O Papa: situação grave na Terra Santa, agir para cessar o conflito

Na audiência com os membros do Studium Biblicum Franciscanum nascido, em Jerusalém, cem anos atrás, Francisco lançou um novo apelo pela paz nos Lugares santos e convida a rezar incessantemente. Pediu aos franciscanos que dirigem a instituição acadêmica para que continuem oferecendo o seu testemunho no lugar onde teve origem o cristianismo.


O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (15/01), na Sala Clementina, no Vaticano, uma delegação do Studium Biblicum Franciscanum pelo seu centenário de fundação.

O organismo foi inaugurado em Jerusalém, no Santuário da Flagelação, em 7 de janeiro de 1924, e alguns anos depois foi ligado ao Colégio Santo Antônio de Roma, hoje Pontifícia Universidade Antonianum. Desde então, a sua história sempre esteve ligada à presença dos Frades Menores na Terra Santa.

Graças ao trabalho paciente de professores e arqueólogos do Studium Biblicum Franciscanum, é possível ir e rezar sobre as ruínas da casa do Apóstolo Pedro, em Cafarnaum, no Lago de Tiberíades.

Com sua Biblioteca e Museu, o Studium Biblicum Franciscanum “deu e continua dando impulso a importantes escavações arqueológicas, em vários sítios, fazendo descobertas valiosas, a ponto de obter, em 2001, o reconhecimento como Facultas Scientiarum Biblicarum et Archaeologiae. Isso determinou sua peculiaridade de unir ao estudo das Sagradas Escrituras a permanência nos Lugares Santos e a pesquisa arqueológica, o que lhe permitiu ampliar e aprofundar consideravelmente seus programas e metodologias”.

Canalizar o estudo das Escrituras para o serviço pastoral

“Além disso, para vocês, o amor pelos textos bíblicos é um amor fundado na mesma vontade de São Francisco”, disse ainda o Papa, ressaltando que para São Francisco, “o conhecimento da Palavra de Deus, e também o seu estudo, não são questões de mera erudição, mas experiências de natureza sapiencial, cujo objetivo, na fé, é ajudar as pessoas a viverem melhor o Evangelho e torná-las boas”. São Boaventura de Bagnoregio, cujo aniversário de 750 anos de morte será celebrado este ano, discípulo fiel de São Francisco de Assis entendeu isso muito bem. Segundo ele, para acolher o dom da Palavra de Deus é necessário «aproximar-se do Pai da luz com fé simples e rezar com o coração humilde, porque Ele, através do Filho e no Espírito Santo, nos concede o verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo e, com o conhecimento, também o amor».

Por ocasião do seu centenário, exorto-os a não perderem de vista este tipo de abordagem das Escrituras. O estudo rigoroso e científico das fontes bíblicas, enriquecido pelos mais modernos métodos e disciplinas afins, esteja sempre unido ao contato com a vida do povo santo de Deus e voltado para o seu serviço pastoral, em harmonia e em benefício do seu carisma específico na Igreja.

“Queridos, neste tempo em que o Senhor nos pede para ouvir e conhecer melhor a sua Palavra, para fazê-la ressoar no mundo de forma cada vez mais compreensível, o seu trabalho discreto e apaixonado é mais precioso do que nunca. Encorajo-os, portanto, a continuar a realizá-lo e a qualificá-lo na pesquisa, no ensino e na atividade arqueológica”, disse o Papa, acrescentando:

Situação atual da Terra Santa

“A situação atual da Terra Santa e dos povos que a habitam nos envolve e nos aflige. É muito grave sob todos os pontos de vista. Devemos rezar e agir incansavelmente para que essa tragédia termine.”

Que isso os estimule ainda mais a aprofundar as razões e a qualidade de sua presença nesses Lugares martirizados, onde se encontram as raízes da nossa fé.

Fonte: Vatican News

Hoje a Igreja celebra são Julião e santa Basilissa, esposos no amor virginal

São Julião e santa Basilissa | São Julião e santa Basilissa

“Eu não adoro a não ser única e exclusivamente ao Deus do céu”, disse São Julião diante do juiz que o condenou a morrer degolado. Ele e sua esposa, Santa Basilissa, viveram um amor virginal aprovado pelo próprio Jesus Cristo. Ele morreu mártir. Ela faleceu depois, após sobreviver à perseguição. A festa de ambos é celebrada hoje (9).

São Julião era filho único de uma família nobre se rica. Teve uma profunda educação na religião cristã. Aos 18 anos, seus pais queriam que ele se casasse com uma jovem nobre chamada Basilissa, mas são Julião tinha feito votos de castidade.

Depois de muito jejum e oração, teve uma revelação celestial no qual lhe foi comunicado que, com sua esposa, poderia guardar a desejada virgindade. São Julião e santa Basilissa foram arrastados milagrosamente ao amor virginal. O Senhor Jesus lhes apareceu e aprovou suas decisões de se conservar castos.

Os santos distribuíram seus bens entre os pobres e se retiraram para viver em duas casas nos arredores da cidade, que converteram em mosteiros. A são Julião iam os homens e, a santa Basilissa, as mulheres. Todos iam onde os esposos estavam para seguir conselhos a fim de viver de modo mais cristão.

Os homens nomearam são Julião como superior e ele os dirigiu com carinho e prudência. Era o que mais trabalhava, o que mais ajudava e rezava com muito fervor. Dedicava muitas horas à leitura de livros religiosos e à meditação. Sua vida foi um contínuo jejum.

Quando se tratava de repreender alguém, ele o fazia sem arrogância, sem modos ruins ou diante dos demais; mas, em privado, com frases amáveis, compreensivas e animadoras. Os monges se sentiam no deserto muito mais felizes do que se estivessem no mais cômodo convento.

Santa Basilissa, por sua vez, era seguida por uma multidão de jovens que ficavam edificadas com o exemplo de sua virtude. Muitas delas abraçaram a vida religiosa e viveram em paz sob sua direção.

Naquele tempo, ocorreu a perseguição de Diocleciano e Maximiano e prenderam Julião junto com os que moravam com ele no mosteiro. Diante do juiz, são Julião proclamou: “Deus ajuda aos que são seus amigos e Cristo Jesus, que é muitíssimo mais importante e poderoso do que o imperador, me dará as forças e o valor para suportar os tormentos”.

São Julião foi condenado à morte, mas antes recebeu terríveis chicotadas. Um dos carrascos, ao chicoteá-lo rapidamente, foi ferido em um olho pela ponta de ferro do chicote. O santo intercedeu a Deus, colocou suas mãos sobre o olho ferido e se obteve a cura.

Os carrascos lhe cortaram a cabeça e o jovem Celso, filho do perseguidor Marciano, se converteu ao cristianismo ao ver a coragem e alegria com a qual este amigo de Cristo morreu, por volta do ano 304. Santa Basilissa, por outro lado, morreu tranquilamente, apesar de também ter sido perseguida.

