E se eu misturar água benta e não benta?

Eis uma dúvida bastante comum: pode-se adicionar à água benta uma porção de água não benta a fim de aumentar a quantidade daquela? Provavelmente sim, segundo Santo Tomás e o costume da Igreja. Entenda melhor a questão neste texto.

pia batismal

Dúvida sobre o rito: pode-se adicionar à água benta uma porção de água não benta de modo a aumentar a quantidade daquela?

Resposta: em resumo, provavelmente sim.

Embora a lei litúrgica atual não fale exatamente sobre essa questão, a ideia geral das bênçãos é que as coisas abençoadas retêm sua bênção desde que permaneçam inteiras, intactas, íntegras e sejam reconhecíveis como o que eram quando foram abençoadas. Por exemplo, segundo o entendimento tradicional, um altar perde sua bênção quando sua mensa [“mesa”] está rachada.

O rito batismal em vigor imediatamente antes das reformas litúrgicas da década de 1970 indica que, “se a água benta no batistério for tão pouca a ponto de verificar-se que não será suficiente, misture-se outra não benta, repetidas vezes inclusive, mas em quantidade menor [minore tamen copia]” [i].

Assim, seja qual for a porção de água que se adicione à água benta, a maior parte da água que permanece deve ser a que recebeu a bênção. Santo Tomás enuncia o princípio geral: aqua quæ admiscetur aquæ benedictæ, efficitur etiam benedicta — “a água que se mistura à água benta, torna-se benta ela também” (STh III 77, 8, obj. 3; cf. também STh III 66, 4c.).

Em seu livro de 1909, Holy Water and Its Significance for Catholics [“A Água Benta e o seu significado para os católicos”, Cultor de Livros, 2018, 64p.], o Padre Henry Theiler segue essa linha de raciocínio. Em resposta à pergunta: “Se a água benta disponível não for suficiente para a ocasião, pode-se adicionar água não abençoada?”, ele responde que sim, observando isto: “Deve-se tomar cuidado para não adicionar uma quantidade tão grande quanto a de água benta”.

Segue-se aqui a mesma lógica que Santo Tomás articula quanto à adição de um líquido ao Preciosíssimo Sangue: “Se acontece uma infusão muito grande de líquido a ponto de afetar todo o vinho consagrado que ficará inteiramente misturado, então já não se tem o mesmíssimo vinho e por isso cessa aí a presença do sangue de Cristo”. Ao contrário, “se se faz um acréscimo de líquido em pequena quantidade de tal modo que não afete a totalidade do vinho”, o Sangue permanece (STh III, 77 8c.). Dá-se o mesmo com a água benta: se uma pequena quantidade de água benta for acrescentada a um grande recipiente de água não benta, o conteúdo do recipiente não se tornará água benta.

Na prática, a adição de água não benta a outra porção abençoada parece ter sido uma prática relacionada especialmente à água batismal. Pelos termos em que está escrita a lei, parece aplicar-se a uma situação específica — que é conceder o dom da salvação através do santo Batismo — e não, talvez, para todo e qualquer caso.

Além disso, vale observar que a bênção da água batismal (fora da Páscoa e de Pentecostes) era um processo mais extenso se comparado à prática atual: incluía os sete Salmos penitenciais, a ladainha dos santos, o Pai-Nosso, o Credo dos Apóstolos, um exorcismo sobre a água, o ato de soprar sobre ela e o derramamento do óleo dos catecúmenos e do santo crisma na água em forma de cruz, tanto individual quanto simultaneamente. A água batismal abençoada dessa forma era a única matéria lícita para o batismo solene. Assim, com todos esses requisitos para [se fazer] a água batismal, de acordo com a rubrica citada acima, “se a água benta no batistério for tão pouca a ponto de verificar-se que não será suficiente, misture-se outra não benta, repetidas vezes inclusive, mas em quantidade menor”.

O processo de adicionar água à fonte pode ser repetido continuamente se a água não tiver evaporado por inteiro (cf. Código de 1917, Cân. 757, § 3)?

Em teoria, sim, mas este parecia ser um cenário improvável na lei antiga, devido aos aspectos práticos de manter limpa a pia batismal. (Há inúmeras histórias sobre o acúmulo de uma película na parte superior da água.) Com a nova bênção da água batismal em vigor, observou um canonista, a omissão da “prática de misturar o óleo batismal com a água” resolveu o “problema perene de preservar a limpeza das fontes batismais” [iii].

Embora a maioria de nós não sinta falta de água em nossa vida diária, sua escassez tem sido um problema em algumas partes do mundo. Para a nossa realidade norte-americana, ter um sacerdote ou diácono disponível para benzer a água é provavelmente um problema maior que a escassez de água. Seja qual for a circunstância, embora seja possível prever que uma porção de água não benta pode, sim, ser adicionada à benta para manter a bênção desta, o mais adequado parece ser simplesmente voltar à igreja paroquial e adquirir mais água recém-abençoada.

 

Fonte: Padre Paulo Ricardo

REZAR O PAI-NOSSO, COMO JESUS NOS ENSINOU

“Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome Ele vos dará” (Jo 15, 16-17). A oração e a vida cristã são inseparáveis, por isso somos chamados a ‘orar sem cessar, sempre e em tudo dando graças a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo’ conforme 1Ts 5, 17. A oração exige um esforço e uma luta constante entre nós mesmos e as artimanhas do inimigo, que quer a todo custo nos afastar do amor do Pai, provocando em nós a falta de vontade de orarmos, colocando obstáculos vários para que posterguemos o momento da nossa oração e acabemos por não fazê-la. É preciso rezar, mesmo sem ter vontade de fazê-lo, isso se chama perseverança. Criar o hábito saudável de nos colocarmos diante de Jesus e com Ele, através Dele, nos dirigirmos ao Pai, que Ele mesmo nos apresentou! Um coração vazio de oração se afasta de Deus e, onde Deus não está, o Espírito Santo não age. Sem a ação do Espírito Santo, nada podemos fazer.

