O CAMINHO DA CONVERSÃO!

No 3.º Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus desenha-nos o mapa do caminho que conduz à Vida nova, à salvação. Recomenda-nos que, ao longo de todo o percurso, não percamos Jesus de vista: é Ele o guia que nos ajuda a interpretar o mapa e que nos leva ao encontro do Pai. 

Na primeira leitura – Ex 20,1-17 –, Deus oferece-nos um conjunto de indicações (“mandamentos”) que devem balizar o nosso itinerário de todos os dias. Com a sua iniciativa, Deus não quer limitar a nossa liberdade, mas sim ajudar-nos a chegar à Vida verdadeira.  

Na segunda leitura – 1Cor 1,22-25 –, o apóstolo São Paulo sugere-nos uma conversão à “loucura de Deus”. Convida-nos a olhar para a cruz e a descobrir, na entrega do Crucificado, que só o amor dado até ao extremo gera Vida e salvação. Na cruz revela-se a paradoxal “sabedoria de Deus”, que Paulo nos convida a abraçar. 

No Evangelho – Jo 2,13-25 –, Jesus apresenta-Se como “o Templo Novo” onde Deus reside e onde marca encontro com os homens para lhes oferecer a sua Vida e a sua salvação. Quem quiser encontrar Deus deve aproximar-se de Jesus, tornar-se seu discípulo, abraçar o seu projeto, seguir os seus passos, viver animado pelo seu Espírito. 

O Evangelho de São João se diferencia dos Sinópticos ao narrar a expulsão dos mercadores e cambistas do Templo no início da atividade pública de Jesus. O Senhor Jesus expulsa os mercadores do Templo, na primeira parte do trecho, purificando-o, para que na segunda parte pudesse proclamar a verdadeira purificação do Templo, alusão à sua morte e Ressurreição. Jesus sobe a Jerusalém para participar da celebração da Páscoa judaica por três vezes: esta Páscoa que contemplamos hoje – Jo 2,13.23; uma segunda – Jo 6,9 – e a última em Jo 12,1; 13,1; 18,28; 19.14. Por isso, neste Evangelho, a Páscoa enquadra toda a narrativa da atividade pública de Jesus. O trecho de hoje é um episódio programático em dois sentidos no quarto Evangelho: narrativo e teológico-cristológico. Narrativo: é o primeiro confronto de Jesus com as autoridades do Templo que o condenarão à morte. Toda a narrativa evangélica a seguir será marcada pelo enfrentamento e perseguição por tais autoridades a Jesus até a sua crucifixão. Neste quadro narrativo, insere-se o sentido teológico. Durante a sua primeira presença na Páscoa judaica, Jesus anuncia a sua própria Páscoa. Expulsando os mercadores com suas mercadorias e ovelhas – cordeiros – do edifício do Templo, prefigura-se a “substituição” tanto dos cordeiros pascais pelo Único Cordeiro, que tira o pecado do mundo, quanto do templo-edificação pelo Templo de seu Corpo Ressuscitado, “onde” os verdadeiros adoradores do Pai o adorarão em espírito e verdade.  

Jesus ao fazer um chicote de cordas deixa claro que Ele é o Messias esperado, aquele que vem para “açoitar” as práticas de injustiça e inaugurar um tempo novo. Jesus faz o povo sair daquele centro de exploração, junto com as ovelhas e os bois. Aliás, as ovelhas na Bíblia muitas vezes representam o próprio povo. Jesus vem tirar do templo, vem libertar da exploração comercial disfarçada de religião. Ele derruba as mesas e o dinheiro dos cambistas, e ordena aos vendedores de pombas que tirem tudo de lá. As pombas eram a oferta dos pobres, que não conseguiam comprar animais mais caros. Mas o sacrifício de pombas de nada mais serve, diante daquele que desceu em forma de pomba, no batismo de Jesus.  

Jesus purificou o templo. Deus não habita em locais em que se explora a fé, sobretudo das pessoas simples. O Espírito de Deus está presente em Jesus, e essa presença o torna indestrutível. Podem matá-lo, mas sua morte não será definitiva, pois no terceiro dia ele voltará à vida plena. 

Vivamos o caminho da conversão na busca de Cristo, o Templo Vido de Deus Uno e Trino. O verdadeiro santuário é o Corpo de Jesus, morada de Deus, que nos aproxima do Pai. Na Casa do Pai, o Corpo de Jesus, somos família, aonde não se compra nada, apenas vive na gratuidade do amor. Vivamos em Cristo, o novo Templo, a nova oferta viva ao Pai, na ação do Espírito Santo. 

Fonte: CNBB

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