Fonte: ACI Digital

Nossa Senhora é modelo de abandono na graça de Deus, diz missionária

Celebrado em novembro, o título de Nossa Senhora da Divina Providência representa a intercessão da Virgem Maria a Deus diante das necessidades dos homens


A Virgem Maria é conhecida por muitos títulos. Nossa Senhora da Imaculada Conceição, das Graças, das Dores; Nossa Senhora Aparecida, de Fátima, de Guadalupe. Cada um corresponde a uma devoção ligada a um aspecto da vida da Mãe de Jesus ou a alguma de suas aparições, que, à sua maneira, atende à necessidade dos fiéis que nela confiam.

Um destes títulos, comemorados no mês de novembro, está relacionado a uma das mais importantes passagens da vida de Jesus, quando Ele fez seu primeiro milagre publicamente, nas Bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-11). Após o vinho da festa de casamento que Jesus participava acabar, Ele transformou água na bebida, evitando um grande constrangimento para os noivos.

Quem intercedeu para que esse milagre acontecesse foi Nossa Senhora. Percebendo a falta do vinho, ela se dirigiu a Jesus, relatando o que acontecera. Apesar de seu filho lhe responder que sua hora ainda não havia chegado, a Virgem Maria se voltou para os que estavam servindo e lhes disse “fazei tudo o que ele vos disser”.

Mãe da Divina Providência

Baseado nesta passagem, surgiu o título de Nossa Senhora da Divina Providência. A sua popularização se deu pela Ordem dos Padres Barnabitas, fundada por Santo Antonio Maria Zaccaria no século XVI.

Durante a construção de uma igreja, apesar da falta de recursos, nada faltou durante as obras. Os religiosos, que rezavam à Nossa Senhora da Divina Providência, atribuíram a ela este sucesso, por acreditar que ela providenciou tudo que era necessário.

Ir. Odir Teresinha, ibdp / Foto: Arquivo pessoal

Nos dias atuais, muitas pessoas também têm a devoção à Nossa Senhora da Divina Providência. De forma muito especial, as Irmãs Beneditinas da Divina Providência vivem esta dependência de Deus enquanto seu carisma, expresso pelo “confiante abandono na Divina Providência”.

Há 39 anos na Congregação, a Ir. Odir Teresinha Lópes de Brito, ibdp, indica que a chave para viver esta dependência é a fé. “A confiança inabalável em Deus nos leva a esperar tudo Nele, de maneira ativa, crendo que Ele está sempre conosco, provendo o que é necessário e bom para nós”, explica a religiosa.

Assim como nas Bodas de Caná, é Deus quem provê aquilo que falta. Contudo, Nossa Senhora também intercede junto a Ele, para que a graça seja derramada. “Ela é nossa amorosa mãe que cuida, protege e sempre está conosco. Ela é aquela que nos leva ao seu Filho Jesus, como mãe amável e atenciosa às necessidades dos seus filhos e filhas. Ela nos ajuda quando estamos em apuros, apresentando nossas necessidades a Jesus, ou quando queremos viver bem, para agradar a Deus”, conta a Ir. Odir Teresinha.

Confiança em Deus

Para ter a confiança necessária na Divina Providência, a religiosa dá alguns conselhos. O primeiro deles é manter a paz no coração, não agindo por impulsividade, mas mantendo sempre forte a esperança em Deus. Neste sentido, ela aponta como a Virgem Maria pode ajudar a viver desta forma.

“Ela é a rainha da paz, é a mãe de amor, que está diretamente ligada às ações de Deus na vida de cada pessoa e para com a toda a humanidade. Assim como o Pai Providente, ela nunca nos abandona e sempre cuida de nós, de nossas vidas e necessidades”, frisa a irmã beneditina.

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Um dos momentos em que a Divina Providência se manifestou pela intercessão de Nossa Senhora na vida da religiosa foi durante uma doença que se manifestou há alguns anos. A Ir. Odir Teresinha relata que havia sido diagnosticada com um mioma – uma espécie de tumor uterino – e precisaria de uma cirurgia.

“Então comecei a rezar o terço, pedindo à Mãe da Divina Providência que intercedesse por mim. Em poucos dias realizei outro exame mais completo e, para a surpresa do médico e minha, não havia nada mais, nem a necessidade de cirurgia”, conta a irmã.

A Providência é para todos

Contudo, para além desta grande manifestação da Divina Providência, a religiosa afirma que ela também se mostra no dia a dia, “nas pequenas coisas, nas quais Deus me surpreende com sua providência, com respostas às minhas preces e súplicas”.

Da mesma forma, a Divina Providência não é algo reservado apenas aos religiosos, por exemplo. Trata-se do derramamento da graça de Deus, que alcança todos os Seus filhos. “Assim como a chuva cai indistintamente para todos, Deus age providenciando tudo o que é necessário para a vida de Seus filhos e filhas”, expressa a Ir. Odir Teresinha.

Exemplo deste cuidado do Pai com todos é a missionária da Comunidade Canção Nova Elane Freires. Enquanto membro da comunidade, ela já experimentava a Divina Providência em seu dia a dia, especialmente a partir do exemplo de Maria.

“Para nós, da Canção Nova, a Divina Providência vai além do material: ela está em tudo, permeando tudo em nossa vida, confirmando aquilo que são os desígnios do Senhor. Um coração abandonado em Deus pode experimentar grandes graças, e Nossa Senhora é esse modelo de uma mulher que se abandonou e experimentou graças elevadas”, declara a missionária.

Providência no casamento

Elane Freires e seu esposo, Joselio Pires, no dia de seu casamento / Foto: Arquivo pessoal

Assim como aconteceu nas Bodas de Caná, a Divina Providência, com a intercessão da Virgem Maria, se manifestou em um casamento. Elane casou-se com o também missionário da comunidade, Joselio Pires, em 21 de outubro do ano passado.

À época, o casal, que estava na missão da Canção Nova de São Paulo (SP), havia sido remanejado para Cachoeira Paulista (SP). Contudo, por conta de uma doença do pai de Elane, a família da noiva, de Fortaleza (CE), não poderia participar da cerimônia.

Diante disso, “nós tivemos que nos abandonar na Providência”, conta a missionária. E Deus não os deixou desamparados. Eles conseguiram que o casamento acontecesse em Fortaleza, mas precisaram confiar nos preparativos feitos pelos irmãos que estavam na capital cearense.

“A missão de Fortaleza nos acolheu, nos fez viver este desprendimento, mas nos contemplou com a sensibilidade do Senhor”, relata Elane. Ela, que se descreve como uma pessoa muito ligada aos detalhes, diz que se sentiu amada justamente neles, “em todos os detalhes em relação ao casamento”.

“Deus foi generoso em Sua misericórdia”, expressa a missionária, partilhando que “foi edificante para nós poder tocar neste mistério da graça de Deus, que nos alegra, nos coloca para a frente e nos faz experimentar graças superiores.”