Em preparação ao Ano Jubilar 2025, fomos convidados pelo Papa Francisco a rezarmos intensa e incessantemente a oração que Jesus mesmo nos ensinou: o Pai-Nosso. Assim, chegaremos ao Ano Jubilar mais conscientes da nossa origem divina: fomos criados por Deus, desejados por Ele, pertencemos a Ele, nosso Pai. Os discípulos de Jesus pediram a Ele que os ensinassem a orar e Ele os ensinou (Mt 6, 9-13). Também somos seus discípulos, portanto a oração ensinada por Cristo chega a nós, não como uma fórmula mágica ou como palavras que apenas se repetem, mas como uma perfeita orientação de como devemos nos dirigir ao Pai, que é Deus. Jesus nos ensina, carinhosamente, a chamar Deus de “Pai”. Podendo ter usado qualquer outro título, como ‘senhor’, ou ‘rei’, Jesus usou “Pai”, o que significa que não há pai sem filhos, podendo um senhor ou um rei não ter filhos, não é mesmo? Sendo Deus, o Pai Criador de todas as coisas e eternamente Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, é Pai de todos os seres criados. Fomos acolhidos por Ele como filhos. Amados como filhos. O desejo de Deus é ter um íntimo relacionamento conosco! Dizemos: “Pai Nosso”, não Pai meu, ou seja, Deus é Pai de todos nós, assim nos ensinou Jesus, significando que somos uma grande família, uma comunidade de irmãos. E, como irmãos de fé, devemos rezar uns pelos outros em unidade com Cristo e sua Igreja.

Em nossas orações mais solitárias, súplicas individuais podemos sim usar ‘meu Pai’, ‘Paizinho’, numa intimidade mais afetiva ainda; porém não podemos nos esquecer que Deus não é um Pai exclusivo ou particular. Toda humanidade goza dessa filiação divina, pois formamos uma só família, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Rezemos o Pai-Nosso em unidade com a Virgem Senhora de Lourdes, para que Ela nos ajude a vivermos o Jubileu de 2025 mais próximos do Pai de todos nós!

Fonte: CNBB

9 verdades sobre o escapulário do Carmo

escapulario

Seria difícil, quase impossível, discorrer sobre Nossa Senhora do Carmo sem falar do Escapulário do Carmo. O Papa Pio XII disse: “A devoção do Escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais”.

Para aqueles que usam o Escapulário do Carmo, recordemos aqui 9 pontos sobre este que foi oferecido aos homens pela própria Mãe de Deus.

1. Ele não é um amuleto

Não é um amuleto nem nenhuma garantia automática de salvação ou uma dispensa para não viver as exigências da vida cristã. São Cláudio de la Colombière dizia: “Perguntas: e se eu quiser morrer com meus pecados? Eu te respondo, então morrerá em pecado, mas não morrerá com teu escapulário”.

2. Ele é um presente da Virgem Maria

Segundo a tradição, o escapulário, tal como se conhece atualmente, foi dado pela própria Virgem Maria a São Simão Stock em 16 de julho de 1251, quando a Mãe de Deus lhe disse: “Deve ser um sinal e privilégio para ti e para todos os Carmelitas: Aquele que morrer usando o escapulário não sofrerá o fogo eterno”.

Mais tarde a Igreja concedeu que o escapulário pudesse ser usado também por leigos.

3. É um mini hábito

É como um hábito carmelita em miniatura que todos os devotos podem portar como mostra de sua consagração à Virgem. Consiste em um cordão que se coloca no pescoço com duas peças pequenas de tecido de cor marrom. Uma das peças fica sobre o peito e a outra sobre as costas e se costuma usar sob a roupa.

4. É sinal de serviço

Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Igreja, dizia: “Assim como os homens ficam orgulhosos quando outros usam a sua insígnia, assim a Santíssima Virgem se alegra quando os seus filhos usam o escapulário como sinal de que se dedicam ao seu serviço e são membros da família da Mãe de Deus”.

5. É um sacramental

É reconhecido pela Igreja como um sacramental, ou seja, um sinal que ajuda a viver santamente e a aumentar nossa devoção.

O escapulário não comunica graças como fazem os Sacramentos, mas dispõe ao amor do Senhor e ao arrependimento se recebido e usado com devoção.

6. Pode ser dado a um não católico

Certo dia, levaram a São Stock um ancião moribundo, que ao recuperar a consciência disse ao santo que não era católico, que usava o escapulário como promessa a seus amigos e que rezava uma Ave Maria diariamente. Antes de morrer, recebeu o batismo e a unção dos enfermos.

7. Foi visto em uma aparição de Fátima

Lúcia, a vidente de Nossa Senhora de Fátima, contou que na última aparição (outubro de 1917), Nossa Senhora Maria apareceu com o hábito carmelita e o escapulário na mão e voltou a pedir que seus verdadeiros filhos o levassem com reverência.

Deste modo, pediu que aqueles que se consagrem a Ela o usem como sinal visível desta consagração.

