2007 e com a mais recente de 22 de fevereiro de 2013. De acordo com a Constituição, o Conclave – do latim cum clave, que significa fechado à chave – começa entre o 15º e o 20º dia após a morte do Papa, depois dos Novendiali, os 9 dias de celebrações em sufrágio do Pontífice falecido. Mais detalhadamente, a partir do momento em que a Sé Apostólica é legitimamente vacante, os cardeais eleitores presentes devem esperar 15 dias completos pelos ausentes, até um máximo de 20 dias, se houver motivos sérios. O Motu Proprio Normas nonnullas, além disso, dá ao Colégio de Cardeais a faculdade de antecipar o início do Conclave se todos os eleitores estiverem presentes.

Cardeais das partes mais distantes do mundo ainda são esperados em Roma nestes dias. Na Cidade Eterna, eles serão hospedados na Casa Santa Marta, a Domus do Vaticano onde Francisco decidiu morar, renunciando ao apartamento papal.

A missa “pro eligendo Pontifice” e a procissão para a Sistina

Na manhã da quarta-feira, 7 de maio, todos concelebrarão a solene missa “pro eligendo Pontifice”, a celebração eucarística presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, que convidará os irmãos a se dirigirem à Sistina à tarde com estas palavras: “toda a Igreja, unida a nós na oração, invoca constantemente a graça do Espírito Santo, para que seja eleito por nós um digno Pastor de todo o rebanho de Cristo”.

Dali, então, a evocativa procissão até a Capela Sistina, dentro da qual os cardeais entoarão o hino Veni, creator Spiritus e farão o juramento. Será necessária uma maioria qualificada de dois terços para eleger o Papa. Haverá quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde, e após a 33ª ou 34ª votação, no entanto, haverá um segundo turno direto e obrigatório entre os dois cardeais que receberam mais votos na última votação. Mesmo nesse caso, no entanto, sempre será necessária uma maioria de dois terços. Os dois cardeais restantes não poderão participar ativamente da votação. Se os votos para um candidato atingirem dois terços dos eleitores, a eleição do Papa será canonicamente válida.

A eleição do novo Papa

Nesse momento, o último da ordem dos Cardeais diáconos convoca o mestre das Celebrações Litúrgicas e o secretário do Colégio Cardinalício. Ao recém-eleito será questionado: Acceptasne electionem de te canonice factam in Summum Pontificem? (Aceita a sua eleição canônica como Sumo Pontífice?) e, em caso afirmativo, será perguntado: Quo nomine vis vocari? (Como quer ser chamado?), pergunta à qual responderá com seu nome pontifício. Após a aceitação, as cédulas são queimadas, de modo que a clássica fumaça branca poderá ser vista da Praça São Pedro. No final do Conclave, o novo Pontífice se retira para a “Sala das Lágrimas”, ou seja, a sacristia da Capela Sistina, onde vestirá pela primeira vez os paramentos papais – preparados em três tamanhos – com os quais se apresentará à multidão de fiéis na Praça São Pedro.

Após a oração pelo novo Pontífice e a homenagem dos cardeais, o Te Deum é entoado, marcando o fim do Conclave. Em seguida, o anúncio da eleição, o Habemus papam e a aparição do Papa que dará a solene bênção Urbi et Orbi.

 

Fonte: Vatican News

Curiosidades sobre a história dos Conclaves: entre o passado, o presente e o futuro

Por alguns dias, a Capela Sistina se abre ao olhar da história e se fecha aos olhos do mundo. A partir do dia 7 de maio próximo, os cardeais eleitores são chamados a eleger o Pontífice. O Conclave, agora iminente, é o septuagésimo sexto na história da Igreja; o vigésimo sexto realizado sob os auspícios do Juízo Final de Michelangelo.

Cum-clave

O termo Conclave, que deriva do latim “cum-clave”, referia-se a um espaço reservado na casa, precisamente “fechado a chave”. Na linguagem da Igreja, é usado para indicar tanto o local fechado onde se realiza a eleição do Pontífice quanto o conjunto do Colégio Cardinalício chamado a eleger o novo Papa.