Fonte: Canção Nova

Papa: a paz está ameaçada e o Ano jubilar se faz necessário. A guerra é um “massacre inútil”

Francisco recebeu em audiência os embaixadores acreditados junto à Santa Sé e alertou para “a terceira guerra mundial em pedaços”, que está se tornando um verdadeiro conflito global.


O discurso do Papa ao corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé é um dos mais tradicionais e importantes do ano e não foi diferente neste 2024. Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira, 8 de janeiro, os embaixadores de 184 países e passou em resenha os principais desafios da comunidade internacional. Falou de tecnologia e inteligência artificial, migração, barrigas de aluguel, mudanças climáticas, educação, liberdade religiosa, democracia e desigualdade. Mas o fio condutor de seu discurso foi a paz:

“Trabalhar pela paz. Uma palavra tão frágil, que, ao mesmo tempo, se revela exigente e densa de significado. A ela quero dedicar a nossa reflexão de hoje, num momento histórico em que a mesma está cada vez mais ameaçada, fragilizada e parcialmente perdida. Aliás é dever da Santa Sé, no seio da comunidade internacional, ser voz profética e apelo à consciência.”

Francisco citou o discurso do seu predecessor Pio XII oitenta anos atrás, perto do fim da II Guerra Mundial, em que a humanidade sentia o impulso para uma “renovação profunda”. Este impulso, afirmou o Pontífice, parece ter-se esgotado e “terceira guerra mundial aos pedaços” está se tornando um verdadeiro conflito global.

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Os conflitos atuais

A primeira guerra citada pelo Papa foi entre Israel e na Palestina. O ataque terrorista de 7 de outubro deixou todos “chocados” e provocou uma forte resposta militar israelense em Gaza. “Repito a minha condenação” e “renovo o meu apelo para um cessar-fogo”, disse Francisco, apoiando a “solução de dois Estados”, e um estatuto especial, garantido internacionalmente, para a Cidade de Jerusalém.

As guerras hodiernas, notou o Papa, não se combatem somente entre soldados, e os civis acabam sendo envolvidos. Além disso, a violação do o direito internacional humanitário é considerado crime de guerra. “Se conseguíssemos fixar cada uma das vítimas nos olhos, disse, veríamos a guerra como ela é: nada mais que uma enorme tragédia e ‘um massacre inútil’, que fere a dignidade de toda a pessoa nesta terra.”

“Ainda que se trate de exercer o direito de autodefesa, é indispensável respeitar o uso proporcional da força.”

E se as guerras existem, devem-se também à enorme disponibilidade de armas. “Quantas vidas se poderiam salvar com os recursos atualmente destinados aos armamentos? Não seria melhor investi-los a favor de uma verdadeira segurança global?”, questionou. E renovou a sua proposta de constituir um Fundo mundial para eliminar finalmente a fome e promover um desenvolvimento sustentável de todo o planeta. Francisco reiterou mais uma vez “a imoralidade de fabricar e possuir armas nucleares”.

O Santo Padre então mencionou todas as outras regiões em conflito: Ucrânia, Líbano, Síria, Miamar, Arzeibajão, Armênia, Chifre da África, República Democrática do Congo, Venezuela e Guiana.

O continente americano e a Amazônia

Aliás, quanto ao continente americano, o Papa manifestou sua preocupação com os fenômenos de polarização que comprometem a harmonia social e enfraquecem as instituições democráticas, como vem ocorrendo no Peru. E como fez em sua mensagem em 1º de janeiro, mencionou a Nicarágua, onde uma crise provoca “amargas consequências” para toda a sociedade e para a Igreja Católica. “A Santa Sé não cessa de convidar a um diálogo diplomático respeitoso pelo bem dos católicos e de toda a população.

Também causam guerras a fome, a exploração dos recursos naturais e a exploração das pessoas, assim como as catástrofes naturais e ambientais. A esse ponto, aprofundou o tema da crise climática e deu como exemplo a desflorestação da Amazônia, o “pulmão verde” da Terra. Sobre a COP28, realizada em Dubai, aprovou a adoção do documento final, que “constitui um passo encorajador e revela que, perante as inúmeras crises que estamos a viver, há a possibilidade de revitalizar o multilateralismo”.

Fome, desigualdade e desastres naturais provocam ainda migração forçada. O deserto do Saara, as fronteiras da América Central e do Norte e, sobretudo, o Mar Mediterrâneo, são as regiões mais sensíveis, e muitas delas se tornaram “cemitérios”. É fácil fechar o coração, disse o Papa, mas nenhum país pode ser deixado sozinho.

A vida e as barrigas de aluguel

O caminho da paz, acrescentou Francisco, exige o respeito pela vida humana, a começar pela do nascituro no ventre da mãe. O Papa definiu como “deprimente” a prática da chamada barriga de aluguel, pedindo um esforço da comunidade internacional para proibir tal prática em nível universal. “Um filho é sempre um dom, e nunca o objeto de um contrato”.

O caminho da paz exige ainda o respeito pelos direitos humanos, e o Papa lamentou as tentativas para introduzir novos direitos, como a teoria do gender. O caminho da paz passa também pelo diálogo político e social, e mencionou as eleições em 2024 em muitos países, enaltecendo a democracia. Outro diálogo importante é o inter-religioso. Francisco manifestou sua preocupação com a tutela da liberdade religiosa e o respeito das minorias. Condenou o antissemitismo e a perseguição e a discriminação contra cerca de 360 milhões de cristãos.

O Papa recordou ainda todas as suas viagens internacionais de 2023: República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Hungria, Portugal, Mongólia e Marselha. Ao falar da Jornada Mundial da Juventude, adentrou no desafio da educação, “o principal investimento no futuro e nas gerações jovens”. “Conservo no coração aquele encontro com mais de um milhão de jovens, provenientes de todas as partes do mundo, cheios de entusiasmo e vontade de viver. A sua presença foi um grande hino à paz.”

Falar de edução engloba também a utilização ética das novas tecnologias e o perigo das fake news, motivo pelo qual a Mensagem para o Dia Mundial da Paz foi dedicada à inteligência artificial, “um dos desafios mais importantes dos próximos anos”.

O Jubileu e o anúncio do Reino

O Papa concluiu o seu discurso com o Jubileu, que terá início neste Natal de 2024:

“Talvez hoje, mais do que nunca, tenhamos necessidade do ano jubilar.” Perante tantos sofrimentos e face à obscuridade deste mundo, “o Jubileu é o anúncio de que Deus nunca abandona o seu povo e mantém sempre abertas as portas do seu Reino”.

“É um tempo de justiça, em que os pecados são perdoados, a reconciliação permite superar a injustiça e a terra repousa. Pode ser para todos – cristãos e não-cristãos – o tempo para quebrar as espadas e delas fazer arados; o tempo em que uma nação não mais levantará a espada contra outra nação, nem se aprenderá mais a arte da guerra (cf. Is 2, 4).”

