E O AMANHÃ?
A tragédia que se abateu recentemente sobre o Rio Grande do Sul, produzindo destruição e mortes requer reflexão e coragem para possíveis decisões a fim de promover o necessário respeito e cuidado para com o meio ambiente. Eventos meteorológicos com chuvas intensas, prolongadas e em grande volume, ou períodos de seca prolongados e calor intenso sempre aconteceram; são fenômenos naturais! No entanto, a frequência maior de tais eventos suscita particular atenção, pois são expressão de uma doença silenciosa que afeta a todos! O aquecimento global não é uma ideologia! São visíveis os sinais de um desequilíbrio ambiental!
O desenvolvimento tecnológico e as alterações climáticas, com suas consequências para todos, são certamente um dos principais desafios que a sociedade e a comunidade global terão de enfrentar com objetividade, coragem e determinação. O impacto das mudanças climáticas prejudicará cada vez mais a vida de muitos. As consequências atingirão os âmbitos da saúde, emprego, acesso a recursos, habitação, migrações forçadas, entre outros.
Os recursos naturais necessários para os avanços da tecnologia não são ilimitados. Provavelmente pela primeira vez na história do gênero humano, os seres humanos estão, na prática, sendo postos diante da tarefa de assumir a responsabilidade solidária pelos efeitos de suas ações em um parâmetro que envolve todo o planeta. Trata-se de uma crise. E “a ideia (pode-se dizer o modo de proceder!) que criou a crise não será a mesma que nos tirará dela; temos que mudar” (A. Einstein).
A cultura atual, marcada por enormes avanços tecnológicos, exalta a democracia e a liberdade, sem, no entanto, considerar a necessidade de discernimento e responsabilidade. Ora, Cultura é liberdade que respeita e cultiva paridade e fraternidade. “Democracia é resolver ‘juntos’ os problemas de todos” (Papa Francisco). Liberdade é filha do conhecimento, proporcionado pela razão; é colocar-se a serviço uns dos outros!
A razão moderna que tudo determina, deve reconhecer seus limites, caso contrário não pode se considerar inteligente. A implementação de programas de adaptação para reduzir os efeitos da alteração climática em curso, exigirá estadistas, nobreza política, espírito autenticamente democrático, humildade, coragem, liberdade, discernimento e responsabilidade.
Fonte: CNBB