8. Não pode ser imposto por qualquer

A imposição do escapulário deve ser feita preferivelmente em comunidade e que na celebração fique bem expresso o sentido espiritual e de compromisso com a Virgem.

O primeiro escapulário deve ser abençoado por um sacerdote e posto sobre o devoto rezando a seguinte oração: “Recebe este santo Escapulário como sinal da Santíssima Virgem Maria, Rainha do Carmelo, para que, com seus méritos, o uses sempre com dignidade, seja tua defesa em todas as adversidades e te conduza à vida eterna”.

9. Só se abençoa o primeiro Escapulário que se recebe

Quando se abençoa o primeiro escapulário, o devoto não precisa pedir a bênção para escapulários posteriores. Os já gastos, se foram abençoados, não devem ser jogados no lixo, mas podem ser queimados ou enterrados como sinal de respeito.

Fonte: Arautos do Evangelho

SENHORA DO CARMO

Neste mês de julho, dia 16,  a Igreja recorda a Mãe de Jesus, por um de seus títulos mais conhecidos: Nossa Senhora do Carmo ou do monte Carmelo. O monte Carmelo era local de vegetação exuberante, por isso o nome Carmelo que quer dizer jardim ou pomar. Muitas mulheres trazem este nome e são homenageadas neste dia. 

Este título é herança e recordação do Profeta Elias, como defensor do único Deus. No monte Carmelo o profeta derrotou a idolatria, repropondo o culto ao Deus único. Foi neste monte que o profete viu uma nuvem surgir do mar em época de seca prolongada, nuvem que cresceu e fez chover (1Rs 18,20-46). Segundo a tradição, neste monte, o profeta  instituiu um grupo de discípulos penitentes e solitários, dedicados à oração.  

Posteriormente neste local de forma mais organizada, surgiu no século XII um grupo de monges dedicados a orar initerruptamente, louvando a Deus. Ali construiram uma capelinha na qual invocavam a proteção de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Quando foram expulsos pelos sarracenos, os monges foram para Europa, onde a devoção se espalhou. Neste período difícil, o superior da Ordem Carmelita, S. Simão Stok, invoca Nossa Senhora e ela lhe aparece, como a vemos na imagem de Nossa Senhora do Carmo, e lhe entrega o escapulário, com a promessa de que, os que o usarem obteriam de Cristo a salvação eterna.  

Esta devoção veio para a América Latina quando os frades carmelitas chegaram ao Brasil junto com os portugueses. Nas figuras de Elias, chamado Profeta do Carmelo e Maria, chamada a Flor do Carmelo,  encontramos uma ligação entre a Antiga e Nova Aliança.  

A espiritualidade carmelita propõe a profecia de amar a Deus acima de tudo e, trabalhar para que seja glorificado como o fez Elias. É a profecia. Também propõe Maria como modelo de vida de fé e oração, simples e escondida, na qual todos os gestos são meios de acolher a vida divina que está em nosso meio. É a contemplação.  

No centro de Santo André, situa-se o templo religioso, a igreja de Nossa Senhora do Carmo, chamada popularmente igreja do Carmo, na praça do mesmo nome: Praça do Carmo. É um ponto referencial da cidade, por ser hoje a Catedral da Diocese de Santo André, criada em 1954 e que este ano comemora setenta anos de sua criação. Porém, a Catedral do Carmo, além da referência religiosa e histórica, tem um valor devocional e religioso imenso.  

Construída por iniciativa do Padre Capra, foi feita com doações dos fiéis, como a de Antonio Queiroz dos Santos que deu o terreno e uma doação generosa, por entidades de classe, entre outros. A pedra fundamental foi lançada em 1917 e sua construção, dirigida pelo engenheiro Pounchon e outros,  se deu por etapas, até que foi inaugurada em 1958.  

A escolha do artista para a decoração da igreja foi realizada por meio de concurso ganho pelos irmãos Bastiglia, que trabalharam nela de 1952 até 1957. Ela foi recentemente restaurada e é amparada pela Lei nº 846, de 30.11.1953, que declara o bem como “monumento arquitetônico”.  

Peçamos a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, que ela não permita afogarmos nas nossas pequenas preocupações, também nas grandes. Que ela nos ajude a aceitar o mistério de Jesus Cristo de forma mais radical em nossa vida. Sobretudo nos ajude a manter acesa a chama da gratidão a Deus: “Minha alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu salvador!”. 

Fonte: CNBB

REZAR O PAI-NOSSO, COMO JESUS NOS ENSINOU

“Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome Ele vos dará” (Jo 15, 16-17). A oração e a vida cristã são inseparáveis, por isso somos chamados a ‘orar sem cessar, sempre e em tudo dando graças a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo’ conforme 1Ts 5, 17. A oração exige um esforço e uma luta constante entre nós mesmos e as artimanhas do inimigo, que quer a todo custo nos afastar do amor do Pai, provocando em nós a falta de vontade de orarmos, colocando obstáculos vários para que posterguemos o momento da nossa oração e acabemos por não fazê-la. É preciso rezar, mesmo sem ter vontade de fazê-lo, isso se chama perseverança. Criar o hábito saudável de nos colocarmos diante de Jesus e com Ele, através Dele, nos dirigirmos ao Pai, que Ele mesmo nos apresentou! Um coração vazio de oração se afasta de Deus e, onde Deus não está, o Espírito Santo não age. Sem a ação do Espírito Santo, nada podemos fazer.

