A redenção como símbolo na Bíblia: do Êxodo aos primeiros cristãos

Tomada em seu valor simbólico, esta experiência humana torna-se um indicador que aponta para um significado transcendente


Novo Testamento expressa o mistério da salvação por meio de numerosos símbolos e conceitos: salvação, libertação, justificação, sacrifício, oferta, expiação, perdão, reconciliação, vivificação, filiação adotiva, deificação, etc. A redenção é um deles.

A palavra “redenção” significa, antes de tudo, “libertação de um escravo”. Tomada em seu valor simbólico, esta experiência humana torna-se um indicador que aponta para um significado transcendente: a libertação de toda servidão e limitação que impede o acesso do ser humano à plenitude com Deus. Logo, as lutas humanas por emancipação se apresentam como lugares de revelação de Deus que salva.

A redenção está no cerne da experiência mais fundamental do Antigo Testamento: o Êxodo.

Pela mão de Moisés, Deus redimiu a Israel: Ele fez de um grupo de homens e mulheres escravos, um povo livre. A identidade de Deus é revelada por meio desta redenção histórica: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirou do Egito, casa da escravidão” (cf. Dt 5,6).

:: Jornada Bíblica: O Senhor passa e liberta Seu povo

Jesus nos comunicou que o poder de Deus não é como o de poderosos deste mundo, que subjugam os povos. Deus em Cristo se revela como um poder não-violento que se coloca a serviço do homem, especialmente dos pobres (cf. Mc 10, 42-45; Jo 13,1-17).

Sua vida entregue na cruz redime a humanidade dos poderes que a oprimem. O amor incomensurável de Deus, expresso na Páscoa de Cristo e na efusão do Espírito Santo, põe em movimento uma dinâmica de liberdade que aponta para uma nova criação.

Os primeiros cristãos se consideravam pessoas redimidas. Cristo os libertou da “escravidão aos elementos do mundo” (Gl 4,3), isto é, da submissão desesperada das relações de dominação nas diferentes áreas da vida (econômica, política e familiar). Ele até lhes deu liberdade sobre a lei religiosa (cf. Rm 3, 21-24). Comunidades onde “não há judeu nem grego, nem nem escravo nem livre, nem homem nem mulher” (cf. Gl 3, 28) tornaram-se sinais de redenção realizada que atraiu novos convertidos.

A luta pela redenção, lugar de revelação

A salvação completa não pode ser menos do que plena comunhão com Deus, porque o destino último do ser humano é o encontro face a face com seu criador. Mas, nas experiências históricas de libertação, podemos gradualmente descobrir esse rosto de Deus.

Acompanhar quem luta pela liberdade em situações concretas de opressão nos coloca naquele lugar privilegiado onde Deus se revela. Um espírito contemplativo nos permite discernir Deus agindo onde homens e mulheres lutam para não se resignar ao desespero.

Redentoristas e Redenção

Os Redentoristas são cooperadores, parceiros e servidores de Jesus Cristo na grande obra da redenção (cf. Const. 2). Pela profissão dos votos se consagram ao mistério de Cristo Redentor, que se submeteu à vontade do Pai para a obra da redenção (Const. 48; 52; 71).

A contemplação dos mistérios da redenção (cf. Const. 31) os mantém vigilantes para descobrir como o Redentor continua a atuar na história. Eles consideram a Virgem Maria como seu modelo e socorro, já que ela cooperou e continua a cooperar no mistério da redenção (cf.Const. 32).

Leituras bíblicas sobre o tema da Redenção

Leia algumas dessas passagens bíblicas e reflita sobre a experiência de redenção que elas apresentam:

– Êxodo 3, 1-12;

– Isaías 43, 1-7;

– Marcos 10, 32-45;

– Romanos 3, 21-24;

– Gálatas 4, 1-7.

Reflexão:

– Que realidades a redenção apresenta nessas passagens?

– Que imagem de Deus elas revelam?

– O que elas dizem a você neste momento da sua vida?

– Como elas desafiam para sua comunidade?

Fonte: Dicionário de Espiritualidade Redentorista, texto de padre Alberto de Mingo Kaminouchi com adaptações, A12.


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