Francisco se despediu dos embaixadores desejando a eles e aos povos que representam “um ano feliz para todos”.

Fonte: Vatican News

Cada dia da semana tem um propósito de fé

Para ajudar os fiéis a perseverar na sua vida cristã, a Igreja atribuiu a cada dia da semana um propósito especial de devoção.

Enciclopédia Católica (EC) da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, diz que “em todos os tempos” o domingo esteve dedicado ao Senhor.

A segunda-feira, no início da Idade Média, “era consagrada ao culto especial do Filho de Deus”, mas depois foi dedicada ao Espírito Santo “para implorar a sua assistência no início das tarefas da semana”.

Atualmente, numa “devoção livre e voluntária que a Igreja aprova sem prescrever”, a segunda-feira é dedicada à oração pelas almas do purgatório.

A terça-feira, diz a CE, “é geralmente consagrada ao culto dos Santos Anjos e especialmente ao Anjo da Guarda”.

A quarta-feira, continua, “é o dia escolhido pela devoção para homenagear são José e alcançar a graça de uma boa morte”.

A quinta-feira é eucarística, lembrando que “o Filho de Deus instituiu numa quinta-feira o sacramento da eucaristia, no qual deixou ao gênero humano para sempre a sua carne e o seu sangue para que os comamos e bebamos”.

Toda sexta-feira, diz a Enciclopédia Católica, “é consagrada à Paixão”, e nestes dias a Igreja incentiva a viver o jejum e a abstinência.

O cânon 1.251 do Código de Direito Canônico diz: “guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

A CE acrescenta que “os fiéis têm o costume de acrescentar à abstinência a recitação de cinco Pai-Nossos e cinco Ave-Marias, em honra das cinco chagas de Nosso Senhor às três da tarde deste dia”.

O sábado, diz, “foi durante muitos séculos tão feriado quanto o domingo, e isto por vários motivos”.

“Em primeiro lugar, para honrar o descanso do Senhor após a criação, e para lembrar ao homem que ele também, sendo imagem de Deus, criava em certo modo durante esta vida, e que um dia entraria no sábado, ou descanso eterno, figurado pelo sétimo dia”.

“Em segundo lugar, lembramos que o Salvador frequentemente escolhia o dia de sábado para realizar curas e milagres e para ir pregar nas sinagogas”, diz.

O diretor da Enciclopédia Católica, José Gálvez Krüger, disse à ACI Prensa que na história, “desde a Revolução Francesa, há um processo programático para descristianizar a sociedade”.

“Porque a Revolução Francesa, mesmo disfarçada com os trapos do progresso e dos direitos humanos, nada mais é do que um movimento anticristão e homicida”, disse.

“Todas as revoluções no mundo seguiram o esquema”, acrescentou.

Neste programa afirma-se que “a primeira coisa a fazer é retirar Deus da vida cotidiana, da vida cotidiana do homem simples, do homem comum”.

Para Gálvez Krüger, isso fica evidente na forma como em muitos lugares são descartados “os santos, a dedicação de cada dia a um modelo de virtude e santidade, a santificação das festas, a linguagem arquitetônica dos templos”.

Manifesta-se também “na proibição da exteriorização da fé e da sua profissão pública, ou seja, procissões, celebração pública dos sagrados mistérios, festas religiosas e símbolos religiosos, incluindo o crucifixo e a imagem da Mãe de Deus, a Virgem Gloriosa e Santíssima”.

Para o diretor da CE, é urgente “recristianizar a sociedade a partir da própria família, desde a própria modéstia no vestir até nos utensílios domésticos (ter uma fonte de água benta, uma imagem da Virgem)”.

Ele também exortou a uma atenção especial aos santos católicos, pois “cada dia é consagrado à memória de um modelo de virtude e de santidade, que a Igreja propõe para a edificação dos seus membros”.

Fonte: ACI Digital

A necessidade da Virgem Maria

Maria nunca se cansa de interceder por nós, somos nós que nos cansamos de pedir a sua intercessão


Nas suas cartas espirituais, São Francisco de Sales tinha a capacidade de conduzir seus leitores a uma ardente esperança pela salvação. Isso fazia o então bispo de Genebra, orientando-os a não se deixarem abater pelas próprias faltas, e, sim, a utilizá-las para o crescimento na humildade. São Francisco recomendava insistentemente a intercessão de Maria. “A Santíssima Virgem foi sempre a Estrela polar e o porto favorável de todos os homens que têm navegado pelos mares deste mundo miserável”, ensinava o santo aos fiéis [1]. De fato, na história da cristandade, sobretudo nos momentos de grande tribulação, Nossa Senhora revelou-se como Auxilium Christianorum.

Esse título mariano, empregado ao longo dos séculos por uma porção de santos — e contemplado na famosa Ladainha Lauretana — explicita algo de muito importante para a fé católica: a necessidade de Maria. Porque Deus quis precisar da Virgem Santíssima para trazer a salvação ao mundo, o homem deve também recorrer à sua maternidade. Trata-se da Pedagogia Divina: indo a Deus por meio de Nossa Senhora, reconhecemos perante o céu nossa condição miserável; não somos dignos de receber a graça diretamente das mãos do Pai. Dizia Bento XVI, inspirado no testemunho de São Frei Galvão, ao povo brasileiro: “Não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora” [2]. Ela está presente, ainda que discretamente, em todos os momentos cruciais da vida terrena de Cristo. Na encarnação, vemos o anjo saudá-la: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28). Nas bodas de Caná também está presente: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2, 5). Ao pé da cruz, consola as dores do Filho, tendo o coração transpassado pela espada de dor, anunciada por Simeão (cf. Lc 2, 35). E, em Pentecostes, aparece ao lado dos Apóstolos para rezar pela vinda do Paráclito e manifestação da Igreja (cf. At 1, 14).

Imagem: Pascom Luz

 

O clássico de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida, apresenta essa intercessão de Maria de forma belíssima. Na cena do julgamento, em que João Grilo recorre ao socorro da “Mãe de Deus de Nazaré”, vê-se todo o drama do ser humano ao mesmo tempo em que se manifesta a Misericórdia de Deus pelos lábios da Virgem: “Intercedo por esses pobres, meu Filho, que não têm ninguém por eles; não os condene”. E quando para João Grilo já não se acha aparentemente nenhuma possibilidade de salvação — mesmo ele se deixa abater, achando-se condenado —, está Ela a suplicar outra vez pelo homem. O episódio permite-nos recordar algumas palavras do Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “Deus nunca Se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia” [3]. Do mesmo modo, a Virgem Maria nunca se cansa de interceder por nós, somos nós que nos cansamos de pedir a sua intercessão.