Em preparação ao Ano Jubilar 2025, fomos convidados pelo Papa Francisco a rezarmos intensa e incessantemente a oração que Jesus mesmo nos ensinou: o Pai-Nosso. Assim, chegaremos ao Ano Jubilar mais conscientes da nossa origem divina: fomos criados por Deus, desejados por Ele, pertencemos a Ele, nosso Pai. Os discípulos de Jesus pediram a Ele que os ensinassem a orar e Ele os ensinou (Mt 6, 9-13). Também somos seus discípulos, portanto a oração ensinada por Cristo chega a nós, não como uma fórmula mágica ou como palavras que apenas se repetem, mas como uma perfeita orientação de como devemos nos dirigir ao Pai, que é Deus. Jesus nos ensina, carinhosamente, a chamar Deus de “Pai”. Podendo ter usado qualquer outro título, como ‘senhor’, ou ‘rei’, Jesus usou “Pai”, o que significa que não há pai sem filhos, podendo um senhor ou um rei não ter filhos, não é mesmo? Sendo Deus, o Pai Criador de todas as coisas e eternamente Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, é Pai de todos os seres criados. Fomos acolhidos por Ele como filhos. Amados como filhos. O desejo de Deus é ter um íntimo relacionamento conosco! Dizemos: “Pai Nosso”, não Pai meu, ou seja, Deus é Pai de todos nós, assim nos ensinou Jesus, significando que somos uma grande família, uma comunidade de irmãos. E, como irmãos de fé, devemos rezar uns pelos outros em unidade com Cristo e sua Igreja.

Em nossas orações mais solitárias, súplicas individuais podemos sim usar ‘meu Pai’, ‘Paizinho’, numa intimidade mais afetiva ainda; porém não podemos nos esquecer que Deus não é um Pai exclusivo ou particular. Toda humanidade goza dessa filiação divina, pois formamos uma só família, com Cristo e em Cristo, na unidade do Espírito Santo. Rezemos o Pai-Nosso em unidade com a Virgem Senhora de Lourdes, para que Ela nos ajude a vivermos o Jubileu de 2025 mais próximos do Pai de todos nós!

Fonte: CNBB

Hoje é festa de são Bento, padroeiro da Europa e patriarca dos monges do Ocidente

sao bento

“Ora et labora” (orar e trabalhar) é o famoso lema do grande são Bento abade, padroeiro da Europa e patriarca dos monges do Ocidente. Por seu legado e influência, segue sendo um dos santos mais venerados de toda a cristandade e sua festa litúrgica é celebrada hoje, 11 de julho.

São Bento nasceu em Núrsia (Norcia – Itália), em 480. Sua irmã gêmea foi santa Escolástica. Depois de estudar retórica e filosofia em Roma, são Bento se retirou da cidade para Enfide (atualmente, Affile) para aprofundar o estudo e dedicar-se à disciplina ascética.

Aos 20 anos, foi para o Monte Subiaco e viveu em uma caverna com a orientação de um eremita. Anos mais tarde, foi com os monges de Vicovaro, que depois o elegeram prior.

Não durou tanto tempo, já que tentaram envenená-lo devido à disciplina que exigia. Como era seu costume, são Bento fez o sinal da cruz sobre o vidro que lhe tinham dado e o objeto se quebrou em pedaços. Após fazê-los cair em si sobre o que fizeram, afastou-se deles.

Com um grupo de jovens, impressionados por seu exemplo de cristão, fundou mosteiros, um deles em Monte Cassino, e escreveu sua famosa Regra que se tornou inspiração para inúmeros regulamentos de comunidades religiosas monásticas até hoje. Do mesmo modo, iniciou centros de formação e cultura.

São Bento era muito conhecido pelo seu trato amável e por seus sacrifícios. Levantava-se de madrugada para rezar os salmos, rezava e meditava por várias horas, jejuava diariamente e ajudava os povoados ao pregar. O santo via o trabalho como algo honroso que levava à santidade.

Da mesma forma, consolava os doentes, dava esmolas e alimento aos necessitados e conta-se que em algumas ocasiões “ressuscitou” os mortos com a ajuda de Deus.

Encontrou seu amor e força no Cristo crucificado e, como exorcista, submetia os espíritos malignos com a famosa “cruz de são Bento”.

O santo previu a data de sua morte, que ocorreu em 21 de março 547, poucos dias depois que faleceu sua irmã santa Escolástica. Morreu de pé na capela com as mãos levantadas para o céu. “Deve-se ter um imenso desejo de ir para o céu”, foram suas últimas palavras.

No final do século VIII, em muitos lugares, começou-se a celebrar a sua festa no dia 11 de julho.

Fonte: ACI Digital

E O AMANHÃ?

A tragédia que se abateu recentemente sobre o Rio Grande do Sul, produzindo destruição e mortes requer reflexão e coragem para possíveis decisões a fim de promover o necessário respeito e cuidado para com o meio ambiente. Eventos meteorológicos com chuvas intensas, prolongadas e em grande volume, ou períodos de seca prolongados e calor intenso sempre aconteceram; são fenômenos naturais! No entanto, a frequência maior de tais eventos suscita particular atenção, pois são expressão de uma doença silenciosa que afeta a todos! O aquecimento global não é uma ideologia! São visíveis os sinais de um desequilíbrio ambiental!

