O relato mais antigo sobre o interior da igreja remonta a 05 de março de 1888 e retrata a visita pastoral à paróquia, realizada pelo cônego e arcediago Luiz Francisco de Araújo, que na ocasião representava Dom José Pereira da Silva Barros, Bispo de Olinda. O visitador faz alusão à existência de um altar-mor de madeira e exorta o monsenhor Walfredo Leal a substituí-lo por outro de alvenaria e, ao mesmo tempo, motiva o avanço da obra das laterais da igreja e de seus altares.
A respeito de uma visita realizada em 1911 por Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, encontramos relatos dos festejos da benção da nova matriz que, conforme os ditos do prelado, achava-se completamente reformada com feições modernas e artísticas. Esta pode ser considerada a segunda maior reforma realizada no edifício, sendo registrado, além dos reparos gerais, a construção das robustas colunas de sustentação, munidas de artísticos capiteis. Conquistas que foram possíveis graças aos esforços do padre Inácio de Almeida, vigário paroquial, e do povo da cidade, que contaram, na ocasião, com a oferta generosa de 52,000 contos de reis provindos da capital.
Reformas importantes
Passados poucos anos, temos a menção das reformas e melhorias realizadas na matriz pelo cônego João Gomes Maranhão, que assumiu os trabalhos na cidade de Guarabira aos 04 de fevereiro de 1917, e aí desempenhou seu ministério até 02 de fevereiro de 1933. Dentre as melhorias realizadas neste tempo destacam-se: a colocação do forro de madeira na capela-mor (presbitério), na nave e nos corredores laterais com pintura a óleo; a instalação do piso em mosaico nos corredores laterais; a pintura a óleo com detalhes artísticos da capela-mor e dos altares laterais; além da eletrificação de toda igreja. Sobre os trabalhos externos, o cônego enumera alguns, como: a restauração do telhado e a recuperação das paredes, completando os reparos com o calçamento de pedra ao redor do edifício para conservá-lo e protegê-lo. A vitalidade destes trabalhos foi possível pelo esforço dos paroquianos e por recursos próprios do cônego João Gomes Maranhão.
Como sucessor imediato do referido cônego, chega a Guarabira o padre Emiliano de Cristo para desempenhar o ministério mais duradouro da história dessa comunidade. Ao assumir os trabalhos na freguesia de Nossa Senhora da Luz, o padre Emiliano granjeia uma paróquia num efervescente clima de obras. Suas ações de reforma, nos primeiros anos, configuraram-se como uma continuação das obras já realizadas pelo cônego João Gomes Maranhão. Neste contexto, as necessidades por melhorias estruturais do templo ainda eram urgentes, mas os recursos mostravam-se cada vez mais escassos. Por isso, uma das principais marcas no cuidado do padre Emiliano, foi a parceria com diversos setores da sociedade, contando também com o auxílio dos prefeitos da época.
Auxiliado pelos prefeitos Ferreira de Melo, Dr. Sabiniano Maia e o Sr. Sebastião Duarte e pela população, o padre Emiliano de Cristo conseguiu construir a fachada principal da igreja e a torre e comprou o relógio que foi adquirido com uma boa porcentagem em dinheiro, produto de um concurso feito no Jornal das Moças durante a festa da padroeira[9].
Relógio da torre
Um dos maiores desafios do padre empossado era o embelezamento da parte externa da igreja, que, como faz saber o cônego João Gomes Maranhão, possuía defeitos em sua arquitetura. As reformas realizadas até aquele momento deram à fachada do templo uma estrutura sem harmonia, devido ao recente incremento dos corredores laterais, que terminam com suporte para duas torres. Deve-se deduzir que as duas torres não foram construídas em consideração dos custos dispendiosos que acarretaria tamanha obra, vendo-se por bem a construção de uma só torre erguida, em anexo, ao centro da igreja. Os trabalhos da fachada são dados por concluídos em 29 de junho de 1934. No entanto, o padre não faz alusão da conclusão da torre, que provavelmente deve ter sido terminada por aqueles dias, haja vista que, em novembro daquele mesmo ano, ela é citada por Dom Adauto, em sua última visita pastoral à paróquia: “Fizemos nossa visita canônica a Matriz, recentemente melhorada em sua fachada, ostentando magnífica torre”. É certo que a torre só receberá seu relógio no dia 15 de junho de 1943, de moderno maquinário, oriundo da companhia relojoeira “oficinas salesianas” do Juazeiro do Norte, Ceará, possuindo quatro mostruários, movidos por mecanismo à corda. O incremento deste acentuou a proximidade da igreja com toda a cidade e o novo “vizinho” foi rapidamente incorporado à vida da população, passando a marcar, com suas badaladas, o ritmo da vida dos guarabirenses. Além das imprescindíveis melhorias externas, não se pode ocultar as importantes melhorias internas realizadas pelo monsenhor Emiliano. Ainda em 1934, a igreja recebe em sua nave e laterais um novo piso de mosaico, o atual piso da Catedral. Outra marcante benfeitoria foi a construção, em 1940, do altar-mor da matriz, peça em alvenaria que passou a substituir o primitivo retábulo de madeira, citado nos registros pelo arcediago Luiz Francisco de Araújo, no paroquiato do monsenhor Walfredo Leal.