 

No coração de cada cristão subsiste um João Grilo, isto é, aquele homem velho que ainda não se converteu. Por outro lado, existe também a fé do personagem que, agarrando-se à Mãe, confia na justa misericórdia de Deus. Diante de nossas misérias, podemos nos sentir desanimados e, como João Grilo, quase certos da condenação, embora nunca deixemos de rezar. Eis então que a Mãe nos grita, apontando para o diabo: “Não, João, não se entregue. Este é o pai da mentira, está querendo lhe confundir”. Sim, é preciso uma exortação para que recuperemos a estrada do céu. A graça, como o próprio nome já diz, é gratuita. Mas, não coincide com a presunção. Diz São Luís de Montfort: “Será possível dizer de verdade que se ama e honra a Santíssima Virgem, quando, pelos pecados, se fere, se trespassa, se crucifica e ultraja impiedosamente a Jesus Cristo, seu filho?” [4] O homem deve renunciar ao pecado.

Há 160 anos Pio IX proclamava o dogma da Imaculada Conceição, com o qual se reconhecia que a Virgem Maria foi “absolutamente livre de toda mancha do pecado” desde a concepção [5]. É comovente o que relatam sobre as últimas palavras desse Bem-Aventurado Papa no seu leito de morte. Ele confessava [6]:

Estou contemplando docemente os quinze mistérios que adornam as paredes desta sala, que são outros tantos quadros de consolo. Se soubesse como me animam! Contemplando os mistérios gozosos, não me lembro das minhas dores; pensando nos dolorosos, sinto-me extremamente confortado, pois vejo que não estou sozinho no caminho da dor, mas que Cristo vai à minha frente; e quando considero os gloriosos, sinto uma grande alegria, e parece-me que todas as minhas penas se convertem em resplendores de glória. Como me consola o rosário neste leito de morte. O rosário é um Evangelho compendiado e dará aos que o recitam os rios de paz de que nos fala a Sagrada Escritura; é a devoção mais bela, mais rica em graças e gratíssima ao coração de Maria. Seja este, meus filhos, o meu testamento, para que vos lembreis de mim na terra.

Na história de Ariano Suassuna, a intercessão de Maria concede a João Grilo uma nova oportunidade para ser santo. É o que recebemos todas as vezes que nos arrependemos e confessamos nossos pecados. Maria acolhe nosso pedido de perdão e o entrega às mãos de Cristo. E este é o nosso grande consolo: saber que receberemos o Reino dos Céus pelas mãos de nossa Mãe. Com Ela, tudo se torna mais fácil. Sem Ela, tudo se torna praticamente impossível.

Como cultivar amizades santas?

A amizade é um grande dom para o ser humano, mas, se não for vivida pelo motivo correto, pode transformar-se em um vício perigoso para a caminhada espiritual.


No caminho da santidade, os cristãos são chamados a progredir continuamente no amor a Deus. Esse progresso consiste numa espécie de segunda conversão, em que a pessoa, fortalecida pelas virtudes infusas, começa a enxergar o Senhor não mais com o olhar do servo, mas do amigo. Jesus deseja estar ligado a nós por um vínculo de amizade, como se percebe neste discurso d’Ele aos apóstolos: “Non iam servos, sed amicos – Já não vos chamo servos, mas amigos” (Jo 15, 15).

A amizade (do grego philia) é uma das quatro formas de amor. Os homens podem amar de maneira erótica, familiar, fraterna e abnegada. Embora essas quatro dimensões não existam sozinhas — ao contrário, necessitam uma das outras para que não se transformem em ídolos —, cada uma possui características próprias, as quais colaboram para o desenvolvimento de alianças duradouras e íntimas. A amizade, ou caridade fraterna, distingue-se pelo amor ao outro, cujo efeito ultrapassa as barreiras sanguíneas. Aquele que poderia ser chamado de estranho é amado fraternalmente, isto é, como se fosse um irmão.

Santa Teresa d’Ávila elenca a caridade fraterna, ao lado da pobreza e da humildade, como uma das três colunas fundamentais do edifício espiritual. Não é difícil de entender agora o porquê deste ensinamento. Precisamos da amizade para que tenhamos intimidade com Deus, pois quem se relaciona com Ele apenas como servo não é capaz de perscrutar o Seu desejo mais profundo para os homens. O servo nunca se aproxima intimamente de seu senhor, ao passo que o amigo quer estar sempre na sua presença, a fim de dividir suas alegrias e preocupações.

Os santos souberam cultivar o dom da amizade em suas vidas, buscando a presença de Deus no coração de seus irmãos. E isso os motivou ainda mais a buscar a santidade. Bento XVI explica: “Quando se encontram duas almas puras e inflamadas pelo mesmo amor a Deus, elas haurem da amizade recíproca um estímulo extremamente forte para percorrer o caminho da perfeição” [1]. É o que testemunhamos na vida de São Francisco de Assis e Santa Clara, Santa Teresa d’Ávila e São João da Cruz, e tantos outros santos. Eles se amaram de maneira tão bela que se tornaram realmente um só espírito — para usar uma expressão de São Francisco de Sales [2] —, pelo que confirmaram a doutrina de Santo Tomás de Aquino: “A caridade é principalmente a amizade do homem com Deus, e com os seres que Lhe pertencem” [3].

É claro que nem todo tipo de amizade vem de Deus. Infelizmente, o pecado original deixou marcas profundas no ser humano e mesmo um dom nobre como a amizade pode degenerar-se em vício perigosíssimo para alma, se não for purificado pela ação divina. E não estamos falando aqui das más companhias. Estas, como insiste Santa Teresa, nem devem ser mencionadas entre nós. Falamos daquelas grandes amizades que, apesar de serem frutíferas no início, confundem-se com apego afetivo, e se convertem em verdadeiros obstáculos na caminhada espiritual, quando não vividas pelo motivo correto. As duas almas tornam-se dependentes, em um vínculo de senhor e escravo. Não demora muito para que a amizade se transforme em rivalidade.

A reta prudência exige, portanto, que façamos uma sadia distinção entre o amor meramente humano e o amor sobrenatural, a fim de que a amizade verdadeira habite em nossos corações. Santa Teresa faz essa distinção pela observação de como reagem aqueles que amam humanamente e aqueles que amam com amor divino diante do sofrimento de um amigo. Os primeiros, constata a santa, perdem logo a paciência: “Se lhe dói a cabeça [à pessoa amada], parece que nos dói a alma” [4]. Os segundos, por sua vez, veem as provações dos amigos através dos olhos da eternidade, entendendo que cada “tribulação momentânea acarreta para nós um volume incomensurável e eterno de glória” (2 Cor 4, 17).

Eis aí. Os verdadeiros amigos preocupam-se, em primeiro lugar, com a salvação das almas. Eles desejam encontrar-nos no Céu juntamente com Deus, a Virgem Maria, os santos e os anjos. É neste tipo de amizade sobrenatural que tem espaço a chamada correção fraterna. Trata-se de uma preocupação que tem por objeto não somente o bem-estar físico e emocional da pessoa; o amigo preocupa-se sobretudo com a vida da graça, exortando e empurrando seus companheiros de caminhada para a jornada da vida eterna.

