Monsenhor Luiz Pescarmona: uma vida ao ensino e catequese para o povo
Lutas, transformações e empenho àqueles que suplicam por ajuda, baseando-se na palavra de Deus e na fé.
Nascido em Alba, uma pequena comuna italiana, província de Cuneo, ao norte da Itália, Monsenhor Luiz Alberto Pescarmona sagra-se sacerdote e, embalado pela encíclica Fidei Donum, publicada em 21 de abril de 1957, pelo Papa Pio XII, embarca à Terra de Santa Cruz para reforçar as necessidades da igreja, focando seus esforços na catequese e na consecução de direitos que outrora não revestiam a população pobre da época.
Ao chegar no Brasil, incumbiu-se em desempenhar suas funções pastorais em Belo Horizonte, mas, diante da necessidade e carência, resolve exercer tais funções na região nordeste, sob o comando de Dom Marcelo Pinto Carvalheira, então bispo auxiliar da Paraíba. Neste interim, coordenou diversos trabalhos relacionados às questões agrárias, tornando-se assim, símbolo na luta pelos direitos daqueles que mais necessitavam. Assim alude o próprio Monsenhor Luiz, em entrevista concedida ao Padre Reinaldo Calixto, em novembro de 2018:
“Dom Marcelo me pediu para fazer alguma pelos que mais sofriam com o problema da terra. Então começamos um trabalho com os canavieiros de Pilões, Areia e Alagoa Grande, e aí começou a pastoral da terra eu, padre, e mais um grupo de leigos, amigos de Dom Marcelo, chamados de SEDUP (Serviço de Educação Popular)m acompanhamos por três anos, entre 1977e 1983, os canavieiros. Naquele período, morreu assassinada Maria Margarida Alves, que estava junto conosco nas reivindicações pelos direitos dos trabalhadores rurais de Alagoa Grande. Ao chegar da missa que celebrei pela alma dela, em frente da Igreja de Alagoa Grande, Dom Marcelo me entregou uma carta de uma mulher de Araruna, na fazenda Varelo de Baixo, que estava sendo ameaçada de ser expulsa, peguei e fui a Araruna – nunca tinha ido lá. Chagando lá, bati por muito tempo sem resposta… Depois de muito gritar: ‘Ei, de casa! Ei de casa!’, veio uma mulher, abriu a porta… e eu disse: ‘E quem Dona Antônia?’, ela ficou branca e disse: ‘Sou eu’. Eu dei as costas e fui ao carro buscar a carta. Ela pensou que tinha ido buscar uma arma, pois achava que era fazendeiro. Indo em direção a ela, disse: ‘Dona Antônia, esta carta é sua?’ ‘Sim, fui eu que escrevi. O senhor é padre Luiz?’ ‘Sim’. Aí, num instante o povo veio, saiu gente de tudo que é canto. E, assim, começou o primeiro conflito de terra na diocese. Em Araruna, na fazenda Varelo de Baixo, em 1983.”
Monsenhor Luiz espelha a humildade, confessar por amor e catequisa por dever. Fundou a comunidade “Thalita”, objetivando a educação de jovens moças, almejando a formação destas e a construção de uma sociedade igualitária. Esteve presente na fundação da Diocese de Guarabira, sendo vigário da Catedral de Nossa Senhora da Luz até os dias atuais. Que Deus o conceda mais 85 anos, pois, tal sacerdote é pilar e espinha dorsal para inúmeros fiéis, vida longa!
Por Gabriel Araújo, Pascom Luz.