A eleição do Papa

O que está prestes a se iniciar é o septuagésimo sexto Conclave, estruturado na forma que conhecemos hoje, partindo do que foi estabelecido por Gregório X em 1274. No período anterior a essa data, falava-se simplesmente da eleição do Pontífice. Durante os primeiros 1.200 anos, aproximadamente, da história da Igreja, o Sucessor de Pedro, como Bispo de Roma, era de fato eleito com o envolvimento da comunidade local. O clero examinava os candidatos propostos pelos fiéis e o Papa era escolhido pelos bispos. Do século IV ao XI, a eleição também foi marcada pela questão das influências externas: imperadores romanos, carolíngios e outros tentaram de várias maneiras controlar o processo de designação do Pontífice.

As raízes do Conclave

Ao longo dos séculos, sucederam-se mudanças que moldaram a estrutura do Conclave até o atual. O primeiro a intervir, nesse sentido, foi o Papa Nicolau II, em 1059, com a bula “In nomine Domini”. Nesse documento, estabeleceu-se, em particular, que somente os cardeais poderiam eleger o Romano Pontífice. Essa bula foi definitivamente ratificada pela Constituição Licet de vitanda, promulgada por Alexandre III em 1179. Ela introduziu a necessidade da maioria de dois terços dos votos, um elemento importante da eleição do Papa que chegou até os dias atuais.

A eleição de 1268

Em 1268, realizou-se um capítulo descrito por muitas fontes históricas. Dezoito cardeais se reuniram no Palácio Papal de Viterbo para eleger o Papa. Foi o “Conclave” mais longo da história. O Papa foi eleito após dois anos e nove meses. Eram tempos difíceis. Durante esse longo período, a população de Viterbo, exasperada, decidiu trancar os cardeais no Palácio. As portas foram fechadas com tijolos e o telhado removido. Por fim, Gregório X, arquidiácono de Liège, que na época se encontrava na Terra Santa, foi eleito. Em 1274, ele promulgou a Constituição Ubi periculum, que instituiu oficialmente o Conclave. Entre outras coisas, estabeleceu-se que ele deveria ser realizado num local precisamente “fechado a chave” por dentro e por fora.

O primeiro Conclave da história

De acordo com essas disposições, o primeiro Conclave da história, após a promulgação da Constituição Ubi periculum, foi o de Arezzo, em 1276, com a eleição de Inocêncio V. Em 1621, Gregório XV introduziu a obrigação do voto secreto e escrito. Em 1904, Pio X proibiu o suposto direito de exclusividade, sob qualquer forma. Também foi introduzida a obrigação de sigilo sobre o que acontecia no Conclave, mesmo após a eleição, e a regra de manter a documentação disponível apenas ao Papa.

Mudanças do Século XX até os dias atuais

Após a guerra, em 1945, Pio XII promulgou a Constituição “Vacantis Apostolicae Sedis”, que introduziu algumas inovações. Em particular, a partir do início da Sede Vacante, todos os cardeais – incluindo o Secretário de Estado e os prefeitos das Congregações – cessam seus cargos, com exceção do Camerlengo, do Penitencieiro e do Vigário de Roma. Com o Motu Proprio ‘Ingravescentem Aetatem’, Paulo VI decidiu então que os cardeais poderiam ser eleitores apenas até completarem 80 anos.

As regras para a eleição do Papa

A legislação atualmente em vigor para a eleição do Pontífice é a ‘Universi Dominici Gregis‘, promulgada por João Paulo II em 1996 e modificada por Bento XVI em 2013. Ela estabelece, entre outras coisas, que o Conclave deve ser realizado na Capela Sistina, definida como Via Pulchritudinis, o caminho da beleza capaz de guiar a mente e o coração em direção ao Eterno. O Motu Proprio de Bento XVI, De Aliquibus Mutationibus in Normis de Electione Romani Pontificis, também prevê que, após 34 escrutínios em que não tenha ocorrido eleição, os cardeais sejam chamados a votar nos dois nomes que receberam mais votos no último escrutínio, mantendo-se, no entanto, mesmo no segundo turno, a regra da maioria de dois terços, necessária para eleger o novo pastor da Igreja universal.