Ademais, é preciso ter consciência de que tal tipo de amizade só é possível dentro de um contexto de fé madura, pois aquele que procura amar sobrenaturalmente deve estar preparado para o desprezo e as incompreensões. É possível que aquele que ama não seja correspondido pelo amado. Por isso, exige-se do amante que procure cultivar as amizades pelo motivo certo, de maneira que essa amizade seja alimentada pelo amor abnegado (do grego ágape), o qual provém totalmente de Deus. Aquele que se sabe amado por Deus não teme ser ignorado pelos outros; ama-se a Deus no próximo ainda que não haja o retorno deste, pois já se possui o Amor verdadeiro.

A Igreja celebra no dia 2 de janeiro a memória litúrgica de dois grandes santos, cujo testemunho de amizade e cooperação recíproca causou grande impacto na história do cristianismo: São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno. Unidos pela fé, pela esperança e pela caridade, os chamados padres capadócios — dentre os quais também se inclui São Gregório de Nissa, irmão de São Basílio — venceram a praga do arianismo, fazendo triunfar a doutrina católica no Concílio de Constantinopla. A São Basílio e São Gregório só interessava uma coisa: a conquista da coroa do Céu. Nesta árdua missão, dizia São Gregório sobre o amigo, “ambos lutávamos, não para ver quem tirava o primeiro lugar, mas para cedê-lo ao outro. Cada um considerava como própria a glória do outro”, pois eles eram “como uma só alma em dois corpos”. São particularmente tocantes estas palavras do santo de Nazianzo:

“A única tarefa e objetivo de ambos era alcançar a virtude e viver para as esperanças futuras, de tal forma que, mesmo antes de partirmos desta vida, tivéssemos emigrado dela. Nesta perspectiva, organizamos toda a nossa vida e maneira de agir. Deixamo-nos conduzir pelos mandamentos divinos estimulando-nos mutuamente à prática da virtude. E, se não parecer presunção minha dizê-lo, éramos um para o outro a regra e o modelo para discernir o certo e o errado” [5].

É este o tipo de amizade à qual estamos, todos nós, chamados a cultivar em nossas relações com os demais. Uma amizade enraizada em Cristo, para cuja Pessoa caminhamos na certeza de que a única felicidade encontra-se na vida eterna.

Santos Basílio Magno e Gregório de Nazianzeno

sao basilio

Origens 

A Igreja alegra-se com a memória conjunta destes grandes Santos doutores: Santos Basílio Magno e Gregório de Nazianzeno.

São Basílio Magno, bispo e doutor da Igreja

Origens
Basílio nasceu em Cesareia, no ano 329. Nasceu de uma família santa que buscava testemunhar, na própria vida e na formação dos filhos, o grande amor por Cristo e pela Igreja. Foi assim que, ajudado pelo pai, Basílio recebeu a primeira formação.

O encontro com São Gregório 
Depois, passou por Constantinopla, chegando a estudar em Atenas e formar-se em retórica. A essa altura, mesmo tendo um coração bem semeado pelo Evangelho, ele começou a buscar glórias humanas, mas, ao conhecer o amigo São Gregório Nazianzeno, conheceu Cristo mais profundamente e retomou a amizade com Jesus.

A direção do seu conhecimento: Jesus Cristo
Ele, que já era muito culto, direcionou todo o seu potencial para Aquele que é a verdade, o Logus, o Verbo que se fez carne, Jesus Cristo, Nosso Senhor e salvador. Retirou-se por um tempo dali e pôde viver uma vida de muita oração e penitência. Depois, foi inspirado a aprofundar-se na vida eremítica e também na vida monástica. Visitou o Egito, Síria, Palestina e estudou a ponto de, com seu amigo Nazianzeno, começar uma comunidade monástica.

Eleito Bispo
Aconteceu que, diante da realidade na qual o Arianismo — heresia que afirmava que Jesus Cristo não é Deus —, confundia muito as pessoas e ainda era apoiada pelo imperador do Oriente chamado Valente. Nessa altura, em Cesareia, São Basílio, em 370 d.C., foi eleito bispo, sucessor de um dos apóstolos. Homem de caridade e de testemunho, ele pôde combater e ver a verdade vencendo o Arianismo. O imperador não colocava medo nesse homem cheio do Espírito Santo. São Basílio também tinha muitas obras, não era apenas um homem de palavras; cidades de caridade surgiram por meio dele.

Páscoa
Ainda padre, ele já era um testemunho reconhecido, uma autoridade não só pela Igreja, mas pela vida. São Basílio Magno deixou uma riqueza de escritos e, principalmente, a certeza de que amigo de Jesus, felizes nós seremos. Em 379 d.C., ele partiu para o céu e intercede por nós.

Uma verdadeira amizade que levou até Cristo

São Gregório Nazianzo, doutor da Igreja

Origens

São Gregório Nazianzo nasceu no mesmo ano que Basílio (329). Seu pai era Gregório, o Velho, que depois foi Bispo de Nazianzo. Estudou em Atenas, onde conheceu Basílio, ao qual teve um forte elo de amizade e com quem conviveu no eremitério da Capadócia. Homem de estudo e poeta, recebeu a alcunha de teólogo em decorrência de sua excelente doutrina e inflamada eloquência.

Forte combatente de Heresias
Foi enviado pelo imperador Teodósio a Constantinopla para combater a difusão da heresia ariana, mas assim que chegou foi atacado por pedradas, sendo obrigado a permanecer fora dos muros de Constantinopla. Graças a seu exemplo de vida, Gregório reconduziu a cidade à ortodoxia. Não conseguiu ser Bispo de Constantinopla, como o povo desejava, pois foi hostilizado por uma facção de opositores. Despediu-se e retornou para a sua terra natal.

Obras e sua Páscoa
Retirou-se no silêncio, onde continuou a falar com Deus e com os homens. Escreveu cerca de 240 cartas de grande importância teológica e moral, além de belíssimas pela forma literária. Morreu no ano 390.

Minha oração

“Sabemos que a amizade é um dom, graça divina, por isso, a pedimos Jesus. Queremos amizades verdadeiras e queremos ser bons amigos. Que as pessoas, que nos circundem, nos levem para mais perto de Deus. Amém.”

Santos Basílio Magno e Gregório de Nazianzeno, rogai por nós! 

 

Fonte: Canção Nova

Papa: quem fere uma mulher profana Deus

Francisco, em sua homilia durante a Missa na Basílica de São Pedro, na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, enfatizou a importância de Maria para a identidade feminina da Igreja “para se assemelhar ainda mais a Ela que, como mulher Virgem e Mãe, representa o seu modelo e figura perfeita”.


“É bom que o ano se abra com a invocação d’Ela; é bom que o povo fiel proclame com alegria a Santa Mãe de Deus.” 

