Um casal santo, que foi terra fértil para uma filha santa

Neste dia 12 de julho, celebramos o Santo Casal que é exemplo de santidade para toda Igreja, inspira a uma vida de oração na família, local onde são formados os santos.

Ele, relojoeiro, Luís Martin (1823-1894) e ela, rendeira, Zélia Guérin (1831-1877), ambos de origem burguesa, cristãos fiéis e apaixonados por Deus. Mostraram com suas vidas que o matrimônio é também um grande instrumento da graça para uma vida santa. Foram tão bem sucedidos na vivência da fé e da própria vocação matrimonial, que foram instrumentos de Deus para o nascimento e a educação de uma santa profeta da Igreja, conhecida como Teresinha do Menino Jesus, e também de suas irmãs, todas consagradas a Deus.

Esses dois são o segundo casal beatificado pela Igreja, depois de Luís e Maria Beltrame Quattrocchi, e o primeiro casal a ser canonizado juntos, marido e esposa, na mesma cerimônia, que se deu em 18 de outubro de 2015, pelo Papa Francisco. Vamos, então, conhecer um pouco da vida e do testemunho dessas duas almas esposas de Deus.

Tanto Luís quanto Zélia eram filhos de militares e foram educados num ambiente repleto de disciplina, devido às teorias jansenistas que muito fizeram a cabeça dos europeus da época. Após concluírem os estudos, começaram a discernir o próprio futuro. Luís optou pelo ofício de relojoeiro. Ali, mostrou sinais de que não almejava seguir a mesma carreira do pai, militar. Já a jovem Zélia ajudava sua mãe na administração de uma loja que a família possuía, especializando-se em tecelagens de rendas. Pouco a pouco, seus esforços foram recompensados e ela abriu a própria fábrica, obtendo bons resultados.

Desejos compartilhados pelo coração dos dois

Desde a adolescência, havia no coração dos dois os mesmos anseios, pois desejavam abraçar a vida consagrada, ingressando numa instituição religiosa. Tanto, que ele pediu para ser admitido na ordem dos cônegos regulares de Santo Agostinho. Seu pedido, entretanto, não foi atendido, pois não dispunha de um critério básico: não conhecia o latim. Zélia também, após alguns conselhos e orientações, entendeu que a vida religiosa não era o seu caminho. Deus, de fato, tinha outras vias para a santificação de Luís e Zélia.

O encontro entre os dois aconteceu em 1858, na ponte de São Leonardo em Alençon. Ao ver Luís, Zélia percebeu distintamente que ele seria o homem da sua vida. Após poucos meses de namoro e noivado, consumaram a união e abraçaram a vida matrimonial, sempre orientada pelos valores do Evangelho. Buscavam diariamente a eucaristia e a oração. A oração era cultivada a sós e também juntos. Buscavam com frequência a confissão e eram atentos às necessidades da paróquia que frequentavam.

Os frutos fecundos dessa união

Como fruto dessa união, nasceram nove filhos, todavia, apenas cinco sobreviveram, todas meninas, os demais morreram prematuramente. Entre as sobreviventes, estava Teresa, a futura santa Teresinha do Menino Jesus. Teresinha falava muito sobre seus pais em seus escritos. Suas recordações são fontes preciosas para compreendermos a via pessoal de santidade tanto dela quanto dos pais. O casal não educou suas filhas apenas para se tornarem boas mulheres, mas para serem santas. Aos quarenta e cinco anos, Zélia recebeu a terrível notícia de que tinha um tumor no seio. Enfrentou a doença com firmeza de fé e esperança e nunca arrefeceu em seu amor a Deus.

Teve então sua páscoa em agosto de 1877, deixando órfãs suas filhas. Teresinha, a caçula, tinha apenas quatro anos e meio de idade. O viúvo e suas filhas se transferiram para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia, com sua esposa. Assim, as filhas receberam os cuidados e o alento maternal da tia. Entre os anos de 1882 e 1887, esse pai atento acompanhou o ingresso das três filhas mais velhas no Carmelo.

Uma grande oferta foi também afastar-se de Teresinha, sua caçula. A pequena entrou para o Carmelo com apenas quinze anos de idade. A vida de Teresinha foi, desde o início, marcada pelo amor e pela dor. Pouco tempo depois, seu pai Luís foi atingido por uma enfermidade. Tornou-se bastante dependente e teve, inclusive, alterações em suas faculdades mentais. Foi internado no sanatório de Caen, onde veio a óbito em julho de 1894.

O casal foi beatificado em 19 de outubro de 2008, em uma cerimônia realizada na Basílica de Lisieux, dedicada à sua filha Teresinha, e presidida pelo cardeal José Saraiva Martins. A canonização foi presidida pelo Papa Francisco, em Roma, no dia 18 de outubro de 2015.

Que Deus abençoe, por meio da intercessão desse casal santo e fiel, todas as famílias. Que cada casal possa ver sua vocação matrimonial como uma via segura de santidade, como uma missão pessoal no mundo.

São Luís Martin e Santa Zélia Guérin, pais de Santa Teresinha, rogai por nós.

 

Fonte: Comunidade Shalom

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