À espera do 267º Sucessor de Pedro

São, portanto, os afrescos de Michelangelo que velam pela eleição do Romano Pontífice. Na Capela Sistina, um novo capítulo na história da Igreja está prestes a se abrir. Os olhos e as esperanças do mundo estão voltados para esta “Via Pulchritudinis”, que permanece fechada para o Conclave, aguardando para vislumbrar o rosto do novo Bispo de Roma e para conhecer o nome do 267º Sucessor de Pedro.

Fonte: CNBB

Seis santos que viveram o exemplo da Divina Misericórdia de Cristo

A devoção à Divina Misericórdia, que será celebrada no domingo (7), reúne milhares de católicos de todo o mundo, que, além de se entregarem ao amor misericordioso de Deus, se esforçam como os santos para imitar esta virtude com o próximo.

Em um artigo no jornal National Catholic Register, da rede EWTN, à qual pertence ACI Digital, Joseph Pronechen, escritor católico e autor do livro Fruits of Fatima – Century of Signs and Wonders, recordou que na história da Igreja Católica destacam-se alguns santos que em várias épocas e situações de vida viveram a misericórdia de Cristo.

“Os santos nos ensinam que todos podemos seguir as instruções de Jesus para praticar a misericórdia: entre os pobres, nos hospitais e entre os aflitos, no confessionário, em um claustro ou na porta de um convento”, disse.

A seguir, seis santos que viveram a misericórdia e que podem ajudá-lo em seu caminho para a santidade:

1. Santa Faustina Kowalska

Pronechen lembrou que Cristo se revelou em visões a santa Faustina Kowalska, chamada de “Mensageira da Misericórdia”, e pediu a ela que mostrasse ao mundo sua Divina Misericórdia para a salvação das almas.

Ela narrou em seu diário que Cristo, “disfarçado de um jovem pobre”, se revelou a ela e depois de pedir e comer um prato de sopa, revelou a ela “que ele era o Senhor do céu e da terra” e desapareceu. Mais tarde, a santa escreveu que ouviu as seguintes palavras de Jesus em seu coração:

“Minha filha, as bênçãos dos pobres que me abençoam ao sair desta porta chegaram aos meus ouvidos. E sua compaixão, dentro dos limites da obediência, me agradou, e por isso desci do meu trono: para saborear os frutos da sua misericórdia”, escreveu.

Pronechen disse que a santa serviu ao próximo com misericórdia fazendo uma atividade muito simples: ser porteira na porta do convento; e que Jesus lhe ensinou que “é possível fazer o bem sempre e em todos os lugares e em todos os momentos” através de três formas concretas: com obras, palavras e oração.

“A plenitude da misericórdia está contida nesses três graus, e é uma prova inquestionável de amor por mim. Por este meio uma alma é glorificada e reverencia a minha misericórdia”, disse Jesus a santa Faustina.

2. São João Paulo II

Pronechen disse que nas últimas décadas, junto com santa Faustina Kowalska, são João Paulo II é uma das “duas grandes luzes que espalham o fogo da Divina Misericórdia pelo mundo”.

São João Paulo II, que era muito devoto da Divina Misericórdia, publicou em 1980 a sua carta encíclica intitulada Dives in Misericordia, na qual exorta os fiéis a voltarem o olhar para o mistério do amor misericordioso de Deus. Além disso, beatificou e canonizou santa Faustina Kowalska e instituiu o Domingo da Divina Misericórdia.

Na homilia para a canonização de santa Faustina, em 30 de abril de 2000, são João Paulo II disse que Cristo “inclinou-se sobre toda a miséria humana, material e espiritual” e que seu exemplo “levou às ‘obras de misericórdia’ espirituais e corporais”, que são “uma forma concreta de fazer-se ‘próximo’ dos irmãos e irmãs mais necessitados”.

