É conhecido por muitos a Carta de João Paulo II aos artistas (CA). Não obstante da popularidade, é sempre propícia a recomendação “aos que com apaixonada entrega buscam novas «epifanias» da beleza para oferecê-las ao mundo através da criação artística”.
De coração a coração, de um artista para artistas, o papa expressa afeto e comunhão particular aos seus destinatários: “Esta carta é dirigida a vocês, a quem me sinto ligado por experiências pessoais que remontam tempos passados e que marcaram de modo indelével minha vida”. (CA, 1).
A Carta Apostólica é também uma expressão contemporânea do diálogo da Igreja com os artistas, que em dois mil anos de história nunca se interrompeu. Nela, o papa reflete sobre o dom, a missão, os desafios e a responsabilidade do artista – em especial do artista cristão – frente à sociedade contemporânea trazendo a tona que “existe uma ética, ou melhor, uma espiritualidade própria do serviço artístico” (CA, 4). Sobre isto refletiu:
“O artista vive uma relação peculiar com a Beleza. Em um sentido muito real pode se dizer que a Beleza é a vocação a qual o Criador o chama com o dom do «talento artístico». E certamente este é um talento que tem que desenvolver segundo a lógica da parábola dos talentos. […] Quem percebe em si mesmo […] a vocação ao talento artístico […] adverte ao mesmo tempo a obrigação de não fazer mal uso deste talento, mas de desenvolve-lo para pô-lo a serviço do próximo e de toda a humanidade”. (CA, 3)
Fonte: Emanuel Nilo da Silva Aires