O desenvolvimento tecnológico e as alterações climáticas, com suas consequências para todos, são certamente um dos principais desafios que a sociedade e a comunidade global terão de enfrentar com objetividade, coragem e determinação. O impacto das mudanças climáticas prejudicará cada vez mais a vida de muitos. As consequências atingirão os âmbitos da saúde, emprego, acesso a recursos, habitação, migrações forçadas, entre outros.

Os recursos naturais necessários para os avanços da tecnologia não são ilimitados. Provavelmente pela primeira vez na história do gênero humano, os seres humanos estão, na prática, sendo postos diante da tarefa de assumir a responsabilidade solidária pelos efeitos de suas ações em um parâmetro que envolve todo o planeta. Trata-se de uma crise. E “a ideia (pode-se dizer o modo de proceder!) que criou a crise não será a mesma que nos tirará dela; temos que mudar” (A. Einstein).

A cultura atual, marcada por enormes avanços tecnológicos, exalta a democracia e a liberdade, sem, no entanto, considerar a necessidade de discernimento e responsabilidade. Ora, Cultura é liberdade que respeita e cultiva paridade e fraternidade. “Democracia é resolver ‘juntos’ os problemas de todos” (Papa Francisco). Liberdade é filha do conhecimento, proporcionado pela razão; é colocar-se a serviço uns dos outros!

A razão moderna que tudo determina, deve reconhecer seus limites, caso contrário não pode se considerar inteligente. A implementação de programas de adaptação para reduzir os efeitos da alteração climática em curso, exigirá estadistas, nobreza política, espírito autenticamente democrático, humildade, coragem, liberdade, discernimento e responsabilidade.

Fonte: CNBB

Posse Canônica do Padre Raul Rodrigues na Catedral Nossa Senhora da Luz

É com imensa alegria que convidamos você e sua família para a cerimônia de posse canônica do pe. Raul Rodrigues como nosso novo pároco. Este momento especial acontecerá na Santa Missa, próxima sexta-feira, dia 12 de julho, às 19:00 horas, na Catedral.

Contamos com a presença de todos os grupos, movimentos e pastorais para celebrarmos juntos a chegada do pe. Raul em nossa paróquia, sua participação é essencial para enriquecer este momento em nossa comunidade paroquial.

Desejamos ao pe. Raul um pastoreio repleto de amor, serviço e paz. Seja bem-vindo! Juntos, seguimos fortalecendo nossa fé e nossa comunidade.

Acompanhe a Santa Missa com o rito de posse pelas nossas plataformas digitais @catedraldaluz_

Pascom Luz

O “INFLUENCER” DE DEUS

Está se tornando cada vez mais conhecido e amado em todo o mundo o adolescente italiano Carlo Acutis, que morreu em 2006, com apenas 15 anos, em decorrência de leucemia. Ele nasceu em Londres, dia 03 de maio de 1991, de família italiana, e faleceu em Monza, em 12 de outubro de 2006. Atendendo ao seu desejo, ele foi sepultado em Assis, lugar que ele mais amava visitar. Seu corpo está na Igreja do Despojamento, no local onde São Francisco despojou-se de suas vestes, renunciando aos bens materiais para viver uma vida nova, seguindo Jesus.  

Como adolescente do nosso tempo, Carlo Acutis tem sido representado de calça jeans e tênis, traje usado comumente por ele e que continua a revestir o seu corpo exposto à visitação pública. O santo de jeans e tênis tem sido chamado “influencer” de Deus, padroeiro ou apóstolo da internet. Dotado de grande habilidade com informática, ele evangelizava pela internet, divulgando a fé em Jesus e a devoção mariana. Ele queria ajudar as pessoas, sem interesses pessoais de fama ou dinheiro; não divulgava a si mesmo, mas a Jesus e a Maria. O “Beato”, em breve, “Santo” Carlo Acutis, é um exemplo para os “influencers” digitais e para todos os internautas, em vista de uma rede mundial tecida de fraternidade e de paz, jamais favorecendo o ódio, a desinformação e a violência.   

A sua breve existência neste mundo foi marcada pela simplicidade de vida, pelo jeito sempre muito fraterno de tratar a todos, pela caridade para com os pobres e fragilizados, pela fé eucarística e devoção mariana. Na internet encontram-se fotos ou vídeos seus revelando um garoto muito alegre, sereno e amigo de todos.     

A sua canonização foi aprovada pelo Papa Francisco. Ele foi beatificado em Assis, em 10 de outubro de 2020.  Para ser declarado “beato” foi preciso a comprovação de um milagre atribuído à sua intercessão, além da vida cristã exemplar. O milagre ocorreu no Brasil, com a cura de um garoto de Campo Grande, que sofria de grave enfermidade no pâncreas. Para ser declarado santo e poder ser venerado em toda a Igreja, exige-se um segundo milagre, neste caso, foi a cura de uma jovem costa-riquenha, estudante universitária em Florença, que sofria com um grave traumatismo craniano.  

Estamos habituados a ver os santos representados por suas imagens, isto é, nos altares, ou a pensar neles no céu. Carlo Acutis, assim como Dulce dos Pobres, nos faz pensar nos santos de nosso tempo, pessoas como nós, que peregrinaram na terra, compartilhando alegrias e dores, vivendo da fé e do amor. 

Em tempos tristes de disseminação de agressividade e mentira, Carlo Acutis é sinal e recordação de que é possível fazer das redes sociais espaços de fraternidade e de paz. O mundo de hoje, marcado pela forte influência da internet, necessita de gente como o “influencer de Deus”, capaz de trazer paz e alegria através das redes sociais. 