Com essas palavras, o Papa Francisco introduziu sua homilia aos sete mil fiéis presentes na Basílica de São Pedro, no primeiro dia do ano (01/01/2024), durante a missa da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus.

Os termos “mãe” e “mulher” estiveram no centro da reflexão do Santo Padre, ao destacar que a maternidade de Maria é o caminho para encontrar a ternura paterna de Deus, o caminho mais próximo, mais direto, mais fácil:

“As palavras Mãe de Deus exprimem a feliz certeza de que o Senhor, terno Menino nos braços da Mãe, Se uniu para sempre à nossa humanidade, de tal modo que esta já não é só nossa, mas d’Ele. Mãe de Deus: poucas palavras para confessar a aliança eterna do Senhor connosco. Mãe de Deus, um dogma de fé, mas é também um «dogma de esperança»: Deus no homem e o homem em Deus, para sempre.”

O rosto feminino da Igreja

Francisco recordou que é a Mãe que nos conduz ao início e ao coração da fé, “esta não é uma teoria nem um empenho pessoal, mas um dom imenso, que nos faz filhos amados, moradas do amor do Pai”. Por isso, sublinhou o Papa,  “acolher na própria vida a Mãe, não é uma decisão de mera devoção, mas uma exigência de fé: se queremos ser cristãos, devemos ser marianos, ou seja, filhos de Maria”.

“A Igreja precisa de Maria para descobrir o seu próprio rosto feminino: para se assemelhar ainda mais a Ela que, como mulher Virgem e Mãe, representa o seu modelo e figura perfeita, para abrir espaço às mulheres e ser geradora através duma pastoral feita de cuidado e solicitude, paciência e coragem materna.”

Segundo o Pontífice, “o mundo precisa de olhar para as mães e para as mulheres a fim de encontrar a paz, escapar das espirais da violência e do ódio, voltar a ter um olhar humano e um coração que vê”.

Ferir uma mulher é profanar Deus

“Toda a sociedade precisa de acolher o dom da mulher, de cada mulher: respeitá-la, protegê-la, valorizá-la, sabendo que, quem fere ainda que seja uma única mulher, profana Deus, nascido de mulher”, ressaltou Francisco.

“Maria, a mulher, assim como é decisiva na plenitude do tempo, também o é para a vida de cada um; porque ninguém melhor do que a Mãe conhece os tempos e as urgências dos filhos.”

O Papa recordou aos fiéis que diante da tentação do fechamento é preciso voltar-se para Maria, “quando não conseguirmos desembaraçar-nos por entre os nós da vida, procuremos refúgio n’Ela”.

Ternura materna

Ao concluir  a homilia, o Santo Padre enfatizou que “os nossos tempos, vazios de paz, precisam de uma Mãe que congregue a família humana”, e indicou  Maria como caminho para a construção da fraternidade, que com a sua criatividade de Mãe, cuida dos filhos: reúne-os e conforta-os, escuta as suas penas e enxuga as suas lágrimas.

“Confiemos o novo ano à Mãe de Deus. Consagremos-Lhe as nossas vidas. Ela saberá, com ternura, apontar-nos a sua plenitude; com efeito, levar-nos-á a Jesus, e Jesus é a plenitude do tempo, de cada tempo, do nosso tempo.”

“Que este ano seja cheio da consolação do Senhor! Que este ano seja repleto da ternura materna de Maria, a Santa Mãe de Deus”, concluiu Francisco, convidando os fiéis a juntos, repetir três vezes a invocação: “Santa Mãe de Deus!”

Santos Inocentes: precisamos falar sobre as crianças indefesas

Neste dia dos Santos mártires incoentes, vamos refletir: Como está o nosso papel, como jovens, adultos e idosos em relação ao cuidado e ao amparo das crianças de hoje?

Neste dia 28 de dezembro, a Igreja Católica celebra os Santos Inocentes, que são os bebês e as crianças que morreram sem nenhum pecado, por isso hoje contemplam o Céu junto a Deus. A data propícia me fez refletir acerca de um assunto: quem são os nossos Santos Inocentes de hoje?

No tempo de Jesus, Herodes, por medo de perder o seu reinado, matou inúmeras crianças. Hoje a situação não é muito diferente, mas acontece de maneira mais sutil. A sociedade segue o mesmo caminho, ao buscar destruir e matar a essência de cada criança, impondo, desde cedo, verdades que julgam ser as mais corretas à respeito do que dizem ser a identidade dos pequenos, como é o caso da ideologia de gênero, por exemplo. Para essa forma de pensamento, um indefeso, que ainda não tem capacidade de escolha, deve optar por ser quem quiser, o que representa uma forma de negar a sua identidade natural, pré definida pelo próprio Criador.

Diante de realidade como pessoas que são à favor da vida, em qualquer circunstância, surge um primeiro questionamento em minha mente, que eu gostaria de trazer à você nesse dia propício: como está o nosso papel, como jovens, adultos e idosos em relação ao cuidado e ao amparo das crianças de hoje? Elas são inocentes e não têm poder nem razão suficientes para se defenderem. Será que nós, como cristãos, estamos amando os nossos pequenos ao ponto de combater as mentalidades que em nada os favorecem?

O direto à infância também é algo que está sendo tirado das crianças. A sociedade quer impor, de diversas formas, que elas sejam adultas desde cedo, principalmente por meio da sexualização infantil. Hoje já é comum vermos os pequenos se vestindo de uma maneira sensualizada, outros, ainda novos, são inseridos numa vida sexual ativa, mesmo sem ter estruturas para esse tipo de relação.

Em realidades mais abusivas, vemos casos de crianças que são vendidas pelos pais para serem escravas sexuais: o ápice da calamidade humana. A fome ainda mata a muitos, as guerras também. Rostos de crianças feridas têm se tornado algo cada vez mais comum em noticiários internacionais. Os inocentes ainda morrem e clamam por uma sociedade responsável que os proteja!

Nós, como defensores da vida e da verdade Evangélica, não podemos permitir nenhum nível de degradação para com estes inocentes, mas ao contrário, devemos socorrer cada criança para que elas vivam tudo em seu tempo, zelando pelo período da infância, que é tão importante para a construção do ser adulto.

É possível, por meio da oração, da evangelização, do acolhimento e, principalmente, por meio da educação familiar, cuidar das nossas crianças – educação essa que não se restringe à escola, que também é importante, mas ela só dará a formação acadêmica e não necessariamente a educação moral com os valores, papel esse que não pode ser tirado da família.

Que possamos hoje, assim como São José, escutar o mesmo apelo do Anjo que o visitou, fazendo-o não ter medo de defender a vida, acolhendo aquela criança que nascia do ventre de Maria mesmo diante de tantos julgamentos sociais que poderiam surgir.

E assim como ele, que possamos lutar pelo direito à vida dos indefesos e protegê-los até as suas últimas consequências.