Não é possível esquecer a construção da sacristia da paróquia, feita com um salão superior e ornada com um nicho externo, ostentando a imagem de Nossa Senhora das Graças, doada à comunidade pela família Porpino. É oportuno nomear também a construção de uma escadaria para o coro e, para efeito de luz e ventilação, a abertura de vários janelões laterais.
Com a saída do monsenhor Emiliano, em março de 1967, a cidade de Guarabira aguardava ansiosamente a instalação do futuro bispado e a igreja de Nossa Senhora da Luz preparava-se para ascender ao status de Catedral. Nesse período, o templo já apresentava a fisionomia atual, configurando-se em uma das maiores igrejas do estado, sendo, por isso, uma das principais belezas da cidade. Entretanto, ainda naquele século, em 1979, as paredes da matriz iriam testemunhar seu terceiro período de reformas, realizada, desta vez, em preparação para a instalação de uma Diocese em Guarabira. Diferente das anteriores, agora a reforma estava sendo encabeçada por um bispo, Dom Marcelo Carvalheira, que naquele contexto estava como bispo auxiliar da Arquidiocese da Paraíba, exercendo a função de vigário episcopal da região do Brejo, com sede em Guarabira. Nessa terceira grande reforma, a matriz foi fechada por aproximadamente três meses. As missas passaram a ser celebradas no salão paroquial e as imagens dos altares deixaram a igreja, sendo levadas em procissão para as comunidades da cidade. Os recursos necessários para a reforma vieram primeiramente da generosidade dos fiéis de toda Região Episcopal, principalmente da cidade de Guarabira, sendo imprescindível também o auxílio oriundo de pessoas e paróquias da Europa que eram próximas a Dom Marcelo. As modificações mais consideráveis dão-se na reforma do telhado, com a substituição do forro de madeira nas laterais por lajotas rebocadas, sendo feita, também, a permuta do forro da nave central com artística imagem de Nossa Senhora, por um novo de madeira nobre. Nas laterais observa-se a conservação dos nichos dos santos de devoção popular, sendo retirada destes o altar para celebração. Há de se considerar a derrubada de um altar dedicado a Santa Teresinha, que existia no final do corredor esquerdo e foi substituído por uma porta, sendo colocada em suas imediações um painel em madeira com as estações da via sacra, feitas de barro em junho de 1981, pelo artista Antônio Alves Dias, da cidade de Limoeiro do Norte, Ceará. No final do corredor direito, foi efetuado o fechamento de uma porta e, em seu lugar, colocado um magnifico sacrário, peça talhada em madeira elaborada pelo artista recifense José Antônio Costa em fevereiro de 1981, com a montagem de uma capela para o Santíssimo Sacramento naquele lugar. O templo, também, recebe nova rede elétrica e um som de qualidade, seguindo os avanços disponíveis para a época. A parte da igreja que sofreu consideráveis modificações em sua disposição e arquitetura foi o presbitério, que perdeu seu piso de mosaico, substituído por outro de pedra verde. Recebeu ainda, em suas imediações, uma pia batismal em pedra talhada que antes estivera na entrada da igreja e um ambão esculpido artisticamente na madeira. Um dos pontos mais delicados desta reforma, que despertou alvoroço e polêmica na cidade e região, foi a derrubada do altar-mor de Nossa Senhora da Luz, construído na década de 40, pelo monsenhor Emiliano de Cristo. A decisão um tanto delicada teve motivação, segundo pessoas próximas a Dom Marcelo, pela necessidade que o bispo encontrava de ter um presbitério amplo que comportasse grandes solenidades e eventos diocesanos em sua Catedral. O altar encontrava-se disjunto da parede ocupando parte considerável do presbitério, que era reduzido. Considera-se, ainda, o seu anseio de restituir à igreja um antigo nicho que, segundo ele, pertencia ao primitivo retábulo presente no presbitério com datação anterior ao altar construído pelo monsenhor Emiliano.
A derrubada do altar despertou múltiplas reações, deixando espaço para acusações de intenção aterradora e conteúdo solúvel ante a verdade dos fatos. Com o findar dos trabalhos de reorganização interna, aos poucos os ânimos acalmaram-se e os equívocos foram gradativamente esclarecidos. O presbitério, agora sem o altar-mor, apresentava aos fiéis em seu lugar uma imagem talhada em madeira do divino Espírito Santo que, cercada por raios, localizava-se acima do nicho de madeira que continha a imagem barroca, talhada em madeira, de Nossa Senhora da Luz. Conforme prometia Dom Marcelo, voltava à igreja o altar do sacrifício que fizera parte do primitivo retábulo. A reabertura da igreja foi celebrada com solenidade e festa, justamente no aniversário de 5 anos de sagração episcopal de Dom Marcelo, aos 27 de dezembro de 1980. As imagens dos altares laterais e a preciosa imagem de Nossa Senhora da Luz retornaram à igreja trazidas, em andores, pelos animadores das comunidades da cidade. A missa reuniu milhares de pessoas, assim como sacerdotes, seminaristas, autoridades civis e bispos como Dom Manuel Pereira, Dom José Lamartine, Dom Manuel Palmeira, Dom José Maria Pires, que era arcebispo da Paraíba e presidiu a celebração eucarística, além de Dom Marcelo, bispo auxiliar da capital. Concluída esta última reforma, a igreja de Guarabira, agora Catedral de Nossa Senhora da Luz, não conheceu radicais mudanças em seu estilo e arquitetura no passar das décadas.