Fonte: CNBB

O que o chamado do Evangelista Mateus diz para nós?

Ao encontrar Mateus, Jesus não o chama porque ele era uma pessoa desocupada e perfeita.

O próprio texto do Evangelho de Mateus indica que ele trabalhava como coletor de impostos, mas Jesus o encontra e o chama em seu expediente de trabalho.

Saindo dali, Jesus viu um homem, chamado Mateus, sentado à banca de impostos e disse-lhe: ‘Segue-me!’ Ele se levantou e o seguiu.” (Mt 9,9).

Repare então que Mateus não foi chamado por Jesus, porque estava à toa sem tem o que fazer. Contudo, a partir deste encontro com o Senhor, ele deixa tudo, o trabalho e a vida que levava para segui-Lo.

Reprodução/Wikimedia
Reprodução/Wikimedia
Obra de Caravaggio que retrata o Chamado de Mateus

 

Em dois trechos dos Evangelhos também encontramos afirmações sobre Mateus.

1. Renúncia — “Depois disso, Jesus saiu e notou um publicano, que se chamava Levi, sentado junto à banca de impostos, e lhe disse: ‘Segue-me’. Deixando tudo, este se levantou e o seguiu.” (Lc 5,28)

2. Organizou uma refeição, onde Jesus estava presente — “Estando Jesus à mesa na casa dele, muitos publicanos e pecadores tomaram lugar com Jesus e seus discípulos, pois havia muitos deles que o seguiam.” (Mc 2,15‐17).

Entenda que os cobradores de impostos possuíam uma ocupação que não era bem vista pelos judeus. Nesse sentido, os fariseus criticavam Jesus por sua atitude de estar com “os pecadores”.

Dom Gorgônio Alves da Encarnação Neto, Bispo de Itapetininga (SP), explicou que Jesus olha para Mateus com amor e misericórdia.

“Jesus não discrimina ninguém, não rejeita, não exclui ninguém, não admite preconceitos, rompe barreiras. Então, chama aquele cobrador de imposto que estava ali sentado. Ele toma a iniciativa, Jesus olha com amor e o seu olhar chama tanta a atenção e desperta o amor no coração daquele homem”, disse.

O Bispo destacou que a expressão “segue-me” é dirigida a todos nós, pois Jesus também nos olha com amor, ternura e misericórdia.

“Seguir é acolher sua proposta de amor, servir e caminha com ele, assumindo serviço e ministérios na Igreja”, afirmou.

Fonte: A12

Por que o mês de julho é dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Jesus?

Junho foi dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, e neste mês somos motivados a honrar ao Seu Precioso Sangue que foi derramado para o perdão de todos os pecados.

O sangue é vida, e toda vez que pensamos na expressão “derramar o sangue”, lembramos do martírio, da doação e, com isso, pensamos em Jesus. Ele derramou o próprio sangue por nós. A partir deste fato, existe uma devoção particular na Igreja Católica que está ligada à Paixão de Jesus Cristo: é a honra do seu Preciosíssimo Sangue.

São João Batista apresentou Jesus ao mundo dizendo: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Sem o Sangue desse Cordeiro não há salvação.

São Pedro ensina que fomos resgatados pelo Sangue do Cordeiro de Deus mediante “a aspersão do seu sangue. Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo.”

Origem da devoção

Esta devoção é o reconhecimento do sacrifício de Jesus e como Ele derramou seu sangue para a salvação da humanidade. Além disso, este sangue é feito presente através da Eucaristia, podendo ser comungado na Santa Missa, juntamente com o corpo de Cristo, sob a aparência de pão e vinho.

Com o passar do tempo, a Igreja desenvolveu várias festas ao Preciosíssimo Sangue, mas foi no século XIX que uma festa universal foi estabelecida. Durante a Primeira Guerra Italiana pela Independência, em 1849, o Papa Pio IX foi para o exílio em Gaeta, onde estava com Don Giovanni Merlini, terceiro superior geral dos Padres do Preciosíssimo Sangue.

Enquanto a guerra ainda estava em fúria, Merlini sugeriu ao Papa Pio IX que criasse uma festa universal ao Precioso Sangue para implorar a ajuda celestial de Deus para acabar com a guerra e trazer a paz a Roma. Pio IX, posteriormente, fez uma declaração em 30 de junho de 1849 que ele pretendia criar uma festa em honra ao Precioso Sangue. A guerra terminou e ele retornou a Roma pouco depois.

Em 10 de agosto, ele oficializou e proclamou que o primeiro domingo de julho seria dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo. Mais tarde, o Papa Pio X atribuiu o dia 1º de julho como a data fixa dessa celebração.

Depois do Vaticano II, a festa foi removida do calendário, mas uma Missa votiva em honra do Preciosíssimo Sangue foi estabelecida e pode ser celebrada no mês de julho (assim como na maioria dos outros meses do ano).

O Sangue de Cristo representa a Sua vida humana e divina, de valor infinito, oferecida à Justiça Divina para o perdão dos pecados de todos os homens de todos os tempos e lugares. O Catecismo da Igreja Católica (CIC 616) nos ensina: “nenhum homem, ainda que o mais santo tivesse condições de tomar sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em sacrifício por todos. A existência em Cristo da pessoa Divina do Filho torna possível seu sacrifício redentor por todos”.

O Precioso Sangue nos motiva a meditar sobre a oferta total de Jesus pela humanidade

Por estas razões, todo o mês de julho é tradicionalmente dedicado ao Preciosíssimo Sangue, e os católicos são encorajados a meditar sobre o profundo sacrifício de Jesus e o derramamento de seu sangue para a humanidade.