É dos pequeninos que pertence o Reino dos Céus! Os inocentes intercedem por nós.

 

Fonte: Comunidade Shalom 

 

JESUS É O SOL INVICTUS QUE VEIO PARA NOS SALVAR!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, 

Hoje, nesta aurora abençoada, nos reunimos para celebrar o nascimento do Salvador, Jesus Cristo. Enquanto o sol nasce no horizonte, nossos corações se enchem de alegria, pois o Filho de Deus veio ao mundo para trazer esperança, amor e redenção a todos nós. Jesus é o sol invictus que veio para nos salvar! 

Na simplicidade do estábulo em Belém, Deus escolheu nascer entre nós. A passagem do Evangelho de Lucas nos lembra deste evento extraordinário: “Ela deu à luz seu filho primogênito, o envolveu em faixas e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2,7). Nessa cena humilde, testemunhamos a grandeza do amor de Deus, que se manifesta na simplicidade e na ternura do nascimento de Jesus. 

A aurora deste novo dia é um lembrete do início de uma jornada de luz que Cristo trouxe ao mundo. Como nos diz o Evangelho de João: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (João 1,4-5). Jesus é a luz que veio para dissipar as trevas do pecado e da desesperança, oferecendo-nos a oportunidade de viver uma vida plena em comunhão com Deus. 

O nascimento de Jesus não é apenas um evento histórico, mas um presente divino que continua a transformar nossas vidas. Ele veio ao mundo para nos ensinar sobre a importância do amor, da humildade, do perdão e da compaixão. Em sua infinita misericórdia, Deus se fez homem para caminhar ao nosso lado, para nos mostrar o verdadeiro caminho para a salvação. 

Nesta aurora de Natal, somos chamados a acolher o nascimento de Jesus em nossos corações e a refletir sobre o significado de sua vinda. Ele veio como um presente para cada um de nós, convidando-nos a partilhar esse amor e essa luz com todos ao nosso redor. 

Assim como os pastores acorreram ao estábulo para testemunhar o nascimento do Salvador, também somos chamados a ser testemunhas vivas do amor de Deus em nossas vidas. Que possamos seguir o exemplo de humildade e serviço de Jesus, irradiando sua luz para iluminar os caminhos daqueles que precisam de esperança e consolo. 

Que neste Natal, a luz de Cristo brilhe intensamente em nossos corações, guiando-nos na jornada da fé e inspirando-nos a viver como verdadeiros discípulos de Cristo. 

Que Deus abençoe cada um de nós e que a alegria desta aurora de Natal permaneça conosco, iluminando nossas vidas hoje e sempre. Amém.

Fonte: CNBB

O Papa: nunca se deve dialogar com o diabo, é importante guardar o coração

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco disse que “Deus coloca os progenitores como senhores e custódios da criação, mas quer preservá-los da presunção da onipotência, de se tornarem senhores do bem e do mal. Que uma tentação. Uma tentação ruim até mesmo agora. Esta é a armadilha mais perigosa para o coração humano”!


O Papa Francisco introduziu um ciclo de catequeses sobre o tema “Vícios e virtudes. Guardar o coração”, na Audiência Geral desta quarta-feira (27/12), realizada na Sala Paulo VI.

Francisco partiu do “início da Bíblia, onde o livro do Gênesis, com a narrativa dos progenitores, apresenta a dinâmica do mal e da tentação”. “No quadro idílico representado pelo Jardim do Éden, aparece um personagem que se torna o símbolo da tentação: a serpente. Este personagem que seduz. A serpente é um animal insidioso: ela se move lentamente, rastejando pelo chão, e às vezes não se percebe nem mesmo a sua presença, é silencioso, pois consegue se mimetizar bem com o ambiente. Sobretudo por isso é perigosa”, frisou o Papa.

Presunção da Onipotência

“Ao começar a dialogar com Adão e Eva demonstra também uma dialética refinada. Começa como se faz nas fofocas maldosas, com uma pergunta maliciosa: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”. A frase é falsa: Deus, na realidade, ofereceu ao homem e à mulher todos os frutos do jardim, exceto os de uma árvore específica: a árvore do conhecimento do bem e do mal”, disse ainda Francisco, acrescentando:

Esta proibição não pretende proibir ao homem o uso da razão, como às vezes é mal interpretada, mas é uma medida de sabedoria. Como se dissesse: reconheça o limite, não se sinta dono de tudo, porque o orgulho é o início de todos os males.

“Portanto, Deus coloca os progenitores como senhores e custódios da criação, mas quer preservá-los da presunção da onipotência, de se tornarem senhores do bem e do mal. Que é uma tentação. Uma tentação ruim até mesmo agora. Esta é a armadilha mais perigosa para o coração humano!”

“Como sabemos, Adão e Eva não conseguiram resistir à tentação da serpente. A ideia de um Deus não tão bom, que queria mantê-los submissos, insinuou-se em suas mentes: daí o colapso de tudo”, sublinhou o Pontífice.

“Com estas narrativas, a Bíblia nos explica que o mal não começa no homem de uma forma clamorosa, quando um ato já é concreto, mas muito antes, quando se começa a entreter-se com ele, a acalmá-lo na imaginação e nos pensamentos, terminando por ser enredado por suas lisonjas. O assassinato de Abel não começou com uma pedra atirada, mas com o rancor que Caim infelizmente guardava, fazendo com que ele se tornasse um monstro dentro de si. Também neste caso, as recomendações de Deus são inúteis”, disse ainda o Papa.

Não dialogar com o diabo

A seguir, o Santo Padre disse que “com o diabo não se dialoga. Nunca! Não se deve discutir, nunca. Jesus nunca dialogou com o diabo. O expulsou. E no deserto com as tentações não respondeu com diálogo, simplesmente respondeu com as palavras da Sagrada Escritura. Com a palavra de Deus”.

“Fiquem atentos! O diabo é um sedutor. Nunca dialogar com ele porque ele é mais esperto do que nós, e nos fará pagar. Quando vem uma tentação, não dialogar nunca, mas fechar a porta, fechar a janela, fechar o coração e assim nos defendemos dessa sedução, porque o diabo é astuto, é inteligente.”

Procurou tentar Jesus usando até mesmo citações bíblicas! Ele se tornou um grande teólogo lá. Com o diabo não se dialoga e com a tentação não devemos nos entreter. Não se dialoga. Quando vem a tentação fechemos a porta. Guardemos o coração.

Francisco disse ainda que “é preciso ser custódios do próprio coração e por isso, não dialogamos com o diabo”. Segundo ele, esta “é a recomendação que encontramos em vários Padres, nos santos, guardar o coração. Devemos pedir essa graça de aprender a guardar o coração. Isso é sabedoria”. “Que o Senhor nos ajude neste trabalho. Quem guarda o seu coração guarda um tesouro. Irmãos e irmãs, aprendamos a guardar o coração”, concluiu.

Fonte: Vatican News