Cristo ensinou que “o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a ‘ter misericórdia’ para com os demais. ‘Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia’”, disse o santo.

3. Santa Teresa de Calcutá

Pronechen disse que santa Teresa de Calcutá viveu a misericórdia de Jesus em seu serviço aos mais pobres do mundo, por exemplo, costumava “recolher os moribundos e os pobres literalmente dos esgotos” e fazia tudo com alegria.

A santa chamava todos os pobres a quem servia de “Jesus disfarçado”; ela sempre “tratou-os com grande bondade e dignidade, alimentou-os e cuidou deles enquanto morriam, e realmente colocou em ação as obras de misericórdia corporais”, disse Pronechen.

Além disso, costumava animar os outros a fazerem a mesma coisa à sua maneira. “As calcutás estão em todas as partes, se tivéssemos olhos para ver. Encontre sua Calcutá”, disse. “Fale com elas com ternura. Que haja bondade em seu rosto, em seu olhar, em seu sorriso, no calor de sua saudação. Tenha sempre um sorriso alegre. Não dê apenas o seu cuidado, mas também o seu coração”, disse.

Santa Teresa de Calcutá costumava dizer que “Jesus deixou bem claro: tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos, a mim o fazeis. Você dá um copo de água e me dá a mim. Você recebe uma criança pequena, e você me recebe”.

4. Santa Catarina de Sena

Pronechen disse que santa Catarina de Sena, declarada doutora da Igreja pelo papa são Paulo VI, serviu aos pobres com grande misericórdia aos 33 anos, a mesma idade em que santa Faustina Kowalska morreu.

Ela costumava dar conselhos pacientemente e rezar “por filas intermináveis ​​de pessoas com problemas”. Sua fama era tão grande que “três padres foram designados em tempo integral para ouvir as confissões daqueles que ela aconselhava”. E ela foi até “conselheira dos papas”.

Como outros santos, santa Catarina cuidava dos doentes e alimentava os idosos. Ela cuidou destemidamente daqueles atingidos por uma praga em 1374, “consolando os moribundos e enterrando os mortos”, disse Pronechen. “Muitas vezes seus atos de misericórdia incluíam o milagroso: Deus multiplicou a comida em suas mãos”, acrescentou.

Pronechen contou que a santa uma vez cuidou de uma mulher leprosa que havia sido “banida da cidade” por causa de sua doença, e que mais tarde foi “convertida pela oração e assistência paciente de Catarina”. Como ela, “muitos outros se converteram” graças às suas orações e sacrifícios”, acrescentou.

5. São Pio de Pietrelcina

Pronechen disse que são Pio de Pietrelcina foi um exemplo de “misericórdia no perdão”, pois confessava incansavelmente inúmeros pecadores arrependidos que o procuravam. O santo absolvia penitentes no confessionário “por 12 horas” todos os dias, disse ele.

No dia da canonização de são Pio, em 16 de junho de 2002, são João Paulo II disse em sua homilia que “padre Pio foi um generoso dispensador da misericórdia divina”, ao mesmo tempo que sabia que precisava da misericórdia de Cristo. Ele costumava dizer: Jesus “esqueceu meus pecados, e eu diria que Ele só se lembra de sua própria misericórdia”, disse Pronechen.

6. Santa Teresinha do Menino Jesus

Pronechen lembrou que santa Teresinha do Menino Jesus gostava da misericórdia de Cristo e praticava essa virtude em pequenas tarefas diárias. “Como estou feliz por me ver imperfeita e necessitada da misericórdia de Deus”, costumava dizer a jovem freira.

No livro “História de uma alma”, escrito pela santa, ela disse que se dedicava a praticar “pequenos atos de virtude que estão bem escondidos”, por exemplo, gostava de “dobrar os mantos esquecidos pelas irmãs, e buscava mil oportunidades para prestar-lhes serviço”.

“Devo procurar a companhia daquelas irmãs de quem, segundo a natureza, menos me agradam. Devo cumprir com elas o ofício do Bom Samaritano”, escreveu. “Uma palavra, um sorriso gentil, muitas vezes será suficiente para alegrar um coração ferido e aflito”, acrescentou.