“Mas Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores. Quanto mais, então, agora, justificados por seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5,8s).

Sugestão de oração para todo o mês de Julho:

Ó Deus, que pelo Precioso Sangue do teu Filho Unigênito redimiu o mundo inteiro, preserva em nós o trabalho de tua misericórdia, para que, sempre honrando o mistério da nossa salvação, possamos merecer obter bons frutos. Por nosso senhor Jesus Cristo, Teu Filho, que vive e reina na unidade do Espírito Santo, um só Deus, para todo o sempre. Amém. Admitidos à vossa mesa sagrada, ó Senhor, com alegria extraímos água das fontes do Salvador: que o vosso sangue, pedimos a vós, torne dentro de nós uma fonte de água que salta para a vida eterna. Amém.

Fonte: Comunidade Shalom

Por que não podemos nos confessar via internet?

O argumento contra a confissão eletrônica pode parecer negativo, mas é justamente o contrário. Os requisitos para a Penitência respeitam e preservam a dimensão pessoal e social da salvação, o sacramento e os que o realizam.


Se você estiver preso em casa morrendo num hospital por causa do coronavírus, poderá telefonar a um sacerdote para receber o perdão sacramental? 0-800-CON-FES-SAR? Ou poderá receber o sacramento da Penitência via Zoom ou Skype?

Não. Não dará certo.

Muitos têm abordado o tema da perspectiva do direito canônico, isto é, o que a lei canônica permite ou proíbe (ou deveria permitir). Porém, também deveríamos abordar o assunto do ponto de vista da teologia sacramental, na qual o direito canônico deve se basear. Embora a crise da COVID-19 nos pareça inédita, questões relativas aos sacramentos não o são. A prática penitencial da Igreja já passou por desafios semelhantes (na verdade, piores). O Magistério e os teólogos já estudaram as possibilidades relativas a tais meios, como a confissão por telefone ou internet, e já as rejeitaram — por boas razões teológicas.

Como afirma o Catecismo da Igreja Católica: “Os sacramentos são sinais eficazes da graça”. Como sinais, os sacramentos possuem uma dimensão física. São orientados por princípios e fins espirituais, mas são também ritos que possuem palavras, gestos e elementos visíveis. Foi assim que Cristo os instituiu, é assim que a Igreja deve celebrá-los.

O sacramento da Penitência pode ser descrito como um “diálogo” — em relação ao seu significado e efeitos. O objetivo do sacramento é perdoar o pecado grave cometido após o Batismo, para que seja restaurado nosso diálogo amigável e familiar com Deus e com a Igreja. Esse diálogo é, em si mesmo, suscitado por outro diálogo. A cerimônia do sacramento da Penitência envolve basicamente uma discussão entre duas pessoas. O penitente reconhece perante o sacerdote seu arrependimento pelos pecados individuais cometidos, promete realizar uma obra satisfatória e pede perdão. O sacerdote determina a obra satisfatória e absolve o penitente, aperfeiçoando-o na vida da graça. Aqui o sacerdote age in persona Christi.

Ao contrário da maioria dos outros sacramentos, não é necessário um objeto físico inanimado. Algumas interpretações medievais da Penitência atribuíam a ação sacramental exclusivamente ao confessor ou ao penitente. Santo Tomás de Aquino esclareceu que as duas pessoas têm uma função sacramental essencial. O Concílio de Trento confirmou essa interpretação. Poderíamos chamar o sacramento de “concelebração” entre penitente e sacerdote. O rito sacramental possui quatro atos específicos: a contrição do penitente, a confissão, a satisfação e a absolvição. Não se trata de um monólogo, mas de um diálogo.

A conversação salvífica não pode ocorrer por meios eletrônicos porque o sacramento da Penitência requer a presença física conjunta e a ação ao vivo e interpessoal entre o penitente e o confessor. Devem existir condições para uma conversa plena, natural e humana.

No início do século XVII, o Magistério ensinou que um penitente não pode “confessar pecados sacramentalmente, por carta ou mensageiro, a um confessor ausente” ou “receber a absolvição desse mesmo confessor ausente” (DH 1994; ver também 1995). O problema não estava na confissão por escrito [1], pois Santo Tomás e outros teólogos aceitaram abertamente esse tipo de confissão. O problema também não era a confissão com a ajuda de outra pessoa, pois em alguns casos é admissível a presença de um intérprete, por exemplo. O problema estava na presença e ação simultâneas, de modo que a confissão e a absolvição fizessem parte de um único diálogo físico e cooperativo.

A sincronização é essencial. Dados os possíveis altos e baixos da vida moral, o penitente precisa ser capaz de manifestar o arrependimento atual em relação a ações passadas, agora rejeitadas. E o sacerdote deve dar a absolvição no presente. Às vezes essa exigência é descrita como “presença moral”. Mas essa atenção interpessoal requer uma proximidade física.

Ao longo dos séculos, os teólogos detalharam as condições necessárias para um diálogo ao vivo e verdadeiro que fosse adequado ao sacramento da Penitência. Em geral, ensinaram que o penitente e o confessor poderiam estar separados por uma distância de até 15 metros — mais ou menos o comprimento de uma sala ampla. Teoricamente, é possível (mas incerto) celebrar o sacramento a uma distância maior que essa. Se um penitente estiver a 150 metros de distância do confessor, por exemplo, haverá um verdadeiro encontro humano, uma verdadeira conversação com o sacerdote que permita falar sobre as matérias do pecado (privadas e constrangedoras)?