A santa prometeu que do céu deixaria cair “uma chuva de rosas sobre a terra” e assim foi, porque hoje “ela continua a realizar atos de misericórdia por inúmeras almas”, disse Pronechen.

 

Fiéis se despedem do papa Francisco na basílica de São Pedro

Milhares de fiéis se despediram ontem (23) do papa Francisco e prestaram homenagem a ele na basílica de São Pedro, no Vaticano.

Longas filas de enlutados, muitos esperando mais de quatro horas sob o sol quente de Roma, contornavam a praça de São Pedro ontem, no primeiro dia de exibição do corpo. Autoridades da Santa Sé estenderam o horário de funcionamento da basílica para até 5h30 da manhã de hoje (24) para acomodar o grande número de pessoas.

Muitos dos presentes foram inicialmente a Roma para celebrar a Páscoa, participar do Jubileu 2025, ou testemunhar a canonização do beato Carlo Acutis, e acabaram fazendo parte de uma despedida histórica inesperada.

“As multidões são grandes… mas no geral foi lindo”, disse Arianne Gallagher-Welcher, peregrina de Washington, D.C., EUA.

“Você podia sentir como era especial para todos… uma chance muito boa de dizer adeus ao papa Francisco”, disse ela.

Gallagher-Welcher falou sobre o significado do Ano Jubilar da Esperança.

“Estivemos aqui no Jubileu em 2000. Agradecer e celebrar a vida do papa Francisco no Ano Jubilar da Esperança é um presente incrível”, disse ela.

Enquanto as pessoas se dirigiam lentamente para a basílica, algumas rezavam o rosário enquanto outras cantavam hinos. Lá dentro, as pessoas puderam passar um momento em oração diante do caixão aberto do papa em frente ao altar-mor e ao túmulo de São Pedro.

Vestido com vestes vermelhas, uma mitra de bispo na cabeça e um rosário nas mãos, Francisco foi vigiado em silêncio por quatro guardas suíços em vigília.

“À medida que nos aproximávamos do corpo de nosso Santo Padre, foi muito emocionante vê-lo”, disse o padre Fabian Marquez, da diocese de El Paso, Texas, EUA. “Mas sou muito grato por todas as grandes coisas que ele fez pela comunidade, unindo as pessoas”.

“E minha oração pessoal era que agora ele intercedesse para que o próximo Pedro viesse, para que o próximo Pedro possa nos levar aonde o Senhor deseja que vamos”, disse Márquez.

“Tudo mudou desde a notícia de que nosso Santo Padre morreu”, disse Márquez. “Decidimos continuar a vir … só para estar aqui com ele”.

“Pudemos rezar o rosário com as pessoas e foi muito emocionante estar aqui fora da basílica hoje… quando transferiram o corpo de Santa Marta para a basílica”, disse o padre.

Monsenhor Humberto González, da Pontifícia Comissão para a América Latina, falou sobre uma memória pessoal do papa Francisco em 2020, quando concelebrou uma missa em homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe junto com o papa depois da perda de sua mãe.

O significado do momento se estendeu até mesmo a não-católicos. Jai Agarwal, estudante americano de 21 anos da Universidade John Cabot, em Roma, juntou-se à fila para prestar suas homenagens.

“Ele sempre defendeu a paz. Ele é uma das poucas pessoas que tinha empatia genuína”, disse Agarwal.

Raissa Fortes, peregrina do Brasil, havia viajado originalmente para a Itália para a canonização de Acutis, mas mudou seus planos ao saber da morte do papa.

“É uma mistura de sentimentos. Estou triste, mas, ao mesmo tempo, estou feliz por estar aqui neste momento especial”, disse ela.

“Quando recebi a triste notícia sobre o papa Francisco, meu marido e eu decidimos vir mais cedo para dizer um último adeus e fazer parte deste momento com o papa Francisco”, disse também a peregrina.

Fonte: ACI Digital