É improvável. Com um megafone acústico que possa transportar a voz humana por meio de ondas sonoras produzidas naturalmente talvez pudesse haver um verdadeiro diálogo. Mas, neste caso, a dimensão física da estrutura sacramental poderia ser levada além de seus limites. O sacramento exige uma presença e um diálogo verdadeiramente humanos, o que exige uma dimensão humana natural.

O uso exclusivo de dispositivos eletrônicos para a celebração do sacramento da Penitência a grandes distâncias foi amplamente condenado, ao longo de mais de cem anos, tanto por especialistas em teologia sacramental e moral como por canonistas. A razão é que tais recursos violam os princípios da presença física e da ação conjunta. Quando ondas sonoras são produzidas por um alto-falante elétrico — mesmo um pequeno, como um telefone — há uma separação entre o produto elétrico e o agente humano. O alto-falante não é parte do corpo humano, como o são as cordas vocais ou as mãos. Ele é uma ferramenta artificial de comunicação. Não é fundamentalmente distinto de outras formas de comunicação que funcionam através de longas distâncias, como sinalizadores de fumaça, cartas e telégrafos. Um alto-falante é apenas mais rápido e mais preciso. O fato de ser possível gravar e reproduzir perfeitamente os sons do alto-falante prova que ele não é humano.

Se a confissão de um penitente usa apenas meios artificiais sem qualquer sinal natural que manifeste a contrição ao confessor, ou se a absolvição do sacerdote se dá por instrumentos puramente artificiais, certamente não há a corporeidade e a atualidade necessárias para que haja o sinal sacramental. Isso não exclui, por exemplo, a amplificação de um aparelho auditivo (que auxilia, mas não substitui a comunicação natural). Isso significa apenas que devem existir condições para uma conversação física e que os órgãos e sentidos naturais devem estar presentes no sinal sacramental.

A confissão por meios eletrônicos também ameaçaria o direito dos penitentes — protegido pelo sigilo sacramental — a confessar-se com privacidade. A Agência Nacional de Segurança mostrou que pode gravar — e muitas vezes o faz — todas as conversas telefônicas num país. O governo e determinadas empresas muitas vezes têm acessos backdoor a transmissões seguras (assim são chamadas) como as que são feitas via Skype. Será que o sacramento da Penitência deveria ser administrado em tais circunstâncias? É verdade que os penitentes podem renunciar ao direito à confissão privada (por exemplo, num quarto de hospital cheio). Mas é imprudente pensar numa forma eletrônica de confissão quando se sabe que outros estão escutando.

Mesmo em caso de absolvição geral — a absolvição de muitas pessoas ao mesmo tempo, sem confissão integral prévia por causa de uma excepcional falta de tempo — o rito da Igreja diz que os “penitentes que desejem receber a absolvição […] devem indicá-lo com algum tipo de sinal”, ajoelhando-se ou curvando a cabeça e dizendo um ato de contrição. Como ensinou o Concílio de Trento: “Se alguém […] disser que a confissão do penitente não é necessária para que o sacerdote possa absolvê-lo, seja anátema” (DH 1709).

É inegável que a estrutura dos sacramentos limita sua aplicabilidade. Esse é o escândalo da particularidade sacramental, semelhante à particularidade da Encarnação: Deus considerou apropriado oferecer meios específicos de salvação a pessoas específicas em locais e momentos específicos. E as outras pessoas? Elas têm outros — ainda que inferiores, talvez — meios de salvação. De fato, Deus “deseja que todos os homens sejam salvos” (1Tm 2, 4).

O argumento contra a confissão eletrônica pode parecer negativo, mas é justamente o contrário. Os requisitos para a Penitência respeitam e preservam a dimensão pessoal e social da salvação, o sacramento e os que o realizam. A culpa da pessoa pelo passado e sua contrição no presente são ressaltadas quando ela pode dizer ao ministro de Deus e da Igreja: “Perdoa-mepadre, pois eu pequei […]. Estou sinceramente arrependido de ter cometido esses pecados”. O mesmo personalismo se aplica quando o sacerdote, instrumento de Cristo, responde: “Eu te perdoo.”

De fato, a crise da COVID-19 nos faz lembrar de nossa existência como pessoas e das condições para a comunhão cristã. Homens e mulheres em quarentena estão sozinhos, apesar dos meios eletrônicos de comunicação, e estão rompendo as determinações de confinamento para se encontrar com familiares e amigos e passar tempo com eles. A comunicação eletrônica não é suficiente. E há um motivo para os que estão assistindo à Missa pela TV saberem que isso não equivale a estar fisicamente na Missa. Por isso anseiam voltar à igreja. A Eucaristia na tela da TV não é a Presença Real.

Nós, seres humanos, somos físicos. A salvação e a comunhão cristãs também o são. O sacramento da Penitência protege e auxilia nossa personalidade encarnada.

Notas

  1. Admite-se, “com causa justa e razoável (v.gr., dificuldade de falar, grandíssima vergonha etc.) que se entregue ao confessor a confissão por escrito e que, uma vez lida esta pelo sacerdote, o penitente presente diante dele diga: ‘Acuso-me de todos os pecados que o senhor acaba de ler neste escrito’. Só então pode receber a absolvição sacramental” (Antonio R. Marín, Teología moral para seglares, vol. 2, p. 303, n. 193).

Fonte: padrepauloricardo.org